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O BLOG DO PAUTAR abre espaço para o projeto LITERATURA MARANHENSE – programa que incentiva o interesse pela leitura de (bons) textos e, ao mesmo tempo, valoriza os escritores (genuinamente) maranhenses. Aproveite... Boa leitura!

(Posfácio ao livro “De ‘Mulher-Maravilha’ a ‘Cidadão Persi’: Professoras Capulana do Educar em Direitos Humanos”, de Maria do Socorro Borges da Silva, 2019. Socorro Borges é maranhense de Caxias, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias e professora-doutora da Universidade Federal do Piauí)

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Quando a corte de dom João VI chegou ao Brasil em 1808, as mulheres que desciam dos navios usavam turbante. Pronto! Logo, grande parte da população feminina do Rio de Janeiro (à época com 60 mil habitantes) passou a usar aquela faixa de tecido enrolada na cabeça. As brasileiras acreditavam que usar turbante era a última moda nas cortes europeias, no caso, Portugal.

Era engano. As mulheres que vinham nos navios foram atacadas por piolhos, muitos piolhos. Não dava para suportar tantos bichinhos daqueles durante cem dias, o tempo da viagem entre Lisboa e o Brasil. Resultado: tiveram de cortar todo o cabelo e jogar fora as perucas, ambos tornados depósitos e criadouros daqueles insetos.

Além disso, as mulheres foram obrigadas a passar, na cabeça, gordura animal e enxofre, elemento químico mais do que fedorento, odor assemelhado ao do ovo podre e que já foi comparado ao “cheiro do inferno em chamas” – credo!

E, para não se mostrarem carecas e para “abafar” o mau cheiro que exalavam, as mulheres cobriram suas cabeças com turbantes.

Como se vê, há sempre uma história por baixo dos panos...

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Capulana é um desses panos. Nela, tudo é metáfora e História – em suas partes e em seu processo. Em suas formas e em suas funções. Em seus desenhos coloridos. Em sua ancestralidade asiática, arábica, e em sua aculturação africana, moçambicana.

Capulana é pano, tecido, fazenda. Quase sempre áspera e, às vezes, lisa. Natural ou artificial: algodão, linho, seda, fibra sintética. Na feira ao livre ar e na loja, mercado, bazar.

Na capulana, trama e urdidura são mais que fios que se (entre)cruzam: são histórias que se contam e encontram.

Capulana é vida, alegria e morte. Veste a noiva. Carrega o bebê. Traz a colheita. Vai à festa. Esconde o choro. Revela o luto.

Capulana assume formas e funções. É o tecido feito e o que se faz com o tecido. Capulana é indumentária, roupa, vestuário. É toalha, lenço e lençol. Cobertor e cortina. É saia, sari e sarongue. É touca, turbante, echarpe. É vestido e polaina, canga e tanga. É calça, camisa e calção.

Capulana é desenho, estampa e pintura. História, Arte, Cultura. Suporte de mensagens educativas e sociais, de propagandas políticas e publicidades comerciais.

Capulana é laço, vínculo, união. É economia, moda, decoração. Identidade e Tradição, Poder e Religião.

Capulana é sujeito que sujeita diversos verbos, pois ela veste, enrola, traja. Envolve, põe, volteia. Estende, circunda, rodeia. Cobre, protege, agasalha. Adorna, enfeita, orna.

E educa.

Sim, educar. Pois capulana é um pano que não é apenas para (se) vestir. Um pano que não é mais para só cobrir(-se).

Sim, há um pano que, mais que vestuário, é símbolo. Ele comunica. Informa. Educa.

Pano é tecido. E “tecer” é o primeiro verbo deste livro, e seu penúltimo. Um tecido e indumentária, a capulana é, neste livro, um dos sujeitos principais, depois das mulheres professoras.

