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Brasília (DF) 13/05/2024 - Morre ator c, ícone do cinema e teatro
Artista trabalhou com cineastas como Glauber Rocha e Hector Babenco.
Foto: Paulo César Pereio/Facebook

O ator Paulo César Pereio morreu aos 83 anos na tarde desse domingo (12), no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada pelo Hospital Casa São Bernardo, onde ele estava internado. Pereio teve trabalhos marcantes na TV, teatro e no cinema, com mais de 60 filmes, alguns de grandes cineastas brasileiros como Glauber Rocha e Hector Babenco.

Ex-mulher do ator, a apresentadora da TV Brasil e atriz Cissa Guimarães prestou homenagem a Pereio em suas redes sociais. “Te amo e te reverencio imenso! Obrigada pelos nossos sagrados filhos, obrigada, obrigada, obrigada! Vai na luz meu companheiro, com todo meu amor! Salve Paulo César Peréio!!!!!”, escreveu Cissa.

Diretor do documentário “Peréio, Eu Te Odeio”, Allan Sieber celebrou a trajetória do ator e se solidarizou com a família: “Peréio odiaria odes sentimentaloides nessa hora. Tava ruim pra ele e ele saiu de cena. Timing perfeito. Coisa de grande ator. Triste aqui, e ao mesmo tempo feliz por ter tido a oportunidade de conviver e aprender com ele. O último de uma espécie. Meu abraço na família linda”. 

(Fonte: Agência Brasil)

Rio de Janeiro (RJ) 10/05/2024 - DIA DAS MÃES - Mães na ciência, Fernanda e família. Fernanda é a de camisa verde (da esq. para dir. ela, Rhyan, Ana Júlia e a companheira, Alessandra Tavares. 
Foto: Fernanda/Arquivo Pessoal

“Você sabe que essa semana eu chorei muito, né?”. É com essa frase que a estudante Fernanda Gomes começa a falar sobre conciliar a carreira acadêmica e a maternidade. Ela está na reta final do mestrado e é difícil encontrar tempo em meio às disciplinas que ainda precisa cursar, o trabalho fora da universidade e os filhos, para conseguir, enfim, escrever a dissertação. “É muito difícil me manter na universidade”, afirma.

Em uma carreira competitiva, como a carreira acadêmica no Brasil, a constante cobrança por produtividade acaba expulsando as mães das universidades e da linha de frente da construção do conhecimento no país.

Segundo dados da Plataforma Supucira, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a maioria dos estudantes de pós-graduação (54,54%) são mulheres. Mas, os homens são a maioria entre os professores (57,46%), ou seja, são maioria entre os que conseguem chegar ao topo da carreira e assumir um cargo público como docente e pesquisador. As mulheres também são minoria entre os pesquisadores que recebem bolsa produtividade, concedidas no topo da carreira pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), representam 36%.

Neste Dia das Mães, pesquisadoras compartilham os desafios que enfrentam para conciliar a maternidade, os estudos, a docência, a pesquisa e, às vezes, até mesmo outros trabalhos para complementar a renda. E mostram também como medidas, por vezes simples, como a construção de fraldários ou inscrições gratuitas para que levem acompanhantes a eventos científicos para ficar com os filhos, que podem fazer a diferença, ajudar na inclusão e no desenvolvimento da ciência como um todo.

Gomes é mestranda no Programa de Pós-Graduação em Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades (PPGHDL) da Universidade de São Paulo (USP). Ela e a companheira, Alessandra Tavares, doutoranda de antropologia na USP, têm dois filhos, Rhyan, 13 anos, e Ana Júlia, 19 anos. As duas se dividem nas tarefas e no apoio à carreira uma da outra. No início do ano, Tavares passou 45 dias fazendo trabalho de campo na África do Sul e foi Gomes que cuidou dos filhos e dos afazeres da casa.

Rio de Janeiro (RJ) 10/05/2024 - DIA DAS MÃES - Mães na ciência, Fernanda é a em primeiro plano de óculos escuros, seguida de Rhyan, Ana Júlia e Alessandra. 
Foto: Vanessa/Arquivo Pessoal
Fernanda, segunda de Rhyan, Ana Júlia e Alessandra

“Durante muitos, muitos, muitos anos, a educação não foi para as mulheres. Ainda que as mulheres sejam, né, chefes de família, ainda que se acredite que as mulheres pensem ciência de uma maneira muito mais avançada, durante muitos séculos, a educação não foi para nós. Então, é importante que a gente esteja lá. E eu acho que é um papel das universidades, do sistema de educação em geral, pensar políticas públicas que mantenham essas mulheres nesses lugares”, defende. “Eu nem estou fazendo esse recorte racial, porque eu sou uma mulher negra, uma mulher negra lésbica. Então, os meus marcadores ultrapassam essa questão de gênero, né?”.

Olhares diversos

Para a professora de relações internacionais Maria Caramez Carlotto, da Universidade Federal do ABC, a ciência ganha com mais diversidade. “Todo conhecimento parte de uma perspectiva, de uma maneira de olhar para o mundo, que você consegue objetivar, que você consegue controlar, mas que você ganha muito quando você põe diversidade”, diz e complementa: “Então, mais mulheres na ciência e mais mães na ciência, elas aumentam a diversidade de perspectivas, aumentam a chance da gente produzir um conhecimento mais completo, um conhecimento mais objetivo, mais diverso e, por isso, até mais verdadeiro. A gente chega mais próximo da verdade quando a gente traz múltiplas perspectivas, pelo tipo de problema que se coloca, problemas que são impensáveis para os homens, as mulheres passam a colocar para a ciência. Então, essa diversidade realmente é muito fundamental”.

Além disso, ela defende que, assim como todas as demais pessoas, as mães têm direito a participar da construção do conhecimento. “Tem também uma questão de justiça. As mulheres têm direito a participar do empreendimento científico, que é um dos empreendimentos mais nobres da humanidade, e dentre as mulheres, as mães, especialmente, né? Por que que não teriam?”

No fim de 2023, Carlotto, que têm duas filhas, divulgou um parecer que recebeu do CNPq que negava a ela uma bolsa de produtividade e alegava que a carreira científica havia sido prejudicada pela maternidade. [LINK: https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/educacao/audio/2023-12/professora-universitaria-tem-bolsa-de-pesquisa-negada-por-ser-mae] “Eu achei muito absurdo a maneira como tudo se deu”, diz.

A filha mais velha tem 3 anos, também há 3 anos, a professora tornou-se mãe e viu a própria vida mudando. “O meu trabalho sempre foi o centro da minha vida, absolutamente. Eu era muito workaholic (viciada em trabalho), completamente workaholic. E agora, é impossível. Ainda sou um pouco, mas é impossível isso ser o centro da minha vida, pelo menos enquanto as crianças forem muito pequenininhas, né? Então, eu não sou mais senhora do meu tempo. Então, eu perco prazo, não tem jeito. Essa semana mesmo, eu tinha um artigo para entregar, ele estava praticamente pronto, faltava fazer muito pouca coisa. Mas com as crianças doentes em casa, definitivamente eu não consigo”.

Dados do CNPq divulgados pela organização Parent in Science [LIINK: https://www.parentinscience.com/], mostram que as bolsas produtividade em pesquisa do mais alto nível são concedidas majoritariamente para homens brancos (58,2%), seguidos de mulheres brancas (29,8%). Mulheres pardas contam apenas com 1,3% das bolsas. Mulheres pretas e mulheres indígenas não possuíam nenhuma bolsa.

