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o fogo que arde
minha alma
é o mesmo
que ladra
tua vida

a água que banha
meu corpo
é a mesma
que inunda
teu ser

o ar que preenche
meu ventre
é o mesmo
que limpa
teu corpo

a terra que sente
minha força
é a mesma
que floresce
teu amor

* Paulo de Tarso Moraes. “Retratos do meu Eu” (inédito).

A repensar em Fernando Pessoa

Sentado à mesa, exausto e psíquico,
óculos de aro fino e lentes grossas,
o poeta de rosto breve, sóbrio e frio,
escrevia defronte de um calendário,
que tão só não lhe roubava o tempo,
mas toda a sua fantástica paisagem.
O poeta sereno debaixo do chapéu,
era um facho transido e constelado.

* Fernando Braga. In “O Sétimo Dia”, São Luis, 1997.

Neste domingo, Dia dos Pais, lembraremos mais alguns casos polêmicos sobre a correta COLOCAÇÃO dos pronomes oblíquos átonos.

Dicas gramaticais

1 – ME TORNAREI ou TORNAREI-ME ou TORNAR-ME-EI o líder do grupo?
Segundo a tradição, o certo é: “TORNAR-ME-EI o líder do grupo”.

“ME TORNAREI” deve ser evitado em textos formais (= pronome oblíquo átono no início da frase);

“TORNAREI-ME” é inaceitável (= ênclise de verbo no FUTURO está sempre errada).

Quando o verbo está no FUTURO do presente ou do pretérito, podemos usar o pronome oblíquo átono em MESÓCLISE:
“Encontrar-NOS-emos na próxima semana”.
“Realizar-SE-ia a reunião hoje”.

2 – Eu ME TORNAREI ou TORNAR-ME-EI o líder do grupo?
Tanto faz. As duas formas são aceitáveis.
A mesóclise (= Eu TORNAR-ME-EI) está correta porque o verbo está no FUTURO;

A próclise (= Eu ME TORNAREI) é aceitável porque o sujeito (= Eu) aparece antes do verbo.

Vejamos outros exemplos:
“Nós ENCONTRAR-NOS-EMOS ou NOS ENCONTRAREMOS aqui”.
“A reunião REALIZAR-SE-IA ou SE REALIZARIA hoje”.

3 – Eu não TORNAR-ME-EI ou ME TORNAREI o líder do grupo?
O certo é: “Eu não ME TORNAREI o líder do grupo”.

A palavra negativa (= não) é a causadora da próclise, mesmo com o verbo no FUTURO. Entre a próclise e a mesóclise, devemos usar a próclise.

4 – O fato VAI-SE REPETIR ou VAI SE REPETIR?
Tanto faz. As duas formas são aceitáveis.

Segundo a sintaxe portuguesa, um pronome oblíquo átono não poderia ficar solto (= sem hífen) entre dois verbos. O certo seria: “O fato VAI-SE REPETIR”.

Entretanto, no Brasil, o uso consagrou e é perfeitamente aceitável pôr o pronome oblíquo átono “solto” entre dois verbos: “O fato VAI SE REPETIR” (= próclise do verbo principal).

5 – A secretária não LHE DEVE ENTREGAR ou DEVE LHE ENTREGAR ou DEVE ENTREGAR-LHE os documentos?
São aceitáveis: A secretária não LHE DEVE ENTREGAR ou A secretária não DEVE ENTREGAR-LHE.

A próclise (= não LHE DEVE ENTREGAR) está correta, devido à palavra negativa (= não);

A ênclise de verbo no INFINITIVO (= não DEVE ENTREGAR-LHE) está sempre correta;

Não é aceitável: A secretária não DEVE LHE ENTREGAR...

Observe outro exemplo:
“Não posso RECEBÊ-LO”.

6 – TINHA-NOS ENTREGADO ou TINHA NOS ENTREGADO ou TINHA ENTREGADO-NOS a carta?
As formas corretas são: “TINHA-NOS ENTREGADO a carta” e “TINHA NOS ENTREGADO”.

A ênclise de verbo no PARTICÍPIO (= ENTREGADO-NOS) está sempre errada.

