Uma vez alguém me perguntou se eu havia percebido, na avenida principal da cidade, uma faixa cuja mensagem de amor não obedeceria aos padrões da norma culta da Língua Portuguesa.
Passando pela dita avenida, conferi. Estava lá: “PARABÉNS, N., PELO O SEU ANIVERSÁRIO. ESTA HOMENAGEM É UM POUCO DO TUDO QUE POSSO TE OFERECER”.
Vou frustrar aquele alguém, meu leitor. O que tem a mensagem? Há uma impropriedade: “pelo” seguido do artigo “o” (“pelo” já é aglutinação de preposição mais artigo).
Agora, é outro papo a “mistura”, numa mesma mensagem, da terceira pessoa do singular (“seu”, de “seu aniversário”) com a segunda pessoa do singular (“te”, de “te oferecer”).
Em defesa do emissor, poderíamos, “mutatis mutandis” [mudado o que deve ser mudado], repetir o professor Napoleão Mendes de Almeida: “Ortografia é processo de escrever a fala, e não processo de obrigar a escrever o que não se fala”.
No caso do “seu” + “te”, a mensagem reproduz um hábito dos mais arraigados no falar cotidiano – a migração espontânea do “você” para o “tu” e vice-versa.
Foi essa mesma singeleza e despreocupação, essa informalidade própria das declarações, ambientes e “jogos” românticos, foi essa “coisa” muito mais verdadeira que o anônimo amigo/namorado/marido mandou reproduzir na mensagem.
O amor é lindo, e se ele não segue nem os trilhos da racionalidade, como iria obedecer às leis gramaticais?
Uma das ilustrações desta postagem contém frase (“Te amo”) que também não está no dito padrão “culto”, formal, clássico. Mas, exceto em novelas e literatura de época, quem haveria de escrever (ou, de preferência, falar, ao pé da nuca, os pelinhos se eriçando...) a forma “correta” "AMO-TE", que é claudicante, entrecortada)? Assim, prefira o fluido, contínuo, sussurrante “TE AMO”.
O amor vai além da Gramática. Chega às nuvens... (e sabe Deus até onde ele chega mais... chega mais...).
Sobretudo para o amor fica valendo a observação: A Gramática é muito boa para quem chega até ela, mas é ruim para quem não passa dela.
Repita-se: o amor vai além da gramática...
...embora, na hora certa, exija bom uso... da língua... [rs].
As crianças interessadas em participar do 6º Concurso Nacional Literário Infantil – Prêmio Espantaxim 2020/21 terão até o dia 4 de junho de 2021, para enviar seus trabalhos. A decisão foi tomada pela organização diante das alterações provocadas na rotina de escolas, estudantes e professores pela pandemia do novo coronavírus.
A prorrogação do prazo permitirá que as escolas, os alunos e docentes tenham condições de reorganizar suas rotinas, disse a escritora Dulce Auriemo, idealizadora do Prêmio Espantaxim. O prazo inicial se encerrava em junho deste ano, mas, com o avanço da pandemia e a interrupção das atividades escolares, já havia sido adiado para o segundo semestre de 2020.
"Isso nos fez pensar na necessidade de encontrar uma solução que garanta a participação desses autores [que já tinham mandado os textos] e, por outro lado, dê condições para aqueles que querem participar, mas que, no momento, estão impossibilitados devido ao fechamento das escolas por causa da pandemia. Existem muitas incertezas e precisamos encontrar um equilíbrio. Esperamos que dias melhores possam trazer mais inspiração às crianças", explica a autora e escritora.
Dulce esclareceu que o regulamento do concurso permanece inalterado. Apenas a data limite para envio das obras foi modificada. Podem participar do prêmio crianças de 7 a 12 anos de idade, de todas as regiões do país. Excepcionalmente, nesta edição, haverá uma categoria dedicada aos jovens escritores de até 13 anos.