Impacto nas mães

Pesquisas mostram que ter filhos impacta a produtividade científica, mas mostram também que são as mulheres as mais prejudicadas. Um dos estudos foi realizado pela Parent in Science. A grande maioria das entrevistadas (81%) relataram que a maternidade teve impacto na carreira científica de forma negativa (59%) e fortemente forma negativa (22%). O estudo destaca a “urgente necessidade de esforços no desenvolvimento de programas para apoiar mais mulheres na ciência e para incentivar que as mulheres pesquisadores retornem às suas carreiras de pesquisa após uma pausa, como a licença-maternidade”. E ressalta que a licença-maternidade, no Brasil, é de 120 a 180 dias para mulheres, enquanto os homens têm licenças entre 5 e 20 dias.

“Quando o homem se torna pai, ele passa a ser visto como uma pessoa mais competente, como uma pessoa mais responsável. Então, a possibilidade profissional dele sempre é maior. Quando a mulher é mãe, isso é exatamente o contrário”, diz a professora do departamento de Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Vanessa Staggemeier, que é mãe da Valentina, de 1 ano e 5 meses.

A gravidez de Staggemeier foi bem planejada. Ela terminou o doutorado, passou em um concurso público e esperou ser efetivada, para aí, sim, realizar o sonho de ser mãe. Mesmo assim, sente os impactos da maternidade na carreira. “Eu ainda estou vivendo nesse período que eu me sinto como se fosse um cachorro correndo atrás do rabo e nunca alcançando a cauda. Porque eu não consigo dar conta de todo o trabalho que eu tenho e de todo o cuidado que eu preciso ter com a Valentina pelo fato de eu não poder colocar ela ainda numa escolinha e não ter rede de apoio. Como eu vim de São Paulo, eu não tenho nenhuma família aqui. Meu esposo também não tem família. Então, é só a gente no cuidado da pequenininha”.

Rio de Janeiro (RJ) 10/05/2024 - DIA DAS MÃES - Mães na ciência, Vanessa com a filha no colo
Foto: Vanessa/Arquivo Pessoal
Vanessa com a filha no colo

Para Staggemeier, tanto a carreira como pesquisadora quanto a maternidade são importantes. “Eu venho de uma família super-humilde, minha mãe foi mãe com 16, meu pai tinha 19 anos, e ninguém na minha família tinha feito faculdade. Então, quando eu fui para a faculdade, eu fui para ser professora”, disse.

Nos momentos de maior dificuldade, ela pensa em outras mulheres que passaram e passam pela mesma situação e ressalta a importância de se ter mulheres e mães na ciência, justamente para que esses exemplos continuem existindo. “Muitas vezes, durante esse período de um ano e meio quase, eu acho que eu não vou dar conta. Não passou pela minha cabeça desistir porque eu já fui estabilizada. Eu fico lembrando daquelas que foram as minhas orientadoras, todas elas tiveram filhos, todas elas deram conta. E a humanidade segue adiante, né? Então, eu preciso ter esses bons exemplos na minha mente para não desistir, para não me desestimular e para não vir aquela sensação de autossabotagem que, muitas vezes, a gente faz e fala, eu acho que eu não estou capaz de estar no lugar que eu estou. Então, a gente precisa ser voz para outras mulheres, para outras meninas que também têm essa vontade de ser cientista”.

Rede de mulheres

É o exemplo de outras mulheres que também inspira a professora de astrofísica no Observatório do Valongo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Karín Menéndez-Delmestre. Em uma área predominantemente masculina, ela busca estar sempre em contato com pesquisadoras mulheres e fazer parte de coletivos femininos.

“Na minha turma de doutorado eram seis pessoas. São turmas pequenas em astrofísica, em geral, e eu era a única mulher”, conta. “E eu tinha bastante dificuldade de ter voz, porque, literalmente, eu tinha que falar mais alto do que eu queria falar. Isso porque eu não sou uma pessoa de não falar baixinho, mas eu tinha que me impor”.

Foram outras mulheres, de outras turmas e também as professoras, que a fizeram sentir que, embora às vezes não parecesse, aquele era também o lugar dela. Ela é uma das embaixadoras da organização Parent in Science na UFRJ. “É uma questão de se sentir parte de um grupo de mulheres acadêmicas, mães, tem alguns pais, tá? É uma fonte de fortaleza. Então, entrar, misturar nessas lutas que juntam academia e maternidade, acho que são coisas que me dão muita força e inspiração para transformar as coisas”. Ela é mãe da Sofia, 8 anos, e da Ilana, 5 anos.

Menéndez-Delmestre, que é portorriquenha, decidiu pela carreira acadêmica a exemplo dos pais, também professores. “A universidade era um lugar de constante juventude, constante ebulição de ideias novas. Então, sempre acho que fiquei com essa impressão. Onde as pessoas estão se educando é onde eu quero estar, pois mesmo envelhecendo, gosto dessa ideia de estar imersa em um espaço que sempre está com ideias novas”, afirma.

E foi justamente encontra outras mulheres que a fez permanecer. "Se eu não tivesse visto nenhuma mulher, acho que eu teria ficado como que, ah, isso é só um espaço dominado por homens chatos, não quero entrar aí, não. Então, ocupar com exemplos é muito importante, e no momento que você começa a não apenas ter alguns exemplos, mas muitas mulheres, você começa a ver que dá pra ser um leque amplo de versões de mulheres", explica.

As pesquisadoras apontam que houve mudanças. Há, por exemplo, o edital da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), em parceria com o Instituto Serrapilheira e o movimento Parent In Science (PiS), de R$ 2,3 milhões para apoiar o retorno das pesquisadoras às atividades científicas após terem se tornado mães. 

Elas apontam, entre as medidas que poderiam contribuir para a qualidade de vida e garantia de que as mães pudessem continuar as pesquisas, espaços para as crianças em eventos científicos; inscrições gratuitas para que possam levar acompanhantes a esses eventos; vagas em escolas para crianças, vinculadas a universidades; ajuste no tempo de sala de aula para que possam se dedicar à pesquisa; além de editais específicos e balizadores claros e transparentes para equiparar a perda de produtividade materna, especialmente, nos primeiros anos da criança. 

(Fonte: Agência Brasil)

QUEM ORA PELAS MÃES DOS MAUS?

*

Elas, as mães, sabem. A maior dor de uma mãe não está no parto natural. Ou nas antecedentes dores da gestação. Tampouco na aflição das doenças de criança. Nem na inquietação da volta ou não de um filho ou filha da escola, do trabalho, da festa, da igreja.

Há uma dor que dói diferente, e vai além da outra e antinatural maior dor, que é a perda do filho, quando o filho morre primeiro que a mãe.

Essa outra maior dor é a dor da vergonha, da autopunição, pelo filho que se transformou no contrário dos valores que toda mãe decente quer para o ser que ela gerou.

Mães não embalam filhos dizendo-lhes para serem ricos, poderosos, mas, sim, que Deus lhes dê “saúde, fortuna e felicidade” (às vezes complementando, na bênção, se a criança é sapeca: “e vergonha na cara também”). A palavra “fortuna” tem nada a ver com acúmulo de riqueza(s). “Fortuna” é palavra latina para “sorte”, “acaso”, “destino”. Depois é que lhe assentamos esse significado que tem a ver com patrimônio ou dinheiro.

