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LÍNGUA PORTUGUESA: dicas e exercícios 147

Neste último domingo de agosto/22, continuamos com as...

Dúvidas dos leitores

1ª dúvida:

Fui eu que fez ou fiz o trabalho?

A resposta é:

Fui eu que fiz o trabalho.

Quando o sujeito for o pronome relativo QUE, o verbo deve concordar com o antecedente: “Fui eu que fiz”; “Foste tu que fizeste”; “Foi ele que fez”; “Fomos nós que fizemos”; “Fostes vós que fizestes”; “Foram eles que fizeram”; “Este é o empregado que fez o trabalho” e “Estes são os empregados que fizeram o trabalho”.

Com o pronome QUEM, a concordância deve ser feita na 3ª. pessoa do singular: “Fui eu quem fez o trabalho”, ou seja, “Quem fez o trabalho fui eu”.

Alguns autores aceitam duas opções: “Fui eu quem fiz o trabalho” ou “Fui eu quem fez o trabalho”. O verbo pode concordar com o antecedente (eu quem fiz) ou na 3ª pessoa do singular concordando com o pronome QUEM (eu quem fez).

No Brasil, a preferência é a concordância com o antecedente quando está no plural (=”Fomos nós quem fizemos o trabalho”) e na 3ª pessoa do singular quando o antecedente está no singular (= “Fui eu quem fez o trabalho”).

Estaria correto dizer “hoje quem paga é eu”? Essa não. “Hoje quem paga sou eu” e “Hoje sou eu que pago” são duas maneiras corretas de se dizer a mesma mentira…

2ª dúvida:

O diretor hesitou ou exitou, mas assinou o contrato?

A resposta é:

O diretor hesitou, mas assinou o contrato.

Diante de tanta hesitação, é possível que o diretor não alcance o êxito desejado. O verbo HESITAR (= ficar indeciso, vacilar, titubear) deve ser escrito com “h” e “s”. O substantivo ÊXITO (= resultado, efeito) não tem “h”, mas deve ser escrito com “x” e com acento circunflexo.

Pior mesmo é se, em vez de “hesitado”, o diretor tivesse ficado “excitado” na hora de assinar o contrato. Para evitar futuras confusões, anote aí: êxito (= sucesso, efeito); hesitar (= vacilar, titubear); excitar (= exaltar, estimular).

3ª dúvida:

As lentes dos seus óculos eram verde-escuras ou verdes-escuras?

A resposta é:

As lentes dos seus óculos eram verde-escuras.

Quando o adjetivo é composto, somente o último elemento se flexiona (= vai para o feminino e para o plural): “São questões técnico-científicas”; “Literatura luso-brasileira”; “Problemas sociopolítico-econômicos”;  “Candidatos social-democratas”; “Cultura greco-latina”; “Blusas azul-claras”…

As cores compostas só fazem plural quando o segundo elemento é adjetivo (“claro” ou “escuro”, por exemplo): “lentes verde-escuras” e “blusas azul-claras”, “camisas verde-amarelas”.

Quando o segundo elemento for um substantivo exercendo a função de um adjetivo, a palavra torna-se invariável, ou seja, não apresenta flexão nem de gênero nem de número: “calças verde-garrafa, verde-oliva, verde-musgo”; “camisas azul-piscina, azul-céu, azul-mar”; “blusas amarelo-ouro, vermelho-sangue, marrom-bombom”…

4ª dúvida:

Seria necessário que o Brasil mantesse ou mantivesse o empate?

A resposta é:

Seria necessário que o Brasil mantivesse o empate.

O verbo MANTER é derivado do verbo TER. O pretérito imperfeito do subjuntivo do verbo TER é: se eu TIVESSE, se tu TIVESSES, se ele TIVESSE, se nós TIVÉSSEMOS, se vós TIVÉSSEIS, se eles TIVESSEM. Todos os verbos derivados – MANTER, DETER, RETER, ENTRETER, CONTER … – devem seguir a conjugação do verbo primitivo: se eu MANTIVESSE, se tu DETIVESSES, se ele CONTIVESSE, se eles RETIVESSEM …

Portanto, as formas ”mantesse, detesse, retesse, contesse simplesmente não existem.

Apareceu num bom jornal: “Policiais não deteram os criminosos”. Não existe a forma “DETERAM”.

Na verdade, “Policiais não DETIVERAM os criminosos”. A explicação é a mesma que foi dada acima: DETER é derivado do verbo TER. A 3ª pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo é “eles TIVERAM”. Os verbos derivados devem seguir o verbo TER: “eles DETIVERAM, MANTIVERAM, RETIVERAM…”

5ª dúvida:

Se não chovesse, eu ia ou iria ao jogo?

A resposta é:

Se não chovesse, eu iria ao jogo.

Temos, nesse caso, a troca do futuro do pretérito pelo pretérito imperfeito do indicativo. É frequente ouvirmos: “Se não chovesse, eu ia ao jogo” e “Se fosse permitido, eu fazia o trabalho.” É importante lembrar que há uma correspondência entre o pretérito imperfeito do subjuntivo (= chovesse, fosse) com o futuro do pretérito do indicativo (= iria, faria). Deveríamos, portanto, dizer: “Se não chovesse, eu iria ao jogo” e “Se fosse permitido, eu faria o trabalho”.

Não devemos reduzir o problema a uma simples discussão de certo ou errado. Na verdade, o uso do pretérito imperfeito do indicativo (= ia, fazia, devia), em substituição ao futuro do pretérito do indicativo (= iria, faria, deveria), é comum em Portugal e também é uma característica da linguagem coloquial brasileira (= linguagem informal), mas é bom evitar em textos formais.

6ª dúvida:

Os produtos provém ou provêm da China?

A resposta é:

Os produtos provêm da China.

Na 3ª pessoa do singular do presente do indicativo de todos os verbos derivados do verbo VIR (= provir, intervir, advir, convir…), devemos usar o acento agudo: ele provém, intervém, advém, convém; na 3ª pessoa do plural, devemos usar o acento circunflexo: eles provêm, intervêm, advêm, convêm.

A forma provem (= sem acento gráfico) é 3ª pessoa do plural do presente do subjuntivo do verbo provar: “Eu quero que vocês me provem o que estão dizendo”. Existe ainda a forma proveem (= 3ª pessoa do plural do presente do indicativo do verbo prover): “Eles se proveem do necessário”. Prover significa “abastecer, fornecer”.

Então, não esqueça:

1) ele provém (verbo provir);

2) eles provêm (verbo provir);

3) que eles provem (verbo provar);

4) eles proveem (verbo prover).