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A pesquisadora Juliana Damasceno demostra equipamento para criação da Ilha de policogeração sustentável capaz de gerar eletricidade, água destilada, biocombustível e outros insumos na COPPE/UFRJ

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) lançou, nessa quarta-feira (6), edital ofertando R$ 100 milhões para apoiar a formação de meninas e mulheres em cursos das ciências exatas, engenharias e computação. O objetivo da medida é estimular a diversidade na pesquisa científica

A medida é voltada para meninas e mulheres matriculadas no 8º e no 9º ano do ensino fundamental e no ensino médio em escolas públicas, além daquelas matriculadas na graduação de exatas, engenharias e computação.

A cientista Hildete Pereira de Melo ressalta que, em todos os campos científicos, homens brancos são presença predominante, mas que as mulheres sempre estão nos bastidores. “Você vai remexendo os baús da história, e você vai achando mulheres, só que elas estão escondidas”.

A história da ciência é marcada pela ação de pioneiras no cenário internacional, como Marie Curie, nascida na Polônia, em 1867, que foi a primeira mulher a ganhar um Prêmio Nobel e a primeira pessoa a ser premiada em duas categorias, química e física com pesquisas sobre radioatividade; quanto no nacional, onde se destacou Bertha Lutz, bióloga e diplomata tida como responsável por incluir a igualdade de gênero na Carta da Organização das Nações Unidas.

“A maior cientista brasileira, eu vou ousar dizê-lo, Johanna Döbereiner é a mulher que permitiu, pelas descobertas dela, que o cerrado brasileiro pudesse produzir soja, açúcar”, defende Hildete.

Professora de economia e políticas sociais da Universidade Federal Fluminense, Hildete é uma das autoras do livro Pioneiras da CIência no Brasil, A economista se dedicou, ao longo da carreira, aos estudos de gênero. ”Casar não estava nas minhas cogitações (...) Eu queria ser um objeto de significado social”. 

A luta dos movimentos sociais busca representatividade e direito a ocupar todos os espaços na sociedade. 

Dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) apontam que 58% dos 100 mil bolsistas de mestrado, doutorado e pós-doutorado no país são mulheres, mas esse número não representa a realidade dos cargos de chefia. “A gente continua massivamente nas escolas, mas eu diria que as lideranças ainda são masculinas”, aponta Hildete.

Para uma das maiores cientistas do país no campo do estudo genético, Lygia da Veiga Pereira,  há um fundo cultural que limita a mulher. “O que precisamos é que tirar essa coisa cultural subliminar de que isso não é coisa feminina, de que isso não é coisa para mulher, que você para ser cientista, você vai abrir mão de uma parte do feminino”, opina. “O que pega é na hora de ter filhos”, ressalta.

Chefe do Laboratório de Células-Tronco Embrionárias da Universidade de São Paulo, Lygia conta que, também, enfrentou os desafios de conciliar maternidade e produção científica.

“É uma loucura e é uma revolução maravilhosa, foi maravilhosa para mim em vários aspectos. Mas foi muito penosa em outros”, conta. “Por mais que você possa abrir espaços na sua cabeça, abrir espaços no seu coração, o tempo não abre espaço, tempo é aquele, é finito, né? Então, até eu atingir um equilíbrio entre a divisão dos meus tempos e da minha disponibilidade, foi bem penoso”, relembra. 

A cientista ressalta que a maternidade é uma função importantíssima e fundamental para a sociedade e que recai predominantemente sobre a mulher. ”Isso não pode penalizar a mulher em outras ambições que ela tenha profissionais”, defende.

(Fonte: Agência Brasil)

Brasília (DF), 07/03/2024, O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Cerimônia de Divulgação dos Resultados do Novo PAC Seleções para Saúde, Educação e Infraestrutura Social. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O governo federal vai destinar R$ 4,1 bilhões para a construção de 1.178 creches e escolas de educação infantil pelo país. Os recursos são do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Seleções, anunciados, nesta quinta-feira (7), pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto. O programa é voltado para atender os projetos prioritários apresentados por Estados e municípios.

As unidades serão construídas em 1.177 municípios para atender 110,7 mil crianças até 5 anos. Segundo o ministro da Educação, Camilo Santana, o governo Lula cumprirá a meta do Plano Nacional da Educação (PNE) e atingirá todas as demandas de creches no Brasil.

Brasília (DF), 07/03/2024, O ministro da Casa Civil, Rui Costa e o Ministro da Educação, Camilo Santana, durante coletiva sobre a  Divulgação dos Resultados do Novo PAC Seleções para Saúde, Educação e Infraestrutura Social. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

“O Brasil precisa cumprir o Plano Nacional da Educação e lá diz que nós precisamos cumprir 50% das matrículas de crianças de 0 a 3 anos nas creches. Então, nós estamos retomando creche de obras inacabadas e paralisadas e, agora, o presidente está autorizando mais”, disse, lembrando ainda que está em andamento o Pacto Nacional pela Retomada de Obras da Educação Básica.

Pelo PAC Seleções, o Ministério da Educação receberá, ainda, R$ 5,8 bilhões para construção de 685 escolas de ensino fundamental e médio de tempo integral, garantindo a cobertura para 119,7 mil estudantes. “A escola em tempo integral é a escola que tem a menor evasão, o menor abandono, estimulando, o ensino médio concomitante com o ensino técnico profissionalizante, para o jovem já sair com o diploma”, disse Camilo Santana.

Mais R$ 750 milhões do PAC Seleções serão destinados para a compra de 1,5 mil ônibus escolares. Os novos veículos do Programa Caminho da Escola atenderão de 45 mil a 135 mil alunos, especialmente da zona rural em 1,5 mil municípios.

As obras e aquisições devem ser iniciadas após os processos de licitação.

Critérios

O ministro explicou ainda que a seleção priorizou os municípios com maior deficit educacional e em sintonia com as metas do Plano Nacional de Educação (PNE). Também foi levada em conta a capacidade financeira das prefeituras para realização de ovas obras e priorizados aqueles municípios que não têm obras paralisadas inacabadas para serem retomadas.

“Portanto, critérios técnicos, critérios justos”, disse Santana, acrescentando que outra condicionante era a disponibilização do terreno pelas prefeituras ou governos estaduais.

“Às vezes, quando não tem um terreno demora muito tempo para iniciar obra, um ano, dois anos para regularizar o terreno. Então, também foi uma prioridade a garantia do terreno, para que, imediatamente, a gente possa iniciar essas obras”, acrescentou, parabenizando prefeitos e governadores pela adesão ao edital do PAC Seleções.

Lula apresentou, hoje, o resultado de 16 das 27 modalidades do PAC Seleções. Além da educação, foram beneficiados projetos nos eixos de saúde e infraestrutura social e inclusiva, com R$ 23 bilhões em investimentos.

No total, na primeira etapa do PAC Seleções, estão previstos R$ 65,5 bilhões em recursos para todo o país. A segunda etapa do Seleções, com mais R$ 70,8 bilhões, deverá ser lançada no início de 2025, para que os prefeitos que forem eleitos neste ano possam participar do Novo PAC.

(Fonte: Agência Brasil)

Com uma trajetória de sucesso no território nacional desde 2008, o grupo Xama Teatro, coordenado por atrizes maranhenses, que já circulou por todos os Estados do Brasil e foi premiado nos principais editais culturais do país, prepara uma programação especial para celebrar seus 15 anos de atividade: por meio do projeto “O Teatro Te Xama: 15 anos em 15 dias”, que começará no próximo dia 11 de março e passará por São Luís (MA), Belém (PA) e Fortaleza (CE). As ações contam com patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da lei federal de Incentivo à Cultura, do Ministério da Cultura, do governo federal.