Fico pensando nas mães de quase-monstros como, entre tantos outros, aqueles ditos “LÍDERES” FUNDAMENTALISTAS da chamada Congregação Boko Haram, da Nigéria, que sequestram de uma escola cerca de 300 meninas estudantes de 7 a 15 anos, sob a alegação – de falsa ou inaceitável base religiosa – de que mulheres não devem ter ensino, não merecem escola, educação, conhecimento, e só serviriam para casar, procriar e cuidar do marido.

Aí, sob repreensíveis fundamentos religiosos e com muita violência submetem as meninas aos maiores vexames, torturas e dores: cada uma, naquela pouca idade, chega a ser estuprada pelos terroristas 15 vezes por dia; depois, são entregues à população das comunidades onde a congregação se esconde para continuarem a ser estupradas.

A seguir, cada menina tem parte da vagina e do seio cortada e, achando pouco, esses terroristas pegam a criança ou adolescente e esfregam na soleira de uma porta o mamilo de um dos seios dela até desaparecer.

Que religião prega ou tolera isso?

Que mães têm orgulho de ter filhos assim?

Seriam essas mães diferentes das mães das filhas que são violentadas, brutalizadas?

Fico pensando na mãe de POLÍTICOS E GESTORES PÚBLICOS LADRÕES, que estão convencidos de que convenceram suas mães de que eles, à frente de Poderes e órgãos municipais, estaduais e federais, são pessoas honradas, sérias, honestas. Não são.

Esses políticos sabem que são ladrões (a Controladoria Geral da União diz isso, o Tribunal de Contas da União diz isso, alguns Tribunais de Justiça dizem isso, a Polícia Federal diz isso, o Ministérios Público diz isso, a Justiça diz isso, a Imprensa diz isso, o povo sente e diz isso também...).

Esses políticos e gestores podem “ajeitar” direitinho os papeis da contabilidade, da (i)licitação, do empenho, do cheque ou ordem de pagamento. Mas são ladrões. Ladrões, bandidos, assassinos. Gente baixa, vil, escroque.

Esses políticos são tão ruins que, pelos mecanismos psicológicos do autoengano, acreditam piamente que não são ladrões. Absolvem-se e justificam-se plena e diariamente – daí odiarem, daí não aceitarem aqueles que não se convencem de que eles não são honestos... porque ao político ladrão ou gestor público bandido, quadrilheiro, assaltante, não interessa ver no outro, como um reflexo, o canalha que ele é.

Se Narciso achava feio o que não era espelho, ao político corrupto causa prurido o que traz (seu) reflexo mais escuro e escondido.

Por isso que até água (transparente, limpa), em presença do político ladrão vira lama (opaca, suja, podre, malcheirosa, feia).

Que mãe, se tivesse acesso ao mais íntimo da consciência de um filho ladrão do povo, manteria seu orgulho materno?

Enquanto isso, o filho que é político bandido vai sendo a causa da morte ou da infelicidade de milhares e milhares de outros filhos – crianças, jovens e adultos... É a Educação e Saúde de qualidade que faltam. É a infraestrutura de qualidade que falta. É a Segurança e o emprego que inexistem...

Certa vez, li na Imprensa: Em 10 anos políticos bandidos e seus asseclas e corruptores já havia levado pelo menos 800 (oitocentos) bilhões de reais (isso mesmo: bilhões, com "B"), em desvios que maltratam e matam brasileiros.

Agora, pense no seguinte: na concepção, segundo alguns registros, são liberados de 200 milhões a 500 milhões de espermatozoides. Eles vão enfrentar muitos obstáculos para, no geral, apenas um deles chegar a ser o que somos, ou devíamos ser – gente. É um verdadeiro milagre. Por isso que, quando falamos em “milagre da vida”, não estamos aludindo apenas a referências espirituais, religiosas, filosóficas, poéticas, mas, sim, também científicas, biológicas, químicas, matemáticas... Lembrando o Mateus bíblico (22, 14), muitos são chamados, poucos, pouquíssimos os escolhidos – quase sempre apenas um, o futuro filho, a futura filha.

Neste Dia das Mães, que possa sofrer menos a mãe que tiver consciência e certeza de que seus filhos escolheram e se permitiram permanecer no “lado escuro”.

Essa mãe sabe que, mesmo aquele filho que lhe chega, como Judas, beijando-lhe a face, é ou foi alguém gerado, gestado e gerido nos limites de suas possibilidades de mulher e nos ilimites de seu amor de mãe. Ela, mãe, jamais ensinaria a seu filho ser um terrorista, um estuprador de filhas dos outros, ou um político ladrão, estuprador do dinheiro – e da paciência – do povo.

Que as mães de maus filhos – que quase sempre não são lembradas –  possam ter paz de espírito. Elas não são culpadas. Elas não erraram.

Lamentavelmente, não se pode dizer que seus filhos bandidos e/ou maus políticos “não sabem o que fazem”. Sabem, sim. Eles sabem – e, um dia, a Justiça dos homens, a Justiça de Deus, ou o fogo das profundezas também saberão.

Que as mães dos maus continuem tendo o coração terno e o amor eterno.

Que as mães dos filhos maus, em sua infinita resignação e bondade, continuem orando por eles.

No céu, anjos oram por elas.

*

REPERCUSSÃO – ALGUNS REGISTROS

– “Edmilson Sanches, que texto maravilhoso!!!! Não pude conter a emoção... // Parabéns pela magnífica reflexão e homenagem àquelas, que, além de serem relegadas ao sofrimento pelos maus filhos, ainda são julgadas e condenadas pela sociedade, que as culpam pelas escolhas erradas que eles fizeram. // Uno-me a você nessa homenagem, rogando a Deus que as ampare e conforte em sua dor! // Grande abraço!” (ELENICE MEDRADO. 11/5/2019)

– “Sem palavras...😢”. (ROSBENE MENDES MACEDO, graduada em História e Pedagogia, especialista em Psicopedagogia. 11/5/2019)

– “Lindo texto. // Citou várias mães, vários tipos de amores, sofrimento. // Mãe é amor em movimento. // Parabéns!!!” (ANA CELIA BORGES MARINHO. 11/05/2019)

– “Isso quase que confirma o ditado: ‘Mãe nasceu pra sofrer’. Mas também tem aquelas que são as mais felizes do mundo só por ver seu filho respirar e se tornarem homens e mulheres de bem. Tanto uma como outra à sua maneira amam seus filhos, apesar dos erros; estes com certeza elas não aprovam, mas não desistem de corrigir”. (MARIA JOSÉ AQUINA. 11/5/2019)

– “Meu Deus, que texto forte!. 😢 Parabéns pela escrita, Edmilson Sanches”. (HILÁRIA ALMEIDA, graduada em Enfermagem; HC UFTM - Universidade Federal do Triângulo Mineiro. 11/5/2014)

– “Não tenho o que comentar, meu silêncio e minhas lágrimas falam por si”. (CARLOS BRANDÃO. 11/5/2014)