O pequeno escritor deve enviar sua obra – redação, mensagem ou poesia – e não precisa fazer inscrição para participar do Prêmio Espantaxim. O tema central deste ano são as Quatro Estações – Primavera, Verão, Outono, Inverno e como os encantos e as particularidades de cada uma delas afetam os sentimentos das pessoas. A participação é gratuita.
Este ano, serão premiadas 250 crianças que receberão uma antologia com os resultados do concurso que incluem os trabalhos vencedores, destaques e selecionados.
Cronograma
De acordo com o regulamento, os professores devem trabalhar o tema com seus alunos em classe. Os alunos interessados devem enviar as obras que passarão por avaliação de comissão julgadora.
Os melhores trabalhos serão divulgados em uma antologia, livro que reúne as obras dos pequenos escritores premiados como vencedores ou selecionados.
A cerimônia de premiação do 6º Concurso Nacional Literário Infantil Espantaxim e o Castelinho Mágico – Prêmio Espantaxim 2020/21 ocorrerá em 2022, na Sala São Paulo, considerada patrimônio histórico e cultural da capital paulista. Na última edição nacional de 2018, foram recebidas 3.393 obras de crianças de 14 Estados.
Antes de, como se diz, cair de boca, a gente, como se diz, come com os olhos.
E ali estávamos ela e eu.
No meu apartamento de solteiro – vá lá: divorciado, desquitado, descasado, sozinho mas não solitário –, eu a ajeitei de frente para mim, do modo mais próprio para aquela parte do ato. Ela aceitava, passiva, inerte: na sua mudez e nudez sabia que não podia fazer nada em relação ao meu paradoxal estado de desejo somado a paciência e sofreguidão. Ela só podia sujeitar-se a tudo o que eu fizesse com ela. Sujeitar-se e servir-me.
Assim, macho alfa, senhor absoluto daquele instante, com as mãos buliçosas e bolinantes, toquei com cuidado, cobiça, cupidez a textura agradável daquela carne fêmea ali posta à minha disposição. Olhei-a bem de perto, mais de perto, bem de pertinho, a ponto de sentir-lhe o hálito cárneo. Parecia latejar.
Nesse reconhecimento “territorial”, carnal, observei sua cor, a parte externa tendente ao bronzeado – na verdade, como define a expressão, “cor de carne”, ou da pele que a recobre. Essa coloração brônzea, de um amorenado dourado, contrastava com o róseo forte de sua parte interna. A intimidade é vermelha – “encarnada”, atesta a palavra, mistura de carne e cor.
Depois dessas preliminares de olhares, odores e toques, passados os momentos de apetite visual, a fome, a gula e a busca do prazer derradeiro propriamente ditos se estabelecem e, em sua quase irracionalidade – pura paixão e fisiologia –, fazem a boca se projetar ávida, voraz, por sobre a carne intumescida, tépida, que não rejeita os movimentos das mãos que a tocam, dos lábios que a contornam, da língua que a lambe, dos dentes que a mordem e mordiscam. Aquela carne responde liberando seu líquido que se mistura ao líquido de minha boca.
Num gesto primitivo, canibal, não me contenho e corto a carne com os dentes e sinto todo o seu sabor e aroma descendo por minhas entranhas.
Enfim, carne na carne.
Após algum tempo, o corpo farto e os sentidos plenos agora pedem um instante de repouso.
Até a próxima vez em que um novo filé for servido na hora sagrada do almoço.
Jacione Freitas, jovem professora do município de Mãe do Rio (Pará) pediu-me um prefácio para seu livro de poemas simples, que falam de amor (o amor é simples ou complicado?).
Prefácio
“Entre todas as atividades, o amor é a única que não mudou de serviço: o seu culto é o mesmo que foi no princípio do mundo, ainda lhe dedicam os mesmos votos, ainda se lhe fazem os mesmos sacrifícios, ainda se lhe oferecem as mesmas vítimas (...)”.