A mulher é a tecelã do homem e também de si, e de muito mais, inclusive, como a Autora registra aqui, “das coisas e das palavras”, pois “toda mulher carrega uma casa dentro de si”. Do ventre vestíbulo – gerar, gestar, gerir – ao colo-abrigo onde filhos e homens e amores se colam e se abrigam, pousam e repousam.

Tanto em letras quanto nas imagens, a capulana é revelada como o verdadeiro tecido social, seja por sua utilidade no cotidiano ou por sua variedade de usos; seja pela função educativa que tem, seja pela História coletiva que contém.

A capulana é tecido. É têxtil. E é texto. Tecido que, ao longo dos tempos, tem sido tenso, intenso. Fio e fibra – fio da História, fibra da mulher.

Tensão, intensidade, fibra... No desfiar dessa História, nas voltas que a capulana dá, e deu, as mulheres negras e seus companheiros, filhos, familiares, retirados da plena liberdade de suas terras e escravizados pela força opressora, má, violenta, criminosa de brancos em busca de lucros.

Jogadas também em porões de navios, em um mar de desrespeitos ao que é Direito, ao que é Humano, ao que são Direitos Humanos, as mulheres procuravam resistir com crianças em capulanas às costas e um (in)certo futuro à frente.

O Atlântico era um oceano muito mais comprido e dolorido do que os dois, três meses de viagem. Havia um excesso de carências: comida, água, higiene, respeito... Cingida ao torso, à cabeça, às costas, a capulana era a memória têxtil, o tecido que carregava um pouco da História, da Cultura, da Liberdade, da prática identitária cotidiana, deixadas forçadamente para trás no solo pátrio, na terra “mater”.

Como documenta a Autora, a capulana, utilizada pelas professoras e alunos, reencontra na Educação seu ambiente de liberdade: “educar”, na origem (“ex” + “ducere”), significa “conduzir para fora”, “deixar de ser conduzido” – ou, tudo isso, libertar-se.

Com seu “De ‘Mulher-Maravilha’ a ‘Cidadão Persi’: Professoras Capulana do Educar em Direitos Humanos”, livro inaugural, Maria do Socorro Borges da Silva, técnica, inventiva, poética, oferta uma parte de sua tese de doutorado em Educação, uma parte íntegra e consistente o suficiente para não se sentir falta do todo...

... e ao mesmo tempo desejá-lo.

Parabéns, Socorro Borges!

* EDMILSON SANCHES

Em todo o país, a porcentagem de crianças e adolescentes que não acessam a “internet” caiu de 14%, em 2018 para 11% em 2019, de acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2019, divulgada hoje (23). Isso significa que são 3 milhões, com idade entre 9 e 17 anos que não têm acesso à rede, sendo que 1,4 milhão nunca acessou a “internet”.

A pesquisa considera como não usuários aqueles que não acessaram a “internet” nos últimos três meses. Apesar de ter aumentado o acesso, no entanto, os dados mostram que ele é ainda bastante desigual dependendo da região do país e também da renda das famílias. Com as aulas suspensas nas escolas de todo o país, devido à pandemia do novo coronavírus, e com as atividades sendo realizadas de forma remota, não ter acesso à “internet” faz diferença, de acordo com a coordenadora da pesquisa, Luisa Adib.

“Muitas atividades de educação e de comunicação acabam não sendo realizadas da mesma forma ou mesmo não sendo realizadas dependendo da conexão e do acesso à “internet”, e isso tem impacto muito grande”, diz, ressaltando que isso leva ao descumprimento de direitos de crianças e adolescentes na era digital.

O estudo mostra que, entre aqueles que têm acesso à rede, a própria casa é apontada com o local de acesso por 92%. No entanto, enquanto nas classes A e B apenas 1% não acessa a “internet” em casa, esse percentual sobe para 17% entre as classes D e E. O acesso é desigual também entre as regiões do país. Na região Centro-Oeste, 98% têm acesso, 96% na região Sudeste e 95% na região Sul. Já nas regiões Norte e Nordeste, esse percentual cai para 79%.

