Skip to content

Atenágoras Reis Batista (*)

14/3/2024

*

O Guardião do Saber Maranhense, no coração do Maranhão, terra de encantos mil, vive um homem cuja vida é uma verdadeira ode ao conhecimento e à paixão pela cultura e desenvolvimento de sua terra natal. Edmilson Sanches, mais do que um nome, é uma instituição de sabedoria, uma enciclopédia ambulante que tem dedicado sua existência à educação, à literatura e ao progresso do seu Estado e de sua gente.

Chamá-lo de professor é apenas arranhar a superfície de quem Edmilson verdadeiramente é. Ele é um farol de inteligência e dedicação, cuja luz se espalha por meio de palestras, cursos, consultorias e, de forma muito especial, através de sua prolífica produção literária. Autor de dezenas de livros e enciclopédias, Edmilson não apenas registra o saber; ele o cria, molda e compartilha, tornando-se pra mim um dos mais respeitados e influentes pensadores de sua geração.

Sua paixão pelo desenvolvimento é palpável. Cada palavra que escreve, cada conceito que ensina, é impregnado de um amor incondicional pelo Maranhão, por Caxias, sua cidade natal, e por Imperatriz, terra que também lhe é cara.

Edmilson Sanches vê além do horizonte; ele enxerga o potencial latente em sua terra e em seu povo, e dedica sua vida a transformar esse potencial em realidade.

Como um verdadeiro apaixonado por Administração, Comunicação, Desenvolvimento, História e Literatura, Edmilson transcende a mera transmissão de conhecimento. Ele é um construtor de pontes entre o passado e o futuro, entre o sonho e a realização. Sua obra é um testamento de fé no poder da educação e na capacidade de transformação que ela possui.

A riqueza de sua contribuição ao Maranhão e ao Brasil é imensurável. Edmilson Sanches é um tesouro vivo, cuja mente brilhante e coração generoso têm iluminado o caminho de incontáveis pessoas. Seu legado é vasto, não apenas pelos livros que escreveu, mas pelas vidas que tocou e transformou.

Neste dia, presto homenagem a esse gigante do saber, esse maranhense de corpo e alma que tem sido uma bússola moral e intelectual para tantos. Edmilson Sanches, sua jornada é uma inspiração, sua vida, um livro aberto repleto de lições de amor, dedicação e incansável busca pelo desenvolvimento. Que as gerações futuras possam se espelhar em seu exemplo, perpetuando a chama do conhecimento e do amor pelo Maranhão.

Edmilson Sanches, um patrimônio do Maranhão e da sabedoria brasileira.

*ATENÁGORAS REIS BATISTA

(*) Empresário em Imperatriz (MA). Foi presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Imperatriz (ACII); do Rotary Club-Imperatriz; do Comitê de Cidadania de Imperatriz; do Partido Socialista Brasileiro (PSB).

__

NOTA (Edmilson Sanches): Atenágoras Reis Batista fez aniversário dia 12 de março, em Imperatriz (MA). Dois dias depois, 14/3/2024, é ele quem oferta o presente: em sua página de Facebook, depois de quase meia dúzia de anos sem nos (re)vermos, em razão de minhas viagens e mudanças, Atenágoras coloca em palavras um pouco da amizade, do companheirismo e da parceria que, por décadas, mantivemos em nome do desenvolvimento local e regional, a partir de Imperatriz (em especial na ACII, da qual também fui diretor), em nome da solidariedade e de realizações (no Rotary Club, onde ambos desempenhamos papeis de mérito) e em nome das causas cidadãs e cívico-políticas (em partido político e no Comitê da Cidadania, onde ambos fomos presidente). Amizades nem sempre são fáceis de manter; e expressá-las em palavras públicas, é um gesto de humildade, segurança... e iluminação. Sou grato aos pais do Atenágoras, José Coelho (Zezito), ex-presidente da Associação Comercial e do Rotary e meu companheiro de Rotary, e Dayse Batista, minha amiga, cuja voz en/canta; sou grato à esposa do Atenágoras, Rosemere (Rose, farmacêutica-bioquímica), e às duas lindas filhas do casal, Isabella Lima Batista (médica) e Gabriella Lima Batista (faz em São Paulo o último ano de Medicina) – família que sempre me recebeu tão bem em sua casa, à sua mesa, embaixo da mangueira, sempre com boas conversas e muita alegria, além da saudável preocupação com as coisas e causas de Imperatriz, do Maranhão, do Brasil e do mundo. Saúde para todos. Saudades de todos. (E. S.)

FOTOS:

Atenágoras Reis Batista com a esposa, Rose. Com a mãe, Dayse, e os irmãos Graziela e Júnior. Com o pai, Zezito e as duas filhas, Isabella e Gabriella. E nos Estados Unidos, com esposa, filhas e amigos.

JOÃO RENÔR FERREIRA DE CARVALHO

(Riachão/MA, 1º/5/1944 – São Luís/MA, 20/3/2016)

– Mestre e doutor em História na França é patrono da Cadeira 22 da Academia João-lisboense de Letras. Foi membro das academias de Letras de Imperatriz e de Pastos Bons e membro correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias. É patrono da Cadeira 17 do Instituto Histórico e Geográfico de Imperatriz (IHGI).

* * *

O dia 20 de março, em 2016, foi um domingo. Naquela data, tive de passar adiante a informação que eu não esperava dar: morrera naquela manhã dominical, no Hospital Carlos Macieira, em São Luís (MA), o professor, doutor em História e escritor João Renôr Ferreira de Carvalho.

João Renôr estava internado em São Luís, desde a primeira semana de março de 2016. Fora submetido a uma intervenção cirúrgica no Hospital Socorrão 1. Amigos fizeram uma “corrente” para que ele fosse transferido para um hospital com mais recursos. Foi para o Hospital Carlos Macieira.

Desde 18/3/2016, por meio do professor e amigo comum Jessé Cutrim, eu ficara sabendo do agravamento do quadro. Um casal de filhos do João Renôr já estava ao lado do pai, acompanhando o que se pretendia fosse sua recuperação.

Mas, naquele domingo, há oito anos, a notícia final. Fatal. João Renôr, historiador e pesquisador dos mais prolíficos do nosso Estado e ainda do Piauí, Amapá e Amazônia em geral, professor de gerações, doutor, ex-reitor, deixava a vida para entrar na História – como, em ambiente trágico, escreveu o ex-presidente Getúlio Vargas.

João Renôr faleceu na manhã de 20/3/2016. O velório teve início às 16h, na funerária Pax União, em São Luís. Na segunda-feira, 21/3/2016, às 10h, o corpo foi à cremação em cemitério do município de Paço do Lumiar (MA). As cinzas foram lançadas no encontro dos rios Solimões e Tapajós, na Amazônia, região que Renôr tanto pesquisou e sobre a qual tanto escreveu.

