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Destaque Concurso Unificado. Foto: Arte/EBC

A pouco mais de um dia da realização do Concurso o Nacional Públic Unificado (CNPU), neste domingo (18), metade dos candidatos ainda não acessou o cartão de confirmação de inscrição. Entre outras informações, o cartão traz o local onde o candidato prestará as provas, nos turnos matutino e vespertino.

A informação do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) se refere aos dados de acesso on-line ao documento até a tarde dessa sexta-feira (16). Apenas 50% dos inscritos tinham visitado a página na web que disponibiliza o documento. Ao todo, mais de 2,11 milhões de candidatos estão inscritos no certame.

Desde 7 de agosto, o cartão de confirmação de inscrição está disponível na Área do Candidato, mesma página da internet em que a pessoa fez a inscrição. Para acessar, é preciso fazer login com os dados da conta do portal único de serviços digitais do governo federal, o Gov.br, com número do CPF e senha cadastrados.

Além do endereço completo do local de prova e do número da sala, o cartão de confirmação ainda armazena dados como o número de inscrição, data, hora e local de prova, além de registrar se o inscrito terá direito a atendimento especializado, em casos de pessoas com deficiência (PCD), pessoas com transtornos do espectro autista (TEA), gestantes e lactantes; ou ainda se terá direito ao tratamento pelo nome social.

A ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, em entrevista ao programa Bom Dia, Ministra produzido pelo Canal Gov, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), na quinta-feira (15) orientou os candidatos a acessarem, com antecedência, a Área do Candidato para conferir o seu local de prova e não deixar tudo para última hora. "Por favor, não deixem de acessar o cartão de confirmação de inscrição, com seu local de prova, e checar se está tudo certo. Então, vocês conhecem o local e ficam tranquilos para fazer a prova".

Correções

O candidato pode solicitar a correção de informações do cartão de confirmação, de acordo com o que ele solicitou no ato da inscrição, mas não é possível pedir para mudar de município de realização da prova. Para solicitar correções no documento, os candidatos devem entrar em contato com a empresa da banca organizadora do concurso, a Fundação Cesgranrio, pelo telefone: 0800-701-2028, digite 1 e, na sequência, a opção 2. O horário de atendimento é das 9h às 17h, de segunda-feira a domingo.

Orientações

Apesar de não ser obrigatório, o MGI também orienta o candidato a levar uma versão impressa do documento, no dia das provas. O Manual do Candidato, disponível no site do CNPU, aconselha o candidato a verificar, com antecedência, o endereço de onde fará a prova, o tempo de deslocamento e meios de transporte para chegar ao local. E lembra que, aos domingos, em algumas cidades, o transporte público pode ter horários diferenciados. Em algumas cidades, haverá esquema especial de transporte público, inclusive com transporte gratuito ou horário estendido, como no caso do metrô do Distrito Federal que funcionará, excepcionalmente, das 6h às 20h, neste domingo.

Obrigatoriamente, para entrar na sala de aplicação da prova, o participante do concurso deverá apresentar um documento de identidade original com foto.

A organização do concurso avisa que não serão aceitas cópias de documentos, mesmo que autenticadas, nem fotografias destes, mesmo que estejam no armazenamento interno do celular do candidato.

Horários

Os portões dos locais de provas serão abertos às 7h30 e fecharão às 8h30, no período matutino (horário de Brasília). No período vespertino, os portões abrirão às 13h, e o horário de fechamento está marcado para 14h (horário de Brasília).

As provas terão início às 9h (horário de Brasília) e duração de duas horas e meia, no turno da manhã. À tarde, os candidatos vão começar as provas às 14h30  (horário de Brasília) e terão três horas e meia para concluir o certame.

Os candidatos que irão prestar o concurso em Estados com fuso horário distinto de Brasília devem seguir o horário oficial.

Concurso

O concurso unificado oferece 6.640 vagas para 21 órgãos da administração pública federal. O certame terá, também, um banco de candidatos com mais de 13 mil candidatos classificados que ficarão na lista de espera, com a possibilidade de novas convocações, inclusive para vagas temporárias que surgirem.

Os salários básicos iniciais dos aprovados variam de R$ 3.741,84 a R$ 22,9 mil por mês, conforme o cargo.

Para tirar dúvidas, o candidato pode acessar o site do CNPU.

(Fonte: Agência Brasil)

Destaque Concurso Unificado. Foto: Arte/EBC

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) instalou uma sala de situação no edifício-sede da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev), em Brasília, para monitorar, neste domingo (18), em tempo real, o Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) em todo o país. A sala funcionará das 6h às 20h.

No local, trabalhará a Equipe para Tratamento de Incidentes e Respostas (Etir) do CNPU com o objetivo de agilizar a tomada de decisões pelas autoridades do governo federal, diante de quaisquer intercorrências que possam ter impacto na realização das provas.

Os profissionais da sala de situação na Dataprev também estarão conectados ao Centro Nacional de Comando e Controle (CNCC) do Ministério da Justiça e da Segurança Pública (MJSP) e a todos os 27 Centros Integrados de Comando e Controle (CICC) das secretarias estaduais de Segurança Pública, em todos os Estados e no Distrito Federal.

A banca examinadora do certame, a Fundação Cesgranrio, também criou 27 coordenações regionais que estarão conectadas à Equipe para Tratamento de Incidentes e Respostas.

De acordo com o Ministério da Gestão, a atuação da equipe do concurso unificado é baseada nos mesmos métodos usados no monitoramento feito durante o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado, anualmente, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

No domingo, a previsão é que autoridades do governo federal envolvidas na organização da seleção pública também acompanhem no edifício-sede da Dataprev, em Brasília, o andamento das provas, nos dois turnos do concurso. 

Entre as autoridades, estão a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck; o coordenador-geral de Logística do CPNU, Alexandre Retamal; e o presidente dos Correios, Fabiano dos Santos.

Segurança e logística

No processo de elaboração do chamado Enem dos Concursos, o Ministério da Gestão criou uma rede formada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça e Segurança Pública; Polícia Federal (PF); Polícia Rodoviária Federal (PRF); Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e Força Nacional (FN), além de secretarias de Segurança Pública estaduais, com efetivos de policiais militares, civis e bombeiros militares.

A partir dessa sexta-feira, a Força Nacional de Segurança Pública está em atuação em oito Estados, para apoiar o MGI durante a realização do concurso. São eles:  Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Roraima. 

Os agentes que compõem a Força Nacional dão suporte aos órgãos estaduais e federais, como a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Federal e a Polícia Militar, nas ações de segurança, e permanecerão nesses Estados até a segunda-feira (19).

Paralelamente, uma força-tarefa da Advocacia Geral da União (AGU) também tem trabalhado em regime de plantão judicial para dar segurança jurídica à realização do CPNU. A atuação dos 124 integrantes da AGU teve início na terça-feira (13) e trabalharão de forma estratégica em eventuais ações judiciais para não causar instabilidades no processo seletivo, sobretudo, no domingo.

Cerca de 210 mil colaboradores estarão envolvidos na segurança e logística para aplicação das provas do concurso unificado, em 3.647 locais de provas de 228 cidades de todos os Estados e no Distrito Federal.

(Fonte: Agência Brasil)

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A Academia Caxiense de Letras (ACL), a instituição-máter e/ou referência na área cultural do município de Caxias, completou 27 anos exatamente na última quinta-feira, 15 de agosto.

A solenidade de posse dos membros da ACL foi realizada no ano seguinte ao da fundação, 1998, dia 1º de agosto, a maior data comemorativa do município, o penúltimo a aderir à Independência do Brasil, proclamada quase um ano antes, em 7 de setembro de 1822.

Fui convidado pelos meus Pares Acadêmicos para fazer o discurso de posse em nome de todos, naquele 1º de agosto de 1998, no auditório da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Caxias. Este discurso:

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"O PASSADO DE CAXIAS É UM PRESENTE DE FUTURO"

(Discurso de Edmilson Sanches na solenidade de posse dos membros-fundadores da Academia Caxiense de Letras, no auditório da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Caxias, em 1º de agosto de 1998).