Segundo a pesquisa, no total, 4,8 milhões de crianças e adolescentes de 9 a 17 anos vivem em domicílios sem acesso à “internet” no Brasil, o que equivale a 18% dessa população. Não ter “internet” em casa é apontado como motivo para não acessar a rede por 1,6 milhão de crianças e adolescentes e, não ter “internet” em nenhum lugar que costumam ir, por 900 mil.

Uso da “internet”

Em relação aos dispositivos usados para o acesso, o celular é o principal. Mais da metade, 58%, acessa a “internet” exclusivamente pelo celular. Entre as classes D e E, essa porcentagem chega a 73%, enquanto nas classes A e B, a 25%. Em todo o país, pouco mais de um terço, 37%, usa o celular e o computador para acessar a rede.

Em relação às atividades realizadas na “internet”, 76% das crianças e adolescentes dizem ter feito pesquisas para trabalhos escolares; 64% que pesquisaram por curiosidade ou vontade própria; 55% que leram ou assistiram a notícias na “internet”; e, 31% que procuraram informações sobre saúde.

As videochamadas, que se tornaram populares em meio às medidas de distanciamento social adotadas para conter a propagação do vírus, não são tão familiares para todas as crianças e adolescentes. Nas classes A e B, 56% conversaram por videochamada. Já nas classes D e E, 27%.

Perigos na “internet”

A pesquisa aponta também riscos e danos do acesso à “internet”. De acordo com o levantamento, 15% das crianças e adolescentes de 9 a 17 anos viram na “Internet” imagens ou vídeos de conteúdo sexual; 18% de 11 a 17 anos receberam mensagens de conteúdo sexual; e, 11% dessa faixa etária dizem que já pediram para eles, na “internet”, uma foto ou vídeo em que apareciam pelados.

Quase um terço das meninas (31%) e um quarto dos meninos (24%) foram tratados de forma ofensiva na “internet”. Dentre eles, 12% tinham entre 9 e 10 anos e 37% entre 15 e 17 anos. Um a cada dez diz que contou para um amigo ou amiga da mesma idade e 9%, para os pais ou responsáveis.

O estudo mostra ainda que 43% das crianças e dos adolescentes de 9 a 17 anos viram alguém ser discriminado na “Internet”, enquanto 7% reportaram terem se sentido discriminados. Em 33% dos casos que aconteceram com meninas, essa discriminação foi pela cor ou raça; e, em 26%, pela aparência física; em 21%, por gostarem de pessoas do mesmo sexo; e, em 15%, pela religião. Entre os meninos, 20% reportam discriminação por cor ou raça; 15% pela aparência; 9% por gostarem de pessoas do mesmo sexo; e, 7%, pela religião.

Mediação dos pais e responsáveis

A maior parte dos pais e responsáveis (80%) diz que conversa sobre o que as crianças e adolescentes fazem na “internet”; 77% dizem que ensinam jeitos de usar a rede social com segurança; e, 57%, que sentam com eles enquanto usam a “internet”, falando ou participando do que estão fazendo.

Os jovens, no entanto, dizem saber mais sobre a rede: 77% da população de 15 a 17 anos acredita saber mais sobre a “internet” do que seus pais ou responsáveis. Entre 13 e 14 anos, essa porcentagem cai para 67% e para 52% entre 11 e 12 anos. Eles dizem também que têm dificuldades de largar a “internet”. Entre as crianças de 11 a 17 anos, 25% reportaram que tentaram passar menos tempo na “internet”, mas não conseguiram.

“A ‘internet’, assim como os ambientes ‘off-line’, colocam as crianças e adolescentes expostos a oportunidades e também a muitos riscos. Nesse sentido, é determinante a mediação parental para uso da ‘internet’”, diz Luisa.