Esse é um trecho da carta de um misterioso Cavaleiro de Oliveira a uma não menos misteriosa “Srª Condessa N.”. Datada dos fins de janeiro de 1736, a carta resistiu até os dias de hoje em matéria e mensagem. Pois, com efeito, quase nada mudou no culto ao amor: a ele ou em seu nome se derramam as mesmas lágrimas, se cometem os mesmos desatinos... e se dedicam iguais versos.
São poucas as palavras para tanto amor. Talvez daí a parecença, entre si, da maioria dos poemas românticos. Quem, verdadeiramente, viveu um amor, viveu todos. Assim também, quem leu um poema de amor, leu todos.
Mas isso não podia satisfazer Jacione Freitas. Quando, muito jovem, retomou a escrever versos, após ficar, segundo suas contas, dez anos afastada desse "métier", ela estava “carregada” de romantismo e hormônio.
E não contou conversa: fez músicas e poesias “românticas” compulsivamente. Assume cantar o amor com simplicidade, não elaboração e não academicismo. A sede de cantar e compor era tanta que, assegura, ela escreveu este "Falando de Amor" em apenas 10 dias. Algo próximo do que o peruano Ricardo Palma percebeu, quando disse que “as palavras amorosas são as contas de um colar: saindo a primeira, saem todas as demais”.
“O amor tem sido para mim sempre o maior dos assuntos, ou, antes, o único”. A frase poderia ser de Jacione Freitas, mas é de Henri Beyle, que, no século XIX, escrevia sob o pseudônimo de Stendhal, uma das expressões do romance francês.
Com tanto amor à flor da pele, a autora não se preocupou em “ir fundo” em técnica. Nada de fita métrica, sofisticação verbal, jogos semânticos etcétera e tal. Até os esquemas tipo “a-b-a-b”, esse papai-mamãe das relações íntimas poeta-poesia, vieram naturalmente.
O compromisso de "Falando de Amor" é com o sentimento, não com o sentido. Assim, à maneira do verso virgiliano que decreta que “o amor tudo vence”, a razão formal teve de tombar à passagem dos versos passionais, cujo clima permitia, como numa "ménage à trois" pronominal, que o “eu”, em nome do amor, convivesse numa boa com o “tu” e o “ele (você)”.
Falando de amor com simplicidade e emoção, a jovem professora Jacione Freitas faz a sua estreia em livro e na literatura de sua jovem cidade, Mãe do Rio, Pará.
Que os leitores a recebam da mesma forma como a autora se apresenta: de braços e coração abertos.
A farmacêutica Bruna Caprioli comemorou o Dia dos Namorados com antecedência. Ela trabalha no Hospital de Campanha em Guarulhos (SP) e hoje, na data especial, estará de plantão no hospital para pacientes infectados pela covid-19, no município da Região Metropolitana de São Paulo.
Bruna e o namorado, o engenheiro mecânico João Manoel Nogueira da Silva, se encontraram na noite de ontem (11), para um jantar especial no terraço do apartamento onde João mora com os pais, que são do grupo de risco. Ela entrou, trocou os sapatos e foi direto à sacada, evitando o contato com eles. Por enquanto, os encontros têm sido assim, um pouco à distância.
“Desde que comecei a trabalhar no hospital, no início de abril, a gente se fala quase todos os dias por ligação do WhatsApp. Alguns dias eu passava na frente do prédio dele, logo depois de sair do trabalho e, como tem um restaurante japonês bem pequeno ao lado, a gente pedia dois ‘temakis’. Ele se afastava do carro, pois tinha que tirar a máscara, e comia em 30 segundos, enquanto eu comia dentro do carro. Agora, nas folgas, a gente se encontra na calçada, com máscara, sem se tocar”, contou.