RESUMINDO:
1) Em textos formais, evite começar frase por pronome oblíquo átono;
2) Prefira, sempre que possível, a próclise;
3) Após o infinitivo, a ênclise está sempre correta;
4) A mesóclise só é possível quando o verbo está no futuro;
5) A ênclise de verbo no futuro ou no particípio está sempre errada.

Teste da semana:
Assinale a opção que completa, corretamente, a frase abaixo:
“__________ meio-dia e __________; no céu, __________ as trovoadas de verão”.
a) era / meia / anunciava-se;
b) eram / meio / anunciavam-se;
c) era / meio / anunciava-se;
d) era / meia / anunciavam-se;
e) eram / meia / anunciavam-se.

Resposta do teste: Letra (d).
O verbo SER fica no singular para concordar com “meio-dia”, que é singular. “Era meio-dia e meia”, porque é “MEIA hora”. A palavra MEIO, quando significa “metade”, é numeral fracionário e deve concordar: “meio litro”, “meia garrafa”, “meio limão”, “meia laranja”. No caso da terceira lacuna, temos a partícula apassivadora “se”. O sujeito do verbo ANUNCIAR é “as trovoadas de verão”, que está no plural. Portanto, o correto é “anunciavam-se as trovoadas de verão”, ou seja, “as trovoadas de verão ERAM ANUNCIADAS”.

A Lei Maria da Penha, importante instrumento de combate à violência contra a mulher, completou 14 anos nessa sexta-feira (7). Não há, no entanto, motivos para comemorar. O ano de 2020 tem se mostrado crítico em relação ao tema, com o aumento nas denúncias de violência e dos casos de feminicídio, em meio à pandemia do novo coronavírus (covid-19), que determina o isolamento social, como forma de combater a transmissão do vírus.

O número de denúncias feitas à Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos teve um aumento médio de 14,1% nos primeiros quatro meses do ano, em comparação com igual período do ano passado. O total de registros foi de 32,9 mil entre janeiro e abril de 2019 contra 37,5 mil em igual período deste ano, com destaque para o mês de abril, que apresentou um aumento de 37,6% no comparativo entre os dois anos.

Além disso, os casos de feminicídio cresceram 22,2%, entre março e abril deste ano, em 12 Estados, comparativamente ao ano passado. Feminicídio é o assassinato de uma mulher, cometido devido ao desprezo que o autor do crime sente quanto à identidade de gênero da vítima.

Em virtude das subnotificações, os números oficiais não refletem a realidade dos casos no país. Ou seja, existem episódios de violência que não entram nas estatísticas oficiais. De acordo com a secretária nacional de Políticas para as Mulheres, Cristiane Britto, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos vem trabalhando em novas ferramentas para reduzir a subnotificação.

Dentre essas ferramentas, estão o aplicativo Direitos Humanos Brasil, um canal de denúncia “on-line” via “site” da ouvidoria e outro canal, via aplicativo Telegram. O ministério, inclusive, lançou uma campanha chamada “Alô Vizinho”. A campanha está em dez Estados e tem a intenção de despertar o senso de urgência da população diante de casos de violência na vizinhança.

“Precisamos esclarecer que a violência doméstica é crime e desmistificar a ideia de quem em briga de marido e mulher não se deve meter a colher. Já tivemos relatos positivos de mulheres que recorreram a vizinhos nesse momento crítico e que foram socorridas. É preciso destacar que essa denúncia pode ser realizada de forma absolutamente anônima”, disse Cristiane.

(Fonte: Agência Brasil)

Morreu neste sábado (8), no Rio de Janeiro, a atriz Chica Xavier. Ela tinha 88 anos de idade e marcou presença no cinema, no teatro e na televisão brasileira como uma das primeiras atrizes negras a desempenhar papéis marcantes. Chica Xavier morreu em decorrência de um câncer de pulmão, descoberto já em estágio avançado. As informações foram divulgadas em nota, pela assessoria da Rede Globo.

“Uma precursora, símbolo de gerações de atrizes e atores negros, de representatividade, que trazia em cada cena ou fala traços latentes de baianidade. Nunca negou a origem. Um sorriso inconfundível, que bastava ser visto uma vez para não mais esquecer”, disse a emissora.