– “Que texto profundo! Deus abençoe sua sensibilidade e visão [...]. Amigo, parabéns pelo texto. Mexeu!!!” // DESCULPE, AMIGO, EU COMPARTILHEI”. (MARIA DE LOURDES CAMARGO, Comunicação em Mídias Sociais / Universidade  Católica de Santos/SP. 11/5/2014)

– “Quando o Chico Estrela, o ‘Maníaco do Parque’, foi preso, a repórter fez uma pergunta sobre o que ela achava de tudo que falavam sobre o filho dela. Ela respondeu o seguinte: ‘Apesar de tudo isso que ele fez, ele nunca deixará de ser meu filho’. O seu texto é maravilhoso, magnífico! E lembraste de um lado negro que pouca gente lembra. Bandido também tem mãe”. (MARIA ALDETI GUIMARAES MARQUES DE ASSUNÇÃO, graduada em Economia. São Bernardo do Campo/SP, 11/5/2014)

– “Você pensa o impensado e põe amor e compaixão onde todos colocam distância.... Você traz para a concretude a realidade que todos procuram fazer dispersa... Parabéns pelo profundo e doloroso texto...” (ALTAIR JOSÉ DAMASCENO, advogado, escritor. Imperatriz/MA, 11/5/2014)

– “Você como sempre me comove com suas mensagens. Saudades”. (HELENA AIRES, professora, advogada, ex-vereadora e secretária de Educação. Imperatriz/MA, 11/5/2014)

– “Perfeito e coerente como tudo que você se dispõe a escrever”. (ELIANE SOARES DE ARAUJO, graduada em Serviço Social. Imperatriz/MA, 12/5/2014)

– “Você pensou antes de mim. Neste dia 11 de maio era culto mensal das mães em minha igreja. [...] Hoje, terça feira, pela manhã, vinha pensando a mesma coisa que você sobre essas mães que falas acima, e em especial em Santa Rita de Cássia, cuja história inspirou-me uma atitude meio drástica com relação aos meus filhos. Preocupada com o futuro deles e com minha quase impotente força em assegurar-lhes que se tornassem homens e mulheres dignos, segundo o exemplo da santa, resolvi dividir com Deus essa responsabilidade. Como? Pedindo-Lhe que se, apesar de meus esforços em contrário, o destino deles fosse o de serem pessoas abjetas, que eu os preferiria ver mortos. São já todos adultos, e estão vivos ainda, nenhum deles é político, quem sabe a mãe deles não entre para a política?” (ÂNGELA MARIA GOMES PEREIRA, graduação em Estudos Africanos e Afrobrasileiros / UFMA - Universidade Federal do Maranhão. São Luís/MA, 13/5/2014)

– “Só tenho a agradecer por ter hoje a oportunidade de poder ler o que escreves. Pois és tu, mulher sofrida, a mulher mais amada. Bendigo a mulher que o educou HOME”. (MARIA LÚCIA D. SOUZA, graduada em Direito. 26/5/2014)

* EDMILSON SANCHES

*

Há 91 anos, em 10 de maio de 1933, o governo da Alemanha de Adolf Hitler remarcava seu ódio e descontava suas frustrações queimando livros em praça pública, de autores “inconvenientes” ao regime.

Dessa data até 8 de maio de 1945, doze anos depois, estima-se que a Alemanha queimou, pelo menos, CEM MILHÕES de livros.

Para os interessados, há uma obra espetacular que traz mais informações sobre esse “bibliocídio”: “Quando os Livros Foram à Guerra”, de M. G. Manning. Também, na ficção e na história, há outros livros sobre essa criminosa relação dos alemães nazistas com esse que é o maior e mais charmoso objeto de cultura popularizado há 600 anos. Entre esses, “A Bibliotecárias dos Livros Queimados”, de Brianna Labuskes; “Ladrões de Livros”, de Anders Rydell; “O Livro dos Livros Perdidos”, de Stuart Kelly... (Tenho essas obras em meu acervo, além de outros livros de Bibliologia que fazem referência a essa loucura piromaníaca [que queima] e biblioclasta [que destrói livros]).

*

O LIVRO, A LEITURA, O PROFESSOR (*)

A bengala é a extensão do braço, a muleta é o complemento ou reforço da perna, o amuleto é a explicitação dos medos. Mas, o livro, é o prolongamento da consciência – e a leitura, sua decodificação e enriquecimento.

Não há nada que se compare ao ato de ler. Nem mesmo a apreciação de uma pintura, a contemplação de um pôr do sol. Ler é mais que ver – é vivenciar, é (re)viver. Ler é criar e recriar a coisa lida dentro de nós.

E lemos tão pouco... E, frequentemente, lemos tão mal...

*

(...) De onde vem esse desapetite, essa falta de fome de leitura? Com fino humor, o crítico argentino Carmelo M. Bonet (falecido em 1977) escreveu que, para ser um escritor, haveria três alternativas: a genética – quando a pessoa dependeria de os pais serem inteligentes; o esforço pessoal – quando a pessoa dependeria de si mesma; ou a fé – quando a pessoa dependeria da vontade de Deus...

Não sei por que Carmelo Bonet não colocou o professor nessa lista da gênese da formação do escritor. Afinal, ali está ele, professor, artesão de saberes, emulador de mentes, fomentador de consciências, escultor a esculpir a massa (rósea, não cinzenta) de modelar que é o cérebro do jovem, do adolescente, da criança. Professor – modelo, exemplo, espelho.

Se o Brasil quiser ser uma pátria melhor, tem de ter mais e melhores leitores. E para ter mais e melhores leitores, temos de ter mais, muito mais e melhores professores. Professores-leitores.

No ato de ler, o leitor é, em igual tempo, objeto e sujeito: em um papel, é influenciado pelo conteúdo do texto-sujeito; no outro, e simultaneamente, o leitor é coautor, reescrevendo mentalmente, complementando, valorando e validando o texto-objeto.

* EDMILSON SANCHES

EDMILSON SANCHES

CONTATO:

[email protected]

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(*) Trecho do prefácio que escrevi para o livro “Professor-leitor: De um Olhar Ingênuo a um Olhar Plural”, da professora doutora Tereza Bom-Fim (UFMA). Interessados no texto integral podem solicitá-lo pelo “e-mail” acima ou como anexo do Messenger/Facebook ou WhatsApp.

FOTOS:

Fogueira de livros na Alemanha de 1933 e capas de livros que contam a história.

Inteligência Artificial - Ciência, Tecnologia; Pesquisa. Foto: Rawpick/Freepick

Os professores da rede pública estadual de São Paulo fazem, a partir de segunda-feira (13), uma mobilização contra as plataformas digitais nas escolas. No ano passado, o governo estadual implementou um sistema de ensino baseado em aplicativos, com conteúdo e atividades pré-estabelecidas.

O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) afirma que o método tira autonomia dos professores e convocou os profissionais a não usarem as plataformas ao longo da próxima semana. O sistema, no entanto, registra se o material foi usado ou não em sala de aula. Os acessos à plataforma se tornaram um dos fatores medidos para avaliar escolas e profissionais.

Farta de autonomia

 “Você não pode padronizar uma rede do tamanho do Estado de São Paulo, com a diversidade e com a especificidade que cada escola, cada região tem. O aplicativo faz isso. E o professor, se ele não estiver seguindo o aplicativo, o próprio sistema já comunica à direção da escola, e o diretor é obrigado a ir até a sala de aula, chamar a atenção do professor”, critica o presidente da Apeoesp, Fábio Moraes.