Segundo a coordenadora da pesquisa, a restrição não é o melhor caminho, pois isso privaria os jovens de oportunidade e do desenvolvimento de habilidades. “O que a gente sempre reforça é a participação de pais e responsáveis num diálogo e mediação ativa. Em um diálogo com crianças e adolescentes para saber que atividades realizam “on-line” e saber como têm participado desse ambiente para uso seguro e responsável”, acrescenta.

A pesquisa TIC Kids Online Brasil 2019 foi realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). O estudo foi feito entre outubro de 2019 e março de 2020 com 2.954 crianças e adolescentes de 9 a 17 anos e seus pais ou responsáveis.

(Fonte: Agência Brasil)

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) descobriram uma nova espécie fóssil de um peixe-boi extinto, que vivia há cerca de 40 mil ou 45 mil anos, no Rio Madeira, localizado na Região Amazônica. Estudos como esse são relevantes para que a ciência entenda os fatores que resultaram, ao longo da história, na extinção de espécimes. “E, ao gerar esse tipo de conhecimento, entender os fatores que são decisivos para conservar o que hoje existe, em termos de vida, no planeta”, disse à Agência Brasil o pesquisador Mario Cozzuol – um dos três autores do estudo.

Para o paleontólogo, encontrar coisas novas é tarefa relativamente frequente. “Todos os três autores do estudo [Fernando Perini e Ednair Nascimento, além de Cozzuol] já passamos por essa sensação, que é a de descobrimento de algo interessante. É bem aquele clima do ‘eureca’ que vemos em filmes na televisão. É muito bom ter em mãos o resto de uma espécie que ninguém conheceu, viu ou descobriu. É a sensação de ter uma novidade, e querer contá-la ao mundo”, acrescentou.

A descoberta, no entanto, é apenas a primeira parte de trabalhos como o desenvolvido pelo Departamento de Zoologia da UFMG, que levou quase 20 anos para ser concluído.

O “eureca” gritado pelo professor ocorreu logo no primeiro ano das análises, em meio às comparações feitas com outros fósseis. “Foi ali que percebemos que tínhamos, em mãos, uma novidade que merecia ser descrita e publicada”, disse ele. A publicação do estudo só aconteceu este ano, no “Journal of Vertebrate Paleontology”, da Sociedade de Paleontologia de Vertebrados dos Estados Unidos.

“Trichechus hesperamazonicus”

O nome científico dado à espécie descoberta é “Trichechus hesperamazonicus” – ou peixe-boi do oeste da Amazônia, que vivia no Rio Madeira, há cerca de 45 mil anos, em uma época que o regime da água era diferente do atual. As chuvas eram concentradas em poucos meses do ano. Hoje, na Amazônia, a chuva perdura ao longo do ano todo.

“Foi ainda nas épocas das glaciações, quando as geleiras avançaram. A grande quantidade de água retida nos gelos diminuiu a quantidade de água circulando em rios e oceanos, tornando-os menores. Os geólogos chamam esse período de pleniglacial médio, que ocorreu entre dois momentos de máxima glaciação. Pode-se dizer que era um período quente e úmido para a época”, explica o cientista.

Nesse contexto, a maior parte da água descongelada era concentrada em lagos, em vez de rios. “Esses lagos desapareceram, dando lugar a rios de águas mais caudalosas. Com isso, o animal não tinha mais o mesmo tipo de ambiente para viver. A situação mudou, e ele foi extinto por não ter se adaptado à mudança ambiental, ficando o atual peixe-boi amazônico como o único remanescente do grupo”, acrescenta Cozzuol. Segundo ele, até então, existiam espécies fósseis da família “Trichechidae”. O que não existia eram as do gênero “Trichechus”.

A pesquisa

Os três fósseis analisados pelos pesquisadores foram obtidos por garimpeiros que remexiam o fundo do Rio Madeira, na busca por ouro. As peças foram doadas para a Universidade Federal de Rondônia e para o Museu Estadual de Rondônia.