Como registrava em seu próprio blog, João Renôr Ferreira de Carvalho nasceu em Riachão (*), no sul do Maranhão, “filho de agricultor sem terra e de mãe analfabeta descendente da Nação Indígena Timbira”. Bacharel em História pela Universidade Federal de Pernambuco, em Recife, em 1972. Fez mestrado em Geografia Humana no Institut d'Etudes du Dévéloppement Economique et Social da Universidade de Paris I (Sorbonne, 1975) e doutorado em História Latino-Americana pelo Institut Des Hautes Etudes de L'Amérique Latine na Universidade de Paris III (Sorbonne, em 1979).

Renôr foi professor titular do Departamento de Geografia e História da Universidade Federal do Piauí. Na área de História, tinha ênfase em História do Brasil, História da América Latina, atuando principalmente nos seguintes temas: Indigenismo Brasileiro e Amazônico, Memória, História do Maranhão, História da Amazônia e Etnologia de comunidades tribais do Nordeste.

Além dos muitos encontros em instituições e o sem-número de conversas particulares, João Renôr e eu costumávamos nos encontrar em ônibus que faziam linha pelas estradas do Maranhão – eu, em geral viajando para ministrar palestras ou prestar consultorias culturais, editoriais, jornalísticas ou em administração pública e empresarial. Já o Renôr, sempre cheio de planos, muito produtivo, “elétrico”, energizado. Era um gigante que o corpo miúdo parecia não caber.

Autor de mais de 30 livros, foi reitor da Universidade Federal do Amapá e ensinou na Universidade Estadual do Maranhão, inclusive em Imperatriz, para onde vinha com muita frequência e onde era membro, e meu colega, da Academia Imperatrizense de Letras, entidade que fundei há 33 anos, em 27 de abril de 1991, e que presidi duas vezes.

Em homenagem ao amigo Renôr, em homenagem ao seu trabalho, escolhi seu nome como patrono da Cadeira nº 22, que ocupo na Academia João-lisboense de Letras, no município de João Lisboa (MA).

Aposentou-se como professor da Universidade Federal do Piauí, onde, a partir da capital, Teresina, dividia com um amigo comum, o advogado e acadêmico Celso Barros Coelho, as responsabilidades pela Academia de Letras, História e Ecologia da Região Integrada de Pastos Bons, da histórica cidade de mesmo nome, no sul do Maranhão.

Riachão, Imperatriz, Pastos Bons, o Maranhão, Teresina, o Piauí, o Amapá, o Amazonas e a Amazônia e o Brasil certamente ficaram órfãos dos estudos e do enorme amor pessoal e, sem trocadilho, histórico que João Renôr tinha por essas cidades, por esses Estados, por essas regiões e por nosso país.

E nós, seus amigos e colegas, ficamos órfãos da amizade, do bom humor e de seus trabalhos históricos que nos tornavam mais senhores de nossa própria História.

Depois de tanto caminhar, de tanto caminhar por Estradas, por selvas, por cidades e países, por tribos e academias, João Renôr, cedo ainda, foi descansar o descanso eterno.

Fique em paz, amigo.

*

(*) Alguns registros, inclusive em livro, dão João Renôr como nascido em Fortaleza dos Nogueiras (MA). Pode até ser que o lugar exato onde João Renôr tenha nascido integre territorialmente a área desse município maranhense. Entretanto, além da anotação do próprio João Renôr de que nasceu em Riachão, consigne-se que Riachão, existente desde 1808 e elevado à categoria de vila em 1835, tornou-se município em 1911. João Renôr nasceria aí 33 anos depois, em 1944. Quatro anos depois do nascimento do grande professor e historiador, é que Fortaleza dos Nogueiras, em 31 de dezembro de 1948, passou a integrar oficialmente o território de Riachão, como distrito, conforme a Lei Estadual 269/48, reconfirmada em 1º de julho de 1950 e, novamente, dez anos depois, em 1º de julho de 1960. Apenas no ano seguinte, em 22 de novembro de 1961, quando João Renôr contava 17 anos de idade, o distrito riachãoense de Fortaleza dos Nogueiras foi criado como município, conforme a Lei Estadual nº 2.155/61, obviamente, desmembrado de Riachão.

* EDMILSON SANCHES

FOTOS:

O professor João Renôr, com duas de suas obras (inclusive uma edição anotada, crítica, de “O Sertão”, de Carlota Carvalho). E, devidamente paramentado, em reunião na Academia Imperatrizense de Letras (é o primeiro à esquerda, seguido de seus Confrades Benedito Batista e Jurivê de Macedo (ambos falecidos), professoras Edna Ventura e Liratelma Cerqueira e Edmilson Sanches e José Bonifácio César Ribeiro (Zeca Tocantins).

Pioneira do judô feminino, Keiko Fukuda foi a única mulher a atingir o grau de 10º DAN. Para a japonesa, a judoca deveria “ser gentil, amável e bonita, ainda firme e forte, mentalmente e fisicamente” para superar as adversidades impostas pela sociedade às mulheres. O lema de Keiko Fukuda norteia a difícil caminhada das judocas que, a cada dia, têm conquistado cada vez mais espaço dentro do dojô. E, como forma de celebrar, incentivar e fortalecer o judô feminino no Maranhão, a Federação Maranhense de Judô (FMJ) inovou e vai promover um “supertreino”, exclusivamente voltado para as mulheres. A ação, que recebeu o nome de “Treino Keiko Fukuda FMJ”, ocorrerá neste sábado (23) a partir das 10h, simultaneamente, nas cidades de São Luís, Imperatriz e Bacabal. 

Na capital maranhense, o “Treino Keiko Fukuda FMJ” será realizado na Academia Guerreiro Judô, no Bairro do Anil. Em Imperatriz, o evento será na Associação Judô Mazzili e, em Bacabal, na Academia Judô Tiradentes. 

“A Keiko Fukuda é um símbolo de força, técnica e mentalidade vencedora. Esse treino tem como objetivo reunir as meninas, pra gente fazer um treinamento e também para que a gente possa se envolver mais e possa estar proporcionando mais treinos. Como em março é celebrado o Dia Internacional da Mulher, achamos propício um treinamento só para as meninas. O judô feminino tem ganhado força, já temos mais mulheres faixas pretas, mais senseis,  e isso está engrandecendo muito o judô feminino. Além disso, temos muitas meninas que já conquistaram muitos títulos. Temos que reconhecer e valorizar”, explicou a sensei Roseane Braga, primeira faixa preta do Maranhão. 