Bruna disse que a saudade estava grande e que, desta vez, o encontro foi mais longo. “Depois de dois meses, e como é Dia dos Namorados, as saudades estão enormes. Fui à casa dele, tirei os sapatos logo na porta e segui para a sacada. Foi lá que nos presenteamos, conversamos e jantamos. Acho que só de ter ido à casa dele fez diminuir o desespero do contágio. A ideia só foi sugerida porque, mesmo estando em um ambiente de contaminação há dois meses e por estar isolada de tudo, eu não tenho e não tive nenhum sintoma. Só de visitá-lo hoje, ainda que com muitas restrições, estou muito feliz”.
A dentista Patrícia Fujiwara, que mora com o namorado, o engenheiro clínico Guilherme Yoshitake Nakandakare, vai celebrar a data em casa mesmo, diferente de anos anteriores. “Nós, geralmente, saíamos para comer em algum restaurante, mas, agora, como estamos em pandemia, ficaremos em casa mesmo. Espero que ele prepare um jantar especial”, disse.
Patrícia, que é dentista em uma unidade básica de saúde, agora só atende a casos de urgência. Já o namorado dela está em “home office”, mas vai ao escritório uma vez por semana.
Ela conta que, como moram na mesma casa, mantêm a rotina, mas com os cuidados que a pandemia exige. “Moramos só nós dois e estamos mantendo nossa rotina de casal normalmente, dormindo na mesma cama, já que nós não apresentamos nenhum sintoma característico de síndrome gripal. Agora, com relação à rotina da casa, nós mudamos algumas coisas. Não entramos com o calçado que viemos da rua. Logo que chego do trabalho, tomo um banho e coloco as roupas para lavar. Esses são alguns cuidados”.
Jantar em casa também é a escolha do engenheiro de computação Murilo Dominguez Gouveia, que, há cinco meses, está namorando a estudante de direito Beatriz. “Vamos pedir alguma coisa para comer em casa, mas também vou ver a possibilidade de algum lugar que esteja bem vazio para passar o final de semana. Mas, se não der, é isso mesmo, ficar em casa. Com tudo fechado, não tem muito como comemorar fora. E com relação a presentes, acho que o que vamos dar tem que ser diferente, já que os ‘shoppings’ estão fechados, mas eu já vi nos ‘sites’ e escolhi com antecipação para chegar a tempo”.
Comemoração virtual
Pesquisa feita pela Capital Research, empresa de investimentos, mostrou que, por causa das medidas de isolamento social de prevenção à covid-19, 53% das pessoas pretendem comemorar o Dia dos Namorados virtualmente este ano, enquanto 33% disseram que vão encontrar-se pessoalmente, e 13% afirmaram que não vão celebrar o dia.
Neste cenário, 43% dos participantes disseram que vão comprar o presente “on-line”, enquanto, apenas, 6% o farão em “shoppings”. No ano passado, 21% adquiriam os presentes pela “internet”, e 34% o fizeram em centros comerciais.
Segundo a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de São Paulo, 60% dos donos de lojas do Estado preveem queda de 40% nas vendas em relação ao ano passado, nesta que é uma das datas que, tradicionalmente, mais movimenta o comércio nacional.
Já os cinemas, um dos serviços que mais atraem público aos “shoppings”, também devem sofrer impacto neste Dia dos Namorados. Segundo a pesquisa, apenas 6% responderam que vão comemorar o dia 12 de junho em frente à telona, enquanto 28% disseram ter feito isso em 2019.
Com base no faturamento do setor no ano passado, revelado pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), estima-se que o setor já tenha perdido R$ 675 milhões, considerando os três meses de fechamento até aqui.
Enquanto os cinemas sofrem, as “lives” ganham espaço, com a preferência de 37% para um programa de casal, nesta sexta-feira, ante 7% na mesma data no ano passado.
“O entretenimento, como um todo, deve ser um dos últimos mercados a se recuperar. Isso, porque essas empresas têm sua atuação muito centrada em eventos ao vivo e, agora, terão que se reinventar, a exemplo dos cinemas tipo “drive thru” que já foram anunciados para funcionar em São Paulo e Rio de Janeiro”, afirmou o analista da Capital Research, Felipe Silveira.