Senhoras e Senhores:

O local mais seguro para um navio é o porto onde ele está fundeado. Mas não é para portos que se constroem navios.

O lugar mais seguro para um automóvel é a garagem, onde ele fica guardado. Porém, não é para as garagens que se fabricam carros.

O melhor lugar para uma criança é o colo da mãe ou os braços do pai. Entretanto, não é para ficar vitaliciamente debaixo das vistas do pai ou sob as saias da mãe que se geram filhos.

Uma Academia igualmente é um local razoável para um intelectual, para um humanista. Mas, ouso dizer, não é somente para reunir gentes sábias que se formam academias.

Não, Senhores. Apesar de ali estarem seguros, não é para portos, mas sim para os mares, que navios são construídos. É para a probabilidade da tempestade, é para a possibilidade da bonança, é para a certeza da viagem que navios são feitos e são lançados à água e singram mares já ou nunca dantes navegados. Navios são feitos porque os mares, e não os portos, existem.

Também é para roer distâncias, encurtar tempos, transportar pessoas e coisas, que se fazem carros. Eles são para as ruas e estradas, pois das vielas e becos cuidam nossos pés. É porque existem espaços para transitar, e não garagens para estacionar, que se industrializam carros.

É para a vida, para o mundo, para a certeza das buscas e incerteza do encontro, que se geram filhos. Sobre eles, pais, no máximo, têm autoridade, não propriedade.

É principalmente para unirem-se em torno de um ideal, e não em frente uns dos outros, que pessoas se juntam em clubes de serviço. E uma Academia de Letras também é, ou deve urgentemente ser, um clube de serviços, ou, melhor, menos clube, e mais serviço. Prestar serviços que prestam.

Porque é urgente e preciso organizar as pessoas para que elas organizem, para melhor, o mundo. Abrir não o leque que espalhe um arzinho de conforto, mas um fole, que resfolegue, que crie, espalhe e trabalhe também o desconforto, donde poderão sobrevir respostas e realidades – assim como do desconforto, da irritação da ostra nasce a preciosidade da pérola. As Letras não são somente canto de acalanto, mas toque de despertar, sinal de alerta, sirene de alarme, aviso de marcha, hino de guerra, canção de vitória.

Senhores:

O que legaliza uma Instituição é seu registro, mas o que a legitima é a qualidade de sua ação. Os Cartórios e as Juntas Comerciais estão cheios de certidões de fantasmas, de escrituras de vivos-mortos. Nesse caso, não há muita diferença entre uma certidão de nascimento e um atestado de óbito.

Não tem jeito. O mundo exige, as cidades precisam, o ser reclama: pessoas e instituições têm de fazer diferença. Há muita inércia no mundo, muita energia estática.

Em uma Academia, não basta assinar o ato de posse  – temos de tomar posse dos nossos atos. Pelo menos nós aqui, gente escolada na vida e no ofício, sabemos que o ato de posse não se exaure, ou não se deve exaurir, nesta noite de destaques e de discursos. Não basta tomar posse NA Academia; e indispensável tomar posse DA Academia... Que ninguém se sinta pleno aqui e agora. Academia não mais é reverência; quando muito, é referência. É, em igual tempo, museu e laboratório, conservação e criação, pensamento e ação.

Por mais inusual, pouco comum, que pareça, também cabe a uma Academia – como caberia a qualquer Instituição – auxiliar na desinstalação das pedagogias criminosas. Da pedagogia que não adiciona valor, embora subtraia rendas. Da pedagogia prendedora, e não empreendedora: a educação para a passividade, que disciplina para a dependência, não para a competência.

A dependência cria, no máximo, a revolta; a competência faz a revolução. A revolta muda as pessoas do poder. A revolução muda o poder das pessoas, mostra às pessoas que elas são ou têm o poder.

O revolucionário preexiste à revolução. Uma revolução inicia-se pelo nível da consciência. Uma revolta, pelo nível da emoção. O que se inicia pela consciência fortalece a emoção; o que começa pela emoção, fragiliza a consciência. O revolucionário tem consciência da necessidade. O revoltado tem necessidade da consciência.

Uma Academia é um laboratório – e não um repositório –  de consciências.

Senhoras e Senhores, meus Confrades da Academia Caxiense de Letras:

Muito do que aqui estou dizendo é repetição, senão pregação, do que venho falando ou escrevendo já há algumas décadas, a partir, mesmo, desta minha Caxias, ela que é muito mais de mim que eu dela, pelas necessidades e oportunidades que me tornaram saudável vagamundo cidade afora.

Caxias merece sua – esta – Academia. Estranha-se, até, o não ter havido há mais tempo, há décadas, mesmo há séculos, a ocorrência da salutar tradição que somente hoje, agora, aqui se repete, excetuadas as outras formas de ajuntamento de pessoas e nominação de entidades similares que existiram no município.

Caxias, a do Maranhão, pode-se dizer, é uma das raras cidades das mais de 5 mil que existem no país que não se diz apenas berço de homens de letras: mais que escrever livros, seus filhos construíram Literatura, deram início a escolas, gêneros, modos de fazer, que influenciaram e influenciam. Porque foram seres que não só usaram as Letras; eles ousaram nelas.

Caxias, portanto, sem passadismo, tem, de ser mais ousada e menos usada. Menos reverência à História (cujo mérito ninguém nos tira) e mais referência de Futuro, cuja construção se inicia todo dia e pode ser negada.

Não basta a Caxias ser um museu a céu aberto se livros e mentes permanecerem fechados. O passado desta cidade, como bem poucas cidades podem dispor, é o baldrame, pode ser as fundações sobre as quais se podem alevantar edifícios inteiros na área econômica, como o turismo de eventos, o turismo cultural e o ecoturismo. O passado está – e é um – presente... de futuro.

Talvez isso, quem sabe, seja a grande fórmula do desenvolvimento, um desenvolvimento onde aos haveres econômicos se aliem os valores culturais. Tudo tem de estar integrado. Onde a Engenharia erga prédios, a Estética espalhe sensibilidade. Onde a Geografia imponha limites, a Cultura  interponha pontes. Onde a Economia fixe preços, a Arte destaque valores. Enfim, onde o Homem faz corpo, Deus sopre alma. Porque, à maneira de Vieira, prédios sem pessoas viram ruínas senão escombros. Países sem pontes viram isolamentos senão ditaduras. Economia sem cidadania vira exploração senão barbárie. Política sem Humanismo vira escravidão senão tirania. E pessoas sem cultura nem alma viram máquinas senão monstros.

E por que assuntos como este, de Arte e Cultura, parece ser tão incompreensível, inadmissível, tão “démodé”, às vezes tão estranho, hoje?

O que foi que aconteceu? Houve a banalização da fala? A vulgarização da palavra? A dessensibilização dos sentidos? A dessacralização dos sentimentos?

É o mau uso da Língua, a incorreção da linguagem, a palavra de duplo sentido ou a vida sem nem um significado?

É a precariedade ética, a prevenção cética, o primarismo estético, o pragmatismo técnico?

É a miopia política, a ausência de crítica, a repetição cíclica, a deseducação típica?

É a inafeição cultural, a inaptidão intelectual, a indisposição literal, a desinformação atual, a decomposição moral e coisa e tal, o que é, Senhoras e Senhores? É a falta da virtude rara, da vergonha na cara?

Desculpem-me – peço-lhes – se, em vez de um fraseado bonito e soluções confortantes, trago-lhes eu aqui um leriado, um palavreado feio e dúvidas cortantes, constantes. Mas até nisto há de se entrever algum mérito, porque o homem também cresce quando duvida.

É preciso mais. É urgente dar mais vida à vida.

Nós, os acadêmicos “de fora”, claro, não estamos EM Caxias, mas sempre estaremos COM Caxias. Ser caxiense não é construir residência em Caxias – é construir Caxias dentro de si. Não é ter emprego na cidade – é trabalhar por ela. Não basta apenas ser filho da cidade – é preciso criar e crescer a cidade dentro de si.