Baiana, Chica Xavier mudou-se para o Rio de Janeiro em 1953, aos 21 anos. Foi casada por 64 anos com o também ator Clementino Kelé. Em 1956, encenaram a primeira peça de suas carreiras, “Orfeu da Conceição”, de Vinícius de Moraes.

No cinema, estreou em 1962, no filme “Assalto ao Trem Pagador”, dirigido por Roberto Farias.

Participou de inúmeras novelas na TV Globo. A primeira delas foi “Os Ossos do Barão”, quando interpretou a personagem Rosa, em 1973.

Desde então, foram mais de 50 personagens só na televisão, como a Bá, de “Sinhá Moça”; Inácia, de “Renascer”, e a mãe-de-santo Magé Bassã, da minissérie “Tenda dos Milagres”.

Esteve presente em outras novelas, como “Pátria Minha”, “Cara & Coroa”, “Rei do Gado”, “Força de um Desejo”. O trabalho mais recente na emissora foi na novela “Cheias de Charme”, em 2012.

Em 2010, recebeu o Troféu Palmares concedido pelo extinto Ministério da Cultura, pelo trabalho de preservação e incentivo à cultura afro-brasileira.

Na quarta-feira (5), Chica Xavier deu entrada em um hospital na zona oeste do Rio, com um quadro de desconforto respiratório contínuo.

(Fonte: Agência Brasil)

A Frente Nacional de Prefeitos (FNP) apresentou, nessa sexta-feira (7), ao ministro da Economia, Paulo Guedes, uma pauta de reivindicações que inclui a possibilidade de flexibilização na aplicação do mínimo constitucional em educação em 2020. Pela Constituição Federal, Estados e municípios devem investir, no mínimo, 25% das receitas provenientes de impostos e transferências a cada ano no setor. Como a crise econômica decorrente da pandemia de covid-19 derrubou a arrecadação tributária, os gestores municipais alegam dificuldades para cumprir com os pagamentos.

“Defendemos uma legislação, de forma excepcional, que considere os gastos em educação tudo aquilo que foi empenhado, e não somente o que foi pago, como a lei determina”, disse o prefeito de Teresina (PI), Firmino Filho, vice-presidente da FNP, em entrevista a jornalistas após a reunião com o ministro. “A gente não quer que os municípios deixem de investir [em educação]. Aquilo que for empenhado em 2020 vai ser cumprido no exercício financeiro dos anos seguintes, incluídos em restos a pagar”.

Segundo o prefeito, uma cláusula transitória poderia ser incluída na discussão sobre o novo pacto federativo, em tramitação no Congresso Nacional. A FNP representa as capitais dos Estados e as cidades com mais de 80 mil habitantes, cerca de 400 municípios (no universo de 5.570) que concentram 60% da população e 75% da atividade econômica.

Além de prorrogar os pagamentos na área de educação, os prefeitos também querem suspender o pagamento dos precatórios (dívidas determinadas em processos judiciais). “Levantamos a necessidade de debatermos a suspensão de pagamentos de precatórios, que estão empossados nos Tribunais de Justiça, por causa da debilidade financeira das prefeituras. O objetivo é que os municípios médios possam ter novo prazo para cumprir esses precatórios de 2020”, argumentou o prefeito.

No mês passado, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), entidade que representa os municípios de pequeno porte, pediu a aprovação de uma linha de crédito para financiar o pagamento de precatórios municipais, com o objetivo de injetar mais de R$ 40 bilhões na economia brasileira, que é o montante estimado de precatórios devidos pelas administrações municipais.

Manutenção do ISS

Durante a reunião com Guedes, os representantes da FNP defenderam que o Imposto sobre Serviços (ISS), que é um tributo municipal, fique de fora da reforma tributária em andamento no Legislativo. No fim do mês passado, o governo federal apresentou a primeira parte da proposta da reforma, que prevê a unificação apenas dos impostos federais, dando lugar a uma contribuição única sobre bens e serviços, com alíquota de 12%. Outras duas propostas de emenda constitucional também tramitam no Congresso e preveem justamente a unificação de todos os demais tributos, incluindo o ISS (municipal) e o ICMS (estadual).