Foi por volta do ano 2000 que os pesquisadores identificaram, além das semelhanças, diferenças na comparação com outros espécimes de peixe-boi (entre fósseis e remanescentes), o que, do ponto de vista científico, é ainda mais interessante.

“Pelas semelhanças, vimos que o animal pertence aos grupo dos peixes-bois. E entre as diferenças, detalhes como posição e tamanho dos dentes; e os espaços entre os dentes e a parte superior da mandíbula”. “Foi ali que vimos, pela primeira vez, relevância em descrever e comparar o encontrado”, disse o pesquisador, empolgado com as novas pesquisas que deverão ser implementadas a partir de seu estudo.

“Todo bom trabalho de pesquisa termina mais com perguntas do que com respostas. Adicionamos uma espécie a mais no grupo. O desafio agora é entender melhor como a evolução de todo o grupo aconteceu. As perguntas serão pontas para que se faça mais pesquisas, para saber quantas espécies existem ou existiram; onde existiram; qual processo levou à diversificação; porque desapareceram algumas e apareceram outras espécies”, acrescentou.

Sobrevivência da diversidade

Cozzuol explica que o processo de evolução na Amazônia é muito mais complexo do que se imagina. “O que temos hoje, de grande diversidade, é apenas a parte remanescente de algo muito maior que existia antes. Essas informações são extremamente importantes para sabermos o que fazer para conservar o que temos”.

Ele acrescenta que mudanças climáticas bruscas, como ocorre atualmente com o aquecimento global, podem resultar na extinção de espécies incapazes de se adaptar ao novo cenário. “Ao estudar as espécies, tanto extintas como remanescentes, a ciência aponta o que deve ser feito para a manutenção da vida, já que animais e plantas estão integrados no mesmo sistema que estamos. Vivemos em um aquário gigante, onde não há recursos ilimitados”, argumentou.

“A extinção faz parte da natureza. Isso é parte do processo natural. O que vemos é que a possibilidade de extinção é ainda maior quando as mudanças ambientais são rápidas. Saber disso é importante porque é o que está acontecendo no caso do aquecimento global. Mudanças desse tipo já aconteceram no passado, só que numa velocidade muito menor. O problema é que, quanto mais rápida é a mudança, menor é o tempo para os organismos se adaptarem. Portanto, maior é o risco de adaptação. E isso é preocupante”, complementou.

(Fonte: Agência Brasil)

Com o objetivo de capacitar e proporcionar o ingresso de jovens negros no mercado de trabalho, a terceira edição da Caravana da Juventude Negra anunciou a oferta de 1.250 vagas para cursos e oficinas. Todas as capacitações são gratuitas e realizadas em plataformas “on-line”.

Os cursos são destinados a jovens interessados na carreira artística ou ligadas ao mercado da arte. As oficinas e cursos incluem técnicas e dicas de maquiagem, culinária, aulas de fotografia, dança de rua, oficinas de DJ, formação de “youtubers”, aulas de informática, formação de modelos e gerenciamento de carreira.

“Shows”

A Caravana da Juventude Negra disponibilizará espaços para a transmissão de 40 “lives” de bandas e artistas independentes, oferecendo toda a estrutura técnica para captura e transmissão no canal oficial do projeto no YouTube. Após a apresentação, uma votação será realizada para escolher os dez melhores produtos audiovisuais que serão premiados com a produção e gravação de videoclipes.

O projeto oferece a produção e disponibilização de material visual para a divulgação de marcas, produtos, serviços e mão de obra em diferentes regiões de Brasília. O objetivo é dar mais visibilidade ao empreendedor local.

As inscrições podem ser feitas por meio de um formulário disponibilizado no “site” oficial do projeto. Na página também é possível acompanhar a programação de cada oficina. Ao término de cada curso/oficina, será oferecido um certificado de conclusão.