Uma cidade e uma academia têm esse ponto em comum. Caxias – e sua Academia – não são somente referência, reverência, abstração, memória, história, inspiração. Caxias – e sua Academia – não são só um sentido, um sentimento. A cidade – e sua academia – também são matéria, chão, paredes, mobília, necessidades a serem supridas, reclamos a serem atendidos, participação a ser cobrada, direitos a serem exigidos, deveres a serem cumpridos, contas a serem pagas. Nesse ponto, estou certo, pela cidade e pela Academia, nós, os acadêmicos “de fora”, faremos o possível – embora, reconheçamos, o possível nem sempre é bastante.

Senhores Acadêmicos, Senhoras e Senhores:

Em Caxias, sua Academia de Letras não é um contraste – é do contexto. Não é um confronto – é um encontro. Nasce de espíritos interessados, não de mentes interesseiras. A lógica de sua criação baseia-se em argumentos, não em argúcias.

É demagógico o discurso de que uma academia não é necessária a uma cidade, de que a região tem outras prioridades. Claro, ninguém vai à “vernissage” nem à “avant-première”, ninguém vem a uma solenidade como esta com olhos e bucho de fome. Mas Terra e homem foram dotados de recursos suficientes para que, explorados de forma inteligente e íntegra, integral e integrada, a vida se faça plena, dispensando, pois, prioridades isolacionistas, hierarquias mecanicistas, vícios segregacionistas, demagogias separatistas. Visão de conjunto, percepção do todo: É perfeitamente possível transformar em complementar o que se diz concorrente. Tornar compatível o que se julga contraditório. Fazer amigo no que é adversário.

Senhoras e Senhores:

Como disse no dia 1º de maio deste ano, nas solenidades da Semana de Gonçalves Dias, o orgulho de ser caxiense se amplia saudavelmente todas as vezes que aqui me encontro – “me encontro”, aqui, no sentido de que aqui chego e aqui me redescubro mais filho desta terra, mistura deste pó, amálgama deste barro.

Descontados os intelectuais caxienses que aqui continuam a residir, a cidade por estes dias ficou um pouco maior, populacional e, ouso dizer, culturalmente.

Neste 1º de agosto, Caxias tem duplo motivo para comemorar: a História que se repete há 175 anos, pela adesão à Independência; e a História que se inicia, pela posse formal dos membros desta Academia. No mínimo, deve estar contente o cantor dos Timbiras, e se água do oceano neste instante se encrespar mais é porque o Poeta se regozija sob o manto marinho que lhe serve de coberta há 133 anos.

Como se vê, Caxias, assim como Paris, é uma festa. Festa literária. Festa de reencontros. Festa de relembranças. Festas de História.

Colegas Acadêmicos:

Como veem, por tudo o que disse aqui, Academia não é só um fardão: ela é também um fardo.

O qual, pessoalmente, ajudo a carregar.

Senhoras e Senhores, colegas de Academia:

Sejamos cada vez mais caxienses.

Sejamos cada vez mais cidadãos.

Sejamos cada vez mais solidários.

Sobretudo, sejamos cada vez mais felizes.

Pela paciência e atenção, aceitem minha gratidão; e, com afeto, aceitem o afeto que se encerra neste peito juvenil.

Muito obrigado.

* EDMILSON SANCHES

cursinhos preparatórios para concursos públicos

Os mais de 2,1 milhões de candidato do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) que farão provas neste domingo (18) já podem consultar a concorrência por vaga em cada bloco temático do certame.

Cada candidato pôde se inscrever em apenas um bloco temático e, dentro do mesmo bloco, classificou, por ordem de preferência, os cargos desejados.

Os blocos de 1 a 7 exigem formação de nível superior. Já a escolaridade para o bloco 8 é nível médio ou técnico.

Concorrência

Para que o candidato saiba como está a concorrência dentro do bloco em que disputa a sua vaga, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) divulgou, nesta semana, uma tabela que traz várias informações como a proporção de candidatos por vaga.

Em média, se consideradas todas as vagas do certame, nestes oito blocos, a proporção de candidatos por vaga é de 318,4.

O bloco temático com mais candidatos é o 8, de nível médio. São mais de 694 mil inscritos, o que resulta na maior concorrência: são 1.003 candidatos por vaga do bloco.

O bloco 7 (gestão governamental e administração pública) tem o maior número de vagas, são 1.737. A taxa de candidatos por vaga é de 242,9.

A menor concorrência é para os candidatos do bloco 1 (infraestrutura, exatas e engenharias), com a relação de 161,6 candidatos por vaga.

Porém, o Ministério da Gestão esclarece que o sistema de seleção do certame com candidatos concorrendo a mais de um cargo dificulta a definição estatística da disputa dentro dos blocos. Em nota, o integrante do Grupo Técnico Operacional do concurso unificado do MGI, Pedro Assumpção Alves, explicou. “No CPNU, cada candidato se inscreveu para várias vagas dentro do mesmo bloco, isso permite que ele concorra a mais vagas e tenha mais chance de entrar na administração pública”.

Cotas

Dentro das categorias para a política de cotas, os candidatos que estiverem aptos terão as seguintes relações candidato/vaga, no total de blocos:

  • pessoas negras: 315,7 candidato/vaga;
  • pessoas com deficiência (PCD): 114,7 candidato/vaga;
  • indígenas: 68, 4 candidatos/vagas.

Alves estima que a alta participação de pessoas negras (pardos e pretos), pessoas com deficiência e indígenas, somada à política de cotas e ao formato do certame, permitirão uma maior inclusão no serviço público brasileiro, dentro da estratégia de aumentar a diversidade e transformar a administração pública em um local mais democrático.

Blocos temáticos

Os oito blocos temáticos estão separados por área de atuação, para preenchimentos de 6.640 vagas em 21 órgãos federais, conforme a especialização ou formação do candidato.

Os editais distintos, segmentados por blocos temáticos, com os diversos cargos dentro de uma mesma área, estão publicados no site oficial do processo seletivo.

O chamado Enem dos Concursos terá um modelo de seleção inédito, com formação de um banco de candidatos aprovados em lista de espera, para futuras convocações, o que aumentará as chances de convocações dos aprovados.

Com a iniciativa, cada um dos oito blocos terá um cadastro reserva com o dobro do número de vagas imediatas do respectivo bloco o que resultará em 13.280 pessoas no banco de candidatos aprovados.

Bloco 1: 1.454 candidatos em cadastro reserva;
Bloco 2: 1.194 candidatos em cadastro reserva;
Bloco 3: 1.060 candidatos em cadastro reserva;
Bloco 4: 1.942 candidatos em cadastro reserva;
Bloco 5: 2.032 candidatos em cadastro reserva;
Bloco 6:  718 candidatos em cadastro reserva;
Bloco 7: 3.496 candidatos em cadastro reserva;
Bloco 8: 1.384 candidatos em cadastro reserva.
Total: 13.280 pessoas em cadastro reserva

(Fonte: Agência Brasil)

A partir da próxima segunda-feira (19), a cidade de Santa Inês (MA) vai sediar a segunda edição da Copa Capital do Vale de Futsal Adulto Masculino, competição patrocinada pelo governo do Estado e pelo El Camiño Supermercados por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte. Ao todo, oito equipes estão confirmadas na disputa do torneio. Todos os jogos serão realizados no Ginásio João Cambinha. 

Nesta edição, a Copa Capital do Vale de Futsal Adulto Masculino terá o formato de mata-mata com as seguintes fases: quartas de final, semifinais e final. Nas duas primeiras fases, as disputas serão em duelos de ida e volta. A decisão do torneio será em jogo único, previsto para ocorrer no dia 30 de agosto. 

Atual campeão do torneio, o Palmeirense entra na competição com o objetivo de manter a hegemonia em Santa Inês. No entanto, os rivais se fortaleceram para impedir uma nova conquista. Além do Palmeirense, as outras sete equipes confirmadas na Copa Capital do Vale são Oz Acabados (atual vice-campeão), Dinâmico, Athletíc, Gênesis, Revelação, Canecão e Palermo.  

Na última terça-feira (13), ocorreu o lançamento oficial da competição com a presença dos representantes das equipes. Durante a solenidade, cada time recebeu kits com uniforme completo (camisa, calção e meião) e bolsas esportivas. Em seguida, foi realizado o congresso técnico do torneio, que definiu os confrontos e chaveamento da competição. 

