Skip to content

– CIÊNCIA & CONSCIÊNCIA

*

“Quando morreres, só levarás aquilo que tiveres dado”.

MUSHARRIF OD-DIN SAADI (1184-1291), poeta persa.

*

I – “MORTES”

“Quantos mortos trago vivos

no fundo do coração

e dentro em mim quantos vivos

há muitos mortos estão”.

(BELMIRO BRAGA, 1872-1937, poeta brasileiro)

Há pessoas que não morrem só uma vez. Quando for contada em livro a história da grande vida de Terezinha de Jesus Almeida Silva Rego – e, a partir de uma queda em casa, de sua inesperada morte, dia 3/5/2024 –, o pesquisador e escritor mais diligente poderá incluir, sem intenção de blague, os registros apressadamente feitos – e envergonha…

CONCLUSÃO (TEREZINHA DE JESUS ALMEIDA SILVA REGO - CIÊNCIA E CONSCIÊNCIA)

PREMIAÇÕES & HOMENAGENS – Se gentileza gera gentileza, o trabalho bem feito pode render reconhecimentos. Terezinha Rego foi homenageada pela Câmara de Comércio Brasil – China, pois os asiáticos estavam agradecidos à cientista maranhense pelo envio de medicamentos fitoterápicos que curaram os chineses que sofriam com o surto da doença “pneumonia asiática” em 2003.

E do sul da Ásia outra distinção, desta vez da Índia, de onde veio para Terezinha Rego um troféu como forma de reconhecimento e homenagem... Ela observa: “No Exterior eu sou mais conhecida do que aqui no Brasil”.

Por escolha da Sociedade Botânica do Brasil, a maranhense passou três meses na Inglaterra, onde apresentou estudos e experiências, pelo que recebeu reconhecimento. Na oportunidade, esteve em dois lugares icônicos de Londres, a capital da Inglaterra e do Reino Unido: os Reais Jardins Botânicos de Kew ou apenas Jardins de Kew (em inglês: Royal Botanic Gardens, Kew; ou apenas Kew Gardens), criados em 1840; e The British Museum, o famoso Museu Britânico, fundado em 1753. Os Reais Jardins Botânicos são considerados os maiores do mundo, pelo critério de variedade de plantas (em maio de 2019 eram 16.900 espécies), um herbário com mais de 7 milhões de espécies e “2.000 anos de conhecimento sobre plantas em uma das mais extensas bibliotecas botânicas do mundo”... e um mundo de coisas mais, vegetais, gastronômicas, arquitetônicas etc. Já o Museu Britânico é o detentor do fragmento da Pedra (ou Estela) de Roseta, “a mais famosa pedra do mundo”, cujas inscrições em três antigas línguas (egípcio hieroglífico, demótico e grego) foram decifradas em 1822 pelo filólogo e egiptólogo francês Jean-François Champollion, o que provocou uma saudável, esperada e necessária (r)evolução para a Arqueologia (em especial a Egiptologia) e a Paleografia, pois, a partir da decodificação da pedra, instaurou-se uma referência para futuras novas traduções de antigos textos ou inscrições.

E, volte-se a lembrar, que, ainda na Europa, um estudo de Terezinha Rego ganhou o 1º lugar em evento em Córdoba, cidade espanhola de mais de 22 séculos e Patrimônio Mundial da Unesco. Observa a escritora Arlete Nogueira da Cruz, em texto de 2023: “Antes do Brasil, [Terezinha] foi reconhecida fora, na Holanda, Portugal, Itália, viajando a convite pelo Japão, Cuba, Espanha [...], Londres e outros países que se beneficiavam com as suas medicações”.

O programa “Globo Rural”, da TV Globo, fez homenagem à pesquisadora maranhense.

Em 2001, o nome e trabalho, a vida e obra de Terezinha Rego foi tema de samba-enredo da maior campeã (pelo menos 20 títulos) do Carnaval da capital maranhense, a Sociedade Recreativa Escola de Samba Favela do Samba. O título do samba – "De cabaça a cabacinha, eu sou mais Terezinha" – destacou o fruto cabacinha (ou buchinha, entre outros nomes), do qual Terezinha isolou o princípio ativo e, ao final dos estudos e outros esforços científicos, produziu um dos seus mais conhecidos medicamentos fitoterápicos, aqui já citado. O samba, feito com os parceiros Tião e Riba do Palmares, foi a última composição do músico rosariense Escrete (José Henrique Pinheiro Silva), falecido aos 54 anos (15/3/1952-25/01/2007).

Em 2002, nas comemorações do Dia do Farmacêutico em Brasília, Terezinha Rego foi uma das 22 pessoas, entre farmacêuticos e autoridades, a receber homenagem do Conselho Federal de Farmácia.

Em setembro de 2009, o Senado Federal rendeu homenagem a Terezinha Rego, em sessão especial em Brasília, pela dedicação à flora e à Fitoterapia, à formação de novos profissionais, ao trabalho em favor da saúde de populações carentes etc.

Em 26 de outubro de 2010, Terezinha Rego recebeu o título de Doutora "Honoris Causa", da Universidade Estadual do Maranhão (Uema). O discurso de saudação foi feito pela fundadora e diretora do Curso de Ciências Biológicas, professora e pesquisadora Zafira da Silva de Almeida – que faleceu em 11 de dezembro de 2021 e que, imperatrizense de nascimento, teve seu nome por mim escolhido para o patronato da Cadeira nº 1 do Instituto Histórico e Geográfico de Imperatriz, que (re)fundei na “Princesa do Tocantins” em março de 2023, “ressuscitando” os esforços, de outros e meus, de criação do Instituto em 23 de fevereiro de 1989, data que o novo Estatuto do IHGI manteve. Na entrega do Diploma, o reitor José Augusto Silva Oliveira destacou: "O título ‘Honoris Causa’ reconhece o esforço e o trabalho realizado por cientistas como Terezinha Rêgo à sociedade e legitima o papel da universidade diante do seu corpo docente".

Em 2010, Terezinha Rego foi uma das 15 mulheres finalistas da 15ª edição do “Prêmio Cláudia”, da revista feminina de mesmo nome publicada desde outubro de 1961 pela Editora Abril, de São Paulo (SP). O Prêmio Cláudia “consagra mulheres brasileiras que alcançaram relevância em uma das seguintes áreas: Políticas Públicas, Trabalho Social, Negócios, Cultura e Ciências, sendo que as vencedoras são escolhidas por três júris (o de notáveis, o da redação e o de leitoras)”. Terezinha estava na categoria “Políticas Públicas”.

Em 20 de dezembro de 2016, por sua dedicação à pesquisa científica em Fitoterapia e estudos conexos (Etnobotânica, Hortas Medicinais, Medicina Popular etc.), Terezinha Rego foi homenageada pelo governo estadual, no Encontro Anual dos Profissionais da Força Estadual de Saúde do Maranhão. Terezinha já havia capacitado todos os farmacêuticos e nutricionistas da Força de Saúde, além de ter ministrado palestras em diversos municípios maranhenses.

No ano seguinte, em outubro de 2017, a dedicação de Terezinha Rego à Ciência das plantas maranhenses foi objeto de homenagem da Câmara Municipal de São Luís.

Em 2019, foi homenageada com o Prêmio Fapema, concedido em São Luís pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão.

REGISTROS (MUITO) PESSOAIS

"De quantas vidas se faz uma vida? Quantas passam? Quantas ficam?"

(E. S.)

Conheci Terezinha Rego. Até seu falecimento, tivemos em comum a pertença, em tempos variados, aos quadros e atividades de pelo menos cinco organizações, instituições ou entidades: a Academia Maranhense de Ciências (AMC, fundada em 2008), o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM, fundado em 1925), o Partido Socialista Brasileiro (PSB, fundado em 1947), o Rotary Club/Rotary International (fundado em 1905), e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC, fundada em 1948). Na Política, ela na capital e eu no interior maranhense, nos “aventuramos”, demos a cara à tapa colocando-nos disponíveis e dispostos e concorrendo a mandatos eletivos – Terezinha, a senadora, e eu, a quase tudo. E pagamos o “preço” que a “pulítica” errada e minúscula cobra dos que ousam torna-la menos ruim. Político que não é corrupto não é confiável...

Tenho os livros de Terezinha, que obtive com autógrafo e dedicatória para outrem, uma terceira pessoa de quem a obra se deve ter descolado e ido para venda em loja especializada de raridades assim –  onde eu, capt!, peguei!

Puxando pela memória, creio que a primeira vez que encontrei-me com Terezinha Rego – e não foram muitas – deve ter sido na década de 1990. E, como dizem os latinos: “Pauca, sed bonna” – poucas vezes, mas boas vezes. Uma das conversas mais interessantes e emocionantes que (man)tivemos deu-se em um evento técnico da Embrapa, a excepcional, incomparável Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, criada em 1973 pelo governo federal . Foi assim:

No interior maranhense, eu era gestor de um órgão público voltado para o Desenvolvimento Integrado. Como sempre nessas estruturas da Administração Pública, quem está à frente de Pastas assim têm mais poder de sugestão do que de decisão... Então, eu me dedicava também a escrever artigos, ministrar palestras, auxiliar na organização ou dinamização de entidades, com uma obstinação crédula, quase quixotesca. (Nós, os idealistas...).

Por saudável insistência de uma técnica/gestora da Embrapa, que fora alertada por um engenheiro seu irmão e conhecedor de meus esforços e intenções, aceitei convite para contribuir com a formulação do Planejamento Estratégico da Empresa, que se daria em São Luís, com a presença de mais de uma centena de técnicos e outras boas gentes do ramo, do Brasil e do exterior, que ficaram dois dias “internados” em hotel, dedicado exclusivamente a observar e absorver a metodologia e a aplica-la quando da parte “prática”, da elaboração de ideias, metas, objetivos, ações, essas coisas.

O evento era uma espécie de “Future Search Conference”, um encontro de busca de futuro, ou seja: Atrás do quê mesmo a Embrapa deveria correr? No Maranhão, o encontro tinha o nome, se não me engano, de “Busca de Prioridades do Agronegócio do Maranhão” – e, adianto logo, quando terminou o evento, minha participação fez a diferença na definição de qual a cidade do interior onde iria dar-se o próximo encontro...