“Nossa posição é favorável à unificação, mas temos muita dificuldade na unificação do ISS em um único imposto de valor agregado”, disse o prefeito de Teresina. Segundo Firmino Filho, o ministro Paulo Guedes demonstrou apoio à manutenção do ISS. “Ele foi muito explícito, disse que apoia a nossa tese de manter o ISS. É um imposto de potencial fantástico no futuro, tendo em vista que os serviços serão mais sofisticados, de maior valor agregado. Seria uma irresponsabilidade dos municípios abrirem mão, ainda mais sabendo que a União não vai compensar os entes federativos por eventuais perdas se houver uma unificação”.

(Fonte: Agência Brasil)

Dona Carlinda

UMA MÃE, UM FILHO

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Não sou candidato a santo, não estou em busca de carimbar passaporte para o céu, mas, em termos de Política e de Gestão Pública (com letras maiúsculas), em termos de Vida e do Ofício de viver, não abdico do direito de permanecer maximamente correto – e isto, de algum modo, tem a ver com os padrões de seriedade que Dª Carlinda Orlanda Sanches, minha mãe, pregava e dos quais se orgulhava (ela faleceu aos 49 anos).

Na infância, em Caxias, quando eu chegava em casa da escola (o Coelho Netto, do Dr. Marcello Thadeu de Assumpção, e o Bandeirante, lá no Morro do Alecrim), minha mãe examinava o material escolar e perguntava:

“– De quem é esse lápis?”

“– Encontrei no caminho da escola, mamãe”.

“– Pois amanhã meu filho o devolve para a professora ou diretora, pois alguém o perdeu. E não faça sua mãe ir lá para saber se você devolveu ou não. Sua mãe é pobre mas tem condição de comprar um lápis, se precisar”.

E ela concluía, simples e magistralmente:

“– Meu filho, o que é seu é seu, o que é dos outros é dos outros”.

Além do dia e da noite, e uma enorme saudade, foi essa a herança que minha mãe deixou. Devo ter meus momentos de “deseducação”, mas eles não fazem parte, não derivam do legado de Dona Carlinda.

Educação, aprende-se em casa – e pratica-se, ou não, nas ruas da vida.

Ética. Bons modos. Respeito. Não ser bandido.

Ao lembrar de minha mãe, meu tempo muda...

Chove muito dentro de mim...

* EDMILSON SANCHES.

“No final do dia de hoje, quando o relógio indicar meia-noite, 12 mulheres terão sido mortas por homens”.

“Na história e no imaginário feminino, os homens têm sido ‘príncipes encantados’, ‘cavaleiros’ libertadores, cavalheiros galanteadores, heróis salvadores. Talvez as mulheres se contentem que sejamos apenas amigos, amantes, companheiros, que as amem, que as respeitem”.

“Não deveríamos perder essa referência. Não deveríamos perder-nos a nós mesmos. Corremos o risco, por causa da bestialidade de uns tantos homens, de sermos apenas isto: COVARDES”.

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Atenção: No final do dia de hoje, quando o relógio indicar meia-noite, 12 mulheres terão sido mortas por homens.

Não me sai da cabeça a suprema covardia masculina contra aquela jovem estudante de Medicina, na Índia, que foi estuprada violentamente, diversas vezes, dentro de um ônibus em movimento.

Chegaram a contar pelo menos seis homens, inclusive o motorista e o cobrador. Cada um estuprou a jovem pelo menos duas vezes. Usaram lâmina para cortar-lhe as roupas – lâminas que também lhe talharam fundamente o corpo de 23 anos.

Não satisfeitos, esses rascunhos de homens espancaram o colega da universitária, roubaram os valores e outros pertences dos dois e, violência das violências, enfiaram, na jovem acadêmica, barras de ferro que lhe dilaceraram a genitália, o ventre, o útero e muito mais. Violência tanta, mais tanta que perdeu os intestinos.

Em um gesto derradeiro de desvalor ao próximo, as aberrações masculinas jogaram o corpo da jovem ao chão... com o veículo em movimento.

Talvez eles achem que foram piedosos, que tiveram um último laivo de comiseração ao não “completarem” logo o “serviço” e matarem por asfixia, estrangulamento ou decapitação a jovem já inerte, seviciada, violentada, brutalizada...

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Nós homens costumamos dizer que não se deve tentar compreender as mulheres. Então, os que dizem isso têm alguma explicação para as violências que cometemos contra elas? Como compreender o bestial? Como justificar o animalesco?