O método, segundo ele, provocou praticamente o abandono dos livros didáticos e impede que o professor busque formas diferentes de abordar os conteúdos em sala de aula. “Nós queremos tecnologia, escolas estruturadas, profissionais valorizados e nós queremos resguardar a nossa liberdade de cátedra. Se eu achar que a plataforma é melhor, eu uso a plataforma. Se eu achar que aquele assunto, o livro, aborda melhor, eu uso o livro. Se eu quiser, eu elaboro o meu material com os meus alunos. Quantas vezes não fizemos isso? Então, hoje, esse direito do professor está sendo ceifado”, acrescenta o sindicalista.

Material com erros

Em 2023, o governo de São Paulo chegou a anunciar que iria deixar de participar do Programa Nacional de Livros Didáticos (PNLD) do Ministério da Educação (MEC), que fornece, gratuitamente, livros para serem usados pelas redes de ensino. A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo afirmou, à época, que não usaria livros físicos em sala de aula e que os alunos teriam apenas material digital.

Após a repercussão negativa e uma decisão judicial contrária à saída da rede estadual do PNLD, o governo informou que continuaria a receber os livros do programa nacional. Na ocasião, também foram identificados erros grosseiros de informação no material elaborado pela secretaria estadual.

Em um dos trechos, era dito que, em 1888, Dom Pedro II assinou a Lei Áurea, quando, na verdade, a lei que encerrou a escravidão institucionalizada no Brasil foi assinada pela filha do monarca, a Princesa Isabel. Em outro trecho, afirmava-se, também de forma equivocada, que o transtorno do deficit de atenção e hiperatividade é transmissível pela água.

Moraes diz que a falta de qualidade continua sendo uma crítica ao material didático que tem sido oferecido pela secretaria de educação. “Nós temos material melhor. Nós podemos criar material melhor. Nós temos livros didáticos melhores que a rede”, diz.

Neste ano, o governo de São Paulo anunciou que vai usar ferramentas de inteligência artificial para elaboração do material didático para a rede estadual. “As aulas que já foram produzidas por um professor curriculista, e já estão em uso na rede, são aprimoradas pela IA [inteligência artificial] com a inserção de novas propostas de atividades, exemplos de aplicação prática do conhecimento e informações adicionais que enriqueçam as explicações de conceitos-chave de cada aula”, afirmou a secretaria de educação em abril.

A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com a Secretaria Estadual de Educação sobre a mobilização contras plataformas digitais e aguarda resposta.

(Fonte: Agência Brasil)

A partir deste fim de semana até o próximo dia 19, a cidade de Hyères, na França, receberá a edição de 2024 do Campeonato Mundial de Fórmula Kite. E, quem está confirmada na disputa internacional é a kitesurfista maranhense Socorro Reis, que é patrocinada pela Fribal e pelo governo do Estado por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, além de contar com os patrocínios do Grupo Audiolar, da Revista Kitley e do programa Bolsa-Pódio. Melhor atleta do Brasil na modalidade, Socorro Reis chega a Hyères com boas expectativas em brigar pelas primeiras colocações no Mundial. 

A kitesurfista do Maranhão retorna a Hyéres um mês após disputar a seletiva que definiu os últimos classificados para a Olimpíada de Paris. Na seletiva, Socorro Reis terminou na 11ª posição e, por muito pouco, não assegurou uma das vagas nos Jogos Olímpicos. Apesar de não ter conseguido alcançar seu objetivo, Socorro está motivada e confiante em competir contra as melhores do mundo mais uma vez. 

“O Mundial vai reunir atletas do mundo todo na mesma cidade onde aconteceu, no mês passado, a última seletiva olímpica. Eu precisava estar entre as dez primeiras, mas fiquei em 11º. Foi um campeonato bem difícil, onde dei meu melhor, mas, infelizmente, não consegui chegar no top 10. O Mundial agora é uma nova oportunidade de fazer diferente. Eu já conheço um pouco da raia em Hyères. É uma raia bastante técnica e com variação de vento. O mar não é muito agitado, com menos ondas. Vamos com tudo em busca das primeiras colocações”, afirmou Socorro Reis. 

Esta edição do Mundial será ainda mais especial porque é o último grande teste antes de Paris 2024. Por isso, Socorro Reis sabe que obter um bom resultado diante dos principais nomes do kitesurf mundial servirá de combustível para as próximas competições do ano. 

“Sinto vontade de ser ainda melhor a cada dia e eu vou seguir com isso em mente. Não consegui a vaga para Paris, mas não vou desanimar. Agora é levantar a cabeça, me doar mais ainda, focar e ser ainda melhor para quem sabe estar nas Olimpíadas de 2028. Só tenho a agradecer a oportunidade de estar participando desses grandes eventos, de agradecer a Deus por tudo e aos meus patrocinadores que me permitem vivenciar isso. Vamos seguir em frente, com firmeza. Essa é a mentalidade de um campeão”, explicou. 

E a melhor kitesufista do Brasil reforça que 2024 está longe de terminar. “O ano ainda não acabou. Temos várias competições ao longo do ano. Tem o campeonato mundial, o World Series, tem o Pan-Americano de Fórmula Kite que vai ser em São Luís, em dezembro. Temos que continuar firme, treinando forte para poder representar bem nosso país e o Maranhão nesses campeonatos”, disse Socorro Reis. 

Bons resultados

Em 2023, Socorro Reis teve ótimas campanhas em eventos continentais e mundiais. A kitesurfista do Maranhão foi bronze nos Jogos Pan-Americanos no Chile, no mês de novembro. Antes, ela havia defendido o Brasil no Campeonato Mundial de Vela, competição realizada em junho, em Lelystad, na Holanda. No evento, a maranhense foi a segunda melhor atleta das Américas e a 21ª colocada geral na competição em águas holandesas. 

Além disso, Socorro Reis teve um desempenho de alto nível em outras competições. Ela garantiu o segundo lugar das Américas e a nona posição na classificação geral do Clearwater US Open, que ocorreu em Clearwater, nos Estados Unidos, no mês de fevereiro. Já em março, Socorro brilhou no Campeonato Pan-Americano de Fórmula Kite, em Cabarete, na República Dominicana, onde conquistou o vice-campeonato continental e ficou na terceira colocação na classificação geral. Além disso, Socorro Reis representou o Maranhão e o Brasil na tradicional Semana Olímpica Francesa, disputada em abril, na cidade de Hyères. 

(Fonte: Assessoria de imprensa)

PACIÊNCIA TAMBÉM TEM LIMITE

– Da vida de Josimo, só sua morte foi nossa.

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Sexta-feira, 10 de maio de 2022. A morte do padre Josimo Tavares Morais completa 38 anos.

Josimo não era de Imperatriz. Sua paróquia e sua igreja também não. Territorialmente, sua luta e sua causa não incluía nosso município. Seu assassino não era daqui. Os mandantes, também não.

Da vida de Josimo, só sua morte foi nossa.

E foi isso que ficou e (re)marcou a cidade de Imperatriz, fundada por um religioso e manchada por criminosos. Cidade que se iniciou sagrada e que continua sangrada – sangrada ainda por alguns e (in)certos malandros com ou sem revólver, com ou sem Poder, com ou sem dinheiro. Bandidos e malandros que se vestem de roupas escuras ou com colarinhos brancos.