Recordo-me que, durante os dois dias, mais de cem técnicos maranhenses e não maranhenses contaram com a participação de especialistas de Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e do exterior, discutiram a definição de temas e linhas de ação da Embrapa, na região do Meio-Norte brasileiro. Durante as atividades, fui eleito coordenador de grupos de discussão e relator de trabalhos. Ao final da reunião, foram relacionados seis grandes pontos desejáveis para a atuação da Embrapa nos próximos cinco anos: Agronegócio Familiar, Grãos, Fruticultura, Cadeias Produtivas, Pecuária e Recursos Naturais. Entre as sugestões que apresentei e defendi, estava a necessidade de continuidade do processo de Gestão Participativa não só na formulação e formatação das linhas de planejamento estratégico para a elaboração do Plano Diretor da Embrapa mas também no compartilhamento das informações e implementação das ações.

Apresentei ainda sugestões de ações tecnológicas e não tecnológicas, aprovadas em grupos e pelo plenário da reunião. Entre as sugestões, a de realização de convênio entre a Embrapa e o Projeto Banco do Nordeste/PNUD (Plano das Nações Unidas para o Desenvolvimento) para a capacitação empresarial de pequenos empreendedores de agronegócios. Essas sugestões e intervenções receberam apoio e elogios de autoridades e técnicos presentes, entre os quais um do interior maranhense, o deputado estadual e engenheiro agrônomo Mercial Arruda, que disse estar a região tocantina “muito bem representada com a participação do secretário Edmilson Sanches”.

Também elogiaram a nossa participação e manifestaram apoio às propostas que apresentei o agrônomo e pesquisador Marco Aurélio, diretor da Empresa Maranhense de Pesquisa Agropecuária (Emapa), o economista e professor universitário Arlindo Raposo (consultor do Consórcio Intermunicipal de Produção e Abastecimento-Cinpra), o produtor e consultor Enílton Grill, a engenheira Rosa Lúcia Rocha Duarte (pesquisadora em Horticultura da Embrapa em Teresina - PI) e a chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa, Maria Pinheiro Fernandes Corrêa. Ainda tive tempo de ter reuniões na capital com técnicos do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, do governo federal) e do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais (Ipes, do governo do Maranhão).

E onde aparece Terezinha Rego nessa história? Relembro: as sugestões que eu havia apresentado  – de minha parte e como líder de grupos –, abrangiam seis áreas ou subáreas: Agronegócio Familiar, Grãos, Fruticultura, Cadeias Produtivas, Pecuária e Recursos Naturais.

Pois bem: na hora que fui convidado a apresentar as reflexões, ideias e proposições do grupo que eu liderava, entre as propostas detalhadas estava a que elevava a importância da Botânica, da flora, da Medicina Natural, da Fitoterapia, das plantas e demais vegetais do Maranhão. Reclamei do pouco caso, do acaso e descaso que há entre autoridades e formuladores e executores de Políticas Públicas, que detêm nível de decisão acima dos “operadores” da Fitoterapia maranhense, como os Farmacêuticos-Bioquímicos, os Botânicos, os Fitoterapeutas, os Nutrólogos, os Nutricionistas, os Engenheiros Alimentares, os Técnicos Agrícolas, os Naturopatas e, entre outros, os pajés e demais indígenas responsáveis, nas comunidades tribais, pela condução do ritualismo mágico, por serem ou terem a autoridade xamanística relacionada à invocação e controle de espíritos e o uso tradicional de plantas, o que, em suma, torna os pajés ou outros indígenas os indivíduos de referência, reverência e, quase sempre, primeira preferência em assuntos da mística e realidade de cada tribo e de exercício ou manifestação de poderes encantatórios, tanto oraculares (consulta a divindades) quanto vaticinantes (profecias ou predição de futuro) e, é claro, CURATIVOS.

Era exatamente este aspecto – “curativo”, medicamentoso – do uso da Flora maranhense que eu busquei ressaltar na apresentação das propostas. Devo ter dito de minhas lembranças com o sem-número de remédios, de “banhos de cheiro”, de “lambedores”, de mezinhas e compressas, até “benzeduras” com galhinhos que murchavam e o quê mais que minha zelosa mãe, Dona Carlinda (falecida aos 49 anos) preparava, à base de cascas, folhas, sementes, óleos, pós, folhas, flores e frutos ou frutas, mas sobretudo preparava à base de afinco e de afeto, com muita habilidade, com a maior bondade... e o melhor resultado, comprovadíssimo pela melhoria ou restauro da saúde de filhos, familiares, vizinhos e muitas pessoas a quem Dona Carlinda (linda até no nome) acudia em nossa residência, sem nada cobrar ou receber de todos que a procuravam. A aqueles “preparos” minha mãe e eu, bem-humorados, brincávamos denominando-os de “garrafadas” ou “gororobas”, “xamberebas” ou... De minha parte, até hoje nunca “arrepunei” (repugnei, rejeitei), nunca “enjeitei” (recusei) tomar chá ou suco de mastruz, ou de folho de boldo com laranja, entre outras “soluções”, guardadas em garrafas de vidro que eram mantidas na geladeira sempre cheias daqueles líquidos preciosos, milagrosos...

A veemência e emoção com que defendi as plantas e a Fitoterapia maranhense falaram fundo em Terezinha Rego, de cuja presença eu sequer sabia no lotado salão onde os grupos àquela hora se concentravam. (Durante os dois dias os grupos se haviam espalhados por diversos pontos do hotel, ali no Bairro São Francisco, da capital maranhense).

Recordo-me de que, após ter feito sua exposição, o líder do grupo de que participava a professora Terezinha Rego anunciou um momento de fala solicitado pela pesquisadora. Não deu outra. Terezinha Rego começou com impacto e com emoção, ao elogiar as palavras que eu dissera, agradecer a proposição que eu fizera e do modo com que eu expusera. Disse que nem mesmo no grupo em que ela estava foi lembrado o uso ou utilização das plantas medicinais do nosso Estado para integrar parte das ações do plano estratégico da Embrapa, que ali se formulava.

Eu me lembro dos olhos brilhantes, chorosos, emocionados, verdadeiros da tão dedicada cientista da flora do Maranhão. Ali, pequena, aparentemente frágil, mas já com um portifólio real e potencial de conteúdos, ações e soluções práticas que, em milhares de casos, beneficiaram ou viriam a beneficiar mais ainda muuuuuuita gente, seja no Maranhão, seja no Brasil, seja na China.

Todos ouviram respeitosamente, e igualmente emocionados, a professora Terezinha Rego. Era a lutadora ali, querendo quem sabe abrir ou confirmar mais um espaço de (boa) ação, de (bom) uso para suas / nossas plantas. Foi aplaudida de pé. O engenheiro Mercial Arruda (não lembro se ele integrava meu grupo; atualmente é prefeito de Grajaú (MA)), com o (bom) hábito de deputado que era à época e com o conhecimento de engenheiro-agrônomo, do interior, pediu a palavra e fez um escancarado elogio – esses políticos amigos... – ao que eu e a professora Terezinha dissemos e propusemos e defendemos. Saiu um ou dois dias depois no jornal “O Estado do Maranhão”, terceira página.

Assim conheci Terezinha Rego.

Na lida. Na luta.

II – MORTE

"[...] o rio mais cansado / alcança a salvo nalgum lugar o mar."

(SWINBURNE, 1837-1909, escritor inglês)

A morte de Terezinha Rego deu-se a partir de uma queda em sua residência, quando bateu a cabeça. Levada a hospital, onde ficou internada, o quadro evoluiu para pneumonia e, ao final, a grande mestra veio a falecer às 2h30 de sexta-feira, 3 de maio de 2024, em razão de insuficiência respiratória. Em declarações à TV Difusora, uma sobrinha da fitoterapeuta, Elaile Silva Carvalho, detalhe o ocorrido: “No domingo [28 de abril], ela caiu ao tentar se levantar e minha prima levou-a ao hospital para ver se ela não havia quebrado nada. Os médicos acharam melhor que ela ficasse em observação por 24 horas. À noite, ela se sentiu mal e vomitou. Pela manhã, ela vomitou e broncoaspirou. Em decorrência dessa broncoaspiração, ela contraiu uma pneumonia”. Depois, segundo a notícia, “os médicos passaram a administrar antibióticos para tentar evitar que o quadro pulmonar evoluísse, mas o quadro se agravou”. A sobrinha continua: “Ontem [2 de maio] pela manhã, ela até dormiu bem, mas, já na metade da manhã, os médicos chamaram a família para dizer que os antibióticos não estavam fazendo mais efeito”. A sobrinha finaliza, com um retrato 3 x 4 de uma pessoa de grandes dimensões, profissionais e sobretudo humanas: “Ela teve uma vida plena. Uma pessoa festiva, gostava de festas e de reunir as pessoas. Tratava todo mundo igual, independentemente da condição social e econômica da pessoa. Ela ajudou muitas famílias e durante esses noventa e um anos de vida dela. Ela deixa um legado para nós lembrarmos dela eternamente”.

Terezinha Rego ter sua morte causada por problemas respiratórios é uma lamentável coincidência e triste ironia, pois foram doenças e problemas respiratórios o que tanto ela estudou e de que tanta gente ela cuidou e curou com vários de seus medicamentos, dum lado ao outro do mundo, do Brasil à China. Pelo visto e sentido, a vida continua fazendo suas estranhas poesias... O corpo de Terezinha Rego foi cremado na tarde do dia 3 de maio, no Cemitério Jardim da Paz, após ter sido velado no Salvatore Funeral Home, em São Luís.

III – PÓS-MORTE

"Do lado esquerdo carrego meus mortos. / Por isso caminho um pouco de banda".