Guiado pela arte de narrar histórias a partir da construção conjunta de texto e cena, o Xama Teatro é um conhecido, respeitado e premiado grupo teatral de repertório, que celebra seus 15 anos de existência com a realização de espetáculos gratuitos, ações formativas, entre oficinas e residências, além de narração de histórias.

Para a dramaturga, atriz e diretora do Xama Teatro, Nicolle Machado, o retorno das produções de iniciativas de incentivo à cultura brasileira em 2023 abriu possibilidades para que pudessem circular em regiões brasileiras apresentando a versatilidade e inventividade características do grupo.

“Este projeto [O Teatro Te Xama: 15 anos em 15 dias] visa notabilizar a cultura Norte-Nordeste do país. É preciso difundir as práticas das artes cênicas produzidas no Maranhão e destacar as ações e projetos do Xama Teatro se torna uma importante medida de democratização, descentralização e regionalização de saberes e práticas de grupos historicamente vulnerabilizados”, analisou a diretora.

Além de São Luís, que marca a primeira fase de comemoração do projeto, com sessões e ações formativas ainda neste mês de março, cidades como Belém e Fortaleza, dois grandes polos artísticos das regiões Norte e Nordeste, respectivamente, também entram no cronograma especial montado pelo grupo.

“O Pará e o Ceará são Estados que nos alimentam em material sensível, memória e pertencimento. Tanto a dramaturgia amazônica quanto a do Nordeste. Começar por esses trilhos, mobilizando parcerias e convidando esse povo, faz todo sentido pra nós”, ressalta Nicolle Machado, que acrescenta que o projeto pretende alcançar um público de, aproximadamente, 3 mil pessoas dos três Estados que contarão com o projeto.

Também integrante do grupo Xama Teatro, além de atriz contadora e doutora em Artes Cênicas, Gisele Vasconcelos analisa que o projeto objetiva uma regionalização da produção cultural teatral feita no Maranhão, ao passo que ambiciona a formação de novos públicos – e também capacitar por meio do teatro.

“Às vezes, a gente está aqui bem do lado e não conhece a produção dos grupos teatrais, dos artistas que são nossos vizinhos, que estão aqui na mesma região. Em Fortaleza, por exemplo, também é um lugar mais central, onde há um fluxo maior de festivais e, lá, a gente pretende convidar curadores(as) de festivais e de eventos para que possam nos assistir, trocando emoções e compartilhando a essência de cada um. É uma maneira da gente estar em locais onde possamos convidar as pessoas para reconhecer nossa arte”, destacou Gisele.

São Luís

A programação especial do projeto “O Teatro Te Xama: 15 anos em 15 dias” ocorrerá ao longo do primeiro semestre de 2024 – em março, as ações ocorrerão em São Luís; no mês de abril, em Belém; já em maio, serão realizadas em Fortaleza.

Em São Luís, as ações formativas se iniciam no dia 11 de março (segunda-feira), com a oficina “Construção de Cena”, que ocorrerá das 15h às 18h, e a residência “Experimentos Arcanos”, das 19h às 21h, ambas até o dia 13 de março. A oficina “Criação + Produção = Autogestão” será realizada entre os dias 18 e 20 de março, das 9h às 12h.

Já a programação especial dos espetáculos, que ocorrerá sempre às 20h, começa no dia 14 de março, com “A Besta Fera – Biografia Cênica de Maria Aragão”; no dia 15, com “As Três Fiandeiras”; dia 21, será “A Vagabunda – Revista de Uma Mulher Só”; encerrando-se com “A Carroça é Nossa”, no dia 22 de março.

A temporada na capital maranhense contará ainda com Narração de Histórias no dia 23 de março, às 18h. A programação é gratuita, aberta ao público e será realizada no Teatro Xama, localizado na Rua das Esmeraldas, nº 3, Quadra 1, Araçagi, em São José de Ribamar – com exceção do espetáculo “A Carroça é Nossa” (22/3), que será apresentado no Viva Vila Luizão.

Belém e Fortaleza

Já nas cidades de Belém e de Fortaleza, a temporada especial do projeto ocorrerá, respectivamente, nos meses de abril e maio. Em Belém, toda a programação será realizada entre os dias 4 e 11 de abril, tanto na Casa de Artes Cênicas do Sesc, localizada no Boulevard Castilhos França, 722, quanto no Teatro Waldemar Henrique, localizado na Avenida Pres. Vargas, 645, Campina.

No mês de maio, em Fortaleza, as ações formativas, assim como os espetáculos e a narração de histórias começam a partir do dia 9, com temporada aberta até o dia 17, na cidade. Serão palcos da programação: o Porto Iracema das Artes, na Rua Dragão do Mar, 160; e no Dragão do Mar, na Rua Dragão do Mar, 81 – ambos na Praia de Iracema.

Gratuitos, os ingressos de toda a programação podem ser retirados por meio do Sympla, no endereço: https://www.sympla.com.br/produtor/xamateatro.

Serviço

O QUÊ 

Projeto “O Teatro Te Xama: 15 anos em 15 dias”, do grupo Xama Teatro;

QUANDO 

A partir do dia 11 de março, na Grande São Luís;

ONDE 

Temporadas em São Luís (março), Belém (abril) e Fortaleza (maio);

Contatos

Assessoria de Comunicação: (98) 99968-2033 – Gustavo Sampaio.

INGRESSOS

• Gratuitos – reservas no Sympla:

• Programação completa de São Luís: https://www.sympla.com.br/produtor/xamateatro;
• Oficina “Construção de Cena” - inscrição gratuita em: https://www.sympla.com.br/oficina-construcao-da-cena---nicolle-machado---sao-luis__2368893
• Residência “Experimentos Arcanos” – inscrição gratuita em: https://www.sympla.com.br/residencia-experimentos-arcanos---renata-figueiredo---sao-luis__2368904
• Oficina “Criação + Produção = Autogestão” - inscrição gratuita em: https://www.sympla.com.br/oficina-criacaoproducaoautogestao---nadia-ethel---sao-luis__2368951

Redes do Grupo Xama Teatro:

• Instagram: https://www.instagram.com/xamateatro/
• YouTube: https://www.youtube.com/user/XAMATEATRO
• Facebook: https://www.facebook.com/xamateatro
• Blog: https://xamateatro.blogspot.com/
• Spotify: https://open.spotify.com/intl-pt/artist/2aFTWNhqwMl8lEUW1yNcBx

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Tentativa de censura de livro O avesso da Pele gera manifestações. Foto: Divulgação

O livro O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório, incluído no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) em 2022, foi novamente alvo de censura, desta vez em uma ação no Paraná.

Na segunda-feira (4), um ofício do Núcleo Regional da Educação de Curitiba, da Secretaria de Educação do Paraná, determinou a entrega de todos os exemplares à sede do núcleo, até sexta-feira (8). Segundo o documento, a obra passará por análise pedagógica e posterior encaminhamento.

O ofício é assinado pela chefe do NRE-Curitiba, Laura Patrícia Lopes, que justifica a ação por ter “foco na construção das aprendizagens em cada uma das etapas de escolarização”.

A Agência Brasil entrou em contato com a Secretaria da Educação do Paraná, mas até a publicação da matéria não recebeu um posicionamento.