A Caravana da Juventude Negra é realizada pelo Instituto Blaise Pascal (IBP), uma associação civil dedicada ao desenvolvimento de redes de pesquisa e produção de conhecimentos e tecnologias voltadas para o desenvolvimento social e humano, trabalhando com as cidades e as organizações.

(Fonte: Agência Brasil)

A pandemia de covid-19 levou sete, a cada dez pessoas, a consumir notícias diariamente e a se manter atualizadas sobre os acontecimentos por meio da televisão. Para 65% dos 831 participantes do levantamento da pesquisa Coronavírus, Comunicação e Informação, elaborada por docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), outras fontes centrais de informação foram a versão “on-line” de jornais e os “blogs”. Os voluntários, oriundos de 24 Estados e também de outros países, responderam questionário “on-line”, entre os dias 12 e 19 de abril.

Por meio dos resultados, observa-se que o que mais se privilegiou foram a atuação do governo federal (81,46%), a divulgação de descobertas científicas (73,89%) e o que se recomendava como medidas de prevenção contra a doença (72,32%). Outros tópicos que despertaram interesse foram a reação de outros países frente ao problema (65,7%), números relativos ao total de óbitos e casos confirmados da doença (59%), causas e sintomas de covid-19 (52,5%) e redes de solidariedade que se formaram com o objetivo de prestar ajuda a pessoas que estivessem passando necessidades (51,3%).

Compartilhamento

A maioria dos entrevistados declarou compartilhar conteúdos referentes à pandemia. A periodicidade variou. Enquanto mais da metade (57,2%) afirmou divulgar às vezes; 22% fizeram diariamente e 1,4% com outra frequência. No total, cerca de um quinto (19,4%) disse que não publicou nada.

Teor de conteúdos

Em relação ao teor dos conteúdos compartilhados, o que mais se viu foram alertas de autoridades (54,8%), reportagens e artigos jornalísticos (49,9%), áudios e vídeos de especialistas (44,5%) e informações sobre causas e sintomas (28,2%). Na outra mão, nota-se que 58,4% receberam reportagens e artigos jornalísticos, 53,4% “memes” e 52,3% áudios e vídeos de especialistas. Aqui, ficaram praticamente parelhos as “fake News” e os alertas de autoridades, com 47,7% e 47,4%.

Mudança de rotina

Segundo a professora Daniela Zanetti, uma das autoras da pesquisa, assinada com Ruth Reis, a preferência pelos formatos televisivo e “on-line” de noticiários tem a ver com a mudança de rotina que foi promovida durante a pandemia. “Quando a gente fez essa pesquisa, foi exatamente quando houve maior isolamento social. A média no Brasil era maior. Todos os veículos vêm noticiando que vem caindo essa taxa, meio que voltando a uma normalidade que não existe. Então, realmente, aumentou o consumo de meios de comunicação jornalístico. Se a gente estava em uma via de menos consumo de televisão, tudo migrando para as redes [sociais] ou fonte de informação variada, percebemos que, nesse período, a televisão e esses canais mais institucionalizados voltaram a ter mais força, e também começou mais o consumo multitelas", pontua.

“Se se pensa em uma rotina de estar sempre na rua, em vários ambientes, mas não estar em casa para ligar a TV, você vai acessar o dispositivo que está mais à mão, que é o celular. Então, ficando em casa, a televisão fica com mais uma tela, que pode estar facilmente sendo usada enquanto você faz outras coisas. Isso foi uma coisa que nos ocorreu”, acrescenta.

Perguntada sobre a possibilidade de se considerar os resultados obtidos pelo levantamento como um sinal de que parte da população tornou a confiar mais na imprensa, após desacreditá-la, Daniela diz que não há como se fazer tal afirmativa. “Acho que é preciso agregar mais pesquisas em relação a isso. Agora, com certeza, os meios de comunicação têm tido esse papel importante de esclarecer com dados mais fidedignos”.