(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, 1902-1987, escritor brasileiro)

A FALTA QUE ELA FAZ... – Após a morte de Terezinha Rego, pessoas físicas e jurídicas, instituições de que ela fazia parte, emitiram notas onde registraram seu pesar e reconheceram a contribuição de cientista e humanista maranhense à Ciência e à Sociedade. Trechos das manifestações institucionais de que tive conhecimento:

A UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO (UFMA), “alma mater” de Terezinha Rego, destacou em sua Nota; "Farmacêutica por formação e professora do Departamento de Farmácia da UFMA, Terezinha Rêgo era apaixonada pela flora medicinal desde a infância. Dedicou mais de cinco décadas de sua vida ao estudo e à valorização das plantas medicinais como ferramentas para a promoção da saúde e do bem-estar. (...) Entre tantas outras premiações, com base em seus estudos, a pesquisadora contribuiu para que a UFMA alcançasse destaque no cenário internacional. A Universidade se solidariza com familiares e amigos neste momento de dor e consternação".

O PODER EXECUTIVO DO MARANHÃO, pelo governador do Estado Carlos Brandão, apresentou “[...] solidariedade aos familiares, amigos e alunos da professora Terezinha Rêgo. Sem dúvidas, ela entra para a história da ciência maranhense pela sua importante contribuição para a Botânica e Biotecnologia, com especial atenção aos que mais precisam. Descanse em paz!”

O PODER JUDICIÁRIO DO MARANHÃO (Tribunal de Justiça/TJ-MA) registrou que Terezinha Rego era “reconhecida pelo seu conhecimento em Farmacologia natural baseada na flora medicinal maranhense” e informou que, “em seu discurso oficial durante a solenidade de posse da nova Mesa Diretora do TJ-MA (biênio 2024-2026), realizada na última terça-feira (30/4), o desembargador Froz Sobrinho homenageou a professora, pelos serviços prestados à ciência e à população no Maranhão. A professora Terezinha de Jesus Almeida Silva Rêgo [...] era irmã dos desembargadores (aposentados) José Antônio e Orville de Almeida e Silva (in memoriam). Notabilizou-se na UFMA e na comunidade acadêmica por suas inúmeras pesquisas e seu empenho como coordenadora do Herbário da Universidade [...]”.

O PODER EXECUTIVO MUNICIPAL DE SÃO LUÍS, por intermédio do prefeito  Eduardo Braide, ressaltou em Nota que Terezinha rego foi “pioneira e incansável no estudo da fitoterapia e flora maranhense, teve a vida dedicada a estudar o poder de cura através das plantas, ajudando milhares de pessoas e, assim, tornou-se uma referência para o Maranhão, o Brasil e o mundo!”. Foi decretado “luto de três dias no município de São Luís em razão de sua partida, pelo grande legado de cura e ensinamentos que ela nos deixa. Descanse em paz. A sua luta é e será para sempre inspiração”.

O PODER LEGISLATIVO MUNICIPAL DE SÃO LUÍS (Câmara de Vereadores) destaca que “Terezinha Rêgo deixa um grande legado para São Luís, para o Maranhão e todo o Brasil. Foi uma das mais influentes farmacólogas do País e seus tratamentos eram baseados em medicamentos naturais, sendo pioneira e reconhecida, nacionalmente e mundialmente, pelo estudo da flora medicinal do Maranhão.”

A UEMASUL – UNIVERSIDADE ESTADUAL DA REGIÃO TOCANTINA DO MARANHÃO confirma que Terezinha “dedicou sua vida ao estudo das propriedades curativas das plantas, sendo reconhecida nacional e internacionalmente por sua pesquisa inovadora, especialmente no tratamento de sinusite e outras doenças respiratórias”, que ela “era apaixonada pela formação de novos profissionais e pela preservação da rica flora medicinal do Maranhão” e lamenta “a perda  desta figura ímpar que tanto contribuiu para o avanço da ciência, da educação e da cultura do nosso Estado. Terezinha Rêgo deixa um legado de amor à natureza, conhecimento e compromisso com o bem-estar da comunidade.”

O CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA inicia seus registros lamentando “profundamente a perda de um dos maiores expoentes da profissão farmacêutica no país”, realçando que “a farmacêutica Terezinha de Jesus Almeida Silva Rêgo, conhecida como Terezinha Rêgo”, “[...] tinha 91 anos e era a farmacêutica com maior tempo de atividade do Maranhão”; que “foi uma das fundadoras da Academia Maranhense de Ciências, sendo pioneira e reconhecida nacional e mundialmente, pelo estudo da flora medicinal do Maranhão”; que “sua paixão pelas plantas começou com a instalação de hortas medicinais nas periferias de São Luís, por meio de uma pesquisa junto às comunidades carentes”; que “a fitoterapia a acompanhou por toda a vida”; que “um dos destaques da sua carreira foi o lançamento de um medicamento para sinusite, rinite alérgica e adenoide”; que esse “medicamento demorou 20 anos para ser lançado”; que “Terezinha Rego também pesquisou a chanana, uma flor amarela [que] tem uma substância energética que melhora o sistema imunológico” e “foi usado no tratamento do câncer no Hospital Aldenora Bello, em São Luís”. Os registros se encerram com “sentimentos” apresentados “à família, amigos e a todos aqueles que tiveram o privilégio de serem alunos ou pacientes da professora Terezinha Rêgo”.

Em sua Nota, a FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E AO DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO DO MARANHÃO (Fapema) “lamenta a morte da Pesquisadora Terezinha Rêgo, referência estadual, nacional e internacional em fitoterapia e que possui um legado inestimável resultado de mais de 50 anos de dedicação ao estudo da flora medicinal maranhense. Teresinha estará sempre imortalizada em sua produção e na memória de amigos, familiares, colegas, alunos e pesquisadores do Estado”.

A APRUMA (antiga ASSOCIAÇÃO DOS PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS DO MARANHÃO, hoje SEÇÃO SINDICAL DO ANDES – SINDICATO NACIONAL DOS DOCENTES DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR anota que Terezinha rego era “Professora aposentada do Departamento de Farmácia da Universidade Federal do Maranhão” e que ela continuava “contribuindo com o Departamento, inclusive depois de aposentada”. História que “a professora foi sindicalizada da Apruma desde o início da década de 1980” e que “teve grande e admirável contribuição para a formação de centenas de farmacêuticos no estado do Maranhão, com destaque para as experiências na área de Botânica, e na sua atuação na Fitoterapia, [...], com mais de 75 medicamentos lançados pelo herbário da UFMA, o qual por muitos anos coordenou”. A Nota avalia que Terezinha Rego “consolidou-se, assim, como parte da história da Fitoterapia do Brasil e do Exterior e sempre destacou a importância da rica flora do Maranhão.” Continua: “A mestra, também, sempre colocava em evidência a necessidade dos investimentos em educação e pesquisa por parte dos governos e externava o desejo de dias melhores para a Ciência.” Finaliza a Nota reconhecendo: “Homenageada por diversas entidades e instituições acadêmicas e científicas, inclusive pela Apruma, por sua forma de fazer e ser Ciência, por sua força como mulher e cidadã e pelo reconhecimento da sociedade dos seus atendimentos, principalmente às populações mais carentes.”

A nota da ACADEMIA DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS DO BRASIL (anteriormente, ACADEMIA NACIONAL DE FARMÁCIA) registra o “legado inestimável” que Terezinha Rego deixa “para o Maranhão e para a comunidade científica”, reconhece a “contribuição para a fitoterapia e seu incansável trabalho em comunidades carentes”, destaca a “atuação exemplar na pesquisa e ensino” e confirma que “Terezinha Rêgo foi uma líder acadêmica respeitada, fundadora do Herbário Ático Seabra e coordenadora de importantes projetos científicos, como o Polo de Biotecnologia do Maranhão.” E lembra que “seu compromisso com a preservação do conhecimento botânico e seu empenho em promover mudanças estruturais na forma como a Ciência é percebida são legados que perdurarão”, concluindo: “Que a memória e o exemplo de Terezinha de Jesus Almeida Silva Rêgo permaneçam vivos em nossos corações e inspirem-nos a seguir seus nobres ideais.”

A ACADEMIA MARANHENSE DE CIÊNCIAS (AMC), em sua Nota, “manifesta seu mais profundo pesar pelo falecimento da professora e fitoterapeuta Drª Terezinha de Jesus Almeida Silva rego, que, de 2008 a 2024, ocupou a Cadeira nº 14, como Membra Efetiva e fundadora da AMC.”

O INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO divulgou Nota comunicando o falecimento de Terezinha Rego e lembrou que a “professora, pesquisadora” foi a “pioneira no estudo da Fitoterapia no Maranhão” e era “sócia honorária do IHGM”.

A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FITOTERAPIA (ABFIT) destacou o “legado imensurável para a fitoterapia'” que Terezinha rego deixou “com sua dedicação ao estudos das plantas medicinais” e que “sua representação na pesquisa Etnobotânica fora do Brasil é orgulho para todos nós que nos dedicamos a trabalhar com as plantas medicinais”.

Em sua “Nota de Pesar e de Reconhecimento”, a ACADEMIA BRASILEIRA ROTÁRIA DE LETRAS (ABROL/MA) resumiu a formação, atuação e envolvimento sociocomunitário e institucional de Terezinha Rego. Registrou a presidência de clube rotário de Terezinha Rego e destacou suas “atividades de voluntariado uma vez associada do Rotary International”. A Nota encerra, reconhecendo: “Por todas as atividades desempenhadas, pela democratização da Ciência, pelas vidas salvas, pela dedicação com todos que se beneficiaram dos seus conhecimentos e dedicada atenção, ficam as homenagens a essa mulher maranhense de grande contribuição ao ensino e à pesquisa científica nacional e de merecido reconhecimento internacional”.

Em sua Nota, a ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS (ALL) qualificou Terezinha Rego como “uma importante figura no campo científico nacional, conhecida por suas contribuições ao estudo da Farmacologia Natural e da Fitoterapia, especialmente com foco na flora medicinal do Maranhão” e que “sua trajetória destaca-se por décadas de trabalho em pesquisa, educação e promoção da saúde”.