O autor

Em sua rede social, o autor do livro vencedor do Prêmio Jabuti 2021 na categoria Romance, divulgou a cópia do ofício paranaense e escreveu que nenhuma autoridade tem o poder de mandar recolher materiais pedagógicos de uma escola: “é uma atitude inconstitucional. É um ato que fere um dos pilares da democracia que é o direito à cultura e à educação. Não se pode decidir o que os alunos devem ou não ler com uma canetada”.

“São atos violentos e que remontam dias sombrios do regime militar. Inaceitável uma atitude antidemocrática como essa em pleno 2024. Não vamos aceitar qualquer tipo de censura”, repudiou.

Em entrevista ao telejornal Repórter Brasil, da TV Brasil, emissora da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), nessa terça-feira (5), Jeferson Tenório, comentou outro episódio de censura que aconteceu no fim da semana passada.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, a diretora da Escola Estadual de Ensino Médio Ernesto Alves de Oliveira, de Santa Cruz do Sul (RS), Janaina Venzon, leu trechos do livro e classificou como lamentável o envio do material com  “vocabulários de tão baixo nível” pelo governo federal.

Para Tenório, ambos os casos de cerceamento podem estar relacionados aos temas abordados na obra literária, como a violência policial, o racismo estrutural e críticas à precariedade da educação.

“Ele traz algumas cenas e algumas frases que são justamente utilizadas para agredir pessoas negras e periféricas. Essas frases e cenas que a [diretora Janaina] elencou são, na verdade, como as pessoas negras são vistas, como elas são sexualizadas, como elas são violentadas na sociedade”.

O escritor explicou que a descrição de cenas de agressão ou os palavrões citados não estão ali gratuitamente. “Eles estão acompanhados de uma reflexão sobre aquilo. E fazer esse tipo de crítica é subestimar a inteligência dos alunos. Porque os alunos também veem dentro de casa, eles também têm saberes, conhecimentos. Eles têm acesso à internet com conteúdos terríveis, sem nenhum tipo de reflexão. E a literatura e a arte fornecem, justamente, essa reflexão”.

Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), por meio de nota, esclareceu que não orientou que a obra fosse retirada de bibliotecas da rede estadual de ensino.

A Seduc, então, derrubou a censura ao livro premiado nas escolas e bibliotecas. “A 6ª Coordenadoria Regional de Educação irá seguir a orientação da secretaria [estadual] e providenciar que as escolas da região usem adequadamente os livros literários”, diz a nota.

Repercussão

Em nota, o Sindicato dos(as) professores(as) e funcionários(as) de escola do Paraná (APP-Sindicato) se pronunciou sobre a decisão de recolhimento do livro.

“Esse episódio entra para história como um dia triste e reforça a necessidade de denunciar e combater a contaminação da educação pública paranaense por ideologias extremistas, conhecidas pela negação dos direitos humanos e por atentar contra a democracia, a cultura, a diversidade e a pluralidade de ideias”.

Nas redes sociais, livrarias, editoras, autoridades do governo federal, leitores e outros escritores prestam solidariedade a Jeferson Tenório.

O Ministério da Educação afirma que a aquisição das obras pelo Programa Nacional do Livro Didático se dá por meio de um chamamento público, de forma isonômica e transparente e que os títulos literários são avaliados por professores, mestres e doutores, que tenham se inscrito no banco de avaliadores do MEC.

“Os livros aprovados passam a compor um catálogo no qual as escolas podem escolher, de forma democrática, os materiais que mais se adequam à sua realidade pedagógica, tendo como diretriz o respeito ao pluralismo de concepções pedagógicas”.

(Fonte: Agência Brasil)

Brasília (DF), 05/03/2024, 4ª Conferência Nacional de Cultura, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Comitivas de todos os Estados estão reunidas, em Brasília, para debater políticas culturais na 4ª edição da Conferência Nacional de Cultura (CNC), realizada pelo Ministério da Cultura até sexta-feira (8). Dentro do tema central Democracia e Direito à Cultura, mais de 1,2 mil delegados de cultura com poder de voto e o público em geral reafirmam em cada proposta que a cultura é um direito universal, ou seja, de todas as pessoas, como expresso na Constituição de 1988.

Brasília (DF), 05/03/2024, 4ª Conferência Nacional de Cultura, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Nessa terça-feira (5), o dia foi marcado por participação popular e de gestores de cultura em salas de diversas conferências setoriais, realizadas simultaneamente para dar as futuras caras da cultura do país.

Pela manhã, os presentes discutiram e votaram alguns pontos das propostas vindas das conferências regionais e fizeram ajustes nos textos que, quando forem aprovados, no fim da 4ª CNC, servirão de base para reconstruir o Plano Nacional de Cultura.

Na conferência setorial que tratou do Patrimônio Imaterial Brasileiro, por exemplo, os delegados decidiram que, prioritariamente, recursos públicos devem remunerar os chamados de detentores de tradições culturais, como forma de preservar tradições e saberes e, sobretudo, valorizar as pessoas mais velhas das comunidades.

Foi o que defendeu a representante do jongo [dança de origem africana] com o nome Filhos da Semente, de Indaiatuba, São Paulo, Juciara Sousa. “A gente monetiza os mais velhos, que são os detentores da cultura, para que os mais novos tenham o conhecimento, para que eles que estão na era digital, na era da informatização, saibam repassar o conhecimento recebido de nós para nós mesmos”.

Quem também pediu respeito à tradição cultural de seu povo foi Francisco Alfredo Maia, o  Sidney Cigano, do município de Sousa, na Paraíba. Ele criticou a invisibilidade que os ciganos têm na formulação de políticas públicas. “Nossa cultura é rica: a dança, a música e artesanato. Por natureza, a maioria dos ciganos sabe tocar violão e cantar. Mas, a maior dificuldade, com certeza, é a falta de um olhar mais humano do povo, do Poder Público. O Estado nos deve muito”, se ressente o cigano.

Na sala ao lado, no encontro setorial sobre audiovisual, os delegados decidiram que deve ser proposta a criação do Colegiado Nacional das Artes Visuais, com o objetivo de fortalecer a discussão do setor dentro do Conselho Nacional de Cultura. Os delegados também pediram uma escuta diferenciada do Conselho que leve em consideração as realidades municipais.

Os delegados ainda sugeriram a capacitação dos prestadores de serviços e dos tribunais de contas para análise de prestações de contas do uso de dinheiro público em ações de cultura.

Em outra sala acompanhada pela Agência Brasil, onde é realizada a conferência setorial sobre arquitetura e urbanismo na cultura, foi priorizada a instalação, reforma e melhoria de equipamentos e espaços culturais, necessidade de priorizar territórios periféricos para a construção de edifícios e lugares de cultura para esse público. Os delegados ainda devem elaborar editais públicos para projetos com foco na acessibilidade plena e nas tecnologias de assistência, respeito ao meio ambiente e aos povos tradicionais, diversidade cultural, regional e urbana, o fortalecimento das organizações de base comunitária.

Diversidade

Do lado de fora das salas das conferências setoriais, nos corredores do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, o cenário é de diversidade.

As culturas digitais, populares e tradicionais, periféricas, LGBTQIA+, de igualdade racial, da juventude, de pessoas com deficiência (PcD), dos povos do campo, das águas e das florestas, pelo direito à memória de povos apagados, entre outras culturas, se misturam no mesmo espaço.