Os jogos de ida das quartas de final serão na segunda e terça-feira (19 e 20). Já os duelos de volta, serão na quarta e quinta-feira (21 e 22). Na primeira fase, os confrontos eliminatórios serão as seguintes: Dinâmico x Athletíc, Gênesis x Revelação, Palmeirense x Canecão e Oz Acabados x Palermo. 

“Vai ser uma competição bem disputada. Tenho certeza de que a Copa Capital do Vale será um evento que vai atrair os amantes do futsal em Santa Inês e na região do Vale do Pindaré. A expectativa é de casa cheia nos dias de jogos. Nós só temos a agradecer ao governo do Estado e ao El Camiño Supermercados por acreditarem na importância do torneio”, afirmou Waldemir Rosa, coordenador-técnico da competição. 

Tudo sobre competição está disponível no Instagram oficial do torneio (@copacapitadovale).

Premiação

Ao final das disputas da Copa Capital do Vale de Futsal Adulto Masculino haverá a premiação dos times campeões e vice-campeões com troféus e medalhas. Durante a solenidade de encerramento, haverá, também, a entrega dos prêmios individuais: Melhor Jogador, Artilheiro, Goleiro Menos Vazado e Melhor Treinador. 

TABELA DE JOGOS

Oitavas de final (jogos de ida)

Segunda-feira (19/8) / Ginásio João Cambinha

19h30 – Dinâmico x Athletíc

20h30 – Gênesis x Revelação 

Terça-feira (20/8) / Ginásio João Cambinha

19h30 – Palmeirense x Canecão

20h30 – Oz Acabados x Palermo

Oitavas de final (jogos de volta)

Quarta-feira (21/8) / Ginásio João Cambinha

19h30 – Athletíc x Dinâmico

20h30 – Revelação x Gênesis 

Quinta-feira (22/8) / Ginásio João Cambinha

19h30 – Canecão x Palmeirense

20h30 – Palermo x Oz Acabados

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Um sábado (17) de muitas decisões pela Super Taça Maranhão de Futebol 7, competição promovida pela Federação Maranhense de Futebol 7 (FMF7). Ao todo, seis equipes vão soltar o grito de campeão neste fim de semana. As disputas que vão definir os vencedores das categorias Sub-8, Sub-9, Sub-10, Sub-11, Sub-12 e Sub-13 terão início às 14h45, na Arena Olynto, no Bairro do Olho d’Água. 

De acordo com a FMF7, a programação das finais da Super Taça Maranhão vai começar com o duelo entre Eurofoot e Paredão pela categoria Sub-13. Na sequência, às 15h40, a bola rola para Paredão x São Luís Academy, confronto que definirá o campeão da categoria Sub-12. 

Às 16h20, tem a final do Sub-11 entre PSG e Madri. Na sequência, mais três decisões: Grêmio Maranhense x São Luís Academy (Sub-10), Grêmio Maranhense x Cruzeiro (Sub-9) e Grêmio Maranhense x São Luís Academy (Sub-8). 

Vale destacar que as equipes campeãs desta edição da Super Taça Maranhão de Futebol 7 asseguram classificação para torneios nacionais. “A Super Taça Maranhão é uma das principais competições do futebol 7 no Estado. O torneio já caiu nas graças dos atletas e das escolinhas e, a cada edição, o nível técnico tem melhorado, uma vez que a competição também é classificatória para torneios nacionais”, explicou Waldemir Rosa, presidente da Federação Maranhense de Futebol 7 (FMF7). 

JOGOS SUPER TAÇA MARANHÃO

Sábado (17/8) / Arena Olynto

14h45 – Eurofoot x Paredão (final Sub-13)

15h40 – Paredão x São Luís Academy (final Sub-12)

16h20 – PSG x Madri (final Sub-11)

17h – Grêmio Maranhense x São Luís Academy (final Sub-10)

17h40 – Grêmio Maranhense x Cruzeiro (final Sub-9)

18h20 – Grêmio Maranhense x São Luís Academy (final Sub-8) 

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Tudo pronto para o início das disputas do Santo Amaro Open de Beach Tennis. A partir desta sexta-feira (16), a cidade de Santo Amaro (MA) vai ser a casa do beach tennis maranhense. Chancelado pela Federação de Beach Tennis do Maranhão (FBTM), entidade que representa oficialmente a modalidade no Estado, e contando com os patrocínios do governo do Estado e do Grupo Mateus por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, o Santo Amaro Open vai reunir mais de 260 atletas, que estarão na briga pelo título da etapa e por pontos nos rankings estadual e nacional. 

Até domingo (18), o beach tennis será atração em Santo Amaro, mais precisamente às margens do Rio Alegre, um cenário deslumbrante para receber os principais atletas da modalidade. O Santo Amaro Open integra o calendário esportivo da FBTM, correspondendo à nona etapa do Campeonato Maranhense Oficial de Beach Tennis 2024. Nesta edição, o torneio teve um recorde na quantidade de inscrições e de atletas participantes. 

“Pelo terceiro ano consecutivo, vamos realizar o Santo Amaro Open de Beach Tennis às margens do Rio Alegre na cidade de Santo Amaro, dentro do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Esta será a penúltima etapa do Campeonato Maranhense Oficial, e a briga pelo ranking está mais acirrada a cada etapa. Essa etapa contará com 260 atletas e mais de 380 inscrições, com uma área de 11 quadras montadas às margens do Rio Alegre”, explicou Menezes Júnior, presidente da FBTM. 

Vale destacar que o Santo Amaro Open também soma pontos para o ranking estadual da modalidade. É a partir desse ranking que o Time Maranhão de Beach Tennis será formado para disputar o Campeonato Brasileiro Oficial de Beach Tennis entre os dias 20 e 24 de novembro, na cidade de Vitória (ES). 

Em 2024, o Campeonato Maranhense Oficial de Beach Tennis vai passar por seis cidades do Maranhão. Além de Santo Amaro, São Luís, Imperatriz, Bacabal, Santa Inês e Codó também sediaram etapas do torneio nesta temporada. 

Outras informações sobre as etapas do Campeonato Maranhense Oficial de Beach Tennis estão disponíveis no Instagram oficial da Federação de Beach Tennis do Maranhão (@maranhaobeachtennis). 

(Fonte: Assessoria de imprensa)

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“[...] ele cismou com isso aí.

// [...] ele cismou.

Quando ele cisma, é uma tragédia".

(AÍRTON VIEIRA, desembargador, juiz instrutor,  assessor do ministro ALEXANDRE DE MORAES / STF)

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Por essas coincidências que só (re)afirmam a crendice, o dia 13  – e, mais ainda, 13 de agosto --, para um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro, passa a ser um dia infeliz. Um dia, como qualificavam os latinos, “nigro notanda lapillo”, ou seja, um dia que deve ser marcado com uma pedra preta.

Mas a vida é como os registros contábeis escriturados com as chamadas partidas dobradas: se há um lançamento no débito, há que haver outro no crédito. Desse modo, a uma coisa ruim corresponde uma boa: para algumas pessoas, para diversas pessoas, para muitas pessoas, o 13 de agosto de 2024 será um dia feliz, ou, como diziam os latinos, um dia “albo notanda lapillo”, que deve ser marcado com uma pedra branca. O enorme escritor e dramaturgo francês Honoré de Balzac (1799-1850) utiliza esta segunda expressão no original latino em “Modesta Mignon”, romance que completa, em 2024, exatos 180 anos de publicação e é parte das “Cenas da Vida Privada” da monumental “A Comédia Humana”, constituída de mais de 90 livros.

Mas, tornando ao 13 de agosto, diz a antiga sabedoria popular que desgraça pouca é bobagem e que, às vezes, além da queda vem o coice –  vale dizer, o 13 de agosto apenas abriu as portas do inferno astral que, ao que tudo indica, se reserva para um ministro da Alta Corte Constitucional do Brasil.