O INSTITUTO FLORENCE, estabelecimento privado de Ensino Superior, de São Luís, também se manifestou. Trouxe em sua Nota (“Lágrimas que regam plantas”): "Como membro fundadora da Academia Maranhense de Ciências e professora titular do Departamento de Farmácia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), seu legado na formação de estudantes e na pesquisa da medicina popular são indeléveis. Os estudos de Terezinha Rêgo na área da fitoterapia sempre priorizavam a busca de tratamentos a populações mais carentes, demonstrando seu compromisso com a saúde pública e o bem-estar social".

A FAVELA DO SAMBA lembra em sua nota que “Terezinha Rego foi tema do nosso desfile de Carnaval no ano de 2001” e que “neste momento de luto, unimo-nos em solidariedade à família e amigos de Terezinha, compartilhando as memórias de sua vida extraordinária”. Ao final, a escola de samba deseja “que a jornada” de Terezinha Rego “seja iluminada pelo brilho que ela trouxe ao mundo”.

IV – CIÊNCIA, CONSCIÊNCIA

Um casulo é o túmulo de uma lagarta e o berço de uma borboleta;

também a morte para o homem é o princípio de uma nova e melhor vida.

(MARQUÊS DE MARICÁ, 1773-1848, filósofo e escritor brasileiro)

Terezinha Rego, avessa à política, não queria FAZER PODER – ela só queria trabalhar, isto é, PODER FAZER. Para não dizer que ela pelo menos não tentou na política, em 2002 concedeu-se o direito cidadão de concorrer a uma candidatura, ao Senado, pelo PSB. Os maranhenses, entretanto, não a elegeram, pois tinham ciência e certeza de a partir de qual cadeira Terezinha Rego fazia bem feito o bem que fazia para o Maranhão, o Brasil e o mundo: era na cátedra magisterial, não na poltrona senatorial.

Outra declaração de amor se junta àquela: “[...] acho que essa é a minha grande paixão: a botânica, lutar pelas nossas plantas e mostrar o valor que elas têm.” E mais adiante continua, com um olhar no futuro – que lamentavelmente já está presente, com a morte de Terezinha, que expressou um desejo: “Eu espero que alguém continue esse meu amor pelas plantas, que não deixe morrer essa importância que elas têm no dia a dia de cada um de nós, não só na saúde, como também na alegria, pois as flores trazem também muita alegria. Sou uma inteira apaixonada pela Botânica.” E por ser forte e grande, embasado e verdadeiro, o amor de Terezinha à Botânica contagia: um ex-aluno que se tornou presidente da Agência Nacional de Vigilância sanitária (Anvisa), do Governo Brasileiro) emocionou sua antiga mestra ao dizer em entrevista nos Estados Unidos: “Tudo que eu tenho, esse amor, tudo que já consegui fazer através das plantas, devo a minha professora de Botânica, Terezinha Rêgo”. Para ela, essa declaração foi a “emoção maior”.

Com ela, o conhecimento, isto é, a ciência dos benefícios das plantas levou os benefícios das plantas à Ciência. Com ela, o EMPIRISMO, no que este tem de observacional e experiencial, chegou ao CIENTIFICISMO, no que este tem de rigor metodológico e de positividade de resultados.

A Ciência de Terezinha Rego despertava-lhe tanto um sentimento de amor profissional quanto um sentido de consciência social. Para fazer Ciência, ela própria diz com outras palavras, se envolvia tanto e viajava tanta que a própria mãe dela, Dona Chiquinha, se perguntava ou sugeria por que Terezinha já não deixava permanentemente a mala na garagem... Terezinha confirma, em entrevista à Fapema, em 2010: “Eu sempre lutei por isso. Eu me lembro que viajava muito em busca de pesquisa, deixava minhas filhas pequenas mais com o pai, que foi meu grande apoiador. Graças a Deus, minhas filhas e toda a minha família entenderam a minha paixão pela botânica, pelo meu trabalho. Sou inteiramente apaixonada.” Bem-humorada e entre risos, avalia: “Olha, eu não sei se, por causa desse amor pela Botânica, se eu fui uma boa mãe, uma boa avó”.

Para ter o que fazer com a Ciência, após tanto conhecimento observado e absorvido, Terezinha Rego foi dividi-la com pessoas, famílias, comunidades pobres, inicialmente apeando seu acervo de Ciência e Consciência e compartilhando “essa ideia das hortas” (iniciada em 1955 ou 1956) com pessoas do Apeadouro, bairro do século XVII e um dos mais antigos de São Luís, situado entre os bairros João Paulo, Fátima, Monte Castelo e Alemanha.

DOR – A dor a que aqui se refere não é a dor da tortura, do sofrimento, mas a dor do incômodo, do inconformismo. Não é a dor nervo, sensação, mas a dor sentimento, coração. Doía em Terezinha Rego a falta de apoio, declarada em diversas entrevistas. A falta de melhor e mais adequada estrutura –  espaço, equipamentos, tecnologia, investimentos, pessoal (houve época em que Terezinha Rego só contava três auxiliares – um engenheiro agrônomo, uma secretária e um auxiliar. Em 2011, ela revelava: “Olha, tem mês que o dinheiro arrecadado não dá para cobrir a folha [de pagamento] e a gente tem que entrar nos recursos da gente”.

Havia também em Terezinha Rego uma “dor cívica”, cidadã, trazida pela necessidade social de redução de certas demandas de comunidades de favelas e invasões carentes de um mínimo de assistência e dos medicamentos que ela teria condição de produzir, receitar e distribuir em maior quantidade, com garantida e qualidade, caso não fosse o quase descaso à sua causa.

Havia em Terezinha Rego a dor ante o poder da influência das multinacionais farmacêuticas sobre o uso de medicamentos fitoterápicos – isso combinado com a resistência “muito grande” da classe médica, à época. Disse a pesquisadora, em 2007: “A fitoterapia é milenar, mas foi marginalizada no Brasil devido a interesses de multinacionais que perderiam mercado para seus produtos alopáticos”.

A dor ante a falta de um laboratório para controle de qualidade, daqueles cuja tecnologia apresenta, em minutos, resultados que ela, Terezinha, só conseguia após 15 ou 20 anos de estudo. “É muito triste”. Ela ficou sem condição de competição ante o elevado grau de desenvolvimento tecnológico que estava sendo alcançado por laboratórios e faculdades de outros países. O Maranhão e o Brasil perderam muito...

A dor histórica por, no início, não ter espaço adequado para trabalhar, tendo conseguido uma sala pequena em um porão da universidade, local cujo acesso cobrava tempo e paciência e alguma chateação: era muita lama para enfrentar... o automóvel atolava... os alunos tinham de ajudar, empurrando o veículo da professora... Não há vitória sem sacrifício...

A dor por não ter conseguido  laboratório de alta tecnologia que seria doado pela China, porque a universidade, à época, disse não condição de dar a contrapartida – que era tão só o espaço físico para instalação dos equipamentos.

A “dor” causada pela insatisfação de, durante muito tempo, o Maranhão não se perfilar a Estados como Ceará e Pará, que já apresentavam avanços nos estudos científicos das plantas medicinais.

A dor ante as críticas injustas. “Fui muito criticada”. Por exemplo, em um congresso científico em Belém (PA), só faltou Terezinha ser queimada fisicamente, como uma nova Joana d’Arc, pois verbalmente foi agredida por cientistas que a chamaram de “feiticeira” durante e após a exposição da farmacêutica maranhense sobre plantas medicinais.

“Eu certamente não estarei aqui – disse Terezinha Rego, em entrevista –, mas quando conseguirem o princípio ativo capaz de contribuir para a cura do câncer, esse princípio virá das plantas”.

“As nossas plantas estão indo para o Exterior, estão sendo patenteadas lá e nós não temos o direito de utilizá-las mais aqui”. Em setembro de 2007, Terezinha Rego declarava em entrevista: “[...] ainda temos muita dificuldade com a lei de patentes e a falta de recursos para pesquisa”. Pessoalmente, ela confirmava nunca ter patenteado uma fórmula dela, “porque o processo é muito complicado e caro no Brasil. Os pesquisadores não têm recursos para patentear suas fórmulas”. E informava –  não sem um travo de decepção ou descontentamento ou frustração ou desapontamento, ou tudo isso junto e misturado – que “os japoneses patentearam a babosa (“Aloe vera”) e estão tentando patentear o “Peumus boldus”, o boldo brasileiro, porque descobriram que essa planta contém ácido acetilsalicílico, o princípio ativo da aspirina”.

Quando consultora da Central de Medicamentos do governo federal, Terezinha rego era sua consultora. Um de seus deveres era despachar pelos Correios plantas para serem estudadas, por exemplo, na nonagenária Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Essa atividade lhe valeu mais uma dor  --  a dor da suspeição injusta: “[...] eu fui barrada nos Correios pela Polícia Federal, [...] pela frequência com que eu transportava as plantas, como se eu tivesse traficando, como se tivesse mandando maconha [...]”. Terezinha compara: “Eu que lido com isso [plantas medicinais] desde os oito anos de idade, [...] eu fui chamada, e esses que levam as nossas plantas para lá (para o Exterior]? Eles são ao menos autuados? Não são [...]. É uma tristeza, viu. A gente sente uma revolta muito grande”.

V – LEGADO: E AGORA?

"Se nada se perde no mundo, se luz, som, pensamento, alma, tudo tem substância e tem força 

– onde estarão a voz, o pensamento, a alma daqueles que fecham os olhos [...]?"

(RACHEL DE QUEIROZ, 1910-2003, escritora brasileira)

Com milhares e milhares de anos de história, a Fitoterapia passa pelo Irã, pelo ginseng e cânfora da China, pelos receituários do Egito, pelo grego Hipócrates (pai da Medicina, que já receitava plantas), passa pela antiga Roma com Dioscórides e sua Farmacognosia... E, ante nossa riqueza florística, a Fitoterapia tem lugar cativo no Brasil para chegar e ficar e ser desenvolvida, enriquecida pela rica variedade de ervas, plantas e outros vegetais.