O paulistano, de pai armênio e mãe pernambucana, Artur Artin Artinian Depanian, pede a valorização da literatura e livros no lugar de armas.

“O livro alimenta a alma, o coração. Ele estimula, alegra e alimenta. E você nem precisa sair do lugar. Mas o livro não é para você deixá-lo guardado. Eu acho que falta atitude de algumas pessoas e de alguns segmentos, em acreditar no livro”.

Brasília (DF), 05/03/2024, 4ª Conferência Nacional de Cultura, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Na foto o personagem Artur Depanian. Foto: Jose Cruz/Agência Brasil
Artur Depanian

À frente da delegação do Pará, o morador de Altamira, Marcelo Altamirense, reclamou que devido às extensões territoriais do município, o maior do Brasil [161.445,9km²], há muita dificuldade em democratizar a cultura aos povos dessa região do Rio Xingu. “O custo amazônico é um dos grandes debates da 4ª conferência. O Brasil precisa entender essas regionalizações. Aqui, temos o desafio de irmanar o Norte com os outros Estados, desde o Pará, o Tocantins e até Estados da Amazônia Legal, como o Maranhão, e trazer essa realidade para o país todo”.

Brasília (DF), 05/03/2024, 4ª Conferência Nacional de Cultura, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Na foto o personagem Marcelo Altamirense. Foto: Jose Cruz/Agência Brasil
Marcelo Altamirense

Na ala de exposições principal do Centro de Convenções, o grupo de Congada de Catalão (GO) chamou a atenção do público com vestimentas e lanças coloridas que ornamentavam os 23 dançarinos de coreografias ritmadas por tambores e sanfonas. O líder do grupo de congada, Reginaldo Bernardo, pediu mais oportunidades para o segmento dele. “Este ano, Catalão completa 148 anos de Congadas, com mais de 5 mil dançadores, mas somente 2% ficou sabendo do evento em Brasília. Como acontece em outros eventos, falta divulgação. A Congada veio de fazendas, de culturas antigas, quando os escravos se reuniam para dançar, em terreiros, em rituais religiosos. E isso precisa ser valorizado, lembrado”.

A violonista Myllene Santana, de Brasília, que faz parte de um quarteto de música erudita que se apresentou na 4ª CNC, lamenta que o gênero musical não tenha muito espaço nos eventos de cultura, “porque, geralmente, a música brasileira estaria voltada para música que tocam nas grandes mídias”, avaliou. Porém, a violonista visualiza soluções que tornem a música erudita menos elitista. “A educação musical tem que vir das escolas, começar da base, tem que dar acesso à educação musical a partir da educação infantil. Devem ser criadas, também, outras escolas de conservatório para quem quer seguir a carreira musical ou escolas de música para apenas quem quer fazer música, sem seguir na carreira”.

Brasília (DF), 05/03/2024, 4ª Conferência Nacional de Cultura, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Na foto a personagem Myllene Alves. Foto: Jose Cruz/Agência Brasil
Myllene Alves

Apresentações

A 4ª Conferência Nacional de Cultura é realizada pelo MinC, em parceria com o Banco do Brasil, a Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) e com apoio da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso Brasil). Até sexta-feira, estão agendadas apresentações de mais de 100 artistas de todas as regiões do país, de acordo com o MinC.

A programação completa está na página do evento.

(Fonte: Agência Brasil)

Estudantes de diversas partes do país participam da VIII Mostra Brasileira de Foguetes, realizada na cidade de Barra do Piraí/RJ. (Tomaz Silva/Agência Brasil)

A Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) abre inscrições para sua 27ª edição. A participação é gratuita e voltada para estudantes dos níveis fundamental e médio de todo o país. As escolas não cadastradas interessadas em participar ou com a inscrição inativa precisam criar uma conta no site. O prazo final é até o dia 1º de maio de 2024.

Aplicada por meio de uma prova única, a olimpíada é dividida em quatro níveis. O nível 1 é aplicado em estudantes do 1º ao 3º ano do fundamental. O nível 2, é do 4º ao 5º ano. O nível 3, do 6º ao 9º ano.  Já o nível 4, é destinada ao ensino médio. O exame presencial ocorre no dia 17 de maio. A prova tem dez perguntas, sendo sete de astronomia e três de astronáutica.

Além disso, os melhores classificados no nível 4 são convidados para participar de seletivas que escolhem os alunos que vão representar o país nas Olimpíadas Internacional de Astronomia e Astrofísica (IOAA) e na Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica (OLAA).

Preparação

Os estudantes podem se preparar estudando provas anteriores. No site oficial da OBA há questões e gabaritos de todas as edições. Além disso, o embaixador da olimpíada, professor Ivys Urquiza, vai oferecer uma playlist especial no canal Física Total, no YouTube, com resolução de diversos exames da OBA.

Segundo o professor João Canalle, presidente e coordenador do concurso, astrônomo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a edição de 2023 contou com a participação de quase 1,4 milhão de estudantes, com a distribuição de 50.619 medalhas para os quatro níveis.

“Por meio das atividades e provas, conseguimos atualizar professores e ensinar alunos de forma lúdica e participativa”, afirmou Canalle.

Para ele, o evento tem como missão tornar o aprendizado estimulante e gratificante, mostrando que o ensino começa na escola e ultrapassa as barreiras das salas de aula. “Sempre ouvimos histórias incríveis de alunos e professores falando sobre como a participação na OBA motivou os jovens nos estudos”.

O astrônomo lembra ainda que as olimpíadas científicas abrem portas para o ensino universitário. Por exemplo, há instituições de ensino superior que estão disponibilizando vagas e bolsas para medalhistas olímpicos, como o Centro Universitário Facens, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal de Itajubá (Unifei); Instituto Federal do Sul de Minas Gerais, e Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) entre outras instituições de ensino.

Organizadores

A Olimpíada de Astronomia é realizada pela Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), conta com o apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), deputados federais Tabata Amaral, Janones, Vitor Lippi, senador Marcos Pontes, UERJ, e é patrocinada pela Universidade Paulista (UNIP), Centro Universitário Facens e BTG Pacutal.

O evento tem ainda como embaixadores os canais Manual do Mundo, Space Today, Física Total e AstroBioFísica.

(Fonte: Agência Brasil)

*

Soube ontem, fim de tarde, que, nesse 4 de março de 2024, a querida amiga e minha diretora em todo o ensino médio completou 96 anos. Quem disse que vaso bom não dura muito?! Eis, então, um bom, ótimo, excelente e superior exemplo: Irmã Maria Gemma de Jesus Carvalho, a inesquecível Irmã Clemens, diretora do Colégio São José, da Associação das Irmãs Missionárias Capuchinhas, avança para além da metade da década que a levará a um século de vida, em 2028...

Estudei na segunda metade dos anos 1970, no Colégio São José, em Caxias (MA). Era o segundo grau, hoje ensino médio, três anos. Eu vinha da escola pública, o Ginásio Duque de Caxias, do Projeto Bandeirante. Aos 13 anos, passei em um seletivo ou seleção do Banco do Brasil e, depois de exame admissional de saúde com o médico Humberto Coutinho, na Casa de Saúde e Maternidade de Caxias (Rua Libânio Lobo, no prédio que ficou conhecido como “Sinhá Castelo”), fui admitido como o primeiro menor estagiário ou menor aprendiz da agência do maior banco do país em Caxias. Mesmo ainda rapazote, raciocinei: “Se o salário de menor trabalhador dá para pagar uma escola particular de segundo grau, por que ocupar uma vaga em escola pública?”