O levantamento foi realizado de forma 100% virtual e contou com mais de 8 mil respondentes, em todas as regiões do Brasil, sendo 44% residente nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
O Sesc São Paulo deu início, neste mês, à série Cinema #EmCasaComSesc, com exibição de filmes em “streaming” na recém-lançada plataforma Sesc Digital, que reserva um espaço exclusivo para as sessões. Toda semana serão disponibilizados quatro novos títulos, entre longas e documentários, sempre a partir de quinta-feira, com acesso gratuito a qualquer hora do dia e sem necessidade de cadastro.
A partir desta quinta-feira (11), o público terá acesso a um clássico do cinema de 1967, o terror surrealista “A Hora do Lobo”, do sueco Ingmar Bergman. Outra opção é o poético “Coração de Cachorro”, dirigido pela musicista e multiartista Laurie Anderson, que faz uma reflexão sobre a morte de seu companheiro, o cantor e guitarrista Lou Reed.
Dois filmes nacionais completam a programação da semana: “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, com Sônia Braga no papel principal da jornalista aposentada, viúva e mãe de três adultos; e “Jonas e o Circo sem Lona”, um documentário com ficção dirigido por Paula Gomes que aborda a importância de sonhar por meio do circo.
Para quem acabou de conhecer o projeto do Sesc, os filmes da semana passada continuam disponíveis na plataforma. Entre eles, está a cópia restaurada de “Mamma Roma”, de Pier Paolo Pasolini. O filme “O Homem da Cabine”, de Cristiano Burlan, iniciou a programação de cinema nacional, dando ênfase a documentários.
Disponibilizados também desde quinta-feira passada, o documentário chileno “O Pacto de Adriana”, de Lissette Orozco, leva o público a um encontro com a verdade histórica da ditadura e seus efeitos na atualidade; e a animação brasileira “Historietas Assombradas – O Filme”, de Victor-Hugo Borges, dá início à programação voltada ao público infantojuvenil.
Os filmes podem ser acessados na plataforma do Sesc São Paulo.
Foi publicada no “Diário Oficial da União”, nessa quarta-feira (10), a Medida Provisória (MP) 979/20, que dá ao ministro da Educação a prerrogativa de designar reitores e vice-reitores temporários das instituições federais de ensino durante a pandemia de covid-19.
O texto da MP já está em vigor e precisa ser aprovado pelo Congresso em até 120 dias para não perder a validade. Conforme o texto, o ministro da Educação não precisa fazer consulta à comunidade acadêmica ou à lista tríplice para escolha dos reitores.
Segundo a MP, a escolha vale para o caso de término de mandato dos atuais dirigentes durante o período da pandemia e não se aplica às instituições federais de ensino “cujo processo de consulta à comunidade acadêmica para a escolha dos dirigentes tenha sido concluído antes da suspensão das aulas presenciais”.
Na noite de ontem, o Ministério da Educação (MEC) divulgou nota em que diz que a MP é constitucional e não fere a autonomia de universidades e institutos federais.
“Pelo menos 20 instituições devem ter mandatos encerrados até o final do ano – cada mandato dura 4 anos. Nesses casos, o MEC indicará os reitores e vice-reitores em caráter ‘pro tempore’ (temporário) até que haja novos processos eleitorais após o período da pandemia”, diz a nota.
Segundo o MEC, a escolha obedecerá a critérios técnicos, como a exigência do título de doutor do ocupante do cargo, assim como no rito normal de eleição. Os reitores e vice-reitores serão responsáveis pela escolha de outros cargos, como diretores, e essas ocupações também serão provisórias.