Morreu Terezinha Rego – a pessoa, pois viverá seu exemplo. E o quê, já nestes dias de hoje e nos tempos que hão de vir, o que se fará com os amores e dores dela?

Seu maior legado não é tão somente o que ela era e o que ela fez, mas, até muito mais, o que ela poderia ter sido e o que poderia ter feito, tal a miríade de desejos irrealizados mas factíveis; tais as potencialidades e possibilidades de fazer negadas, em diversos casos e em determinados momentos, por quem (de)tinha o poder.

Que na História permaneçam de modo indelével os esforços, estudos e realizações da farmacêutica, da fitoterapeuta, da botânica, da pesquisadora, da professora, da escritora Terezinha Rego.

Tudo isso é CIÊNCIA.

Que em nossa Memória, individual, comunitária e/ou coletiva permaneçam – e nos melhorem com seu exemplo – o modo de se dar com e para os outros, o jeito “Terezinha” de ser equânime e equilibrado, afetuoso e interessado e de ser humilde mas não, nunca, ser humilhado. Isto é (e)terno.

E isso tudo é CONSCIÊNCIA.

*

A Ciência sabe o que Terezinha Rego fez COM e POR ela.

E nós, maranhenses sobretudo, o que faremos com o que Terezinha Rego fez?

*

Com a mudança de Vida de Terezinha Rego para a Eternidade, Deus reforça seu time: agora os futuros Édens que Ele criar já podem contar com gente muito boa para deles cuidar... Uma profissional do ramo – do ramo... da flor... da folha... da semente...

Paz e Luz, Amiga.

* EDMILSON SANCHES

__

(*) Ou 1960. Por oportuno, deixe-se patente que em alguns casos as fontes apresentam pequenas divergências de registros de datas, quantidades, lugares, fatos etc. Embora não lhe caiba a origem, ao autor deste texto cabe-lhe a responsabilidade das escolhas que fez. Futuramente, para este – e outro(s) texto(s), espera-se –  estudos e pesquisas com coleta de dados primários e novas entrevistas com colaboradores de Terezinha Rego poderão contribuir para a precisão e fixação definitiva das informações. (E. S.)

___

REFERÊNCIAS – “sites”: www.academia.edu; amc-ma.org; apruma.org.br; www.camara.slz.br; site.cff.org.br; cienciasfarmaceuticas.org.br; claudia.abril.com.br; cristalinolodge.com.br; difusoranews.com;  www.escavador.com; www.fapema.br; farmaceuticos.org.br; www.florence.edu.br; gauchazh.clicrbs.com.br; www.gbif.org; g1.globo.com/ma; cidades.ibge.gov.br;  ihgb.org.br; www.instagram.com/p/C6gsFqwut69/; jornalpequeno,blog.br; www.jusbrasil.com.br; www.kew.org; miscelaneama.blogspot.com; namu.com.br; www.nybg.org/; portaloinformante.com.b; portal.sescsp.org.br; super.abril.com.br; www.terra.com.br; www.uemasul.edu.br; portalpadrao.ufma.br; /umsoplaneta.globo.com; https://whc.unesco.org; www.uol.com.br/ecoa; viajonarios.com; https://pt.wikipedia.org; www.youtube.com/watch?v=XuOqmoNoMvQ (TV UFMA); https://www.youtube.com/watch?v=wO5vNt9Wn9o (TV UFMA).

RÓNAI, Paulo. Dicionário Universal Nova Fronteira de Citações. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

Rio de Janeiro (RJ), 07/05/2024 – Parte dos fósseis recebidos são apresentados durante evento no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O acervo do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que está sendo reconstituído depois do incêndio de 2018, ganhou 1.104 peças doadas pelo grupo suíço-alemão Interprospekt, da família do colecionador Burkart Pohl. A doação foi feita por meio de uma parceria com o Instituto Inclusartiz, presidido pela ativista cultural argentina radicada no Brasil Frances Reynolds e o Museu Nacional. Todas as peças já estão guardadas em instalações do espaço cultural.

Compradas em feiras internacionais, as peças são originárias da Bacia do Araripe, localizada entre os Estados do Ceará, Pernambuco e Piauí, onde estão as formações Crato e Romualdo. Segundo o Museu Nacional, trata-se de duas unidades ricas em  material paleontológico que datam, respectivamente, de 115 milhões e 110 milhões de anos. Frances Reynolds contou que Pohl, influenciado pelos pais, começou a colecionar fósseis ainda criança. “É um processo da vida inteira que ele está fazendo e tem também minerais que são incríveis”, relatou, em entrevista coletiva nessa terça-feira (7) no prédio em recuperação do Museu Nacional.

“Muitas vezes, a gente tem que ter um bom olho para saber o que está dentro da pedra. Esses fósseis foram preparados por técnicos”, destacou o colecionador.

Rio de Janeiro (RJ), 07/05/2024 – Parte dos fósseis recebidos são apresentados durante evento no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Depois de atender a um chamado do diretor do museu, Alexander Kellner, Frances, que tem presença forte no cenário das artes plásticas do país e do mundo, assinou, em 2022, um acordo de colaboração técnica entre o Inclusartiz e a Associação Amigos do Museu Nacional (SAMN). Desde lá, trabalha pela recuperação do acervo do histórico espaço cultural, que teve 85% das peças destruídas pelo fogo.

Foi assim que a argentina radicada no Brasil intermediou a doação para o Museu Nacional. O colecionador chegou à conclusão de que peças originárias do Brasil pertencentes ao seu extenso acervo deveriam ir para o Museu Nacional. “Tem que haver um estoque de fósseis do Brasil no museu mais importante do Brasil”, comentou.

“A gente faz um apelo para que mais pessoas façam isso. O Museu Nacional pertence a todos e seria muito importante que a gente realmente se concentrasse na recuperação e recomposição das nossas coleções”, disse o diretor do museu, já aguardando uma nova doação da família Pohl. “Rezo todos os dias”, completou sorrindo após a coletiva.

Rio de Janeiro (RJ), 07/05/2024 – O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner durante apresentação de fósseis doados à instituição, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Alexander Kellner

Alexander Kellner trabalha com a possibilidade de conseguir, por meio de doações, 10 mil peças para a reconstituição do acervo. Segundo ele, o museu já recebeu cerca de 2 mil.

“Já tivemos particulares doando desde peças arqueológicas até mesmo o pequeno quadro da Leopoldina, essa austríaca de nascença, mas brasileira de coração, é uma grande injustiçada para quem entende um pouco de história e queira se aprofundar”.

“Pretendemos nas nossas novas exposições já em 2026 trazer um pouco isso de volta. A história dessa grande brasileira, que foi absolutamente fundamental para a nossa independência e tudo o que correu nesse palácio”, disse se referindo ao prédio do Paço Imperial onde se localiza o museu, na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio.

Rio de Janeiro (RJ), 07/05/2024 – A fundadora do Instituto Inclusartiz Frances Reynolds durante apresentação de fósseis doados ao Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Frances Reynolds

Frances Reynolds disse que é fã do trabalho realizado pelo Museu Nacional e defendeu a união de vários agentes para a recuperação do espaço cultural. “A única maneira de transformar isso é que todo mundo se some. Cada um que possa dar o que tem para compartilhar dinheiro, ideias, portas para abrir, caminho das pedras como se diz aqui no Brasil, mas muito, muito importante é que juntos nós formamos um país e juntos nós formamos o museu”, disse.

Coleções de fósseis

Burkart Pohl tem uma das mais representativas coleções privadas de fósseis do mundo. Por acreditar na importância dos museus de história natural, criou o Centro de Dinossauros de Wyoming, nos Estados Unidos, e o Museu Paleontológico Sino-Alemão, em Liaoning, na China. Os dois fazem parte do grupo que desenvolve ainda projetos globais de escavações, exposições, educação e comércio relacionados à história natural.

Em um desses projetos, um grupo de seis paleontólogos e estudantes do Museu Nacional aceitou o convite de Pohl e, em agosto de 2023, participou da primeira excursão de escavação conjunta no noroeste dos Estados Unidos. O local é conhecido como terras ricas em fósseis de dinossauros da Formação Hell Creek, nos Estados de Wyoming e Montana.

De acordo com o Museu Nacional, dois alunos da equipe começaram a desenvolver lá um estudo sobre espécimes fósseis específicas. A expectativa é que o grupo possa voltar à região no segundo semestre deste ano. Para a paleontóloga do Museu Nacional Juliana Sayão, a experiência é superimportante. “A gente tem oportunidade de estar em um local onde nenhum paleontólogo brasileiro tem oportunidade de pesquisar, procurar fósseis e, principalmente, trazer para o museu”, destacou em entrevista à Agência Brasil..

Juliana adiantou qual é o sonho dos pesquisadores nesse projeto. “Encontrar o T-Rex porque ele mora nesse local. É onde se encontram fósseis como do T-Rex, do Tricerátops e outros dinossauros muito famosos que vimos no filme Jurassic Park e que a gente não tem no Brasil. Ali, a gente pode não só capacitar os nossos alunos na prática da coleta de fósseis como também fazer grandes descobertas que virão para o Brasil para ilustrar o nosso museu”, afirmou.

Rio de Janeiro (RJ), 07/05/2024 – Parte dos fósseis recebidos são apresentados durante evento no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Na visão da paleontóloga, a doação tem importância científica porque inclui plantas fósseis vertebradas e invertebradas e grande quantidade de insetos, muitos deles ainda não conhecidos pela equipe. “A gente vai ter a oportunidade de estudar esse material e fazer uma série de análises e pesquisas envolvendo não só a descrição, mas a reconstrução do ambiente da Bacia do Araripe há 110 milhões de anos. Além disso, são fósseis belíssimos que vão ajudar a gente a recompor as nossas exposições quando o museu reabrir. É uma doação de importância tripla. A gente tem a ciência, a divulgação científica mostrando isso para a sociedade e a oportunidade de formar novos paleontólogos que vão estudar esses fósseis”.