A primeira de várias, senão muitas, reportagens que, em série, foi publicada no 13 de agosto pelo jornal paulista “Folha de S. Paulo” já foi suficiente, ela sozinha, para levar o próprio jornal e um grandíssimo número de outros veículos de Imprensa, entidades, políticos e as denominadas mídias sociais digitais a avaliarem como “fora do rito”, ilegais, criminosos etc. etc. os atos, atitudes, manifestações e ordens ou determinações do ministro Alexandre de Moraes e o cumprimento das ordens, comentários dos assessores que materializavam as ordens, enfim, os feitos e desfeitos e até os (documentos) refeitos por esses subordinados, pois senão o ministro poderia ele mesmo produzir os textos e/ou documentos (claro que isso dificilmente ocorreria, haja vista a decantada estrutura de recursos humanos e logísticos que se diz terem os senhores ministros e mais a relação de subordinação e dependências dos subordinados).

Evidentemente, para “compensar” as investidas dos muuuuitos que querem a cabeça do ministro, está comparecendo um razoável número de pessoas físicas e jurídicas que afirmam a inocência do togado e a regularidade de seus atos – incluindo os dos assessores também, é claro.

Já dei aulas de Jornalismo em Universidade pública  – disciplinas “Assessoria de Imprensa” e “Entrevista, Pesquisa e Reportagem”. Tanto pelo mister desse magistério quanto pelos “mistérios” do ofício de (bem) informar, posso assegurar que vem coisa no mínimo “mais pesada” nos próximos dias em desfavor do ministro. As reações, notas, palavras em seu favor logo após a primeira reportagem são apressadas, mas de todo modo natural, próprias do calor do momento. O também jurista Aulus Gellius, que viveu no segundo século depois de Cristo, escreveu em suas “Noites Áticas” que “a verdade é filha do tempo” (“Veritas temporis filia”).

Ora, diz e repete a Imprensa que o material que recebeu, de modo lícito, ocupa mais de 6 (seis) gigabytes de memória. São mensagens por escrito e por áudio, além de arquivos de imagens e de vídeos, tudo trocado via WhatsApp, este aplicativo multiplataforma que, neste ano em que debuta (completa 15 anos), já fez muito bem aos seus criadores e alguns males para muitos de seus confiados usuários... O material nas mãos dos jornalistas da “Folha de S. Paulo” diz respeito a apenas 10 (dez) meses, os cinco últimos de 2022 e os cinco primeiros do ano seguinte, portanto, de agosto de 2022, após ter iniciada a campanha eleitoral e durante toda ela, até maio de 2023, já no novo Governo  eleito e empossado.

Mas, sobretudo para o ministro e para os que correram em sua defesa, cabe perguntar: Alguém acha que os jornalistas e o jornal publicariam o pior desses seis gigabytes logo no primeiro dia? Claro que não! Isso não é da lógica humana nem muito menos do ofício jornalístico. A conta-gotas, homeopaticamente, vão-se depositando palavras, imagens e sons (áudios das conversas) no papel do jornal, no e-mundo digital e tal e tal. Aí, feitas as primeiras publicações, jornal e jornalistas esperam as reações, sobretudo as que tentam negar ou justificar os atos do ministro e seus assessores. Avaliadas, pesadas e ponderadas essas reações, o jornal e seus jornalistas produzem e lançam mais algumas “bombas”, isto é, um conjunto de informações que, estas sim, reforçam a publicação anterior e até agravam a situação dos personagens das matérias, as quais, para piorar ainda mais, fragilizam e/ou invalidam as defesas adredemente feitas. É tortura chinesa (dizem), em que pingos d’água caem por horas ou dias sobre a testa ou na moleira de indivíduos amarrados. Ou pode ser a “gota tártara”, tortura inventada pelos russos, onde a pessoa nua sofre pelo menos 40 horas com um fio d’água –- geladíssima!... –  lhe infernizando o corpo e a mente.

Dá para imaginar o que ainda vem por aí? Serão noites insones e dias trombones...

Tentemos ver o que pode vir. Os próprios grupos de comunicação  – Folha, Globo... – reafirmam nas matérias que, repita-se, “são mais de 6 gigabytes” de gravações, arquivos, o que seja.

Para você ter uma ideia, vamos falar um pouco sobre o que é a capacidade de armazenamento de informações ou processamentos de dados em um computador, “tablet”, celular, “pen-drive” etc. Assim como o quilograma é para massa (peso), o litro para capacidade (líquidos e gases), o metro para comprimento, o “byte” (baite) é a medida para a capacidade de armazenamento de dados. O byte é formado por uma unidade menor, chamada “bit”.

A palavra “byte” é originada do inglês “bite” (mordida). A palavra “bit” é formada pela união das duas primeiras letras de “binary” com a última de “digit” – é “binary digit” (dígito binário) porque, como se sabe, as informações no computador são representadas por dois algarismos, o 0 [zero] e o 1 [um]. São necessários oito “bits” para formar um “byte” e cada letra ou caractere que você está vendo aqui corresponde a um “byte”. Assim, como se fora o “Bolero” de Ravel e seu crescendo musical progressivo, a capacidade de armazenamento de dados também vai crescendo: da menor unidade, o “bit”, vai-se ao “byte”; deste ao “kilobyte” (ou mil “bytes”), ao “megabyte” (mil “kilobytes”), chega-se ao “gigabyte” (mil “megabytes”) e, também mil vezes mais, o “terabyte” – e já existem o “petabyte”, o “exabyte”, o “zettabyte” e o “yottabyte”, este por enquanto o de maior capacidade, equivalente 1 (um) quatrilhão de “megabytes” ou um trilhão de “gigabytes”.

Vamos voltar aos “mais de seis ‘gigabytes’” de mensagens e outros arquivos em só dez meses de conversas e trocas de postagens entre o ministro e seus subordinados, em um grupo de WhatsApp denominado “Inquéritos”. A Ciência (da Computação) diz que CADA “GIGABYTE” corresponde a 6,5 milhões de páginas de documentos. Por escrito: 1 “gigabyte” armazena SEIS MILHÕES E QUINHENTAS MIL páginas cheinhas de letras e/ou imagens. Como são “MAIS DE SEIS ‘GIGABYTES’”, a multiplicação é simples: 6,5 milhões X 6 “gigabytes” = 39 (TRINTA E NOVE) MILHÕES DE PÁGINAS. E ainda tem o sobejo, o resto, pois são “MAIS” de seis “gigabytes”. Ou seja: o jornal “Folha de S. Paulo” e seus dois jornalistas estão com, potencialmente, QUARENTA MILHÕES DE PÁGINAS de documentos (e seus conteúdos) para serem vazados sob forma de reportagens, todo dia, sem falar nas reações e outras repercussões e o que de fatos novos podem ocorrer, em razão da publicação em série. Por exemplo: a vida, a profissão, o passado, as amizades sensíveis, as sentenças que prolatou (para quem foi juiz de Direito), os textos que publicou, os lugares que visitou, pessoas que ofendeu ou fisicamente maltratou, eventuais movimentações financeiras, os bens (patrimônio) que acumulou, os vícios a que se entregou, e uma lista (grande) de “otras cositas más” poderão – e serão – pesquisadas, investigadas, na surdina, em segredo, com discrição... e, localizado algo jornalisticamente interessante, une-se ao material e reúne-se o conjunto de evidências, provas etc. para sustentar a fidedignidade e profissionalismo do trabalho da Imprensa e a incolumidade dos profissionais envolvidos, em especial a liberdade, a honra e o patrimônio.

Volte-se a repetir: ainda que também contenha imagens estáticas, imagens em movimento (vídeos), documentos, áudios, além das mensagens escritas, seis “gigabytes” é muita coisa. Evidentemente, esses dados foram recebidos já há algum tempo. Tempo suficiente para leitura, corte e costura dos dados, pesquisas, entrevistas, reuniões com o setor Jurídico e a Alta Direção do jornal, sopesamento das consequências (inclusive econômicas) para o veículo de Imprensa...

