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LÍNGUA PORTUGUESA: dicas e exercícios 151

Neste último domingo de setembro/22, continuamos com as...

Dúvidas dos leitores

1ª dúvida:

O deputado acha de que ou que estas medidas não são necessárias?

A resposta é:

O deputado acha que estas medidas não são necessárias.

Quem acha sempre acha alguma coisa, ou seja, o verbo ACHAR é transitivo direto. Isso significa que a preposição “de” é totalmente desnecessária.

O mesmo vale para “eu penso que” (e não “eu penso de que”), “nós julgamos que” (e não “nós julgamos de que”).

No caso de “o Sampaio chegou à vitória que tanto precisava”, temos o problema ao contrário. Agora, está faltando a preposição “de”, pois quem precisa (= necessitar) sempre precisa “de” alguma coisa. Assim sendo, o correto é “o Sampaio chegou à vitória de que tanto precisava”.

O mesmo ocorre com o verbo GOSTAR. O certo é “Esta é a música de que o povo gosta”, e não “a música que o povo gosta”.

2ª dúvida:

Ele tem muito respeito pelo ou para com o adversário?

A resposta é:

Ele tem muito respeito pelo adversário.

Usar uma preposição já exige cuidados, que dirá usar duas!!! Quem tem respeito tem respeito por alguém ou por alguma coisa. Em geral, a combinação “para com” é desnecessária e pedante: “Ele não teve consideração para com Pedro”. Basta: “Ele não teve consideração com Pedro”.

Exemplo semelhante é a tal história de “chutar por sobre a trave”. Ou “chutou sobre a trave” ou “por cima da trave”.

3ª dúvida:

O técnico da seleção só falou após ao ou após o jogo?

A resposta é:

O técnico da seleção só falou após o jogo.

A presença da preposição “após” dispensa a preposição “a”. É bom lembrar que “ao” é a combinação da preposição A com o artigo definido O. Não há necessidade de usarmos duas preposições juntas.

Outro exemplo errado é “estava perante ao juiz”. O correto é dizer “perante o juiz”.

4ª dúvida:

Uma multidão assistiu ao ou o desfile de todas as escolas?

A resposta é:

Uma multidão assistiu ao desfile de todas as escolas.

O verbo ASSISTIR, no sentido de “ver, presenciar”, é transitivo indireto. Isso significa que o uso da preposição “a” é obrigatório. Se você assiste (= ver), assiste a alguma coisa.

A confusão se deve ao verbo VER, que é transitivo direto. Você vê o desfile, mas assiste ao desfile.

Outro motivo que pode causar confusão é o fato de o verbo ASSISTIR ser transitivo direto quando usado no sentido de “prestar assistência, ajudar, auxiliar”: “O médico assiste o paciente”; “O advogado assiste o cliente”.

5ª dúvida:

Todos anseiam pela chegada do produto no ou ao mercado?

A resposta é:

Todos anseiam pela chegada do produto ao mercado.

Toda chegada sempre se dá “a algum lugar”, e não “em algum lugar”, como se diz coloquialmente. Portanto, em textos formais, devemos dizer que “tudo aconteceu após sua chegada ao Brasil”, e não “após sua chegada no Brasil”.

Segundo o rigor da gramática tradicional, essa regra vale para os verbos que indiquem movimento: chegar, ir, retornar, dirigir-se… Assim sendo, deveríamos dizer: “O advogado ainda não chegou ao escritório”; “Ela não vai mais à sua casa”; “Ele certamente retornará ao lar”.

6ª dúvida:

Andou através ou através de campos e florestas?

A resposta é:

Andou através de campos e florestas.

A locução prepositiva é “através de”. Assim sendo, não devemos usar “através” sem a preposição “de” a seguir.

Na sua origem, “através de” apresenta a ideia de atravessar: “através dos campos”, “através dos séculos”. Hoje em dia, porém, a locução “através de” é muito usada com o sentido de “por meio de, por intermédio de”: “Recebeu a notícia através da internet”; “O gol da vitória foi marcado através de Richarlison”. Há quem aceite, há quem condene.

Se você preferir, pode perfeitamente substituir “através de” pela preposição “por”: “Recebeu a notícia pela internet”; “O gol da vitória foi marcado por Richarlison”.

7ª dúvida:

Foram levá-lo em ou a domicílio?

A resposta é:

Foram levá-lo a domicílio.

Se você leva, leva alguma coisa (= objeto direto) a algum lugar (= adjunto adverbial de lugar). Ninguém leva alguma coisa “em algum lugar”. LEVAR é um verbo que denota “movimento”: ir a algum lugar, chegar a algum lugar, dirigir-se a algum lugar, levar alguém a algum lugar…

Não devemos confundir “levar alguém a algum lugar” com “entregar alguma coisa a alguém em algum lugar”: “Foram entregar o presente (= objeto direto) aos noivos (= objeto indireto) em domicílio (= adjunto adverbial de lugar).

Toda entrega é feita “em” algum lugar: “Fazemos entregas em casa”; “Neste hotel, as entregas devem ser feitas na recepção. Não fazemos entregas no quarto do hóspede”; “Nosso restaurante oferece entregas no seu escritório”.

Assim sendo, o mais coerente é “entregas em domicílio”.

8ª dúvida:

Estamos à ou a disposição para mais esclarecimentos?

A resposta é:

Estamos à disposição para mais esclarecimentos.

O acento grave indicativo da crase se faz necessário porque temos a preposição “a” mais o artigo definido “a”, que antecede o substantivo feminino “disposição”.

A prova de que ocorre a crase (a+a = à) é que, se fosse um substantivo masculino, teríamos “ao” (a+o): “Estamos ao dispor para mais esclarecimentos”.

O acento da crase se tornaria facultativo se, antes do substantivo feminino, houvesse um pronome possessivo: “Estamos a sua disposição ou à sua disposição”.

A novidade, para quem não sabe, é que o uso de artigos definidos antes de pronomes possessivos é facultativo, podemos usar ou não: “Este é meu carro” ou “Este é o meu carro”; “Estamos a seu dispor” ou “Estamos ao seu dispor”.