“Cabe acrescentar que as eleições para o comando de instituições públicas da rede federal de ensino não têm previsão legal de ocorrerem em ambiente virtual. Isso poderia acontecer caso a Medida Provisória nº 914 fosse votada pelo Congresso Nacional este ano, o que não ocorreu, ou seja, caducou, assim como a MP da carteira estudantil digital. Essa proposta do governo federal previa eleições democráticas, com a participação de toda a comunidade acadêmica – professores, técnicos e alunos. Hoje, com a legislação vigente, a escolha fica restrita ao colegiado de cada instituição”, completa a nota do ministério.
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou pelo Twitter, nesta quarta-feira (10), uma consulta aos inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) sobre a nova data para realização das provas – adiadas por causa da pandemia de covid-19. Os inscritos poderão responder à consulta entre os dias 20 e 30 de junho. “Cada um poderá votar individualmente em sua Página do Participante”, destacou Weintraub.
Taxa
O anúncio da consulta coincide com o último dia para quitar a taxa de inscrição do Enem 2020. Quem não atendeu aos critérios de isenção e não fez o pagamento deverá criar a Guia de Recolhimento da União (GRU Cobrança) na Página do Participante, no valor de R$ 85, e pagar em qualquer banco, casa lotérica ou agência dos Correios. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) reforça o alerta para que os participantes fiquem atentos ao horário e às regras dos correspondentes bancários.
Também devido às medidas restritivas impostas pela pandemia do novo coronavírus, o Ministério da Educação (MEC), por meio do Inep, garantiu a gratuidade da taxa de inscrição aos 4,8 milhões de participantes que se enquadraram nos requisitos para a isenção. O reconhecimento foi assegurado de ofício, sem a necessidade de um pedido formal.
A edição 2020 do Enem recebeu 6,1 milhões de inscrições, e 5,7 milhões já estão confirmadas. Na sexta-feira (12), serão divulgados os resultados para as solicitações de atendimento especializado. A publicação é individual na Página do Participante e, para casos de indeferimento, o Inep abrirá o prazo de 15 a 19 de junho para interposição de recurso.
Quarta-feira é dia de “saborear” textos literários. O BLOG DO PAUTAR abre espaço para o amigo e escritor Fernando Braga. O projeto LITERATURA MARANHENSE é uma iniciativa que tem a finalidade de despertar o interesse pela leitura de bons textos... da nossa literatura. Aproveite... Bom apetite!
Foi Bandeira Tribuzi na redação do “Jornal do Dia”, em São Luís, quem primeiro me falou do poeta Fernando Ferreira de Loanda, o qual pensei que, em se tratando de um poeta português, de sua geração, e pela benquerença com que o tratava, tivera sido seu contemporâneo em Coimbra. Depois, Nauro Machado clareou-me dizendo que Fernando Ferreira de Loanda era um poeta português de Angola, mas já naturalizado brasileiro e um dos mais legítimos representantes da geração de 45 e que fora o editor de “Rosa da Esperança”, livro de poemas de Tribuzi, publicado, no Rio de Janeiro, pelo grupo “Orfeu”, revista dirigida ao tempo por Fernando Ferreira de Loanda.
Fernando Ferreira de Loanda [Luanda-Angola, 1924 – Rio de Janeiro, 2002] surgiu no panorama poético, no início dos anos 50, emergindo com uma tradição propensa ao assombro e à rebeldia, fenômenos naturais à condição humana, para juntar-se a outros jovens como Lêdo Ivo, Astrid Cabral, Thiago de Mello... É o escritor Wilson Martins quem diz: “Prefaciando, em 1991, o que parece ter sido o seu último volume de versos [‘Kuala Lumpur’], Lêdo Ivo, que foi um dos maiores poetas da geração, assinalava que, em sua atividade editorial, Fernando Ferreira de Loanda lançou praticamente todos os poetas então emergentes”. “Foi ele o primeiro editor ‘comercial’ de João Cabral, ao apresentar, nos ‘Poemas reunidos’ (1954), uma obra então rara. E a esse nome consular, acrescentemos os de Afonso Félix de Sousa, Darcy Damasceno, Nilo Aparecido Pinto, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Marly de Oliveira, Octavio Mora, Marcos Konder Reis, Domingos Carvalho da Silva, Walmir Ayala, Gilberto Mendonça Teles, Stella Leonardos e tantos outros que constituem a chamada ‘Geração de 45’[...]”.