Fui para o São José e, já no primeiro ano de estudo, candidatei-me a presidente do Grêmio Santa Joana d’Arc. Fiquei na vice-liderança. O Roldão Ribeiro Barbosa, hoje professor-doutor da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), ficou em 1º lugar, mas, pouco tempo depois, abdicou e eu fui empossado à frente do grêmio.

Foi, sobretudo, por essa função na organização estudantil da respeitada escola capuchinha que passei a ter vez e voz e interações com a Direção do Colégio São José – vale dizer, com a diretora Irmã Clemens (como era chamada e mais conhecida à época).

Nos demais anos do ensino médio, meu trabalho para o alunado credenciou-me a reeleições sucessivas, anuais.

E Irmã Gemma/Clemens acompanhando... No fim do terceiro e último mandato, dela recebi um diploma pelo “atuante desempenho no grêmio na função de presidente (1975/1977)”.

Depois que passei décadas e décadas fora de Caxias, deixando pegadas e digitais em, pelo menos, dezoito Estados brasileiros, além de Europa e Estados Unidos, sempre que retornava a Caxias visitava o colégio e a         casa das irmãs, no centro de Caxias. As emoções eram sempre a surpresa carinhosa e a recepção bondosa, com Irmã Gemma, Irmã Sueli, Irmã Rita, Irmã Eucaristia e outras religiosas querendo saber de mim, ou dizendo que acompanhavam, à distância, essas e aquelas informações sobre minha vida etc. etc.

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Irmã Gemma faz 96 anos. Trago, de presente, lembranças do passado: o texto “Uma Irmã de Ouro”, escrito e publicado em 11 de junho de 2000, quando a querida Irmã completou 50 anos de vida religiosa.

Vamos rever/reler. (EDMILSON SANCHES)

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UMA IRMÃ DE OURO

Domingo passado, dia 11, a cidade de Caxias testemunhou um momento raro: 50 anos de vida religiosa de uma de suas mais queridas freiras, a Irmã Gemma Carvalho, diretora do Colégio São José.

Natural de Oeiras, Maria Gemma de Jesus Carvalho foi a primogênita entre os três filhos de Dona Natividade e "seu" Mílton (que tiveram também Antônio Carlos, militar da reserva e professor universitário, e Luís Geraldo, auditor da Receita Federal, aposentado).

Foi em Teresina que "tudo" aconteceu. Enviada para continuar os estudos na capital do Piauí, a jovem e bela Maria Gemma pretendia fazer Medicina. Queria tratar dos males do corpo. Não deu certo. Decidiu-se por cuidar das coisas do espírito e da mente. Quis ser freira e professora.

O que levou uma jovem atraente, inteligente, bem posta (era secretária do governador do Estado, José da Rocha Furtado, no Palácio de Karnak), festeira (dançava muito bem valsa e tango “y otras cositas más” nos bem-comportados bailes da época) a seguir uma vida de limites, rações e orações?

Há algo de indizível, de indecifrável, às vezes inadmissível mas quase sempre inafastável, em uma decisão que fuja dos padrões ditos e tidos como pragmáticos, impostos pela tal “vida moderna”. Em 1948, isso aconteceu a Maria Gemma de Jesus Carvalho, que, em vez de formar-se médica, preferiu rimar “religião” com “educação”.

No seu nome, algo como que já vaticinado: “Maria” e  “de Jesus” a ligar aos hagiônimos, aos nomes sagrados; “Gemma” traduz rica semântica – alimento e joia, ambos preciosidades, referência de valor –; e “Carvalho” lembra fortaleza, longevidade, persistência no tempo, com oferta de sombra, para os exaustos do caminho, e lenho, para os carentes de calor.

Com essa riqueza e predestinação onomástica, Maria Gemma apresentou-se para servir a Deus por intermédio de suas criaturas: Jesus Cristo e os seres humanos, elementos cheios de imperfeições e aspirações.

Foi Irmã Eucaristia (também piauiense, de União, e igualmente dos quadros do Colégio São José) quem a encaminhou, em Teresina, à Irmã Filomena, que repassou à pretensa noviça as primeiras informações e orientações sobre o “peso” e as consequências da decisão de ser freira. As duas, Eucaristia e Maria Gemma, se davam muito bem, reproduzindo a igual amizade que havia entre os pais de ambas – Arminda Barros e Benedito de Jesus Nery, os pais de Eucaristia. Em 1950, Maria Gemma de Jesus Carvalho fez sua profissão de fé.

O Colégio São José, criado em 1937, esperou 20 anos por sua mais permanente diretora. Irmã Clemens (era esse seu nome religioso na época) chegou, em 1957, a Caxias e até hoje dirige o sexagenário educandário. Estudiosa, igualmente dedicada aos ensinos do século e do sagrado, Irmã Gemma Carvalho estudou Letras Neolatinas e Ciências Religiosas no Rio de Janeiro. Foi além e aperfeiçoou-se em cursos de pós-graduação. De vez em quando, sua competência como educadora e administradora afastava-a de Caxias para realizar outras missões que a Ordem lhe atribuía, como organizar colégios, entre eles o Divina Pastora, de São Luís.

Durante três anos, de 1975 a 1977, convivi mais diretamente com Irmã Gemma Carvalho. Cursei o 2º. grau (hoje, ensino médio) e, nesse período, fui o presidente do grêmio (o Santa Joana d'Arc – a propósito, cadê a estudantada de hoje, que ainda não reativou essa saudosa e histórica agremiação caxiense? Ficam me devendo esta).

Como líder estudantil, tive a obrigação (na época) e orgulho (hoje) de ter, entre os “liderados” expressões culturais, profissionais, políticas e humanas do naipe de Jamil Gedeon e Fauze Simão (irmãos), Renato e Silvana Menezes (irmãos), Jorge Bastiani, Jandir e Jorge Gonçalves (irmãos), Erlinda Bittencourt, Sinésio Santos Filho (Sinesinho), Kátia e Daniele Gonçalves (irmãs), Sezostris Paé Lima, Fátima Viana, Letícia, Eugênia, Celeste e Marcus Antônio de Vasconcelos Assen (irmãos), Nise Bandeira, Adalgisa, Roldão (a quem substituí no grêmio), Jorge “Maracujá”, Paulo Augusto Queiroz Baima Pereira, Jofran, Arsênio, os irmãos Mário Barros Filho e Raimundo Guilherme, os irmãos Guilhermina, Raul Germano e Hélvio de Sousa Vilhena, Zequinha, Jeane e Jane Alves Costa (irmãs), José Carlos e Manoel Alencar (filhos de Teresinha e netos de Dadá, minhas vizinhas na Rua Bom Pastor), os irmãos Manoel e Antônio Carlos, Jaldo, as irmãs Márcia e Rosângela...Tantos e tantos colegas, conhecidos, amigos... Não cito mais porque, como dizem, o tempo voa e as palavras vão a pé (não tenho culpa se o correr da pena não acompanha o correr dos anos).

E as professoras, essas suportadoras, que "padeciam" no paraíso de nossa infância e juventude? Enriquecendo a nossa mente e, muitas das vezes, balançando o coração pueril e suas vontades imberbes, postavam-se ali, à nossa frente, dando-nos aulas de ofício e, por nossa conta, lições e ilações – sufocadas e sufocantes – de desejo. Coisas da mente menina de nós meninos...