É claro que os seis “gigabytes” de informações não foram recebido dia 12 ou dia 10 ou neste mês de agosto... Uma montanha – na verdade, uma cordilheira – de dados desses não se formou nem foi escalada agora; não com a hipersensibilidade de que essas informações potencial e explicitamente se revestem, com as implicações e implicâncias políticas, jurídicas, profissionais e até humanas que ela suscita e já está suscitando.

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Falta explicar a razão do título – “EM CISMAR, SOZINHO, À NOITE”.

Há 181 anos, precisamente no mês de julho de 1843, o advogado, cientista e escritor Antônio Gonçalves Dias, meu conterrâneo de Caxias (MA), escreveu o poema que é quase um segundo hino nacional, a “Canção do Exílio”. Não há quem não lhe saibam os versos iniciais: “Minha terra tem palmeiras, / Onde canta o sabiá”. Seis versos depois destes, está a linha inicial da terceira estrofe: “Em cismar, sozinho, à noite”. (Este mesmo verso retorna na estrofe seguinte da “Canção”).

O principal assessor do ministro Alexandre de Moraes, também juiz e desembargador, na boquirrotice das conversas e mensagens via WhatsApp, disse que o ministro estava “esses [aqueles] dias sem sessão”; assim, estava “com tempo para ficar procurando”. Ele fazia isso inclusive à noite, em casa, já que estava em recesso (de férias) do trabalho. Assim, haja enviar mensagens, arquivos para a assessoria, com instruções de fazer  – e fazer logo, e fazer bem feito. Ou, como falou o assessor: ”Quem mandou isso aí, exatamente agora, foi o ministro e mandou dizendo: Vocês querem que eu faça o laudo? Ele tá assim, ele cismou com isso aí”.

Isso mesmo: “[...] ele cismou com isso aí. // [...] ele cismou. Quando ele cisma, é uma tragédia."

A palavra “cisma” é bissexual, assume dois gêneros. Como substantivo masculino, denomina a separação de um grupo de pessoas de uma coletividade. Também significa desacordo, dissidência de opiniões.

Como palavra feminina, “cisma” é velha conhecida nossa e ela se torna talvez o único  (para utilizar a terminologia do assessor ministerial) “mínimo múltiplo comum” com o Sr. Alexandre de Moraes, que sabe ficar cismado que nem gente comum. Desde o tempo das aulas de Matemática do Ensino Fundamental (ou foi do Médio?) que eu não mais tinha ouvido falar em Mínimo Múltiplo Comum (ou MMC) e Máximo Divisor Comum (ou MDC). Como já disse: “cisma” não é só coisa de gente de toga, não.

Cisma – está no “Houaiss” – é mania; produto da fantasia, da utopia. Em sua rica semântica, cisma é teima, é capricho, é ideia fixa, é hostilidade um tanto gratuita.

Desde que foi registrada a primeira vez em Língua Portuguesa, há 631 anos (1393), a palavra “cisma” não imaginava que estaria, em suas flexões verbais, três vezes na boca de gente importante para qualificar (!) gente mais importante ainda...

Isso é o que dá cismar sozinho e à noite.

Serve para fazer grandes versos.

Serve para dizer coisas pequenas...

* EDMILSON SANCHES

Brasília (DF) 15/08/2024 A ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, participa do programa Bom Dia, Ministra.  Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

A ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), Esther Dweck, disse que o governo federal estuda a possibilidade de realizar uma segunda edição do Concurso Nacional Unificado (CNU) em agosto de 2025 e que há previsão orçamentária.

"Temos falado na possibilidade de um novo concurso unificado, mas ainda é uma possibilidade. Com a prova que vai ser realizada no domingo, a gente vai fazer um balanço desta prova. Por enquanto, o nosso balanço é muito positivo, do ponto de vista da demanda, da opinião pública sobre a ideia de uma prova unificada, da possibilidade de diversificar mais esse público", avaliou a ministra do MGI, Esther Dweck.

A ministra calcula que foram criadas cerca de 14 mil vagas para o serviço público em órgãos do governo federal – entre as vagas de concursos em andamento, somadas às que o MGI já autorizou desde o ano passado. Com a previsão de entrada de aproximadamente 7 mil aprovados até o fim de 2026, Esther Dweck prevê que o número de vagas abertas no funcionalismo público pode chegar a 21 mil para repor parte da saída de, aproximadamente, 70 mil servidores federais desde 2016. A ministra explicou que, somente de janeiro a agosto de 2024, 1.085 vagas foram autorizadas pelo MGI, e que novas permissões de concursos públicos federais devem ser autorizadas até dezembro.

"Temos feito um trabalho muito importante de dimensionar a força de trabalho, e ido de ministério em ministério para olhar o que estão precisando, que tipo de servidor é preciso para o MGI ter um bom cálculo real da necessidade de servidores e em que áreas, para que a gente possa tomar essas decisões de novas vagas. Temos uma previsão orçamentária. Então, entre o fim deste ano e o ano que vem, a gente vai começar a autorizar a chamada de excedentes, como chamamos o cadastro de reserva, ou de novas vagas para áreas que não foram contempladas ainda", disse durante o programa Bom Dia, Ministra

Locais de provas

Sobre o fato de 65% dos mais de 2,11 milhões de candidatos inscritos ainda não foram conferir o local onde farão as provas em dois turnos no domingo. Dweck orientou os candidatos a acessarem a Área do Candidato, mesma página da internet em que a pessoa fez a inscrição, a fim de conferir o seu local de prova e não deixar tudo para última hora.

"Façam uma prova com tranquilidade, mas, por favor, não deixem de acessar o cartão de confirmação de inscrição, com seu local de prova, e checar se tá tudo certo. Então, vocês conhecem o local e ficam tranquilos para fazer a prova".

A ministra alertou os candidatos que, após o adiamento das provas, em maio, devido às chuvas no Rio Grande do Sul, houve mudanças de vários locais de provas, sobretudo, no Rio Grande do Sul, São Paulo, além de outros estados.

"Quero fazer um apelo e pedir para todo mundo checar de novo esse local de prova. Quem não conhece o local, vá antes, conheça, saiba onde, veja o tempo que demora para chegar.

As salas serão abertas duas horas antes do início da prova, que começa às 9h30, no turno da manhã; e 14h30, na parte da tarde. A partir de 7h30, os locais de prova já estarão abertos para receber os candidatos. “Por isso, cheguem antes”, pediu a ministra.

Greve

A possível greve de servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) não deverá afetar a realização do CNU, no próximo domingo (18), avalia a ministra. 

A ministra informou que o MGI está em negociação salarial com servidores do órgão ligado ao Ministério da Educação e que tem conversado com os dirigentes do Inep que estão envolvidos diretamente no apoio ao certame.

“A gente tem conversado bastante com eles [servidores do Inep]. Tem a questão da negociação, porque eles têm todo direito de se manifestar, fazer a mobilização que acharem necessária, mas a outra questão é que é uma atividade essencial, que envolve dois milhões de candidatos no Brasil inteiro e mais de 21 órgãos que vão receber servidores também. Pela nossa conversa, vai transcorrer tudo bem neste dia”, prevê Dweck.

(Fonte: Agência Brasil)

– Um passeio memorial, rápido, pela Literatura, pelas histórias em quadrinhos, pelos cordéis, pelo Cinema, pela Música, pela vida...

(Prefácio ao livro “Assim Tombou Ricardo Constâncio”, inédito, de João Pereira Neto, juiz de Direito em São Luís (MA))

Era boquinha da noite. Conta-se que o homenzarrão chegou ao povoado do qual se dizia ser terra de gente valente.

O homão não viu ninguém nas ruas. Aparece um menino, e ele, rude, pergunta: “–  Cadê os homens daqui?” O garoto aponta um bar logo adiante.

Foi entrando e já foi insultando: “–  Este lugar não tem homem, não? Cadê os cabras valentes daqui?” E foi enticando os presentes. Enfiava o dedo nos peitos de cada um e questionava: “–  É você o valentão daqui?”

Quando o indicador em riste do valentão foi se chegando ao peito de um baixinho que pitava seu fuminho tranquilamente, o homenzarrão finalmente ouviu uma resposta: “–  Seu moço, neste lugar, num tem nem um valentão, não; porque os que chegam aqui... nós mata!”