Fundou, com Lêdo Ivo, Darcy Damasceno, Fred Pinheiro e Bernardo Gerson, a “Revista Orfeu”, dirigindo-a no Rio de Janeiro, de 1947 a 1953, à maneira da portuguesa, de Fernando Pessoa, Mário-Sá Carneiro e José Almada Negreiros...
O jornalista José Nêumanne Pinto organizou e publicou pela “Geração Editorial”, em 2001, a antologia d’ Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do Século, um dos raros instrumentais que se tem sobre o poeta, já que pouca coisa sobre a vida dele está disponível na “internet”.
“Ele foi uma personalidade relevante no cenário literário tanto como escritor, quanto como editor, compilando as produções de poemas de seus contemporâneos da geração de 45”. Vejam este “Poema para os estudiosos e biógrafos”: “Não me expliquem: prisma, de mil faces, / sou insondável, abissal. / A poesia não é um espelho; é um estado momentâneo. / Se me retrato, logo me desdigo, / transfiguro-me, horizontalizando minhas emoções e incertezas. / Amo o imprevisto, / dói-me o que adivinho; / não me ofereçam / banquetes mastigados. / A clareza não a tenho à superfície; / é necessário uma faca para fazê-la flutuar; / vão ao cerne; / sou quarto crescente na lua cheia. / Não me expliquem pelas palavras, pelo bigode nem pelo cachimbo”.
Seu livro “Signo da Serpente” foi premiado pela Academia Brasileira de Letras, “a chegar frio e sem mais nenhuma esperança”, como diz alguns dos seus amigos. Fernando de Loanda publicou “Antologia da Nova Poesia Brasileira”; “Do amor e do mar”; “Equinócio”. “Kuala Lumpur”; “Oda a Bartolomé Dias y otros poemas” [em espanhol], além de produções em revistas, jornais e espalhadas em palestras e conferências.
O escritor Carlos Pacheco, amigo do poeta, escreve em “Um poeta sepultado vivo”, no qual apuramos este seu grito natural de revolta: “[...] Realmente o mundo das letras, de língua portuguesa acaba de perder um dos seus maiores vultos, só que de uma forma gritantemente absurda: enquanto em todos os quadrantes de língua espanhola – do México à Argentina, incluindo a Espanha – se exalta a poesia de Fernando Ferreira de Loanda, pujante de beleza estética e densidade discursiva, no Brasil, longe disso, essa poesia tem sido emparedada pelas capelinhas, quando não menos votada ao ostracismo. Em Portugal, por incrível que pareça, são raros os que a conhecem”.
Nada mais se sabe... Foram esses os motivos, ou outras vertentes existem? O mundo das artes tem desses mistérios...
Ouçamo-lo em “Viseu Revisited”: “Não falo das ruas da minha infância, / nem as nomeio, para que ignorem a pequenez do meu mundo. / Tinham, porém, fauna e flora, as árvores davam sombra e frutos, / os homens bom-dia e os pássaros cantavam”.
Por fim, neste “Homem de incoercível esperança”, oferecido a Gabiono-Alejandro Carriego, enfeixado em “Poemas da Rua Quito”, Fernando Ferreira de Loanda canta: “Homem de incoercível esperança / transita, sem sonhos ou amanhã, / cúmplice, intemporal, urde a teia, / e ante o silabar e o afresco / trânsfuga, transmuta, transige. / Repetir sempre, tudo já foi dito; / importa é como dizê-lo, insinuá-lo. / Não te acovardes ante a palavra implume. / Se desbotada ou erodida, dá-lhe tua seiva, tua vivência – investe: / morre quem ousa, quem ousa ama”.