O fortalecimento do judô feminino no Estado é prioridade da FMJ, que tem buscado mecanismos para incentivar, motivar e difundir o esporte entre as mulheres. De acordo com Rodolfo Leite, presidente da federação, a modalidade só tem a ganhar com uma maior participação das mulheres. 

“Temos trabalhado para que o judô feminino fique cada vez mais forte e atraia mais e mais meninas. Ficamos felizes em poder proporcionar eventos como esse Treino Keiko Fukuda FMJ, que será realizado em três cidades ao mesmo tempo. Tenho certeza de que esse evento será um sucesso”, explicou Rodolfo Leite. 

Seleção Maranhense

No domingo (24), a Federação Maranhense de Judô também vai promover um treino voltado para os atletas que compõem o Time Maranhão que, no mês de abril, vão a Teresina (PI) para a disputa do Campeonato Brasileiro Regional. Os judocas conquistaram suas respectivas vagas na Seleção Maranhense após a realização da seletiva no início de março. 

O Treino FMJ do Time Maranhão ocorrerá na Academia Viva Água, no Bairro do Renascença e será dividido em duas sessões: a primeira ocorrerá das 9h às 10h e será voltada para atletas das categorias Sub-13 e Sub-15; já a segunda, das 10h às 12h, vai reunir judocas das categorias Sub-18 e Sênior. 

(Fonte: Assessoria de imprensa)

A HISTÓRIA DO PRIMEIRO LIVRO DE IMPERATRIZ

*

Há 52 anos, em 19 de março de 1972, era lançado o livro “Eu, Imperatriz”, escrito pela professora, historiadora e, à época, servidora pública municipal Edelvira Marques de Moraes Barros.

Em 2012, quando se completavam 40 anos da publicação, foi aprovada a Lei Municipal nº 1.468/2012, que criou o “Dia do Livro Imperatrizense”, de autoria do jornalista e vereador Edmilson Sanches, também o criador e presidente, por duas vezes, da Academia Imperatrizense de Letras, entidade da qual Edelvira Marques foi membro.

O livro

O livro “Eu, Imperatriz” consumiu dois anos de pesquisa e redação. Ele foi “composto e impresso nas oficinas da Editora Rio Bonito”, em Goiânia, como está no colofão (inscrição em página final de um livro com informações sobre data e local de impressão da obra). Da recepção dos originais à entrega dos livros, cerca de cinco meses se passaram.

O livro tem o formato de 15 centímetros (cm) de largura por 22,5cm de altura. Tem 294 páginas, das quais 277 numeradas, resultando numa lombada de 1,5cm. Traz a partitura de uma marcha-hino em homenagem à Transamazônica, feita por Benedito Santana, e um pequeno mapa de Imperatriz (“planta placográfica”), desenhado pelo técnico agrícola Natanael, onde se distribuem 458 quarteirões, nenhum deles após a BR-010, exceto as indicações da estrada para o município de João Lisboa, o aeroporto e as instalações da usina da Cemar [hoje, Equatorial] e do armazém da Cibrazem.

O conteúdo do livro é dividido em duas partes, a primeira com 78 itens e, a segunda, com 46, além de um “Apêndice” com 15 biografias.

Basicamente, a primeira parte trata de assuntos históricos, passados, reservando-se à segunda parte para os aspectos mais atuais da vida do município (“atuais”, aqui, refere-se aos dois primeiros anos da década de 1970, quando governava Imperatriz, em mandato tampão – até janeiro de 1973 –, o prefeito Renato Cortez Moreira, que tomara posse em 31 de janeiro de 1970, tendo como vice Dorgival Pinheiro de Sousa. Ambos, Renato e Dorgival, além de terem estado unidos pela missão de governar, também se uniriam, fatidicamente, pela violência, com a triste coincidência de morrerem assassinados à bala – Dorgival Pinheiro em 12 de novembro de 1971 e Renato Moreira em 6 de outubro de 1994).

O livro “Eu, Imperatriz” foi escrito na primeira pessoa do singular, como se fosse a cidade de Imperatriz contando sua própria história, como se fosse uma autobiografia.

Os textos são de fácil leitura e vêm com “vocabulário” que dá o significado das palavras mais “difíceis”. Traz, ainda, espaço para exercícios de fixação e sugere atividades como, por exemplo, visitar a igreja da qual se falou na página anterior.

A capa do livro, em duas cores, foi desenhada pelo assistente social Nestor, que, tempos depois, se mudaria para Montes Altos. A cor azul representa a água (do Rio Tocantins), e a vermelha simboliza a terra fértil do município. No canto inferior direito, um desenho, também em azul, projeta uma espécie de marco ou obelisco para a cidade, um desejo pessoal do capista. Nestor, como assistente social, trabalhou em missões marcantes, como a realocação de famílias do município de Alcântara, a ilha maranhense onde hoje está um dos mais estratégicos centros de lançamentos de foguetes do mundo.

“Eu, Imperatriz” não é livro pronto e acabado (pois livros assim não existem), mas, além de referência primeira da bibliografia e da história de Imperatriz, serve como elemento de introdução para começar a conhecer, em linguagem simples, um pouco do passado do município, que teve início em 16 de julho de 1852, mais de 172 anos atrás.

A autora

Edelvira Marques de Moraes Barros era professora, historiadora, escritora, servidora do município e política.

Nascida, criada e casada em Imperatriz, onde também deu à luz filhos e livros e se tornou a referência primeira e por excelência quando o assunto é a memória do município.

Foi secretária municipal e vereadora em Imperatriz, de 3 de maio de 1958 a 31 de janeiro de 1963. Publicou três livros, todos sobre a história da cidade: “Eu, Imperatriz” (1972), “História da Fundação de Imperatriz” (1993) e “Imperatriz: Memória e Registro” (1996). Deixou pronto outro livro: “O Sertanista Mundico Barros”, sobre Raimundo de Moraes Barros, seu pai, que, entre outros cargos e funções, foi prefeito de Imperatriz e é patrono da Cadeira nº 6 da AIL, ocupada por Lília Diniz desde abril de 2008.

Edelvira foi diretora do Educandário Cristo Rei e integrou, em 1972, representando o magistério, a comissão que escolheu o Hino, a Bandeira e o Brasão de Imperatriz, designada, para este fim, pelo prefeito Renato Moreira. Em 1995, recebeu a Comenda Frei Manoel Procópio do Coração de Maria. Em 5 de outubro de 1999, recebeu a Medalha do Mérito Timbira, do governo do Maranhão, pelo seu trabalho em favor da educação no município. Foi membro da Academia Imperatrizense de Letras, da qual recebeu o Prêmio AIL. Faleceu em 21 de novembro de 2007.