São esses, entre outros, os tempos que, nestes dias, se ressuscitam, no encontro de ex-alunos e sempre colegas, em volta do Jubileu de Ouro de Irmã Clemens, ou melhor, Gemma Carvalho.

Caxias tem um fabuloso passado. Mas o que nos deve sustentar é seu potencial de futuro. Nesse potencial inclui-se a preservação e cultivo (não adoração, mas respeito) de sua história e os agentes dela. Os caxienses de hoje estão devendo a seus antepassados e pósteros uma Caxias como a de ontem, feita de fé e fibra, percebida nacionalmente como terra de luta e cultura, de resistência e permanência.

Alguma coisa – um nome, uma ideia, uma instituição, uma causa – há de voltar a mobilizar essa cidade, para que possamos, ao lado do orgulho pelo passado, ter confiança em um futuro.

Partes desse passado, presente e futuro encontraram-se neste 11 de junho de 2000. Os 50 anos de Irmã Gemma Carvalho não deve ser apenas uma data, mas um marco. Um marco de história, a ser fincado também por outras pessoas e personagens caxienses.

Irmã Gemma Carvalho está consciente de que, embora ainda não terminado, seu dever vem sendo (muito) bem cumprido. É isso o que quer, é isso o de que precisa a cidade.

Nosso passado de cultura e glória, sozinho, parece já não ser suficiente para manter a cidade no panteão da História. Devemos persistir, como Irmã Clemens. Temos de sair, já já, deste, ao que parece, estado de dependência e chegar ao “status” de competência.

Caxias espera que cada caxiense cumpra seu dever.

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NOTAS DO JUBILEU

PRESENÇA – Cerca de 1.500 pessoas estiveram presentes nos dois dias de homenagens à Irmã Gemma Carvalho: no “sábado áureo”, dia 10, estudantes das classes infantis, pais e convidados; no domingo, a festa principal, com cerca de mil pessoas. Presença do prefeito de Caxias, Fauze Simão, deputado federal João Castelo e esposa Gardênia Gonçalves, deputado estadual Humberto Coutinho, desembargador Cleones (ex-aluno do Colégio São José), deputado federal Paulo Marinho e ex-deputada federal Márcia Marinho (estiveram na residência das freiras), irmãs capuchinhas de diversos pontos do país (irmã Janice, do Colégio Santa Teresinha, liderava a representação de Imperatriz), familiares da homenageada, empresários, profissionais liberais, a maioria ex-alunos e filhos e netos igualmente alunos do colégio. Missa, números musicais (solos e corais), declamação de poesias, mensagens gravadas, flores muitas, balões... O discurso principal, em nome das turmas de ex-alunos das décadas de 1950 até 1990 foi feito pelo colunista.

LIVRO – Na residência das freiras, na parte da tarde e à noite, as homenagens se sucederam e Irmã Gemma Carvalho foi presenteado com um livro de exemplar único, editado pelo ex-aluno Jorge Bastiani, impresso em papel especial, com textos feitos por ex-alunos, irmãs de Ordem, padres, professores e familiares. Novamente, o colunista foi convidado pela Irmã Eucaristia Nery para explicar as razões e a importância do livro.

* EDMILSON SANCHES

FOTOS:

Irmã Maria Gemma de Jesus Carvalho, com outras Irmãs Capuchinhas e com ex-alunos. Em preto & branco, meados da década de 1970, Irmã Gemma e Edmilson Sanches discursam, com a presença, no palco, de alunas diretoras do grêmio do Colégio São José, em reunião da agremiação no auditório lotado de alunos da escola.

Brasília (DF), 04/03/2024 - A ministra da Cultura, Margareth Menezes, durante entrevista coletiva sobre a 4ª Conferência Nacional de Cultura (CNC), que começa nesta segunda-feira (04). Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Após um intervalo de 11 anos, começa nesta segunda-feira (4), em Brasília, a quarta Conferência Nacional de Cultura (4ª CNC). O evento deve reunir mais de 3 mil participantes de todo o país para debater políticas públicas de cultura.

Com tema Democracia e Direito à Cultura, a conferência vai até sexta-feira (8) e marca o retorno do Ministério da Cultura, há pouco mais de um ano, após ser extinto em 2019.

Oficialmente, o evento será aberto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela ministra da Cultura, Margareth Menezes. Em entrevista coletiva à imprensa, ela explicou que a conferência é um espaço para ouvir as demandas do setor, com o olhar de quem atua nele.

A ministra também valorizou a participação no evento de representantes dos povos originários, negros e de todas as partes do país. 

“O Ministério da Cultura não faz a cultura virar política de Estado sozinho, mas em conjunto porque a cultura é coletiva. E com ou sem Ministério da Cultura, ela existe. Com o Ministério da Cultura, a gente elabora políticas, consolida, dá uma direção, a gente consegue também compreender o que é necessário a partir dessas escutas, como estão fazendo aqui na conferência”.

As propostas aprovadas durante o evento servirão de base para definir diretrizes do Plano Nacional de Cultura, que tem o objetivo de orientar o desenvolvimento de programas, projetos e ações culturais que garantam a valorização, o reconhecimento, a promoção e a preservação da diversidade cultural existente no Brasil.

Democratização da cultura

Questionada sobre a democratização do acesso à cultura, a ministra explicou que os recursos federais das leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc 2 estão sendo repassados ao setor, como forma de fomentar o direto à cultura e apoiar, financeiramente, os profissionais do ramo.

A ministra do MinC entende que o fomento precisa chegar de maneira mais ampla.

“Existem pessoas fazendo cultura em todas as regiões brasileiras. A grande maioria, que não teve oportunidade de ter esse fomento, está tendo agora. Hoje, há essa oportunidade, em um país que tem quase 7 milhões de pessoas trabalhando no setor cultural, de ter o fomento chegando em suas cidades, em seus Estados, para poder fazer o acontecimento”.

Já o secretário-executivo do MinC, Márcio Tavares, destacou a criação da Diretoria da Promoção das Culturas Populares, dentro do ministério, e do projeto de lei que reconhece mestres e mestras de cultura como detentores de saberes e fazeres das culturas populares.

“Nós queremos que ele seja aprovado para poder viabilizar o apoio direto a esses referentes da nossa cultura, que precisam do apoio e do reconhecimento do Estado através de um dispositivo legal”.

A ministra Margareth Menezes acrescentou que as referências trazidas das culturas populares servem de memória, porque nelas estão os registros da identidade cultural do país.

“Esse contexto cultural é memória de identidade e tem que ser respeitado dessa forma. A gente não pode podar isso, porque se a gente for podar, tiraremos a possibilidade das futuras gerações de entender o que é que a gente defende. E um país que defende a sua potência cultural tem uma outra estrutura diante do olhar de outros países”.

Mulheres

Segundo Margareth, a atual gestão está oferecendo atenção direta às mulheres fazedoras de cultura, com editais públicos – como o Prêmio Carolina Maria de Jesus e o edital Ruth de Souza – para investir em projetos de produção de obras cinematográficas dirigidas por mulheres cis ou transgênero.

“Vimos que a grande maioria das pessoas que estão nesse lugar do fomento cultural são mulheres e nós queremos dar cada vez mais uma atenção a isso”, priorizou a ministra.

Custo amazônico

Sobre os custos elevados de deslocamento e dificuldades logísticas para realizar eventos e instalar equipamentos públicos na Região Norte do país, o secretário-executivo adiantou que o chamado Custo Amazônico será tema de debate durante a 4ª CNC.