Lucas Canejo Azevedo Francisco, licenciado em ciências biológicas pela UFRJ, fez mestrado em zoologia com ênfase em paleontologia e, atualmente, cursa doutorado em zoologia também com ênfase em paleontologia, os dois pelo Museu Nacional. Para ele, os fósseis são muito relevantes no estudo da paleontologia, porque permitem avaliar o modo de vida do animal, desde o que comiam, como viviam e como era o seu corpo. “Principalmente na minha área pela doação do Tupandactylus imperator, que é um pterossauro encontrado na Bacia do Araripe. Vai ser de vital importância inclusive durante o meu processo de doutoramento”, disse dando um exemplo de destaque das peças doadas.

(Fonte: Agência Brasil)

Nesta sexta-feira e sábado (10 e 11), a cidade de São Luís sediará a 99ª edição do Café com Personal. Promovida pela Associação Nacional de Personal Trainers (ANPT) com o apoio do Conselho Federal de Educação Física (Confef) e do Conselho Regional de Educação Física da 21ª Região (Cref21-MA), a iniciativa é totalmente gratuita e tem como objetivo central o debate de temas relacionados à área da atividade física, saúde e bem-estar, assim como atualizar os profissionais de Educação Física. Todas as atividades do Café com Personal vão ocorrer na Academia Viva Água, no Bairro do Renascença, em São Luís. 

O Café com Personal contará com uma ampla programação voltada aos profissionais de Educação Física e acadêmicos. Para o presidente do Cref21-MA, Sandow Feques, é uma excelente oportunidade para trocar experiências com alguns dos principais especialistas do país. 

“O Cref21-MA tem orgulho em apoiar mais uma edição do Café com Personal, uma iniciativa muito importante e valiosa para o profissional de Educação Física e para quem ainda é acadêmico. Vai ser uma experiência muito boa porque vamos poder dialogar sobre assuntos do nosso dia a dia, trocar experiências e conhecer a realidade de outros centros. Todos os profissionais e estudantes estão convidados a participar do evento”, afirmou. 

Vale destacar que a 99ª edição do Café com Personal concederá certificado aos participantes. As inscrições para o evento são gratuitas e podem ser feitas pelo Sympla (https://www.sympla.com.br/evento/cafe-com-personal-edicao-99-cref21-ma-sao-luis/2434421). 

Serviço

O quê: 

Café com Personal Edição 99 – São Luís

Quando: 

10 e 11 de maio de 2024 (presencial e com certificado)

Onde: 

Academia Viva Água (Renascença)

Realização: 

Associação Nacional de Personal Trainers

Apoio: 

Confed e Cref21-MA

Inscrições Gratuitas: https://www.sympla.com.br/evento/cafe-com-personal-edicao-99-cref21-ma-sao-luis/2434421

PROGRAMAÇÃO (SÃO LUÍS-MA) 

Sexta (10/5)

18h – Talks Personal Trainer – Diferencial Competitivo, Nicho, Atendimento e Vendas

Prof. Dr. Dionísio Alencar - 000029-G/CE

Prof. Me. Ricardo Barata -  000017-G/CE

Prof. Me. Adilson Reis - 000568-G/MT

Prof. Esp. Manuel Lopes - 040219-G/SP

Profª. Esp. Larissa Xerez - 004819-G/CE

Profª. Esp. Michelle Spósito - 059137-G/SP 

18h45 – Ginástica Coletiva: criando um modelo de atividade física

Profª. Esp. Luana Saminez - 015032-G/CE 

19h30 - Prescrição e Periodização do treino de força em academia de musculação

Prof. Me. Paulo Uchôa - 006811-G/CE 

20h15 - Variações de exercícios para potencializar a hipertrofia de MMII/ posteriores e glúteos

Prof. Romney Dantas - 003889-G/CE 

21h – Organização financeira para o personal trainer

Prof. Esp. Felippe Januário - 000879-G/AL 

Sábado (11/5)

8h – Abertura

Prof. Dr. Claudio Boschi - Presidente do CONFEF 

8h15 – Make money – aprenda as 5 principais rendas extras do personal trainer

Prof. Esp. Felippe Januário - 000879-G/AL 

9h – Exercício Físico no Pós-Operatório de Mamoplastia de Aumento

Prof. Esp. Manuel Lopes - 040219-G/SP 

9h45 – O mercado de trabalho e a formação de uma categoria profissional na Educação Física

Prof.Dr. Dionísio Alencar - 000029-G/CE 

10h30 – Reestruturação abdominal e Pós-parto

Profª. Esp. Larissa Xerez - 004819-G/CE 

11h15 – O Perfil do Profissional de Educação Física, desafios na nova intervenção

Prof. Me. Ricardo Barata -  000017-G/CE 

12h às 13h – Intervalo Almoço 

13h – Personal Training na Reabilitação Cardiovascular

Prof. Me. Adilson Reis - 000568-G/MT 

13h45 – Ginástica Coletiva: criando um modelo de atividade física

Profª. Esp. Luana Saminez - 015032-G/CE 

14h30 – CF 98: o outro modelo de gestão fitness

Prof. Victor Teles - 004232-G/MA 

15h15 – Variações de exercícios para potencializar a hipertrofia de MMII/ posteriores e glúteos

Prof. Esp. Romney Dantas - 003889-G/CE 

16h – Ginástica Coletiva, como trabalhar em academias, eventos e num navio

Profª. Esp. Michelle Spósito - 059137-G/SP

16h45 – Controle do volume no treinamento de força: Aspectos práticos

Prof. Me. Paulo Uchôa - 006811-G/CE 

(Fonte: Assessoria de imprensa)

O surfista maranhense Kadu Pakinha, que conta com os patrocínios do governo do Estado e da Potiguar por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, se destacou na disputa da 1ª etapa do Circuito Tríplice Coroa Sundek Classic Saquarema 2024, que ocorreu no sábado (4) e no domingo (5), na Praia de Itaúna, em Saquarema (RJ). Com um desempenho de alto nível em uma final decidida no detalhe, Kadu garantiu a terceira colocação na categoria Sub-16 Masculino do evento realizado pela Associação de Surf de Saquarema.

“É uma alegria imensa chegar ao pódio da Tríplice Coroa aqui em Saquarema. Foi uma competição muito difícil contra outros grandes atletas, mas consegui um excelente resultado. Pude brigar pelo título até a última onda, o que mostra que estou no caminho certo e me motiva ainda mais para continuar evoluindo. Vou continuar treinando forte para aumentar a minha coleção de conquistas. Mais uma vez, agradeço ao governo do Estado e à Potiguar por todo o apoio para que eu possa representar o Maranhão nos principais eventos de surf do país”, destaca Kadu.

Antes de conquistar a terceira posição no Circuito Tríplice Coroa de Saquarema, Kadu Pakinha representou o Maranhão na primeira etapa do Circuito Brasileiro de Surf de Base, um dos eventos mais importantes da temporada, que é organizado pela Confederação Brasileira de Surf (CBSurf). Na abertura da competição nacional, que ocorreu em abril, em Porto de Galinhas, na cidade de Ipojuca (PE), Kadu teve um bom desempenho na categoria Sub-18, chegando até à segunda fase, e também competiu na categoria Sub-16.

Depois de competir em Saquarema, Kadu Pakinha volta aos treinamentos no Rio de Janeiro, com foco total nas etapas do Circuito Carioca, um dos mais competitivos do país, e na segunda etapa do Circuito Brasileiro de Surf de Base, que será disputado entre os dias 1º e 4 de agosto, em Matinhos (PR).

Temporada anterio

Kadu Pakinha colecionou ótimos resultados durante o ano de 2023, representando o Maranhão em eventos nacionais de surf. O surfista maranhense ficou entre os quatro melhores colocados nas três etapas do Circuito ASN Puro Suco Nova Geração, em Niterói, e foi semifinalista das categorias Sub-16 e Sub-18 da 2ª etapa do Circuito de Surf Cyclone, no Rio de Janeiro.

Além disso, Kadu Pakinha chegou às semifinais do Canto Open, garantiu a quarta posição na categoria Sub-16 Masculino do Grumari Masters, disputou o Saquarema Surf Pro Am e esteve em duas etapas do Circuito Brasileiro de Surf de Base, onde obteve experiência para os eventos de 2024.

(Fonte: Assessoria de imprensa)

A nadadora maranhense Sofia Duailibe teve um excelente desempenho na 4ª etapa da Copa Brasil de Águas Abertas, competição organizada pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e realizada na última quarta-feira (1º), em Itajaí (SC). Sofia, que é atleta da DM Aquatic e conta com os patrocínios do governo do Estado e do Centro Elétrico, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, disputou a prova dos 2,5km da Copa Brasil e subiu duas vezes ao pódio, conquistando a medalha de ouro na categoria Infantil 2 Feminino e ficando com a medalha de bronze na categoria Geral Feminino.

As duas medalhas conquistadas em Itajaí reforçam o grande momento de Sofia Duailibe na Copa Brasil de Águas Abertas. No fim de março, a nadadora maranhense foi campeã da categoria Infantil 2 e garantiu o vice-campeonato Geral Feminino na prova de 2,5km da segunda etapa da competição nacional, realizada em Maceió. Além disso, Sofia faturou o primeiro lugar da categoria Infantil 2 na disputa dos 5km da primeira etapa do Campeonato Brasileiro de Águas Abertas.

Além de se destacar nas competições de águas abertas, Sofia Duailibe também coleciona resultados expressivos nas piscinas. A atleta da DM Aquatic faturou três ouros nas provas dos 100m livre, 100m costas e 200m livre do Troféu João Victor Caldas, evento realizado no início de abril, em São Luís.

Antes de brilhar nos primeiros eventos estaduais e nacionais da temporada, Sofia Duailibe conquistou vários títulos em torneios de águas abertas durante o ano de 2023. A nadadora maranhense superou a marca de 20 pódios em etapas da Copa Brasil de Águas Abertas, com destaque para a conquista de 16 medalhas de ouro, além de ter sido campeã do Desafio do Cassó e da Copa São Luís.