Adendo (19/3/2024)

Durante décadas, eu e outros – sobretudo na Academia Imperatrizense de Letras – tínhamos a professora Edelvira Marques de Moraes Barros como a primeira pessoa nascida em Imperatriz a publicar um livro. Não foi. Ela é a primeira pessoa nascida em Imperatriz a ter escrito um “livro imperatrizense” – aqui entendido uma obra que trata de assuntos sobre o município. É Edelvira, portanto, a primeira, a iniciadora, a inauguradora da Literatura, por assim dizer, imperatrizense e pioneira da Historiografia ou Literatura Histórica do município.

Repita-se: Se foi a primeira pessoa a escrever um livro “imperatrizense”, Edelvira Barros não foi a primeira pessoa imperatrizense a escrever um livro. Como o comprovaram pesquisas e achados posteriores, à frente o professor, escritor e membro da Academia Imperatrizense de Letras Ribamar Silva, é Manoel de Souza Lima [1889-1941], também professor e escritor, a primeira pessoa nascida em Imperatriz a escrever e publicar um livro.

Como eu registro no prefácio à mais nova edição da obra poética “Outono”, de Souza Lima, lançada em 2019, no 17º Salimp – Salão do Livro de Imperatriz, em que foi homenageado, “o primeiro livro de Souza Lima, o romance ‘Sete Lagoas ou Igapó Seié’, é de 1927; o segundo é de 1931, o também romance ‘O Tupinambá’, mais conhecido em Imperatriz, onde se publicou sua 2ª edição, de 2015. Inéditos, Souza Lima deixou um terceiro romance (‘Mistérios das Selvas’) e ‘Contos Indígenas’. Também três seriam os livros de poesia: ‘Soluços e Gorjeios’, ‘Poesias da Natureza’ e este ‘Outono’, a primeira obra poética de Souza Lima em livro, cuja 1ª edição é póstuma, de 1993, 51 anos após o falecimento do autor”. (Esse prefácio considera Souza Lima grajauense, como era tido como certo na época. Interessados podem solicitar cópia por “e-mail” ou WhatsApp).

Como é próprio das pesquisas históricas – geológicas, arqueológicas, antropológicas e mesmo literárias –, a naturalidade de Manoel de Souza Lima não se entregou facilmente, ora conduzindo os pesquisadores a rumos boêmios e conclusões inconformes: às vezes, sinalizava fortemente como sendo Souza Lima filho de terras goianas ou tocantinas; outras vezes, havia a certeza – “taken for granted” – de ser filho maranhense... mas nascido em Grajaú... Até que a verdade saiu do poço, ou de gavetas e pastas de papeis, e se atestou, documentalmente, que, sim, Manoel de Souza Lima é nosso, de Imperatriz, “Princesa do Tocantins”, Maranhão, Brasil.

Embora a variedade de sua obra – romancista, contística, poética – e embora as leituras e estudos feitos até agora, ainda não se tem notícia de elementos imperatrizenses na obra manoeliana, que possam vincular o autor-filho à terra-mãe, que possa novamente cerzir, ao ventre maternal, o umbigo filial – ou, ainda, um dia, com a transferência dos restos mortais do Autor, se cumpra a sentença latina do definitiva e terno retorno: “Revertere ad locum tuum” (“Voltarás ao teu lugar”).

Mas estes pontos e narrativas – a pesquisa sobre a naturalidade de Souza Lima e elos de sua obra com a terra onde nasceu – são outras (boas) histórias, para outros contarem...

* EDMILSON SANCHES

FOTOS:

As duas edições de “Eu, Imperatriz” e a autora, professora Edelvira Marques de Moraes Barros. O escritor Manoel de Souza Lima.

Brasília (DF) 28/11/2023 – Estudantes do ensino médio terão poupança para permanecer na escola
Foto: Andre Borges/Agência Brasília

O pagamento do Incentivo-Matrícula do Programa Pé-de-Meia do Ministério da Educação (MEC) será pago a partir de 26 de março até 3 de abril aos estudantes matriculados em alguma das três séries do ensino médio público.

O depósito da parcela única de R$ 200 do primeiro incentivo financeiro-educacional do programa será feito conforme o mês de nascimento dos alunos.

·         26 de março: estudantes nascidos em janeiro e fevereiro;

·         27 de março: estudantes nascidos em março e abril;

·         28 de março: estudantes nascidos em maio e junho;

·         1º de abril: estudantes nascidos em julho e agosto;

·         2 de abril: estudantes nascidos em setembro e outubro;

·         3 de abril: estudantes nascidos em novembro e dezembro.

Depósito

O Incentivo-Matrícula será creditado em contas digitais abertas, automaticamente, pela Caixa Econômica Federal em nome dos alunos.

No caso de o estudante do ensino médio público beneficiado ser menor de idade, será necessário que o responsável legal autorize o estudante a movimentar a conta, para sacar o dinheiro ou usar o aplicativo Caixa Tem. Esse consentimento poderá ser feito em uma agência bancária da Caixa ou pelo aplicativo Caixa Tem. Se o aluno tiver 18 anos ou mais, a conta já estará desbloqueada para utilização do valor recebido.

O incentivo é pago apenas uma vez ao ano, ainda que o estudante realize transferência de matrícula entre escolas ou redes de ensino no mesmo ano letivo.

Porém, aquele aluno que abandonou a escola e voltou a estudar ou que reprovou aquela série terá direito ao Incentivo-Matrícula da respectiva série apenas mais uma vez, durante o período de permanência no ensino médio, esclarece o MEC.

Envio de informações

Para fazer o depósito deste primeiro incentivo, o MEC se baseará em informações enviadas pelas redes de ensino dos municípios, Estados e do Distrito Federal entre 29 de fevereiro e 8 de março deste ano, via Sistema Gestão Presente (SGP), conforme previsto na Lei 14.818/2024.

O não compartilhamento das informações sobre os estudantes matriculados nas respectivas redes de ensino poderá impactar o pagamento dos incentivos relativos ao período em que as informações não foram compartilhadas.

Para quem não for beneficiado neste primeiro período, o MEC informa que se ocorrerem correções e atualizações das informações referentes à matrícula, por parte das redes públicas de ensino médio, entre 9 de março e 14 de junho, o pagamento do Incentivo-Matrícula poderá ser feito até 1º de julho.

O Pé-de-Meia é um programa de incentivo financeiro-educacional, na modalidade de poupança, destinado a promover a permanência e a conclusão escolar de estudantes matriculados no ensino médio público. Por meio do incentivo à permanência escolar, o programa quer democratizar o acesso e reduzir a desigualdade social entre os jovens do ensino médio, além de promover mais inclusão social pela educação, estimulando a mobilidade social. Foto Arte/Arte/Ministério da Educação

O Pé-de-Meia é um programa de incentivo financeiro-educacional do governo federal, na modalidade de poupança, destinado a promover a permanência e a conclusão escolar de pessoas matriculadas no ensino médio público.