“Essa é uma grande agenda dos agentes culturais da Região Norte, tanto dos gestores, quanto dos fazedores de cultura. E nós vamos ter que dividir isso, tanto com estudos que o Ministério da Cultura está disposto a fazer e a colaborar, mas com um debate, não só com os delegados, mas com a sociedade civil”.

Economia e cultura

A 4ª Conferência Nacional de Cultura, realizada pelo MinC, tem apoio da Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil (OEI) e do Banco do Brasil.

O diretor da OEI, Leonardo Barchini chamou a atenção para o aspecto econômico que permeia as políticas públicas do setor cultural. Ele citou um estudo feito pela OEI com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) que aponta a cultura como responsável por 3,17% do Produto Interno Bruto (PIB), no Brasil. “A cultura é um mecanismo de inclusão social e econômica. É um mecanismo de desenvolvimento econômico”.

“A gente precisa enxergar a indústria criativa e o mercado da cultura como um motor de desenvolvimento econômico também. E tirar um pouco essa visão ideologizada de que a cultura é apenas essa festa, que não diz muita coisa. Ela é festa, é importante a gente se divertir, é importante para a nossa alma. Mas, também é desenvolvimento econômico. Então, os governos, a sociedade civil, a imprensa, todo mundo tem que estar engajado e defender todas as manifestações culturais”.

Para a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, fazer cultura é um ato de resistência. Ela defendeu o apoio que o BB dá ao setor.

“A gente inclui, financeiramente, pessoas, desenvolve comunidades, a gente fomenta toda uma indústria, que movimenta um país inteiro. Então, manter instrumentos culturais de qualidade, com programação adequada para o Estado onde você está inserido, para a comunidade onde você está inserida, trazendo cultura do Brasil para os brasileiros, é algo que é economicamente viável”.

(Fonte: Agência Brasil)

Mostra em São Paulo reúne obras da carreira de Maria Lira Marques. Exposição vai até 26 de maio, no Instituto Tomie Ohtake. Foto: Ricardo Miyada

A exposição Roda dos Bichos, que reúne trabalhos de toda a carreira da artista Maria Lira Marques, de 79 anos, estreou nesse sábado (2), no Instituto Tomie Ohtake, na capital paulista. Entre pinturas e esculturas, estão peças nas quais utilizou barro extraído das encostas mineiras para produzir cerâmicas e pigmentos naturais. A mostra vai até 26 de maio.

A mostra é dividida entre as três salas à esquerda do grande hall. Na primeira, redonda, estão as pinturas em seixos de rio e outros trabalhos em papel. A segunda traz diferentes grupos de obras e famílias de bichos, reunindo grande parte dos trabalhos apresentados na exposição.

Já a terceira sala, além de apresentar obras do início da carreira de Maria Lira, é dedicada a contextualizar seu trabalho e ligação com o Vale do Jequitinhonha, com documentos, objetos, cantos e fotografias. Há, ainda, a apresentação de um curta-metragem produzido especialmente para a exposição, exibindo seus cantos, trajetória e obra.

Os curadores Paulo Miyada e Sabrina Fontenele ressaltam que a produção é profundamente marcada pelo imaginário do semiárido mineiro e que a artista se destaca por desenvolver uma linguagem singular, pintando em pedras ou sobre o papel seres que habitam seu universo. “Os bichos do sertão de Lira vivem na paisagem imaginante que se forma na ressonância entre a artista e o território. Tomam assento na superfície arredondada de seixos de rio, delineiam-se entre manchas feitas de água, cola e pigmentos minerais”, afirmou Miyada.

“Reaparecem enquadrados em planos de tons de vermelho, ocre, branco e amarelo, sozinhos ou em grupo, muitas vezes junto a símbolos-runas que traduzem elementos mais-que-humanos. São bichos de terra, marcam-se na terra, e estão sempre grávidos de movimento”, disse o curador. 

Nascida no município de Araçuaí (MG), no Vale do Jequitinhonha, Maria Lira é ceramista, pintora e pesquisadora autodidata. O interesse por esculturas surgiu por volta dos cinco anos, observando a mãe criar peças em barro para presentear vizinhos. Com cera de abelha, que o pai usava na sapataria, a artista moldou suas primeiras peças. Ainda na infância, na busca por desenvolver suas habilidades, aprendeu a lidar com o barro junto a uma vizinha, uma artesã e ceramista da região conhecida por Dona Joana.

“Ela já era bastante velha, e, com ela, eu aprendi muita coisa. Ela me levou no lugar onde tirava o barro, foi me explicando como tirar a terra, olhar a ocasião de lua para tirar a terra, para não quebrar, não rachar, os tipos de madeiramento e os tipos de folhagem para queimar, para a peça obter um certo brilho. Eu aprendi muita coisa para melhorar o meu trabalho em questão de técnicas perguntando às pessoas”, contou Maria Lira.

Na década de 1970, conheceu Frei Chico, missionário holandês, amigo e parceiro profissional, com quem trabalhou para documentar a cultura popular do Vale do Jequitinhonha, gravando cantos e rezas tradicionais. Resultado dessa parceria, a cidade ganhou também um museu dedicado à história e cultura popular da região.

Após diagnóstico de uma tendinite, Maria Lira precisou trocar a produção de esculturas pela pintura, usando o barro em diferentes tonalidades como pigmento para desenhar. Em viagens junto a Frei Chico, eles recolhiam porções de terra para que a artista utilizasse em suas peças. A Agência Brasil entrevistou a artista, que contou passagens de sua trajetória.

Confira os principais trechos:

Mostra em São Paulo reúne obras da carreira de Maria Lira Marques. Exposição vai até 26 de maio, no Instituto Tomie Ohtake. Foto: Divulgação

Agência Brasil: 

Como surgiu o interesse em esculturas a partir do barro?

Maria Lira Marques: 

Tudo começou vendo minha mãe trabalhar. Ela, todo ano, fazia os presépios de Natal e doava pros vizinhos lá da minha rua. Todo mundo ficava atrás dela para fazer os presepinhos. E eu, pequena, a via trabalhar e logo me interessei em querer aprender. Ficava ao lado dela, vendo-a manusear o barro. Só que as primeiras pecinhas que fiz foi com cera de abelha. Meu pai era sapateiro e tinha bastante cera de abelha em casa. E eu achava interessante pegar o bolo de cera e chegar na brasa, derreter a cera e manusear, fazer as pecinhas. Depois, eu comecei a usar mesmo o próprio barro. Porque aquilo eu já gostava, de lidar com barro. E, já com aquela intenção, eu pensava assim: eu quero ser o que minha mãe é.

Agência: 

Qual era sua inspiração para produzir as esculturas?

Maria Lira: 

Eu gosto muito de expressão de rosto e de observar o rosto das pessoas. E minha mãe falava muito de assunto do negro, contava muito caso de escravidão, casos muito tristes. Eu tenho descendência de negro e de índio na família, eu sou negra. Eu gosto de expressar rosto do negro. Quando não é do negro, é do índio. Mas não é só máscara que eu faço, faço também figuras.

Quando eu quero mostrar, por exemplo, um caso de exploração, de um problema social, eu posso mostrar isso no barro. Se eu soubesse fazer poesia, se eu quisesse mostrar isso na música, pode mostrar no teatro, mas eu mostro essa leitura no barro. Eu tenho a peça do parto, e esse parto que eu fiz não é simplesmente uma mulher ter o filho, mas é a luta de todas as mulheres, não só do Vale do Jequitinhonha, mas de todo o mundo. É uma pessoa que está lutando, que está pelejando para sobreviver.