Outra selvageria, a mais nova brutalidade divulgada mundialmente do masculino contra o feminino chega a seu paroxismo, seu momento de maior intensidade: uma jovem, menor, que foi brutalizada, estuprada, no Rio de Janeiro, Brasil, por mais de 30 homens, segundo a contagem inicial.

Qual será a nova selvageria que cometeremos, até ela ser substituída por uma nova desgraça cometida por homens contra mulheres?...

Parece que os homens têm uma frustração primal, dos tempos do Éden, por ter sido feito primeiro, por ser uma espécie de rascunho, um “borrão” para a criação posterior, mais perfeita, curvilínea, sedutora – a mulher.

A beleza, a sensualidade, o “appeal” (apelo), o dengo, o jeito, o encantamento, a atração, a sedução e o que mais desperte desejo, vontade, necessidade, apetite sexual não pode ser satisfeito assim, na marra, na tora, como se o ser feminino fosse mais uma “coisa” de que o homem pudesse dispor, usar, usufruir livremente, sem necessidade da conquista, sem amor ao outro ou, no mínimo, respeito ao outro ou demonstração de algum sentimento de ternura, de – vá lá – humanidade.

As estatísticas mostram números horríveis: 1 bilhão de mulheres já sofreram estupro ou espancamento.

De cada 5 mulheres, uma foi ou será estuprada até o fim de sua vida.

Nos Estados Unidos, uma mulher a cada 15 segundos é agredida pelo marido, namorado, parceiro.

Na França, 25 mil mulheres são estupradas por ano.

No Congo (uma “república democrática”), a cada hora, 48 mulheres são estupradas – quase uma por minuto.

No Brasil, 5 mulheres a cada dois minutos são agredidas, inclusive agressão sexual. A cada duas horas, uma mulher é morta em nosso país. Morta por homens, na violência. Feminicídio.

No Brasil, antes de arrotarmos contra procedimentos e “costumes” de outros países, aqui, no Sul do país, um homem entregou a própria irmã de 18 anos para ser estuprada durante 90 minutos, por causa de uma dívida de 600 reais.

Tem algo de errado com o gênero masculino. Seja em remotas tribos africanas, seja em lares e lugares norte-americanos ou franceses, seja nas terras brasileiras é violência demais do homem contra a mulher. Violência covarde. Porque se prevalece ou da força física, da voz grossa e mandona, ou do “status” econômico (provedor de alimentos), ou da condição social, quando não da pura e simples e detestável ignorância, rudeza, grosseria.

Na história e no imaginário feminino, os homens têm sido “príncipes encantados”, “cavaleiros” libertadores, cavalheiros galanteadores, heróis salvadores. Talvez as mulheres se contentem que sejamos apenas amigos, amantes, companheiros, que as amem, que as respeitem.

Não deveríamos perder essa referência. Não deveríamos perder-nos a nós mesmos. Corremos o risco, por causa da bestialidade de uns tantos homens, de sermos apenas isso: COVARDES.

* EDMILSON SANCHES

Foto:
A farmacêutica-bioquímica cearense Maria da Penha, brutalizada pelo marido (tiro, eletrocussão e afogamento). Ficou paraplégica.

As aulas presenciais na rede de ensino de São Paulo vão voltar no dia 7 de outubro, um mês após a previsão inicial do governo paulista. O anúncio foi feito, nesta sexta-feira (7), pelo governador de São Paulo, João Doria.

“A data foi adiada por recomendação do Centro de Contingência do Coronavírus para garantir margem de segurança maior”, disse o governador.

Para que haja retorno às aulas presenciais, todo o Estado paulista precisa estar na Fase 3 – Amarela do Plano São Paulo: 80% das regiões precisarão estar há 28 dias nessa fase e, o restante, há, pelo menos, 14 semanas nessa etapa.

A medida afeta 13,3 milhões de alunos do Estado, tanto da rede pública quanto da rede privada, e atinge todas as etapas de ensino, do infantil às universidades de São Paulo.