(Fonte: Agência Brasil)

“A Seleção das Seleções, bem simples assim”. Foi dessa forma que o técnico Tite, em carta publicada nesse domingo (21), no “site” da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), definiu o escrete canarinho que, em 21 de junho de 1970, goleou a Itália por 4 a 1, na final da Copa do Mundo, no Estádio Azteca, México. O triunfo garantiu ao Brasil o tricampeonato mundial, um título que consagrou definitivamente o estilo brasileiro de jogar futebol.

O atual técnico da seleção brasileira foi muito feliz: aquele time realmente foi mágico. Poucas vezes na história do futebol mundial tantos craques se reuniram numa só equipe. Carlos Alberto Torres, Clodoaldo, Gérson, Tostão, Rivellino, Jairzinho e Pelé. Jogadores espetaculares que foram comandados por outra figura emblemática do futebol mundial, Mário Jorge Lobo Zagallo, único tetracampeão mundial, que desempenhou diversas funções durante a carreira no mais popular dos esportes.

Em seis jogos na Copa do México, a seleção teve 100% de aproveitamento: ganhou as seis partidas, marcou 19 gols e sofreu apenas sete.

Além da conquista coletiva, os craques brasileiros também escreveram outros capítulos na história das Copas. Com sete gols, Jairzinho terminou o Mundial como vice-artilheiro e se tornou o primeiro campeão a marcar em todos os seis jogos da competição. Pelé voltou a marcar em uma final de Copa do Mundo e se tornou o único atleta três vezes campeão mundial da história. O Rei ainda terminou a competição com seis assistências, um recorde de passes para o gol, em uma mesma edição do Mundial, que se mantém até os dias de hoje.

Homenagens

Os tricampeões mundiais viveram nesse fim de semana um reencontro emocionante. Dentro das comemorações que marcam os 50 anos da conquista histórica do tricampeonato na Copa do México, os integrantes do escrete canarinho de 1970 receberam uma réplica da Taça Jules Rimet.

Eles também foram nomeados com o título de Embaixadores da Seleção Brasileira que, entre outros benefícios, dá a opção de assinarem um contrato, com remuneração fixa e mensal, para representarem a CBF em eventos sociais, educacionais, institucionais, ou em visitações.

“Sentimos muito orgulho dessa brilhante equipe e de cada um dos nossos jogadores. Um time que ficou marcado para sempre como exemplo de futebol alegre, organizado, coletivo e de beleza plástica inconfundível. Enviamos a Taça Jules Rimet, símbolo da conquista, e o Passaporte de Embaixador da Seleção a cada um dos nossos campeões como forma de reconhecer este sentimento. Em nome da CBF, reitero a enorme honra e emoção que sentimos ao agradecê-los por tudo o que fizeram pelo nosso futebol e o nosso país”, afirmou o presidente da CBF, Rogério Caboclo, em entrevista ao “site” da CBF.

(Fonte: Agência Brasil)

Os 60 anos da capital federal são o tema de concurso do Arquivo Nacional, em parceria com a organização Wiki Movimento Brasil. A seleção, para edição na Wikipédia, tem prêmios de até R$ 2.500. O objetivo do concurso é a ampliação da democratização, a difusão e a acessibilidade de acervos do Arquivo Nacional

O concurso premiará os cinco editores da Wikipédia em português que realizarem mais ações de edição sobre Brasília na enciclopédia eletrônica colaborativa, utilizando, inclusive, imagens do acervo da instituição disponibilizadas na plataforma. Editores têm até o dia 24 de junho para fazer a inscrição no Arquivo Nacional. Para isso, basta acessar a página do concurso na Wikipédia.

O concurso será realizado entre 20 de julho e 14 de setembro, quando os participantes farão a criação de outros verbetes, a edição de verbetes já existentes e a inserção de imagens do acervo do Arquivo Nacional nos verbetes sobre Brasília da Wikipédia em língua portuguesa. Leia o edital original e o edital complementar publicados no “Diário Oficial da União”.