* * *

Puxando pela memória, eu me lembro, razoavelmente, daquele 10 de maio de 1986. Era um sábado. Eu morava em Imperatriz e me levantara lá pelas cinco horas da madrugada. Cedinho, fui ao vizinho município de João Lisboa, onde participei do lançamento de um programa de crédito agrícola para pequenos produtores rurais (“Programa São Vicente”). Éramos o gerente do Banco do Nordeste e eu, explicando a “coisa” a esperançosos agricultores joão-lisboenses.

Ainda de manhã, quando voltei para Imperatriz, fui direto para o chamado salão nobre do clube Juçara, no bairro do mesmo nome, ligado ao centro de Imperatriz. Eu colaborava com o “Jornal de Imperatriz”, publicação que eu ajudara a criar junto com seu proprietário, o Zé Maria Quariguasi (Gráfica Líder). Era o primeiro jornal diário da cidade impresso em sistema “off-set”.

Naqueles dias, eu também substituía o jornalista Jurivê de Macedo (falecido em 17/5/2010), que viajara para Goiás (hoje Tocantins) em nova visita a familiares. (Parênteses: Sabe do que tratava a manchete da edição número 1 do “Jornal de Imperatriz”? Ela mesma, a violência: “VIOLÊNCIA PREOCUPA SARNEY”, dizia a manchete de letras brancas sobre tarja preta, dia 1º de dezembro de 1985, um domingo).

Como jornalista, fui entrando no salão do Juçara Clube e fui logo assuntando e anotando o que era que estava acontecendo no grande salão nobre do à época mais sofisticado clube social de Imperatriz e região: era a criação de uma “filial” imperatrizense da falada União Democrática Ruralista (UDR).

Houve doações e leilões de gado e outros animais. (Não sei como, mas um manuscrito da ata – ou de anotações para ela –  consta dos meus arquivos de tudo).

Eu estava acompanhando o frenesi da reunião, para preparar a coluna de página inteira e outras matérias do jornal, quando o repórter Carlos Henrique Gaby Rocha, aí perto de 1 hora da tarde, me avisou que desconhecidos tinham acabado de dar tiros em um padre.

Pois bem: saí do Juçara Clube e fui para o local do crime – a escada (veja a foto) que levava aos altos do prédio onde se localizavam escritórios de advogados e de entidades religiosas, além das instalações da Rádio Imperatriz, ali, na Avenida Dorgival Pinheiro de Sousa, esquina com a Rua Godofredo Viana. É claro que, àquela altura, o corpo já tinha sido levado para um hospital, na tentativa de ver o que podiam fazer pelo padre de 33 anos, paraense nascido em Marabá.

A partir desse dia e nos dias seguintes, o Coriolano (Coló) Filho, que ficara na edição do jornal, e eu virávamos noites na redação do “Jornal de Imperatriz”, colhendo as informações mais recentes e consistentes e dando assistência a um mundo de jornalistas de todo canto do país que nos procuravam para alguma ajuda, inclusive na questão de laboratório fotográfico para revelação.

As manchetes daquelas edições diárias de maio de 1986 diziam muito do clima reinante. E foi nesse mesmo clima, poucos dias após o atentado fatal ao padre que viera do outro lado do rio, que escrevi o artigo “PACIÊNCIA TAMBÉM TEM LIMITE”, reproduzido abaixo.

Infelizmente para a nossa cidade, muita coisa do artigo ainda continua tristemente atual. (O artigo foi publicado originalmente no “Jornal de Imperatriz”, edição de 14 de maio de 1986).

Anos depois, como diretor da sucursal do jornal “O Imparcial”, dos Diários Associados, entrei pela madrugada no salão do Fórum da Justiça Estadual de Imperatriz, cobrindo o julgamento e noticiando a sentença que o juiz e meu conhecido Raimundo Licyano de Carvalho (falecido em 23/4/2018) proferiria, condenando o pistoleiro Geraldo à prisão. O caso nunca foi de todo resolvido.

Eis a íntegra do artigo, que foi reproduzido em jornais de outros pontos do país:

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PACIÊNCIA TAMBÉM TEM LIMITE

“DE VIOLÊNCIA ESTÁ CHEIA A NOSSA PACIÊNCIA. UM DIA, ELA EXPLODIRÁ”

Mais uma vez Imperatriz volta a ser assunto nacional, matéria de jornal. Pintou de novo, para todo o povo. Nas ondas sonoras, na tela de tevê, no papel-jornal. E, mais uma vez, esta cidade é vista pelo seu lado escuro.

Tá certo: a Imprensa é a menos culpada nisso, se é que cabe algum ônus a ela – como costuma pensar e falar, aqui, os que não são jornalistas. A Imprensa não está aqui pela cidade, nem pela sua violência. Está aqui pela notícia. E isso é indescartável.

O que aconteceu no dia 10 de maio foi só MAIS UM ato de violência. Nem o fato de Ter sido praticado ao meio-dia, no centro da cidade, e pelas costas, o tornou incomum. A diferença é que a vítima vestia batina; e, aos 33 anos e à traição, o padre morreu do jeito e com a idade em que morrem os santos homens.

O padre do Tocantins não subiu aos céus visivelmente, mas a sua morte fez ressuscitar (ou reavivar) aqui na terra, a questão da violência, inclusive agrária. Isso tudo, por força e influência da Igreja, que já deu provas do que pode fazer. “Je vous salue, Église!”

Esta cidade merece os crimes e os castigos que tem. Porque sua gente, seu empresariado, suas forças produtivas, suas entidades de classe, não sabem a força que têm. Deixam-se ferrar, escalpelar, tirar o couro, mesmo. Deixam-se matar. Povo-boi. Os crimes, as injustiças, a violência, são tantos que a tranquilidade, aqui, é que é a exceção. Manchete de jornal, rádio e televisão.

Questionamos muito pouco nossa realidade. É preciso, sempre, que haja uma próxima morte, uma nova violência, para se reviver o assunto. Ficamos cheios de indignação e vazios de respostas. Aí, nada mais havendo a tratar, é a vez de o assunto morrer também.

Dizem: os crimes são de competência da Polícia. Dizem: a Polícia é de competência do Governo. Mas o Governo é de nossa competência. Os políticos são nossos servidores – e não patrões. Dirão: Ah! Isso é idealismo, coisa de sociologia, política, filosofia; precisamos de respostas, agora. Quais, então? Armar-se? Incitar à rebelião civil, à prática de Lynch? Constituir organizações paramilitares? Botar o Exército, a Polícia Militar nas ruas (sem esquecer de deixar os policiais criminosos na cadeia)? Aparelhar melhor a Polícia? Pagar-lhe melhores salários?

E onde estão aqueles moços que o povo botamos nas Câmaras, nas Prefeituras, nas Assembleias, no Senado, enfim, no Poder? Onde eles? É quase regra: Eles só vivem, só fazem, só agem pensando na eleição seguinte. Entretanto, POLÍTICA e POLÍCIA, além da proximidade gráfica, têm, para o povo, o mesmo objetivo geral: defender os seus interesses, isto é, os interesses do povo.