O objetivo é democratizar o acesso e reduzir a desigualdade social entre os jovens do ensino médio, além de promover mais inclusão social pela educação, estimulando a mobilidade social.

O Pé-de-Meia prevê o pagamento de incentivo mensal de R$ 200, que pode ser sacado em qualquer momento, além dos depósitos de R$ 1.000 ao término de cada ano concluído, que só poderão ser retirados da poupança após a conclusão do ano letivo. Se consideradas as dez parcelas de incentivo, os depósitos anuais e, ainda, o adicional de R$ 200 pela participação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) na última série, os valores podem chegar a R$ 9.200 por aluno.

Os estudantes com dúvidas sobre o Pé-de-Meia podem acessar uma seção de Perguntas Frequentes sobre o programa no portal do MEC. Outros canais são o Fale Conosco do MEC (telefone 0800 616161) e o portal de atendimento, por meio da opção 7 e seleção do assunto Programa Pé-de-Meia.

(Fonte: Agência Brasil)

Nem 8 nem 80... 88.

*

Juntos, somam, em 2024, quase três séculos de vida: 282 anos cheios de conhecimentos, experiências, sabedoria, exemplos de luta, trabalho e superação, de honestidade pessoal, profissional e intelectual.

Os três – José Herênio de Souza, 97 anos em setembro; Osmar Walcacer de Oliveira, 97 anos em agosto (“in memoriam”); e José Geraldo da Costa, 88 anos neste 18 de março – são, pode-se dizer, os mais longevos usufrutuários da vida entre os membros da Academia Imperatrizense de Letras (AIL).

Em comum, além da Academia, os três têm o “peso” da responsabilidade de ser e de servir, todos tendo dedicado a Imperatriz e região grande parte de seu tempo, esforço, talento e outros recursos.

Em 17 de fevereiro e nas edições de 3 e 10 de março de 2024, com textos de Edmilson Sanches, a AIL e o jornal “O Progresso” reconheceram e homenagearam cada um desses trabalhadores da Cultura e da Educação, da História e do Jornalismo.

*

Neste 18 de março de 2024, o educador, ambientalista, administrador público, professor universitário e ativista sociocomunitário José Geraldo da Costa completa 88 anos.

Nesse mesmo dia, há oito anos, escrevi o texto abaixo, que li para ele e amigos em sua residência, na comemoração de seus 80 anos bem vividos.

As palavras e a admiração se mantêm.

Felicidades, Seu Zé e sua Maria! (E. S.)

* * *

NOS 80 ANOS DE JOSÉ GERALDO DA COSTA (18/3/2016) – O dia 18 de março, em 1936, foi uma quarta-feira. Quarta-feira é bem no meio da semana. E no meio está a virtude – “in medio virtus”, diziam os latinos. Ou: “Pelo meio irás muito seguro” (“Medio tutissimus ibis”, como registra Ovídio).

Foi nesse dia, mês e ano que, em Recife (PE), nasceu José Geraldo da Costa, filho de Amaro e saído, em sua expressão, “do conforto ambiental interno” de sua mãe, Dª Odette.

Geraldo completa 80 anos e a cidade que, pelo visto, ouvido e vivido, escolheu para ficar deveria fazer festa.

Deveria brindar o muito que ele já fez, em pensamentos, ideias e ações, e deveria dele cobrar o muito mais que pode(ria) fazer – caso lhe fossem solicitados seus múltiplos conhecimentos, variados serviços e sólidas experiências, além do inquestionado compromisso com as coisas e causas locais (sobretudo locais), regionais, nacionais, mundiais, universais e que tais.

Mas Imperatriz ainda deve ao Zé Geraldo, isto é, deve/ria solicitar-lhe o concurso de seu talento e trabalho.

Formado na primeira turma de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro, com vida vivida e serviços prestados à gestão pública em São Paulo, com possibilidade de transferir-se para outro país, a oportunidade, o querer ou o acaso acabou por trazer para Imperatriz esse patrimônio humano de fazer saber (como professor) e saber fazer (consultor, gestor, assessor).

Imperatriz conta com capitais intelectuais subaproveitados ou ainda não aproveitados. Trata-se de um desperdício indesculpável, que se debita, no Serviço Público, à conta de gestores incompetentes, inseguros, incapazes de romper a carapaça em que se encolhem e escondem, refratários a qualquer coisa que seja excelência, qualidade, inovação, ousadia, criatividade. Napoleão Bonaparte dizia do por que existem tão poucos estadistas: para ganhar o Poder, é preciso mesquinhez; para exercer o Poder, é preciso grandeza – e por isso as pessoas que têm grandeza dificilmente chegam ao Poder, porque não sabem, não querem ou não concordam em descer ao nível dos tapetes (baixeza e sujeira) para conquistar posições políticas no Executivo ou no Legislativo. Assim, quem é mesquinho raramente convida e convive com a grandeza, ou os grandes, de sentimentos, talentos e trabalhos nobres.

Sou depositário de produções (textos técnicos e literários) de José Geraldo, que recolhi ou dele recebi (e venho recebendo e conservando) desde a década de 1980. Quando, pela segunda vez, fui eleito presidente da Academia Imperatrizense de Letras, além de, em 2002, ter criado a Semana Imperatrizense do Livro (depois tornada Salão do Livro, Salimp), iniciei, em 2003, um plano editorial que publicaria textos dos acadêmicos que ainda não tivessem livros próprios – na época, dos 33 membros da Academia, oito nunca tinham tido livro editado com seu próprio nome, e José Geraldo da Costa era um desses nomes. Assim, com boa apresentação gráfica, com projeto e concepção da capa do próprio autor, Zé Geraldo abriu o plano editorial, com a publicação do seu até agora único livro, “Ais Caem”, de poesia, como sugere o título, alusão e trocadilho com “haicai”, nome daqueles concisos poemas japoneses, surgidos no século XVI.

Quando fui trabalhar e estudar (Direito e pós-graduação em Administração de Empresas) em Fortaleza, quem eu encontro lá: o irmão e quase sósia do Geraldo, o maior, melhor, mais querido e mais famoso livreiro da capital alencarina, o Gabriel. Pronto! Foi uma alegria só: quase que diariamente (ou noturnamente...) estava eu ali na Livraria Gabriel da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará. Eram compras e conversas muitas, lembranças e saberes divididos, ideias e ideais (e indignações cívicas) fortalecidos. E, claro, as recorrentes referências e relembranças relacionados ao José Geraldo, amigo (meu) e irmão (dele, Gabriel).