O retorno às aulas foi planejado com base no Plano São Paulo de retomada econômica do Estado. O Plano São Paulo é dividido em cinco fases que vão do nível máximo de restrição de atividades não essenciais (Vermelho) a etapas identificadas como controle (Laranja), flexibilização (Amarelo), abertura parcial (Verde) e normal controlado (Azul).

Doria autorizou também que, a partir do dia 8 de setembro, unidades escolares localizadas em cidades na Fase 3 – Amarela do Plano São Paulo há 28 dias, como é o caso da capital paulista, poderão reabrir, de forma opcional, para atividades de reforço ou de acolhimento de alunos. Mas isso terá que ser colocado em consulta com a comunidade escolar e terá que ser feito com limite de alunos e obedecendo a protocolos sanitários.

As aulas presenciais na rede estadual de São Paulo estão suspensas desde o dia 23 de março como medida de controle à propagação do novo coronavírus. Atualmente, as aulas das escolas estaduais ocorrem de forma remota e “on-line”, sendo transmitidas por meio do aplicativo Centro de Mídias SP (CMSP), plataforma criada pela secretaria de Educação durante a pandemia do novo coronavírus. Ela também é transmitida por meio dos canais digitais na TV 2.2 – TV Univesp e 2.3 - TV Educação.

Mudanças

Inicialmente, a previsão do governo paulista era de que as aulas presenciais na rede de ensino do Estado voltariam a partir do dia 8 de setembro, desde que todo o Estado estivesse há 28 dias na Fase 3 – Amarela do Plano São Paulo. Esse anúncio foi feito no dia 24 de junho.

Depois, na edição do decreto, em julho, o governo recuou, anunciando que o novo requisito era que todo o Estado estivesse na Fase Amarela, mas apenas 80% das regiões precisariam estar há 28 dias nessa fase.

Na última segunda-feira (3), o secretário da Educação, Rossieli Soares, confirmou a mudança. “Como uma exceção, poderá ser considerado apenas 80% [do Estado há 28 dias na fase amarela], mas terá que chegar a todo o Estado na Fase Amarela”, disse.

Com a atualização anunciada hoje, 86% do Estado paulista está agora na Fase Amarela do Plano São Paulo.

Autonomia dos municípios

Na última segunda-feira (3), Rossieli Soares disse que cada município terá autonomia para decidir sobre a volta às aulas. “Mas estamos trabalhando em conjunto”, disse na ocasião.

Com isso, alguns municípios da Região Metropolitana do Estado anunciaram, já nesta semana, que não voltarão às aulas este ano, caso das cidades de Santo André e de Mauá.

“A presença das crianças nas escolas aumentaria as chances de disseminação do coronavírus, colocando em risco não somente a vida dos alunos, mas dos responsáveis pelos estudantes, dos educadores e profissionais que atuam nas unidades escolares, principalmente daqueles que fazem parte do grupo de risco”, alertou o comunicado da Prefeitura de Santo André.

“Mesmo que a cidade tenha baixos índices de evolução da doença, as crianças são possíveis transmissores para pais, irmãos e avós”, afirmou a Prefeitura de Mauá.

Na última quarta-feira (5), a Câmara Municipal de São Paulo aprovou um projeto de lei que define medidas para a volta às aulas, entre elas, uma que faculta aos pais ou responsáveis legais a decisão sobre o comparecimento às aulas presenciais durante o período de pandemia.

Esta semana, o Grupo de Atuação Especial de Educação (Geduc) do Ministério Público informou que vai acompanhar o plano do governo estadual para a retomada das aulas presenciais. Segundo o órgão, foi requisitada à Secretaria da Educação todas as informações sobre o programa de reabertura das escolas e de reinício das aulas presenciais. A intenção, de acordo com o Geduc, é verificar em que condições as instituições estão sendo preparadas e se elas não irão agravar a situação de pandemia no Estado.

Protocolo de retomada

O protocolo para a volta das aulas presenciais prevê o retorno de forma gradual. Na primeira etapa, até 35% dos alunos poderão voltar às aulas presenciais, respeitando o distanciamento de 1,5 metro entre eles, com o restante dos alunos em aulas remotas e “on-line”. Esse formato deve ser adotado em forma de rodízio.

Alunos e professores dos grupos de risco para o novo coronavírus deverão ser poupados, permanecendo em casa.

(Fonte: Agência Brasil)