E o que ocorre é que estes políticos de cá não tão nem aí, aliás, a maioria deles não tá nem aqui. Para estes, “política é a arte de governar com o máximo de promessas e o mínimo de realizações”. Estas, quando vêm, e a presença deles, quando é, estão acompanhadas da necessidade de “aparecer”, fazer figura. Outros preocupam-se mais com “acertos”, conchavos, manipulações, negociações (negociatas, inclusive).

Acham que isso é política. Têm uma história de praticar a “fidelidade partidária”... ao mesmo tempo em que cometem adultério contra o povo. Enganam o povo. Esquecem o povo. E o nosso povo, besta, não esquece eles. Porque a política é a arte de enrolar as pessoas. A linguagem política – diz Orwell – é destinada a fazer com que as mentiras soem como verdade. E para certos políticos, o que é a verdade senão uma mentira muito repetida?

Essa prática política tão miúda, tão interesseira, tão vil (quando não servil), é outra das violências que sofre este povo. Talvez a pior, porque, pela frente, dá-nos tapinhas nas costas e, por trás, socos na cara.

A violência em Imperatriz é algo exposto. As ações e seus motivos mostram-se a todos, em evisceração. Em um texto como este não é necessário precisar fatos, nominar pessoas. Disto, sabem-no as autoridades civis, militares, eclesiásticas e o povo em geral.

Disto estão cheios os jornais.

Disto estão cheios os livros de ocorrências.

Disto está cheia a nossa paciência.

Um dia, ela explodirá.

* EDMILSON SANCHES

FOTOS:

A escada onde o padre Josimo recebeu os tiros que o levou à morte (no alto, à direita, o padre). Alguns livros sobre a morte de Josimo (do acervo de Edmilson Sanches).

A cena cultural de Fortaleza ganhará toques maranhenses a partir desta quinta-feira (9), com o início da temporada especial do projeto “O Teatro Te Xama: 15 anos em 15 dias”, do grupo maranhense Xama Teatro, que celebra os 15 anos de atividade do coletivo teatral. A programação conta com oficinas, espetáculos e narração de histórias oferecidos, gratuitamente, ao público, com patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei de Incentivo à Cultura do governo federal.

O dia da estreia em terras cearenses será em grande estilo, com duas atrações especiais na Praia de Iracema: a oficina “Residência Experimentos Arcanos”, ministrada por Renata Figueiredo, das 9h às 12h, no Porto Iracema das Artes (que será realizada até o dia 11 de maio); e uma sessão especial do espetáculo “As Três Fiandeiras”, que ocorrerá às 19h, no Teatro Dragão do Mar.

Para a atriz e arte-educadora Renata Figueiredo – que atua e também participou da composição das músicas de “As Três Fiandeiras” –, os espetáculos escolhidos para o projeto de comemoração dos 15 anos do Xama Teatro reforçam a transformação dessas peças a cada nova apresentação.

“São espetáculos que representam muita força e resistência. Se tornaram peças importantes para o teatro maranhense e, também, para a nossa trajetória. Para esta temporada especial, nosso objetivo foi fazer uma síntese dos trabalhos que a gente já faz e que temos bastante intimidade, levando ao público o que a gente vem experimentando no decorrer dos anos”, analisou a atriz.

Nesta sexta-feira (10), às 19h, o projeto apresenta o espetáculo “A Vagabunda – Revista de Uma Mulher Só”, no Teatro Dragão do Mar. Já neste domingo (12), no mesmo local, o público poderá conferir uma “Narração de Histórias”, a partir das 17h.

“Nesta grande temporada que temos feito, estamos oferecendo apresentações de espetáculos do nosso repertório, assim como atividades paralelas nas formas de oficinas e residência e ações para público infantil por meio da narração de histórias. É uma mostra de como o grupo Xama Teatro se esforça em cada trabalho para encontrar, na vontade de um, a voz de uma multidão”, destacou Nicolle Machado, atriz, diretora profissional e integrante do coletivo.

Mais atividades

Na segunda semana de programação, serão duas ações formativas entre os dias 13 e 15 de maio, no Porto Iracema das Artes: a oficina “Criação + Produção = Autogestão”, por Nádia Ethel, das 9h às 12h; e a oficina “A Construção da Cena”, por Nicolle Machado, das 15h às 18h.

Já nos dias 16 e 17 de maio, serão realizados, respectivamente, os espetáculos “A Besta Fera – Biografia Cênica de Maria Aragão” e “A Carroça É Nossa”. Ambos às 19h, no Teatro Dragão do Mar.

Os ingressos de toda a programação podem ser retirados por meio do Sympla, no endereço: https://www.sympla.com.br/produtor/xamateatro.

Serviço

O QUÊ: edição Fortaleza do projeto “O Teatro Te Xama: 15 anos em 15 dias”, do grupo maranhense Xama Teatro;

QUANDO: primeira semana do projeto ocorre entre os dias 9 e 12 de maio, com ações formativas, espetáculos e narração de histórias;

ONDE: ações no Porto Iracema das Artes, na Rua Dragão do Mar, 160, na Praia de Iracema; e no Teatro Dragão do Mar, na Rua Dragão do Mar, 81, na Praia de Iracema;

Contatos: AP Assessoria de Imprensa – (98) 99613-6521 – Aidê Rocha; (98) 99968-2033 – Gustavo Sampaio.

Ingressos

Redes do Grupo Xama Teatro

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Brasília (DF) 24/04/ 2024 Reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)  para deliberar o projeto que prorroga por 10 anos a cota para a população negra de 20% das vagas em concursos públicos da União. Foto Lula Marques/ Agência Brasil

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, nessa quarta-feira (8), por 17 votos favoráveis contra oito, o turno suplementar do Projeto de Lei 1.958, de 2021, que prorroga por mais 10 anos a política de cotas raciais para concursos públicos e processos seletivos para a administração pública federal, direta e indireta, incluindo fundações privadas e autarquias.

Como o projeto tramita em caráter terminativo, segue direto para análise da Câmara dos Deputados, sem precisar da aprovação do plenário do Senado. O tema terá que passar pelo plenário apenas se nove senadores apresentarem um recurso contra a matéria em até cinco dias úteis.

O projeto aprovado aumenta dos atuais 20% para 30% o total das vagas reservadas para cotas raciais, incluindo ainda os grupos dos indígenas e quilombolas. Atualmente, as cotas raciais para concursos alcançam apenas a população negra, que inclui pretos e pardos. A lei de cotas para concursos, de 2014, vence no dia 9 de junho.

O relator do projeto, senador Humberto Costa (PT-PE), rejeitou as quatro emendas apresentadas pelos senadores Sérgio Moro (União-PR), Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Plínio Valério (PSDB-AM) e Rogério Marinho (PL-RN), que se manifestaram contra o projeto.

Para Costa, as emendas prejudicam a política de cotas raciais conforme previsto no projeto de lei. A CCJ ainda rejeitou todos os destaques apresentados pelos senadores contrários à matéria, mantendo o texto do relator Humberto Costa.

Pretos e pardos

A única alteração aceita pelo relator foi uma mudança de redação para trocar a palavra “negro” por “preto e pardo” após manifestação do senador Plínio Valério, que defendeu que pardo não seria o mesmo que negro. “E, quando ele for atrás da bolsa e disser que é negro, ele vai ser vítima de discriminação e acusado de fraudador, porque ele não é negro”, argumentou.