Também em 2023, Sofia Duailibe se destacou nas piscinas, sendo campeã nas disputas do Norte/Nordeste de Natação – Troféu Walter Figueiredo Silva, do Campeonato Maranhense de Natação de Inverno - Troféu João Vitor Caldas, da Copa Norte de Natação / Troféu Leônidas Marques, dos Jogos Escolares Ludovicenses (JELs) e dos Jogos Escolares Maranhenses (JEMs).

A nadadora Sofia Duailibe é patrocinada pelo governo do Estado e pelo Centro Elétrico, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte. Ela ainda conta com o apoio do Colégio Literato.

(Fonte: Assessoria de imprensa)

– O advogado, escritor, editor, pesquisador e gestor cultural nasceu em Guimarães (6 de maio de 1940) e faleceu em São Luís (14 de agosto de 2016)

*

Quem não teve acesso à enormidade da produção literária, sobretudo de pesquisa, crítica e historiografia de Jomar Moraes, não atina quanto, com a morte do ilustre vimaranense, perdeu o Maranhão – sobretudo sua História, sua Literatura.

Quem não soube da capacidade gestora, criadora, inovadora de Jomar Moraes à frente de entidades como o Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado (Sioge), já extinto e a Academia Maranhense de Letras (AML), sequer intui o que o nosso Estado ainda poderia ganhar se o grande intelectual não tivesse morrido em 14/8/2016 e se mantivesse vivo e em plena saúde nos tempos seguintes.

Conheci Jomar Moraes eu ainda menino, metido a jornalista e escritor. Fui com o jornalista caxiense Vítor Gonçalves Neto a São Luís, e na capital maranhense estivemos com Erasmo Dias (escritor, ex-deputado estadual), Antônio Almeida (escultor, pintor), o jornalista José Ribamar Bogéa (o Zé Pequeno, fundador do “Jornal Pequeno”) e, claro, o Jomar Moraes, à época diretor do Sioge, que com Jomar recebera novo impulso e publicava livros de autores maranhenses.

O Vítor queria publicar um seu livro de crônicas (que teria o título “Sem Compromisso – Cem Crônicas” – “Sem Compromisso” era o título da coluna que o Vítor mantinha no jornal “O Pioneiro”, que ele dirigia em Caxias). Recordo-me de o Jomar perguntar ao Vítor se este ainda (man)tinha um livro de poesias dele, Jomar, o primeiro que publicara, parece-me de título “Seara em Flor”. “– Queime-o!”, foi o pedido-ordem de Jomar, entre sorrisos de todos.

Passaram-se os anos, as décadas e alguns contatos à distância foram mantendo Jomar e a mim pertos um do outro, em especial quando o assunto era a pesquisa e a historiografia, a qualidade da produção literária, os novos autores...

Fundei a Academia Imperatrizense de Letras em abril de 1991 e pouco tempo depois, poucas semanas depois, trouxe o Jomar e o cronista e poeta José Chagas de São Luís à “Princesa do Tocantins”, Imperatriz. No auditório da Associação Médica de Imperatriz, realizamos uma sessão solene. Jomar e José Chagas (este também já falecido) se esbaldaram, ante a excepcional receptividade dos imperatrizenses que foram ao evento. Jomar se impressionou vivamente por todos os exemplares de diversas de suas obras terem se esgotado, rapidamente. Todos vendidos. Imperatriz impressionou o Zé Chagas, que escreveu sobre a cidade o que viu, o que sentiu, o que achou. Jomar igualmente se referiu a Imperatriz em crônica.

Estive várias vezes na residência de Jomar Moraes, no Bairro Renascença, em São Luís. Praticamente, após cumprimentar Dona Aldenir, eu ia direto para o segundo pavimento, onde a majestosa e rica biblioteca de Jomar o abraçava, ele ali sentado à frente da mesa e em frente a livros, muitos livros. Em uma dessas vezes, enquanto conversávamos Jomar e eu, chegou e enriqueceu o ambiente e a conversa a Ceres Fernandes, também da AML.

Em 2015, estive mais uma vez com ele. Conversamos. Entreguei-lhe diversos livros produzidos em Imperatriz, a maioria publicada pela Ética Editora, do Adalberto Franklin. Jomar também me repassou diversas obras, algumas resultado de seu incansável trabalho de pesquisador.

Quando, em 2002/2003, escrevi a “Enciclopédia de Imperatriz” e passei um exemplar ao Jomar, ele a recebeu com surpresa e carinho, ante a grandiosidade do projeto. Carinhosamente, apelidou a “Enciclopédia” de “A Bruta”, pelo tamanho, pelo peso, pelo enorme trabalho que ele, Jomar, mais do que ninguém, sabia o quanto consumia uma realização editorial daquela.

Ao publicar seu trabalho hercúleo, monumental, que foi a novíssima, atualizada, comentada, anotada, enriquecida edição do “Dicionário” de César Marques, para minha surpresa e satisfação, Jomar ali incluiu meu nome e o da “Enciclopédia de Imperatriz” – e não foi na referência bibliográfica, não...

Conversamos, Jomar e eu, diversas vezes, e longamente, ao telefone. Falávamos de projetos. Falávamos das Academias. Uma vez, em São Luís, aonde eu fora para assistir à posse do Benedito Buzar na Academia Maranhense de Letras (AML), Jomar provocou-me, pedindo ou sugerindo que eu me transferisse para a capital, para que eu pudesse, de São Luís, auxiliar a ele e ao Maranhão na dinamização de nossa Arte Literária e de nossa Cultura em geral. Benedito Bogéa Buzar, que também foi presidente da Academia Maranhense, em foto que me enviou após sua posse como acadêmico, escreveu que aquela foto já seria considerada uma antecipação de seu voto em mim, caso algum dia eu concorresse a uma vaga na AML.

O pesquisador exigente, o administrador diligente, o escritor competente se foi. Ficou a sensação de que, por mais que Jomar Moraes tenha feito por seu Estado e pelas Letras, pela História, pela Cultura, mais ele poderia fazer, tal era a vontade e o amor que ele transpirava e que, nos últimos tempos, não encontravam rima em sua saúde.

Jomar Moraes não morreu sozinho: com ele, foram enterrados inúmeros projetos, desejos, vontades, esperanças, sonhos, deles insabidos e que só ele, ao jeito dele, poderia tornar ricas realidades em um Estado que ainda não valoriza adequadamente talentos imensos como este cuja morte, em 14 de agosto de 2016, enlutou o Maranhão, o Maranhão das Letras – ...e cuja profícua vida, iniciada exatamente há 84 anos, no dia 6 de maio de 1940, não é lembrada como deveria.

Você não queria, Jomar, mas a hora de descansar chegou.

Você o fez em paz.

Saudações e saudades, Amigo.

* EDMILSON SANCHES

Fotos:

Jomar Moraes, com o colar acadêmico e em sua residência, entre livros.

Cidade de Lajeado inundada devido as fortes chuvas. Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação

A Marinha do Brasil decidiu adiar a prova do concurso de admissão para o curso de fuzileiros navais 2025, que estava marcada para esta terça-feira (7). A nova data de realização do exame será o dia 21 de maio.

A decisão foi tomada em razão da calamidade pública no Rio Grande do Sul (foto), afetado por fortes chuvas nos últimos dias.

Isonomia

De acordo com nota divulgada à imprensa, o objetivo do adiamento é dar isonomia a todos os candidatos no território nacional, já que, neste momento, o acesso aos locais de prova no Rio Grande do Sul está dificultado.

Em caso de dúvidas, a Marinha orienta os candidatos a procurar os órgãos executores de seleção, relacionados no edital.

“A Marinha do Brasil se solidariza com o povo riograndense e agradece a compreensão de todos os candidatos neste momento tão delicado para o Estado do Rio Grande do Sul”, informa a nota.

(Fonte: Agência Brasil)

Retrato de Lima Barreto, da ficha de internação no Hospício Nacional de Alienados. Foto: Wikipedia/Divulgação

Lima Barreto estará em debate no Clube de Leitura do Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB RJ), na próxima quarta-feira (8), às 17h30. A obra Contos Completos de Lima Barreto será analisada por duas grandes estudiosas do escritor: a historiadora e ensaísta Lilia Schwarcz, cuja posse na Academia Brasileira de Letras (ABL) está marcada para junho próximo; e a crítica literária, ensaísta e professora titular da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Beatriz Resende.

O livro reúne todos os contos publicados em vida pelo escritor, resgatados por meio de pesquisa em edições originais, jornais e revistas da época, e mais dezenas de inéditos, retirados de seus manuscritos. A curadora do Clube, Suzana Vargas, destacou a importância das duas debatedoras. “As duas são as grandes especialistas do Lima Barreto hoje. A Lilia fez um trabalho brilhante porque foi ela que reuniu os Contos Completos e fez um prefácio que é uma verdadeira aula”, disse Suzana à Agência Brasil.

Oralidade

Clube de Leitura do CCBB RJ debate Contos Completos de Lima Barreto. Historiadora e ensaísta Lilian Schwarcz. Foto: CCBB RJ/Divulgação
Lilia Schwarcz

Uma particularidade de Lilia Schwarcz é o fato de ela ser historiadora e, também, grande leitora, destacou a curadora. “Ela consegue reunir de modo harmônico e avaliar a importância literária dele [Lima Barreto], trabalhando os dados biográficos. Porque o Lima foi um fenômeno que aconteceu no final do século XIX para o século XX, porque ele tem uma linguagem muito adiante do seu tempo. Ele utiliza nos seus contos, romances, crônicas, em tudo que fez, uma coisa que, na época, não era comum, que é a linguagem oral. A oralidade que só no Modernismo veio com força, com Mário de Andrade, Oswald de Andrade, o próprio Carlos Drummond de Andrade, que vão utilizar com muita força na poesia, e o Lima utilizou na prosa”, salientou Suzana Vargas.

A curadora lembrou que a condição racial do escritor interferiu bastante na sua relação com o mundo literário e acadêmico. Ele tentou, algumas vezes, entrar na ABL e nunca conseguiu. Para Suzana, Lima Barreto foi um cronista fantástico da vida social e cotidiana do Brasil.