Agência: 

Qual foi a importância do encontro com o Frei Chico?

Maria Lira: 

Uma vez, percebendo o meu trabalho como artesã, ele me ajudou muito a ir pra frente, a crescer, a dar valor, a falar comigo da importância daquilo que eu fazia, para a gente não abandonar. O trabalho junto com ele foi maravilhoso, porque com ele também eu aprendi a valorizar a minha própria cultura, fazendo os trabalhos de pesquisa sobre a cultura popular no Vale, de gravar os cantos de roda, os cantos de trabalho, os cantos de canoeiro, de tropeiro, os acalantos, cantos para pedir esmola. 

Tudo isso nós gravamos. Depois, entramos na parte da religiosidade popular, os cantos de penitência, os benditos, os louvores de anjos. Você não acha em nenhum livro escrito essa cultura dos pobres. E a intenção dele era ter um coral, em Araçuaí, que cantasse todo esse tipo de música.

Gravamos 250 fitas cassete [com cantos da população local]. Depois, pegamos, fita por fita, para fazer índices. Depois, copiar tudo que estava nessa fita sem alterar nada. Ele falava comigo “Lira, o que você não entender, no copiar das fitas, você põe interrogação para depois a gente escutar direitinho ou perguntar à própria pessoa”.

Todo esse trabalho de pesquisa, nós dois fizemos. O Coral Trovadores do Vale, faz 50 anos, ele criou para a gente cantar tudo o que fosse do povo, justamente para valorizar essa cultura que não está escrita em livros, a tradição oral dos pobres. Eu estou com 79 anos e ainda participo do coral. Cheguei logo assim que ele fundou o coral.

Agência: 

Como foi o início do Museu de Araçuaí, junto ao Frei Chico?

Maria Lira: 

Depois do coral, ele falou pra mim: “Lira, você me ajuda a gente fazer um museu?”. Eu falei: “Eu ajudo”. Quando ele falou, eu me entusiasmei. Quando ele falou para mim que ele queria um museu com as coisas de uso que as pessoas tinham em casa, e eu conhecia bem as pessoas onde tinha o material, então, não foi difícil para a gente. Ele me ensinou a fazer o fichário, me ensinava tudo.

Então, quando se ganha uma peça ou, se alguém não quiser doar, explicar a finalidade do museu, aqui em Araçuaí, pras pessoas. Ele queria esse museu, onde tudo que tivesse no museu era de uso do pessoal mais simples. E eu consegui, quando eu falava, as pessoas doavam, raramente a gente comprava alguma coisa. Ele me ensinou a fazer o fichário, o nome da peça, como usava aquilo que tinha ganhado, a data, o nome da pessoa, em que lugar eu peguei aquela peça, se foi em Araçuaí ou se foi na zona rural, na casa de outra pessoa.

Agência:

Sobre as suas pinturas, me conta um pouco das coletas de terras coloridas que a senhora fazia em suas viagens?

Maria Lira: 

Depois que Frei Chico mudou de Araçuaí para Belo Horizonte, todo ano ele ia lá no mês de outubro para fazer a festa do Rosário. Na volta, eu ia junto com ele, e ele falava: “Lira, no caminho, todas as terras que você ver, você fala comigo que eu paro o carro para a gente coletar essas terras pr’ocê”. E foi dessa maneira, com as idas dele, porque ele se interessava muito pelo meu trabalho, muito pelo meu crescimento, pela minha arte. Ali em Diamantina, nós coletamos muita terra, tem muita terra colorida ali na Chapada.

Esses pigmentos não é assim em qualquer terra não, é terra mesmo mineral. Em Belo Horizonte, também nós coletávamos muita terra, ali na [região da] Mannesmann [siderúrgica], em lugares que a gente via que tinha veia de terra, mas é nesses lugares que a gente encontra, onde mexe com lavrado, que, às vezes, tem ouro, é que dá esse tipo de terra. Às vezes, uma margem de rio. Eu tenho muita terra colorida lá colocada em vidros, transparente, que você pode ver a cor dos barros, das terras. Tem terra amarela de várias tonalidades, o branco, o roxo e outras cores. É um encanto a terra, viu? É saber olhar a terra para você encontrar essa grandiosidade de cores.

(Fonte: Agência Brasil)

Rio de Janeiro (RJ) 01/03/2024 - A exposição Rap em Quadrinhos, em cartaz no Museu das Favelas, na cidade de São Paulo, une música e desenho de um jeito diferente. Com desenhos do ilustrador Wagner Loud e roteiro do youtuber Load, a mostra traz personalidades do rap nacional retratadas como super-heróis e super-heroínas das histórias em quadrinhos.
Arte Museu das Favelas

A exposição Rap em Quadrinhos, em cartaz no Museu das Favelas, na cidade de São Paulo, une música e desenho de um jeito diferente. Com desenhos do ilustrador Wagner Loud e roteiro do youtuber Load, a mostra traz personalidades do rap nacional retratadas como super-heróis e super-heroínas das histórias em quadrinhos.

O músico Mano Brown, dos Racionais MC´s, como Pantera Negra. A cantora Negra Li como Tempestade do X-Men. O rapper Emicida como o Homem-Aranha. Dina Di, conhecida como a guerreira da Leste, uma das primeiras rappers de São Paulo, na década de 1980, é Jéssica Jones, personagem famosa dos desenhos da Marvel, editora de histórias em quadrinho norte-americana.

Rappers e super-heróis se misturam no traço do ilustrador Wagner Loud. Paulistano de Pirituba, bairro da zona noroeste da capital, o artista conta que cresceu lendo gibis da Turma da Mônica, histórias do Ziraldo e tirinhas de Angeli e da Laerte e desenhava ao som de rap brasileiro.

“E o legal é que como o Museu das Favelas é no centro de São Paulo, é um pedaço gigante da favela no centro da cidade. Parece tão distante da gente, mas, na verdade, a gente faz até mais parte do que faz da cidade. A gente está ali na margem, mas está produzindo, desenhando, conversando, debatendo. É bem rico”, conta o ilustrador Wagner Loud. 

Ao todo, 19 músicos do rap brasileiro estão representados na exposição. Visitante da mostra, a maranhense Alicy Reis, de 21 anos, acredita que essa é uma boa maneira também de conhecer as histórias das mulheres rappers brasileiras.

Alicy fala qual sua super-heroína rapper preferida na exposição: “A Negra Li. Eu escutava algumas músicas [dela]. E ela é linda. Eu me sinto representada por ela. Por ela ter alcançado um lugar de destaque. Pra mim, ela é uma das maiores cantoras de rap que tem no Brasil atualmente. E isso é incrível pra gente que é preto. Ter representatividade”, diz Alicy. 

Para o estudante Thierry Lima, hip-hop, política e cultura pop tem tudo a ver com os desenhos da exposição.

“Cada artista tem, digamos, seu alter ego. Tem o Sabotage como o Dr. Manhattan, que mostra que é o ser celestial que sabe das coisas. Black Alien que é o Doutor Estranho, que tem uma pegada das letras dele. Bem bacana. Eu gostei bastante”. 

Quem quiser conferir os quadrinhos tem até o dia 19 de maio para visitar a exposição. Para conhecer mais da programação do Museu das Favelas, é só acessar www.museudasfavelas.org.br.

(Fonte: Agência Brasil)