José Geraldo da Costa completa 80 anos, e se a cidade não faz festa esta não há de faltar no coração e espírito do mais jovem dos nossos oitentões.

Na Bíblia, o rico e bom Barzilai, que acolheu e alimentou Davi (que fugia do próprio filho e rebelde Absalão), já se considerava velho e alquebrado aos 80 anos, pelo que preferiu não aceitar o convite do rei para aproveitar as benesses da corte, quando Davi retomou o poder usurpado. Perguntou Barzilai (está lá no segundo livro de Samuel, capítulo 19, versículo 35: “Da idade de oitenta anos sou eu hoje; poderia eu discernir entre o bom e o mau? Poderia o teu servo ter gosto no que comer e beber? Poderia eu mais ouvir a voz dos cantores e cantoras? E por que será o teu servo ainda pesado ao rei meu senhor?”

Nos Salmos (Sm 90,10) salmeia-se: “Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira e enfado, pois cedo se corta e vamos voando”.

Os falares e fazeres de José Geraldo não o revelam em idade oitentã. E se aqui e acolá o alcança alguma canseira ou eventual enfado, estes serão mais de “inconformações” e inconformismos cidadãos do que de inconformidades e indisposições físicas.

O talentoso e produtivo Zé Geraldo chega aos 80. Ainda tem muito chão pela frente. De José Geraldo a terra ainda haverá de lhe permitir muitos rastros de seus pés e muitos carinhos de suas mãos, caminheiro e cultivador que ele é.

Moisés tinha 80 e Arão 83 quando falaram de liberdade ao faraó. Geraldo bem que tentou, e o que falou, se foi escutado, não foi feito pelos “faraós” da atualidade.

E já que estamos falando em Bíblia (e Bíblia e Geraldo independem de religiões), Lameque estava prolífico aos 182 anos. E Matusalém, nem se fala...

Para José Geraldo da Costa, 80 anos, hum!, é só o começo.

Ou recomeço, para um homem que se recomeça e se reinventa todo santo dia.

Feliz aniversário, Zé.

E que seu Contrato com a Vida se renove por muitos e muitos anos.

* EDMILSON SANCHES

FOTOS:

José Geraldo a cavalo: cavalgando bem a vida. No centro da foto, Dona Odette, e, de branco, os filhos José Geraldo (à esquerda) e Gabriel. Capa de seu livro, "Ais Caem".

Brasília (DF), 05/03/2024, 4ª Conferência Nacional de Cultura, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

Até 7 de abril, está aberta a primeira consulta pública para a elaboração do novo Plano Nacional de Cultura (PNC). Qualquer cidadão com conta no Portal Gov.br deve responder às perguntas sobre as expectativas da sociedade sobre o PNC na Plataforma Participa+Brasi

Esta será a primeira etapa da atualização do PNC, que estabelece metas e indicadores para as políticas culturais. Em vigor desde 2010, o plano atual acabará neste ano.

Nesta etapa, o Ministério da Cultura está recolhendo expectativas do setor cultural e da sociedade sobre o planejamento das políticas para o setor. Os participantes da consulta devem responder, em até 300 caracteres, à seguinte pergunta: “O que você espera do próximo Plano Nacional de Cultura (PNC)?”

Em seguida, o participante deve responder qual a cor/raça, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), qual a identidade de gênero e se é uma pessoa com deficiência. Somente quem estiver logado no Portal Gov.br pode participar.

Discutido na Conferência Nacional de Cultura, que ocorreu no início do mês em Brasília, o Plano Nacional de Cultura será escrito com base nas decisões da conferência e com mais debates com os conselhos de Cultura nos Estados e municípios. Durante o processo, haverá outras consultas públicas, audiências, debates presenciais em viagens pelo país e votações on-line.

(Fonte: Agência Brasil)

São Paulo (SP), 15/03/2024 - Mostra Além, muito além do Zé do Caixão, com curadoria de Marcelo Colaiácovo, homenageia o cineasta José Mojica Marins, no bar Soberano, em Santa Ifigênia. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Além, Muito Além do Zé do Caixão é uma exposição que traz não só material inédito sobre o personagem de filmes de terror, como busca resgatar facetas menos conhecidas de seu criador, o ator e diretor José Mojica Marins. “A minha geração, por exemplo, conheceu o Zé como um cara de programa de auditório, uma coisa meio caricata, daquela figura com as unhas grandes. Não era todo mundo que sabia que o cara tinha feito mais de 100 produções”, explica o curador da mostra, Marcelo Colaiacovo.

Nessa extensa carreira, que começa na década de 1940 e chega aos anos 2000, além do terror, Mojica dirigiu e atuou em filmes de faroeste, aventura, dramas sombrios (noir) e comédia. “Tem filmes de sexo explícito, que a gente deixou mais para o segundo andar, uma coisa mais 18 anos”, completa Colaiacovo sobre a organização da mostra. Podem ser vistos cartazes dos filmes, objetos cênicos, trechos de algumas produções e colagens inéditas.

São Paulo (SP), 15/03/2024 - Mostra Além, muito além do Zé do Caixão, com curadoria de Marcelo Colaiácovo, homenageia o cineasta José Mojica Marins, no bar Soberano, em Santa Ifigênia. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Obras inéditas

 “Quando o cinema acabou na Boca do Lixo, nos anos 1990, no Brasil, o Zé ficava recortando revista, recortando paisagens, juntava com coisas dos cartazes dele, xerocava, pintava com canetinha [caneta hidrocor]. Fez um trabalho de artes plásticas”, explica o curador sobre as obras que compõem o acervo da família do artista, que morreu em 2020, aos 83 anos. Ele completaria 88 anos na última quarta-feira (13).

Outra raridade é uma cena perdida do primeiro longa-metragem A Sina do Aventureiro, um faroeste de 1958. A película foi digitalizada artesanalmente pelo curador e faz parte do acervo que está sob sua guarda. Segundo ele, havia quem dissesse que a cena desaparecida por décadas, em que Mojica contracena com duas atrizes em um cabaré, não existia. “Os especialistas falavam que era mentira”, diz.

Boca do Lixo e Cracolândia

Para recontar a história de Mojica, Colaiacovo está resgatando, também, a história da chamada Boca do Lixo, área da região central paulistana que foi um polo de produção cinematográfica, principalmente entre as décadas de 1950 e 1980. Com sua sócia e companheira, Renata Forato, reabriu o Bar Soberano, que era ponto de encontro dos artistas à época. “O pessoal chegava aqui com um roteiro, e as produções eram formadas na mesa do bar. Atrizes escolhidas, eletricistas, maquinistas, era um lugar bem democrático”, conta sobre o espaço que foi reaberto próximo à Estação da Luz, em meio à aglomeração de pessoas em situação de rua e com consumo abusivo de drogas, conhecida com Cracolândia.