Humberto Costa explicou que a legislação prevê que negros são todas as pessoas que se declaram pretas ou pardos, conforme definição do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

“As pessoas que estão chateadas com essa possibilidade de serem consideradas negras, são negras”, disse o relator, acrescentando que a discussão se trata de “uma concepção preconceituosa”. 

“Mas vamos fazer, porque o que interessa hoje é que a gente aprove essa definição”, concluiu, aceitando a mudança de redação.

Oposição

Parte dos senadores se opôs à matéria, principalmente sob o argumento de que as cotas deveriam ser apenas sociais, baseadas no nível de renda, e não com base na raça.

“Essa discussão de etnia eu acho que ela vai pelo lado errado, porque todos nós somos frutos da miscigenação. A discussão, na minha opinião, tinha que ser socioeconômica”, defendeu o senador Carlos Portinho (PL-RJ).

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) argumentou, por sua vez, que a população negra sofre preconceitos e discriminações que a população não negra não sofre, o que justificaria a política pública de cotas raciais.

“[É cômodo] porque você não é julgado pela sua cor da pele. Porque ninguém atravessa a rua quando um homem branco atravessa a rua, mas seja um homem preto para você ver que, diuturnamente, as pessoas atravessam a rua para sequer cruzar com o homem negro. Essa é a realidade desse país desigual”, afirmou.

(Fonte: Agência Brasil)

Alunos em sala de aula. Foto: Sam Balye/Unsplash

Oito em cada dez professores da educação básica já pensaram em desistir da carreira. Entre os motivos, estão o baixo retorno financeiro, a falta de reconhecimento profissional, a carga horária excessiva e a falta de interesse dos alunos. Os dados são da pesquisa inédita Perfil e Desafios dos Professores da Educação Básica no Brasil, divulgada nessa quarta-feira (8), pelo Instituto Semesp.

A pesquisa foi realizada entre 18 e 31 de março de 2024, com 444 docentes das redes pública e privada, do ensino infantil ao médio, de todas as regiões do país. Os dados mostram que 79,4% dos professores entrevistados já pensaram em desistir da carreira de docente. Em relação ao futuro profissional, 67,6% se sentem inseguros, desanimados e frustrados.

Entre os principais desafios citados pelos professores, estão: falta de valorização e estímulo da carreira (74,8%), falta de disciplina e interesse dos alunos (62,8%), falta de apoio e reconhecimento da sociedade (61,3%) e falta de envolvimento e participação das famílias dos alunos (59%).

Segundo os dados da pesquisa, mais da metade dos respondentes (52,3%) diz já ter passado por algum tipo de violência enquanto desempenhava sua atividade como professor. As violências mais relatadas são agressão verbal (46,2%), intimidação (23,1%) e assédio moral (17,1%). São citados também racismo e injúria racial, violência de gênero e até mesmo ameaças de agressão e de morte. A violência é praticada principalmente por alunos (44,3%), alunos e responsáveis (23%) e funcionários da escola (16,1%).

Apesar disso, a pesquisa mostra que a maioria (53,6%) dos professores da educação básica está satisfeita ou muito satisfeita com a carreira. Os professores apontam como motivos para continuar nas salas de aula, principalmente, o interesse em ensinar e compartilhar conhecimento (59,7%), a satisfação de ver o progresso dos alunos (35,4%) e a própria vocação (30,9%).

“Apesar de todos os problemas é o que eu gosto de fazer e tenho maior capacidade”, diz um dos professores entrevistados, cujo nome não foi revelado. “A paixão pelo processo de ensinar e aprender, contribuindo para a evolução das pessoas”, aponta outro, que também não foi identificado.

Para Lúcia Teixeira, presidente do Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior no Brasil, esses dados são importantes porque mostram o que motiva os professores. “Ele fala da sua vocação. Fala do interesse em ensinar, da satisfação de ver o progresso do aluno. São fatores que estão interligados. Tanto a vocação como o interesse em compartilhar o conhecimento e a satisfação de ver o progresso do aluno. Esse é um dado muito importante em termos do perfil daquele que escolhe ser professor”,, destaca

Licenciaturas

A pesquisa Perfil e Desafios dos Professores da Educação Básica no Brasil faz parte da 14ª edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil, que reúne dados oficiais e coletados pelo Instituto Semesp para traçar o cenário atual do setor educacional no país. Esta edição tem como foco principal Cursos de Licenciaturas: Cenários e Perspectivas.

De acordo com a publicação, o Brasil tem 9,44 milhões de estudantes matriculados no ensino superior. A maioria deles está em instituições privadas (78%). Por lei, pelo Plano Nacional de Educação (PNE), até 2024, o país deveria ter 33% dos jovens de 18 a 24 anos matriculados no ensino superior. Até 2022, essa taxa era 18,9%.

Atualmente, 17% dos alunos do ensino superior cursam alguma licenciatura, o que equivale a 1,67 milhão de universitários. Pedagogia aparece como 17º curso com mais estudantes nos cursos presenciais diurnos e como o primeiro curso com mais estudantes em ensino a distância (EaD).

Apesar do grande número de estudantes, os dados mostram que as desistências nesses cursos são altas. Cerca de 60% dos estudantes de licenciaturas na rede privada e 40% dos estudantes da rede pública desistem da formação. Entre os mais jovens, apenas 6,6% dos entrevistados pelo Instituto Semesp têm interesse em cursar cursos da área de educação.

“Nós pensamos que é necessário repensar também o modelo de oferta dos cursos de licenciatura, com essa campanha que estamos fazendo para atrair os jovens para os cursos de licenciatura. Os currículos têm que ter mais prática e mais capacitação para esse uso de tecnologia, a necessidade de financiamento das mensalidades, porque a maioria dos que vão para o curso de licenciatura é de uma classe social mais baixa e, por isso, a necessidade de uma bolsa permanência para o aluno não evadir e não precisar trabalhar”, defende Lúcia Teixeira.

Formação a distância

Recentemente, as altas taxas de matrícula em cursos a distância e a preocupação com a qualidade da formação dos estudantes, especialmente dos futuros professores, levaram o Ministério da Educação (MEC) a buscar uma revisão do marco regulatório da modalidade.

Para o diretor-executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, a formação presencial pode não ser a única solução. Ele defende uma revisão da avaliação dos cursos. Ainda que seja na modalidade a distância, ele ressalta que os cursos de formação de professores preveem uma carga horária presencial, em estágios, por exemplo.

“Eu acho que o que precisa é melhorar a avaliação dessa presencialidade. Se eu tenho obrigatoriedade de estágios e esses estágios não são cumpridos ou são muito ruins, aí eu tenho um problema. Se é ruim e eu só aumento a carga [horária presencial], eu só vou aumentar a ruindade. Então, eu acho que, primeiro, antes de discutir mais carga presencial ou menos carga presencial, não estou falando que a gente defende ou não defende, mas eu acho que é preciso melhorar esse monitoramento do presencial”, diz.

A pesquisa feita com os docentes pelo Instituto Semesp mostra que 50,1% dos respondentes discordam parcial ou totalmente da afirmação de que o ensino a distância não é adequado. Além disso, para 55,7% dos entrevistados, os cursos de licenciatura devem ser ofertados apenas na modalidade presencial.

(Fonte: Agência Brasil)