Ou ainda: “Acabaram com os bondes / e a paisagem dói; / tentam dinamitar a poesia / os poetas da paróquia, / ardilosos, confundem / o incauto forasteiro, / vendem gato por lebre. / Sê surdo: o exílio / em tua casa, entre os livros, / é a solução; na balança, / a amabilidade de um / ou o impropério de outro / só tem peso para a tua vaidade. / Que falem em vão ao vento”.
E Carlos Pacheco, finaliza triste: “Tudo terminou, para ele e em grande parte para todos, na melancolia cinzenta dos triunfos extintos”. ”Os poetas da minha geração, a malograda, / e os posteriores, os antolhados frívolos da glória, / esqueceram-se de colocar a chave sob o tapete”, cantou por derradeiro o poeta Fernando Ferreira de Loanda em “Ode para Walt Whitman ou Efraim Huerta”.
Este angolano-brasileiro e carioca de adoção faria 78 anos em 19 de setembro de 2002, e poucos dias antes de seu falecimento, a Academia Brasileira de Letras o premiou pelo conjunto de sua obra, prêmio de que tomou conhecimento, mas não chegou a receber.
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* Fernando Braga, in ‘Conversas Vadias’ [Toda prosa], antologia de textos do autor.
Quais os caminhos dos processos de comunicação pós-pandemia? Quais as experiências vivenciadas pelos profissionais da área de comunicação e de outras áreas que deram certo? O que levar em consideração com o cenário criado pela Covid-19? Esses e outros questionamentos serão debatidos no Inspire e Comunique. Um projeto da Inspirar Comunicação que tem por objetivo contar histórias de profissionais da Comunicação que, diante da pandemia do novo coronavírus, tiverem que criar, reformular as maneiras de se comunicar. Teremos, também, a presença de pessoas que, mesmo não sendo profissionais da área, potencializaram a maneira de repassar informações durante esse período. No primeiro diálogo, a “expertise” da jornalista Ironara Pestana, que integra a equipe de comunicação do Hospital São Domingos, organização que, sendo da área médica, foi uma das mais demandadas em termos de serviços, informação e transparência com seu público, com a imprensa e com a sociedade maranhense de modo em geral.
O primeiro diálogo ocorre nesta quarta-feira (10/6), às 19h30. O canal de divulgação será o meio que se consolidou durante a crise sanitária: o digital. Especificamente, a entrevista desta quarta-feira será veiculada no Instagram das jornalistas Yndara Vasques (@yndaravasques), Franci Monteles (@francimonteles) e da Inspirar Inovação e Comunicação (@inspirar_inovacaoecomunicacao).
As profissionais de comunicação pensaram no Inspire e Comunique a partir de uma necessidade do mercado. A crise sanitária oportunizou e consolidou uma nova forma de fazer negócios e prestar serviços, o “on-line”. “Além do meio digital, as pessoas passaram por experiências traumatizantes. É preciso compreender qual o conteúdo a ser repassado em momento de tanta reflexão interna”, enfatizou a jornalista Franci Monteles. O pensar a comunicação requer uma reconstrução das estratégias a partir de uma revisitação da missão, dos valores da organização, da singularidade e da história do empreendimento. “Mais do que nunca, é preciso comunicar com sensibilidade, solidariedade, empatia. Uma comunicação assertiva, nem a positividade e nem pessimismo tóxico”, enfatizou Yndara Vasques.
Os diálogos serão realizados semanalmente, com pessoas contando suas histórias na comunicação. Trazendo experiências para contribuir na construção de um modelo de comunicação, principalmente após a pandemia da Covid-19.
Inspirar Inovação e Comunicação Contatos:
Yndara Vasques e Franci Monteles (98 9 82 20 39 48)