Beatriz Resende veio também contextualizando a prosa do autor, em especial os romances. “E faz uma leitura interessante e perspicaz do Lima, trabalhando os elementos culturais da obra e mostrando para nós um Lima que não sabia só javanês, como eu brinco no título do encontro”. Beatriz esteve com os originais do Lima Barreto, que estão na Biblioteca Nacional (BN) e foram escritos em papel de pão e guardanapos, quando esteve internado no hospício. Suzana Vargas também teve esses escritos de Lima Barreto em mãos, quando trabalhou na BN, e afirmou que o escritor enfrentou muitas dificuldades e problemas neurológicos que o levaram a ser hospitalizado.

Clube de Leitura do CCBB RJ debate Contos Completos de Lima Barreto. Ensaísta e crítica literária Beatriz Rezende. Foto: CCBB RJ/Divulgação
Beatriz Rezende

Aula imperdível

Apontou que o Clube de Leitura vai ser “uma aula imperdível”. Além disso, será uma oportunidade de o público assistir, também, à comédia satírica musical Os bruzundangas, texto de Lima Barreto, com adaptação de Renato Carrera, atualmente em cartaz no Teatro 2 do CCBB RJ, de quinta-feira a sábado, às 19h, e aos domingos, às 18h.

Lima Barreto, nascido em 13 de maio de 1881 e falecido em 1º de novembro de 1922. Descendente de escravos, Barreto sentiu, na pele, a exclusão social, inclusive nos meios acadêmicos, devido à sua origem e à sua cor. Além do alcoolismo, enfrentou diversos problemas de saúde em sua vida e foi internado em hospício mais de uma vez.

Evento gratuito

O encontro sobre a obra de Lima Barreto, com Lilia Schwarcz e Beatriz Resende, começará às 17h30, na Biblioteca Banco do Brasil, 5º andar, do CCBB RJ, com entrada gratuita. O Clube de Leitura CCBB 2024 conta com o patrocínio do Banco do Brasil. Os vídeos dos encontros ficam disponíveis, na íntegra, no YouTube do BB. O projeto vai até dezembro de 2024. Os dois primeiros encontros deste ano tiveram a participação de Viviane Mosé, Eliana Alves Cruz e Marilene Felinto, em março; e de Eliane Potiguara, Eliane Brum e Anapuaka Tupinambá, em abril. Seus vídeos já estão disponíveis. Em 2023, 1.243 pessoas participaram presencialmente do Clube, que teve milhares de acesso on-line.

Clarice Lispector

Suzana Vargas adiantou que o quarto encontro ocorrerá no dia 5 de junho e será sobre o livro de Clarice Lispector A Paixão Segundo GH, abordando a presença da autora no cinema. Os convidados são o cineasta Luiz Fernando Carvalho, diretor do filme sobre o livro que está estreando nos cinemas, a atriz Maria Fernanda Cândido, que lerá trechos do livro, além de Nádia Battela Gotib, primeira biógrafa da autora, e com participação especial de Melina Dalboni, que foi a roteirista do filme.

Programação de julho

Em julho, o Clube de Leitura do CCBB RJ terá como tema As sete cores da palavra e literatura em diversidade. Os convidados serão a drag queen Rita Von Hunty e o poeta trans Tom Grito.

(Fonte: Agência Brasil)

creche

A mensuração da demanda por educação infantil passa a ser obrigatória, todos os anos, para gestores do Distrito Federal (DF) e municipais em cooperação com Estados. A Lei 14.851/2024, aprovada no Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estabelece ainda que a realização do levantamento passe a ser critério de prioridade na destinação dos recursos federais de financiamento da expansão da oferta de vagas em creches para crianças de até três anos de idade.

No mês de abril, a organização da sociedade civil Todos pela Educação (TPE) divulgou um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontou uma reprimida em todo o país de 2,3 milhões de crianças sem acesso a creches. O estudo revelou ainda que apenas 40% das crianças até 3 anos de idade têm acesso à educação infantil, ficando abaixo da meta de 50% estabelecida pelo Plano Nacional da Educação (Lei 13.005/2014).

De acordo com a nova lei, os poderes públicos municipais e o DF deverão manter atualizados, todos os anos, as informações sobre essa demanda. O sistema para efetivar o levantamento deverá ser desenvolvido de forma articulada com os órgãos públicos que atuam nas políticas e mapeamento das demandas de saúde, assistência social e proteção à infância.

A ferramenta deverá permitir também o monitoramento da permanência da criança no sistema de ensino, em especial dos beneficiários de programas de transferência de renda, como o Bolsa-Família, por exemplo.

Os prazos e procedimentos estabelecidos pelos municípios, como estratégias de busca ativa das crianças, deverão ser divulgados, inclusive por meio eletrônico, define a lei. E, a partir dos resultados, serão organizadas listas de espera com os critérios de prioridade no atendimento da demanda, respeitando definições territoriais, situação socioeconômica e monoparentalidade.

A demanda não atendida por vagas em creches deverá resultar também em um planejamento da expansão da oferta de vagas da educação infantil.

O texto da nova lei está publicado na edição desta segunda-feira (6) do Diário Oficial da União.

(Fonte: Agência Brasil)

Rio de Janeiro (RJ) 02/04/2024 - 250 anos do Cemitério dos Pretos Novos. As fotos são da exposição

O Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN), reconhecido como Patrimônio Cultural da Cidade do Rio de Janeiro, comemora, no próximo dia 10, os 250 anos do sítio arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos, um dos mais importantes vestígios da chegada dos africanos escravizados no Brasil, que funcionou entre 1774 e 1830, e também os 19 anos de existência do próprio IPN. A exposição Será o Benedito?, da artista visual Fátima Farkas, abre a programação comemorativa dos dois aniversários, com curadoria de Mauro Trindade.

O coordenador de Comunicação do IPN, Alexandre Nadai, informou à Agência Brasil que tambémm no dia 10, haverá o lançamento de três livros, além do evento Samba no Museu e degustação de gastronomia afro-brasileira, com Tia Mara. 

As ações para festejar os dois aniversários, entretanto, ocorrem durante todo o ano. “São mais de mil circuitos históricos gratuitos de território de herança africana e mais de 43 oficinas on-line, também gratuitas, com temática afrocentrada”, informou Nadai. 

Um dos circuitos, por exemplo, tem por objeto quilombolas e povos de terreiro, enquanto uma das oficinas é dedicada à educação antirracista para professores. O IPN atende escolas públicas do Estado. 

Estão previstas ainda mais quatro exposições, sendo a primeira de Isabelle Mesquita. As três restantes estão definindo a curadoria, informou Alexandre Nadai.

Descoberta

O Cemitério dos Pretos Novos foi descoberto em 1996 e tem o seu solo tombado. Ali, foram enterrados entre 20 mil e 30 mil pretos novos, como eram chamados os escravos que morriam após a entrada dos navios na Baía de Guanabara ou imediatamente depois do desembarque, antes de serem vendidos. Ele funcionou de 1772 a 1830, no Valongo, faixa do litoral carioca que ia da Prainha à Gamboa, após ter operado no Largo de Santa Rita, próximo ao mercado de escravos recém-chegados.

Segundo Alexandre Nadai, o Complexo do Valongo movimentou mais de 1 milhão de pessoas, das quais cerca de 400 mil eram mulheres, tratadas como mercadoria e, em consequência, como reprodutoras. Todas foram estupradas, disse Nadai.

O cemitério foi descoberto, em 1996, pelo casal Merced e Petruccio Guimarães dos Anjos, quando compraram a casa onde funciona o instituto e iniciaram a reforma do imóvel. Em seguida, encontraram, nas escavações, ossadas humanas que confirmaram ser o local o cemitério de negros africanos.

A primeira ossada completa foi encontrada no Cemitério dos Pretos Novos depois de sete meses de escavações. As escavações ocorreram em uma área de 2 metros quadrados de um dos poços de observação do cemitério. Coordenado pelo arqueólogo Reinaldo Tavares, do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o trabalho identificou que o esqueleto pertencia a uma mulher jovem, que morreu com cerca de 20 anos de idade, no início do século XIX. O esqueleto encontrado no Cemitério dos Pretos Novos recebeu o nome de Josefina Bakhita, homenageando a primeira santa africana da Igreja Católica.

Exposição

A exposição Será o Benedito?, de Fátima Farkas, reúne 32 telas, que trazem à tona personagens marcantes das lutas raciais, muitos dos quais esquecidos em razão da herança racista e patriarcal. Fátima utiliza sua pintura expressiva para reconstruir a memória, utilizando retratos fotográficos de negros. Um deles é Benedito Caravelas (1805-1885), também conhecido como Benedito Meia-Légua, líder de grupos quilombolas que libertavam escravos no Nordeste e no Espírito Santo. A artista se inspira em fotografias antigas para dar vida a esses personagens históricos, como as de Alberto Henschel, fotógrafo teuto-brasileiro e um dos mais importantes da segunda metade do século XIX, com atuação no Brasil. Considerado excelente retratista, recebeu o título de Fotógrafo da Casa Imperial. Além de fotografar o imperador Dom Pedro II e sua família, Henschel fez registro fotográfico dos negros livres e escravos que viviam no país.

Outros retratos incluem figuras como João Cândido Felisberto, líder da Revolta da Chibata; o escritor e abolicionista Luiz Gama; Nzinga (rainha de Ndongo e de Matamba); e o premiado arquiteto burquinês Diébédo Francis Kéré. Fátima Farkas denuncia também o apagamento histórico ao substituir rostos por vegetação ou por um vazio branco, representando o sumiço de corpos e vidas.

O curador da exposição, Mauro Trindade, destacou que a artista, além de revelar o processo de apagamento das pessoas, propõe, ao mesmo tempo, uma reelaboração da memória por meio da apropriação de retratos fotográficos de negros que recriam grandes personagens do passado e do presente. Será o Benedito? poderá ser visitada no Instituto Pretos Novos até 20 de julho, de terça-feira a sexta-feira, das 10h às 16h e, aos sábados, das 10h às 13h.

(Fonte: Agência Brasil)