São Paulo (SP), 15/03/2024 - Mostra Além, muito além do Zé do Caixão, com curadoria de Marcelo Colaiácovo, homenageia o cineasta José Mojica Marins, no bar Soberano, em Santa Ifigênia. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

“A gente não teria como acessar esse lugar se ele não tivesse tão degradado. A gente fez uma parceria independente com o antigo proprietário, porque era um lugar que, para ele, não valia a pena”, explica sobre como conseguiu realizar o sonho que alimentava há 15 anos de abrir um espaço sobre a história do cinema da Boca do Lixo.

Durante a reforma para criação do empreendimento, que funcionará como bar e centro cultural, o casal se aproximou das organizações que oferecem atendimento à população desprotegida socialmente. “Fomos conhecendo todo tipo de coletivo, ONG [organização não governamental], artistas independentes e foi uma surpresa incrível de respeito com as pessoas, de ver como é possível lidar com as situações mais difíceis de uma maneira humana”, diz.

O curador lembra, inclusive, que, mesmo antes da chegada do crack, já havia uma população marginalizada naquelas ruas. “À época da boca, do cinema, tinha um respeito mútuo com a marginalidade, a prostituição, o crime. O cinema aqui era uma coisa cara, que todo mundo respeitava: não ia vir aqui alguém assaltar as atrizes porque o negócio ficava feio”, lembra Colaiacovo, que foi assistente de Mojica por 15 anos.

Ele também se diz tranquilo em lidar com a carga controversa de parte da produção de Mojica, como a violência e o machismo, vistos por vezes no seu principal personagem. “O Zé do Caixão é um assassino. Ele mata pessoas porque tem uma funerária. É um sádico que mata e ainda lucra”, explica sobre como o personagem é claramente um vilão e não há exaltação de suas condutas. “É um personagem desprezível”, enfatiza Colaiacovo.

São Paulo (SP), 15/03/2024 - Mostra Além, muito além do Zé do Caixão, com curadoria de Marcelo Colaiácovo, homenageia o cineasta José Mojica Marins, no bar Soberano, em Santa Ifigênia. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Além do caixão

Os filmes feitos com baixo orçamento marcaram não só a história do cinema nacional, mas são referência do gênero em outras partes do mundo. Uma das filhas de Mojica, Liz Marins, lembra que o diretor norte-americano Tim Burton, nas vezes que esteve em São Paulo, se encontrou com o criador do Zé do Caixão e manifestou sua admiração pelo trabalho. Burton comandou grandes produções em Hollywood, como os filmes Edward Mãos de Tesoura e A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça. “Papai foi uma das referências do Tim. É muito forte isso, porque o trabalho do Tim é maravilhoso também”, diz Liz.

Com criatividade, Mojica foi capaz de produzir cenas e efeitos que custariam muito mais do que os recursos que tinha disponíveis. Um desses momentos acontece, segundo Liz, em À Meia-Noite Levarei Sua Alma, quando o diretor simula uma cena externa em um bosque, dentro de um espaço do tamanho de um quarto. O negócio é impressionante, ele correndo, perseguido por mortos-vivos pela floresta, você vai pensar que isso foi um cemitério. uma gravação externa. Nunca você vai imaginar que aquilo lá era pessoal correndo meio que em círculos”, diz.

O primeiro estúdio do criador do Zé do Caixão foi um galinheiro adaptado. De acordo com Colaiacovo, foi ali que Mojica fez os primeiros filmes amadores na década de 1940. De uma família de artistas circenses espanhóis, o curador da exposição conta que, desde cedo, ele esteve em contato com a arte e com o cinema, até por esse ter sido um dos negócios do pai. “O pai e o tio eram toureiros e artistas. Eles estimularam muito o Mojica desde pequeno. Quando compraram o cinema, eles moravam nos fundos”, conta.

A exposição pode ser vista na Rua do Triunfo, 155, no centro paulistano, de quarta-feira a sábado, das 10h às 16h. A entrada é gratuita.

(Fonte: Agência Brasil)

Fundação completa 50 anos com mostras dedicadas aos 500 anos de Camões e 200 anos da primeira Constituição brasileira. Foto: Júlio Acevedo

Uma homenagem de um marido em luto para a falecida esposa. Foi assim que nasceu a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano. Era março de 1974, dois anos após a morte de Maria Luisa, quando o engenheiro paulistano Oscar Americano de Caldas Filho (1908-1974) decidiu transformar a casa da família, na Avenida Morumbi, zona sul paulistana, em um espaço de lazer e cultura. 

Fundação Maria Luisa e Oscar Americano completa 50 anos com mostras dedicadas aos 500 anos de Camões e 200 anos da primeira Constituição brasileira. - Maria Luisa. Foto: Acervo Fundação Maria Luisa e Oscar Americano
Quadro Maria Luisa

Oscar Americano era um conhecido engenheiro de grandes obras no país e proprietário da Companhia Brasileira de Projetos e Obras (CBPO). “Oscar Americano foi um dos grandes responsáveis pelo crescimento e urbanização da cidade [de São Paulo], especialmente da região do Morumbi”, disse Luiz Ventura, diretor-administrativo e financeiro da fundação. Já Maria Luisa Ferraz Americano de Caldas (1917-1972) era mecenas, uma patrocinadora de artistas.

“Essa transição de uma casa para museu vem de uma ideia do Oscar Americano para homenagear Maria Luisa. Os dois morrem jovens: ela com 54 e ele com 66 anos, em um intervalo de dois anos entre a morte de um e outro. Durante o luto, ele teve essa ideia de fazer reformas [na casa] e deixar um fundo de dinheiro pra cuidar desses primeiros anos de expansão do acervo e foi assim que se organizou essa homenagem. O acervo começa com essa ideia da casa, do parque e da coleção do casal sendo doados para que outras pessoas pudessem prestigiar e acessar um pouco da visão e do cotidiano deles”, explicou Gloria Maria dos Santos, educadora da fundação.

Foi assim que a casa modernista onde o casal viveu, projetada pelo famoso engenheiro-arquiteto Oswaldo Arthur Bratke (1907-1997) e rodeada por um vasto parque com paisagismo de Octavio Augusto Teixeira Mendes (1907-1988), foi doada à cidade de São Paulo, com uma vasta coleção de obras de arte. Vizinha do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, a fundação foi tombada, em 2018, pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp). Antes disso, a fundação já havia sido declarada de utilidade pública pelo governo de São Paulo.

