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LÍNGUA PORTUGUESA: dic as e exercícios 157

Neste primeiro domingo de novembro/22,  continuamos com precisão e adequação vocabular...

1. AMORTIZAR ou AMORTECER? e MINIMIZAR ou DIMINUIR?

A frase é:

“A água amortizou sua queda”.

O correto é:

“A água amorteceu sua queda”.

AMORTIZAR e AMORTECER são derivados de “morte” (= levar à morte). Significam “diminuir, amenizar”.

Há, entretanto, uma sutil diferença: AMORTIZAR só é utilizado para se referir a dívidas ou bens materiais. Se você pagou à Caixa Econômica Federal mais uma prestação referente ao financiamento feito para adquirir a casa própria, você amortizou sua dívida (= diminuiu a dívida).

Quando você cai, sua queda pode ser “amortecida” pela grama ou pela água (= amenizada/suavizada pela grama ou pela água).

Mais do que DIMINUIR é MINIMIZAR, que é um neologismo já devidamente registrado no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp), publicado pela Academia Brasileira de Letras (ABL), e nos novos dicionários Aurélio, Houaiss, Caldas Aulete, Michaelis…

Certa vez, um aluno definiu “minimizar” como “diminuir ao máximo”. Ele tinha alguma razão. Apenas misturou duas possibilidades: “reduzir ao mínimo” com “diminuir o máximo possível”.

Outro aspecto a ser observado é o uso do verbo MINIMIZAR com um sentido “suspeito”. Há quem diga: “É preciso minimizar o fato”. Nesse caso, “minimizar” é usado com o sentido de “atenuar, suavizar”. Ou pior: “fazer o fato parecer menor”.

2. CIDADE ou MUNICÍPIO? DIVISA ou LIMITE ou FRONTEIRA?

A frase é:

“O pecuarista cria seu gado no interior da cidade”.

O mais adequado é:

“O pecuarista cria seu gado no interior do município”.

O pecuarista que cria seu gado no interior da cidade deve estar provocando um grande problema, pois criar gado no centro da cidade provoca muitos problemas urbanos.

Muita gente boa trata “cidade” e “município” como sinônimos. Rigorosamente, “cidade” refere-se, apenas, ao núcleo urbano e “município” abrange toda a área, urbana e rural.

Entre “municípios” não há “divisas” nem “fronteiras”, e sim “limites”. “Divisas” separam “Estados”. E, entre países, há “fronteiras”.

Portanto, é inadequado quando a/p repórter diz: “Aqui na divisa de São Luís com Raposa”. Entre municípios, há “limites”. É só observar as placas do DNER: “Limite (entre) São Luís (e) São José de Ribamar”.

Quem tem “divisa” é o Estado do Maranhçao com o Estado do Piauí, o Pará com o Amazonas. E o Brasil tem “fronteiras” com quase todos os países da América do Sul.

3. GEADA CAI ou NÃO CAI?

A frase é:

“Nesta madrugada, pode cair geada”.

O correto é:

“Nesta madrugada, pode se formar geada”.

Ao contrário da neve, que cai, a geada se forma no solo ou sobre águas paradas. Portanto, geada não cai.
Se neve cai, é desnecessário dizer que “caiu neve”. Basta dizer que nevou.

O mesmo ocorre com a chuva. Li num bom jornal: “A chuva que caiu ontem à noite provocou…” Não conheço chuva que não cai. “Chuva que caiu” é redundante, é desnecessário. Bastaria dizer: “A chuva de ontem à noite provocou…”

4. QUASE NENHUMA ou QUASE?

A frase é:

“Não há quase nenhuma correção a fazer”.

O adequado é:

“Não há quase correção a fazer”.

Se não existe “meia correção” e nenhuma indica ausência absoluta, a combinação “quase nenhuma” é absurda. Estamos diante de uma contradição: ou não há nenhuma correção a fazer ou não há quase correção a fazer.

Se a intenção do falante é dizer que o trabalho está quase perfeito, com pouquíssimos erros para corrigir, basta eliminar o nenhuma: “Não há quase correção a fazer”.

Se o trabalho estiver perfeito, aí “não haverá nenhuma correção a fazer”.

Deu num bom jornal: “Jogador custa quase mais de um milhão de dólares”. Quero saber quanto custa o tal jogador.

O repórter certamente estava um pouco inseguro. Não é difícil deduzirmos que o preço do atleta é mesmo de um milhão de dólares, pois o “quase” e o “mais” se anulam.  Assim sendo, o “jogador custa um milhão de dólares”.

Ou será que ele queria dizer um pouco mais de um milhão de dólares?

5. SEGUIMENTO ou SEGMENTO?

A frase é:

“É excelente seguimento de mercado”.

O correto é:

“É excelente segmento de mercado”.

Confundir SEGUIMENTO com SEGMENTO é muito frequente. SEGUIMENTO vem do verbo “seguir”. SEGUIMENTO é o “que segue”: “Isto vai aparecer no seguimento do trabalho”.

SEGMENTO vem do verbo “segmentar”, que É uma das partes resultantes da segmentação. “Segmentar” é “dividir, separar”.

Deu num bom jornal: “O atacante é um grande finalista”. O nosso repórter certamente queria dizer “um grande finalizador”, ou seja, aquele que finaliza bem o lance, chuta bem ao gol.

Um grande finalista pode ser o time do atacante, desde que chegue ao grande jogo final do campeonato.