O grandão recém-chegado ainda teve tempo de revirar os olhos, tentando aparar com as mãos o sangue e os intestinos que, aos borbotões, em evisceração, começavam a sair de seu bucho, aberto de cima a baixo e de lado a lado por uma afiadíssima faca peixeira que, com modos de prestidigitador, o baixinho pitador manuseara, cortando fundamente em cruz a barriga do malsinado valentão, que, ali mesmo, tombou, mortinho da silva...

O baixinho João da Cruz não tinha esse nome à toa...

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Que eu me lembre, desde a minha infância, convivo com valentões. Sequer imaginava que, no completar de mais uma década de vida, com este pequeno grande livro – ”Assim Tombou Ricardo Constâncio”, de João Pereira Neto –, eu viesse a me apegar com mais um. E dos bons.

Explico: Menino curioso que sempre fui, eu ouvia histórias de valentões nas conversas na entrada da noite, quando os vizinhos iam falar seus casos, coisas e “causos” em frente lá de casa, sentados em seus tamboretes, mochos, cadeiras de macarrão, cadeiras preguiçosas... Para iluminar a noite e as conversas, em uma época sem energia elétrica para todos, um ou outro mais abastado trazia seu Petromax, alguns remediados traziam candeeiros e os mais humildes, as lamparinas de morrão. E haja aparecerem histórias e “causos” de valentões, arruaceiros e brutamontes!... A noite de animadas conversas só terminava tarde – antes, só se o tempo recomendasse ou se a rasga-mortalha teimasse chirriar por sobre ali, emitindo prenúncios de mau agouro.

Do convívio com valentões das conversas, passei para os valentes dos livros. Os primeiros acho que os conheci por volta dos seis anos de idade, quando eu, sentado no chão de barro batido da casa, ficava a ouvir Seu Miguel, um paraplégico ledor, morador do mesmo lado de rua, que lia para mim a “História de Carlos Magno e os Doze Pares de França”, que, depois, ele me emprestou e que, adulto, consegui um exemplar semelhante da obra. Até hoje, tenho de memória o nome dos valentes Roldão (ou Rolando) e Oliveiros e, também, Galalão (ou Ganelão), entre outros, e o adversário gigante Ferrabraz, todos com suas espadas com nome: “Joiosa”, espada do Imperador Carlos Magno; “Durindana”, de Roldão; “Alta Clara”, de Oliveiros; “Plotança”, “Batizo” e “Braba”, todas de Ferrabraz. (Além dessas armas do período carolíngio (742-814), como não se lembrar das espadas arturianas, da Távola Redonda? A “Excalibur”, do Rei Artur, a “Cortana”, do cavaleiro Tristão...).

Aos valentões de conversas e aos valentes de livros juntei os da Cultura Popular. Foram estes e outros valentes e valentões que me acompanharam, bem retratados nos muitos “romances” que eu lia e, até hoje, leio e releio. “Romance” era o nome que se dava, à época, aos livretos de literatura de cordel. Nesses, eram frequentes os valentes e valentões, reais e imaginários, que, igualmente, viviam ou eram colocados em relatos verdadeiros ou aventuras fictícias. Entre esses valentes e valentões, além de príncipes em busca de suas princesas, de Juvenal e seu dragão, havia personagens mais chãos, mais telúricos, como Lampião; ou Antônio Cobra Choca e Zé Mendonça (o “Sertanejo Valente”), e Negrão do Paraná e João Balduíno (o “Seringueiro do Norte”), todos do cordelista Francisco Sales de Arêda; os ladinos e legendários Cancão de Fogo e Pedro Malasartes. A valentia de uns e a valentice de outros são sempre bem descritas pelos autores cordelistas. O citado Arêda descreve o valentão Negrão do Paraná:

“Quando chegava nas feiras

fazia o maior destroço

dava nuns matava outros

quebrava pernas e pescoço

o pobre que ele pegasse

quebrava osso por osso”.

Mas como toda chaleira tem sua tampa, havia o humilde e valente Seringueiro do Norte, de nome João Balduíno, na estrofe abaixo identificado como “rapaz”, que não tinha medo de foba e assim falou pro Negrão do Paraná na peleja:

“O rapaz disse está certo

você é duro eu sou duro

pegue arma se defenda

que também estou no apuro

pode furar se puder

que também vou vê se furo”.

Em outro folheto de cordel, e rejeitando a fama de valentices de um lugar, Cobra Choca diz a que veio:

“– Isto de fama é besteira

quem é bravo também morre!

Se o senhor quiser, eu vou

buscá-lo e ele não corre.

Caso ele com a negra

só Jesus Cristo o socorre”.

Cancão de Fogo, por exemplo, se não era um valentão, era um trapaceiro adorável, com laivos de valentia, como na hora da morte, segundo relata João Martins de Athayde, em seu cordel “A Vida de Cancão de Fogo e Seu Testamento”:

“Quando ele viu que morria

Chamou a mulher pra junto

e disse: ‘Minha mulher,

não precisa chorar muito:

não há tempo mais perdido

do que chorar por defunto’”.

O cordelista Severino Milanês descreve bem o seu “Valentão do Mundo”, o herói-título do folheto:

“Era forte e musculoso

tinha força igual a Sansão

domesticava pantera

pegava lobo de mão

matava cobra de murro

botava sela em leão”.

Desde criança, eu também via e ouvia valentes e valentões nas Histórias em quadrinhos (HQs) e na Música. No universo das HQs, lotado de mil e muitos heróis (e seus respectivos vilões...), cite-se apenas um, clássico, que traz a intrepidez no nome: o Príncipe Valente, do desenhista e roteirista canadense Hal Foster (1892-1982), que há mais de oitenta anos, desde 1937, povoa mentes de crianças  dee adultas com suas aventuras.

Por seu lado, as músicas, em especial as brasileiras, me encantavam com os sons que delas saíam e com as letras, pelas imagens que com elas eu construía. Até hoje, recordo da letra e melodia de uma canção que, ainda, não consegui identificar: “Ele é o João Valentão, o bandidão”. Este João aqui tem nada a ver com a música-título “João Valentão”, que Dorival Caymmi passou nove anos pra compor e que, finalmente, gravou em 1953, merecedora de regravações inúmeras nas vozes de Ângela Maria, Elis Regina, Fagner, Ná Ozzetti, Oswaldo Montenegro... Ao descrever seu valentão, Caymmi dedica vinte dos vinte e seis versos para detalhar o ambiente/lugar encantador que é terra de João, personagem apresentado, ao término da música, como um “homem que nunca precisa dormir pra sonhar” – mas os primeiros seis versos revelam logo o “lado A” do moço:

“João Valentão é brigão

Pra dar bofetão

Não presta atenção

E nem pensa na vida

A todos João intimida

Faz coisas que até Deus duvida”

E faltaria espaço pra tantos valentes e valentões na Música, como nas composições de Luiz Gonzaga com Zé Dantas (o “sujeito valente e brigão” em “Forró de Caruaru”, de 1955) e com José Clementino, no icônico “Xote dos Cabeludos”, que seria uma “resposta” do Rei do Baião para outro “rei”, Roberto Carlos, que teria feito uma desfeita ao sanfoneiro pernambucano. Eis a descrição de um homem valente no xote:

“[...]

No sertão de cabra macho

Que brigou com Lampião

Brigou com Antônio Silvino

Que enfrenta um batalhão

Amansa burro brabo

Pega cobra com a mão

Trabalha sol a sol

De noite vai pro sermão

Rezar pra Padre Ciço

Falar com Frei Damião

[...]”.

No Cinema, nem se fale! É valente e valentão pra todo lado, na Terra e fora dela, com seus heróis e vilões armados com as próprias mãos (artes marciais e fortões tipo Hércules, Ursus e Maciste), com revólveres (faroeste), com armas de raios (ficção científica) etc. Conan, Dirty Harry, Braddock, Rambo, Shaft, enfim, do “A” do Aquaman ao “Z” do Zorro, é gente valente por toda a terra, água e ar...