Neta de Oscar e de Maria Luisa, Patrícia Americano Vidigal Simón, conselheira da fundação, não conheceu os avós, mas mesmo assim, diz que o espaço tem um significado muito especial para ela. “Aqui sempre foi uma referência da minha família, mostrando como eles viviam. Sempre tive curiosidade de entender como é que era essa dinâmica familiar, mesmo porque a minha mãe era a mais nova da família, a filha temporã. A história que eu escuto é que ela teve um cômodo adaptado para ela”, contou ela à Agência Brasil.

“Infelizmente, não os conheci [os avós]. Queria muito ter vivido aqui nessa casa, enquanto ela era casa, mas fui saber mais sobre ela com a minha participação na fundação”, acrescentou.

Hoje, o endereço onde o casal Oscar Americano e Maria Luisa viveu por 20 anos com os cinco filhos é um espaço cultural e arquitetônico formado por uma casa-museu, um parque com espécies nativas da Mata Atlântica e uma vasta programação cultural, que inclui os tradicionais domingos com concerto musical no auditório da casa e encontros literários. “O que a família almeja é que permaneça esse legado dos meus avós no sentido da cultura, da música, da arte e do parque. A fundação precisa ser um parque artístico e cultural”, reforçou Patrícia.

Fundação completa 50 anos com mostras dedicadas aos 500 anos de Camões e 200 anos da primeira Constituição brasileira. Foto: Fundação Maria Luisa e Oscar Americano

Acervo

Entre 1974, ano em que foi instituída a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, e 1980, quando a sede foi aberta ao público, a casa sofreu adaptações para permitir a distribuição organizada do acervo para visitação.

A coleção inicial teve como base os objetos de arte pertencentes à família, composto por pinturas, esculturas, porcelanas, pratas e mobiliário. Ao longo do tempo, novas peças foram sendo incluídas ao vasto acervo, que abriga objetos que ajudam a compor um retrato do país. “Todas as peças aqui conversam com a história do Brasil”, explicou Luís Henrique Rodrigues, educador da fundação.

O acervo é constituído, por exemplo, por mobiliários, pratarias, arte sacra e pinturas do artista holandês Frans Post, que ajudam a contar o período do Brasil Colônia; até louças, comendas, cartas e adereços do Brasil Império. “A nossa coleção Imperial, possivelmente, está entre as três coleções mais importantes do Brasil junto ao Museu Imperial [em Petropólis-RJ] e o Museu Mariano Procópio [em Juiz de Fora-MG]”, conta Eduardo Monteiro, diretor cultural da Fundação.

Há no acervo, também, muitas obras representativas do Modernismo brasileiro, com pinturas e esculturas de Di Cavalcanti, Cândido Portinari, Lasar Segall e Victor Brecheret.

“A narrativa que a gente tende a seguir é essa que conta 400 anos de Brasil. Então, a gente pensa a representação do Brasil colonial, Brasil imperial e, também, de artistas modernos. Nesse caráter de coleção do Modernismo ainda entram a casa e o parque”, esclareceu Gloria Maria dos Santos. “Quando a gente está lidando com um acervo que passa tanto pelo [período] colonial e pelo imperial, [precisamos] justamente entender que eram tempos diferentes. Agora, quando já temos um outro olhar, podemos ir revisitando essas obras”, disse a monitora.

Celebrações

Os 50 anos da fundação, completados neste mês de março, vai ser celebrado com programação diversa. A agenda prevê palestras sobre a história do Brasil, encontros literários, concertos musicais, exposições e até chá com integrantes da Academia Paulista de Letras (APL).

Em abril, por exemplo, um evento literário vai falar sobre os 500 anos de nascimento do poeta e dramaturgo Luís de Camões (nascimento estimado em 1524 e morte em 1580), destacando uma peça do acervo da fundação: uma cópia do livro Os Lusíadas que foi feita especialmente para homenagear Dom Pedro II.

Haverá, também, homenagens aos 80 anos de nascimento do poeta brasileiro Paulo Leminski (1944-1989) e aos 200 anos da primeira Constituição brasileira, de 1824. Para a celebração da Constituição, por exemplo, a fundação vai destacar um exemplar do seu acervo: um estojo contendo uma miniatura da Constituição Imperial, outorgada por D. Pedro I.

A Constituição de 1824 foi a de duração mais longa do país, num total de 65 anos. A Carta continha 179 artigos e é considerada pelos historiadores como uma imposição do imperador. Entre as principais medidas dessa Constituição, estava o fortalecimento do poder pessoal de Dom Pedro, com a criação do Poder Moderador, que estava acima dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Fundação completa 50 anos com mostras dedicadas aos 500 anos de Camões e 200 anos da primeira Constituição brasileira. Medalha-estojo da Constituição Imperial outorgada por d. Pedro em 1824. Foto: Fundação Maria Luisa e Oscar Americano
Medalha-estojo da Constituição Imperial

“Temos esse exemplar, em miniatura, da Constituição de 1824. Vamos fazer uma mostra para expor essa peça no hall de entrada porque ela é uma peça única. É incrível que está tudo escrito ali, em papel. É uma medalha-estojo, com a Constituição ali dentro”, disse Monteiro.

A instituição também está se preparando para os 200 anos de nascimento de Dom Pedro II, que serão completados em 2025. Para isso, ela vai realizar uma série de palestras sobre a história do Brasil, que vão culminar com uma exposição sobre Dom Pedro II, a partir de novembro.

A Fundação Maria Luisa e Oscar Americano tem entrada gratuita às terças-feiras. Mais informações podem ser obtidas no site da instituição

(Fonte: Agência Brasil)

Fundo de Financiamento Estudantil,Fies

O Ministério da Educação prorrogou o prazo de inscrição para o processo seletivo do Fies do primeiro semestre do ano para próxima segunda-feira (18).

O programa financia a graduação de estudantes em instituições privadas de ensino superior.

Os interessados em participar devem se inscrever até antes da meia-noite da próxima segunda, pelo horário de Brasília, no Portal Único de Acesso ao Ensino Superior.

A prorrogação foi publicada na última sexta-feira (15), quando acabava o prazo de inscrições para o Fies.

As demais datas do processo seletivo não foram alteradas. Ou seja, no dia 21 de março, sai o resultado, e a complementação da inscrição dos pré-selecionados vai de 22 a 26 de março.

Participam desta edição 1.260 instituições privadas de educação superior que oferecem, por meio do programa, 67 mil vagas para financiamento.

Metade delas é reservada para o Fies Social, que atende pessoas com renda familiar de até meio salário mínimo inscritas no CadÚnico, o Cadastro Único para Programas sociais do governo federal.

Esse grupo pode financiar até 100% dos encargos educacionais cobrados pela instituição privada de educação superior.

(Fonte: Agência Brasil)