Voltando à Literatura, fora das menções ao ciclo carolíngio e ao reino arturiano, Guimarães Rosa nos apresenta o valente Manuel Fulô e o valentão Targino, no conto “Corpo fechado”, de “Sagarana”. A “Bíblia” traz valentes aos milhares; a meu ver, um exemplo de valente é Davi e, de valentão, Golias.

As citações acima, nas diversas formas de expressão cultural (Literatura, Música, Cinema, Cultura Popular etc.), impõe que seja feita a distinção entre o que é “valente” e o que é “valentão”. Valente é uma virtude; valentão, uma deformação. Valente, em geral, é o que uma pessoa é; valentão, via de regra, é o que lhe atribuem ser. Para mim, valentão é arruaceiro, provocador, brigão, quando não um mero bravateiro, farsante, fanfarrão.

Esse “-ão” em “valentão” não é um intensificador da palavra; é um corrompedor dela, como em “respondão”.

Esse “-ão” em “valentão” não é um aumentativo; paradoxalmente, é um diminutivo, desqualificador, depreciativo.

Neste livro, a preponderância do termo “valentão” sobre “valente” e “valentia” é quase sempre um espelho, em que se vê, invertida, a imagem do outro. Por mais realística que seja, é reflexo e é o contrário da realidade.

Mulheres e homens que conheceram Ricardo Constâncio descrevem-no como “um moço muito bonito, educado e respeitador”. O próprio Ricardo Constâncio declara que “nunca havia nem sonhado de ser valentão ou coisa parecida”. O autor, de certa forma, ratifica isso quando, tanto no fim quanto na introdução, ressalva: “[...] não há relatos de que Ricardo tenha algum dia matado por encomenda ou para roubar” e “pensamos não ser justo pintar Ricardo Constâncio como um bandido celerado e de coração duro. Mas também não adianta querer retratá-lo como bonzinho. Nada de extremos”. João Pereira Neto sabe: “In medio virtus”. Nem ladino nem paladino.

Considerada essa distinção, apresenta-se, nesta obra, o moço Ricardo Gomes, o Ricardo Constâncio, pessoa histórica, isto é, verdadeira, real, que existiu mesmo. Casou-se, teve uma filha, tinha trabalho e endereço certos. João Pereira Neto o descreve com habilidade de escritor e leveza de um bom contador de “causo”. Nem parece que são rarefeitas as fontes para a pesquisa e construção de “Assim Tombou Ricardo Constâncio”. Talvez o mais que houvesse agora seja expletivo.

Com “Assim Tombou Ricardo Constâncio”, a boa Literatura maranhense e brasileira enriquece seu rol de personagens intrépidos, corajosos, valentes. João Pereira Neto, jovem, mas experiente juiz de Direito, está acostumado à dura prática diária da escrita – mas uma escrita que decide liberdade, patrimônio e valores intangíveis de pessoas, nos limites quase inflexíveis da Lei.

Sair desse cotidiano não é fácil, o que torna mais admirável esta pequena grande obra – no gênero, a primeira do autor. Entretanto, se, em seu mister, o juiz sentencia sobre Liberdade, Patrimônio e Valores, o escritor, em seu mistério, não é diferente: o personagem Ricardo Constâncio luta por liberdade legal, ao querer ajustar contas com a Justiça, e defende o patrimônio, material e moral, seu e de outros.

A Literatura ganha um estilista, pesquisador e documentador/descrevedor de falas, ambientes, situações. Nem o incômodo de ombro seriamente dolorido, que o levou à terapia física e a esta terapia literária, minou-lhe o bom humor, o (re)lembrar-se de aspectos da vida que ele próprio, autor, viveu e que reviveu em uma e outra passagem deste seu primeiro filho literário.

Como não gostar dos gostosos achados e descrições dados aqui à leitura pelo autor? “Dia de feira era, quase sempre, dia de facadas [...]”. “Aqui se mata por devoção [...]”. “[...] a Justiça daquele tempo era cara, lenta e rara, sendo vantajosamente substituída pela sentença do trabuco, que era definitiva, não admitia recurso”. Lei mesmo? Só “o bacamarte, o cacete, a faca”, “sem receio das fraquezas dos juízes e das patifarias dos jurados, sempre escolhidos a dedo”.

Ao relatar a briga entre o valente Ricardo Constâncio e o valentão Negão do Sul, João Pereira Neto alia à competência descritiva um “humour” na medida: “Ricardo não perdeu tempo e deu uma forte bofetada em Negão, que caiu de queixo trancado por cima de uma mesa de tábua de bacuri. Nisso, aparece o pai de Negão, chamado Isidoro, que morava em Caxias, e entra na briga. // Isidoro estava portando um cacete de jucá, assado ao fogo, duro mais do que beirada de sino [...]”.

Que beleza o trazer-se para aqui essa riqueza de imagens e analogias do interiorzão maranhense!... Que autoridade a do escritor, ele próprio, menino, um (con)vivente dessas realidades da gostosa linguagem cabocla, interiorana, com um belo e delicioso repertório de comparações e paralelismos semânticos!...

“Assim Tombou Ricardo Constâncio” recupera uma história de vida (e morte), de – “O tempora! O mores!” – um tempo que se (es)vai, de “homens de gênio forte e desassombrada coragem”, de gente que ousava “comprar questão”, de um povo “façanhudo” que nem Ricardo Constâncio, que, valente, “não costumava comprar valentia, mas também não era homem de vender covardia”.

Se não é um libelo acusatório, este é também um livro denunciatório... pelo menos em relação às práticas e modos de ser de ontem (ontem?) da Justiça, da Polícia, da Política, vale dizer, do Estado – um Estado corrupto e corruptor, desservidor e prejudicador dos cidadãos. Veja-se a descrição forte, precisa, exata de João Pereira Neto...

... sobre a Polícia: “As delegacias, com raríssimas exceções, estavam entregues a indivíduos analfabetos, servindo de cegos instrumentos de obediência partidária, sob a influência nefasta de desabusados chefetes políticos e sem os livros exigidos para registro de ocorrências, queixas-crimes, licença etc.”.

E sobre os desvios da Política por desviados políticos: “[...] a Guarda Municipal, mantida pelas Prefeituras do interior, existente em diversos municípios do Estado, formava um quadro de política roceira, sendo constituída por homens a serviço particular do prefeito, do delegado e de outras autoridades, pessoas que nada mais eram do que rachadores de lenha, tiradores de palmito ou tratadores de animais e que, nas horas vagas, faziam a correição, matando nas ruas e fundos de quintais os animais de propriedade dos adversários políticos, quando não podiam, por outro meio, satisfazer o seu capricho partidário”.

João Pereira Neto é um desses escritores que faltavam. Desenvolve, com primor, uma técnica de períodos curtos: nos originais à minha frente, em mais de cento e oitenta parágrafos de seu texto (com linhas de, em média, oitenta caracteres com espaço) apenas nove parágrafos tinham mais de cinco linhas e nenhum chegou a dez linhas. Uma qualidade ou um estilo, ou os dois – sem qualquer contraindicação, em especial nestes tempos de preguiça de ler, de acomodação mental, de consumo imagético via “smartphones” (estes aparelhinhos que, em geral, têm mais “esperteza” e conteúdos que seu manipulador).

Como a previamente querer desencorajar louvores por ou para esta obra, o autor diz, em “ponto final”, que, apenas, contou o que ouviu contar – o que, assim, digo-o eu, tornaria a obra uma realização coletiva e o autor mero escrivão da frota (de gentes).

Nesta sua obra primogênita, João Pereira Neto afirma que não há “pretensão literária alguma” e não intenciona “obter rasgados elogios”. (Fazendo blague, no caso deste prefácio pelo menos, os elogios vão inteiros...).

Neste livro, portanto, uma boa história, escrita com excelência.

*

Com valentia. Assim lutou, assim viveu e assim tombou Ricardo Constâncio.

Com mestria. Assim contou muito bem contada a história João Pereira Neto.

Parabéns, João Neto!

Bem-vindo ao clube.

* EDMILSON SANCHES

ILUSTRAÇÃO:

O valentão Ricardo Constâncio (xilogravura sem autoria localizada)