Desde 2017, o Arquivo Nacional vem disponibilizando parte de seu acervo na WikiCommons. Atualmente, são 10.809 itens digitalizados, que permitem ao usuário ter acesso a documentos dos mais variados gêneros e suportes, que contam um pouco da história do Brasil. Muitos desses documentos já são utilizados para ilustrar mais de 6.850 verbetes na Wikipédia em mais de 110 idiomas, que obtiveram, em 2019, cerca de 280 milhões de acessos.

A iniciativa faz parte de um movimento global de abertura de acervos que recebe o nome de Glam (da sigla em inglês para galerias, bibliotecas, arquivos e museus), que pretende estimular a difusão de conteúdos de relevância educacional com licenças livres e a construção de recursos educacionais abertos, especialmente a Wikipédia.

(Fonte: Agência Brasil)

Mais telas, mais sobremesas, mais “sim” e o “não” passou a ser usado só para situações inevitáveis. Para manter a saúde emocional das crianças – e dos adultos – que estão a cerca de 90 dias em isolamento social, não há apenas uma resposta certa, mas em comum está a liberdade maior do que nos períodos em que as crianças podiam circular livremente.

“Eu abri mão da cobrança em relação à escola. Se está disposto, faz. Se não quiser, não cobro”, diz a médica Lorena Tostes, 44 anos, mãe de duas crianças, uma de sete e outra de quatro anos.

“Eu abri mão da pressão de dormir cedo e acordar cedo. Deixo elas mais livres. Também não estou controlando muito ‘tablet’. Guloseimas mais liberadas também. Resumindo: perda de controle total”, conta a médica Daniela Barra, 39 anos, mãe de duas meninas.

Revisitar os acordos é uma das atitudes “básicas” para manter o equilíbrio emocional dos filhos na quarentena, de acordo com a psicóloga Roberta Desnos, coordenadora pedagógica do Laboratório Inteligência de Vida.

Segundo Roberta, acreditar que as regras anteriores à pandemia podem continuar sendo seguidas sem alteração é um forte equívoco. “As rotinas foram alteradas drasticamente e, por isso, de tempos em tempos, é preciso rever o que foi combinado com as crianças e fazer as adaptações necessárias para diminuir os possíveis conflitos gerados pela intensidade da presença e a restrição de saídas e deslocamentos”.

Para a psicóloga, é importante também ampliar o diálogo e explicar a situação. “Converse com as crianças de maneira tranquila e honesta e de acordo com a capacidade de compreensão de cada idade. Não infantilize a criança ou desconsidere sua percepção da realidade. As crianças estão passando por esse período de distanciamento social e também tiveram suas vidas alteradas, portanto também precisam ser consideradas como sujeitos”. Segundo Roberta, o momento serve para explicar sobre o novo coronavírus, incentivando as crianças a desenhar o vírus, seus medos, os desejos pós-pandemia e, é claro, a própria família.

“Reforçar que essa situação é passageira e que elas não estão sozinhas. Elas podem contar com o seu cuidado como adulto é muito valioso. O tempo todo as crianças estão fazendo leituras e tentando compreender o mundo e, muitas vezes, se sentem responsáveis ou culpadas ao perceber que algo está errado. Converse com seu filho e filha sobre o que está acontecendo e sempre pergunte suas opiniões e versões sobre o que ele ou ela acha que tudo isso significa”.

Mudança, mas nem tanto

A rotina mudou, mas, ainda, é importante manter uma organização para lidar melhor com o distanciamento social. A psicóloga incentiva a planejar o dia e as atividades, para que as crianças tenham um ambiente seguro que favoreça a diminuição de sintomas como estresse e ansiedade.

“Estabelecer horários para dormir, acordar, fazer as refeições, assim como as atividades escolares e de lazer, pode promover maior bem -star em todos os membros da família. Não é preciso ser algo extremamente rígido, mas estabelecido de modo a favorecer a dinâmica da casa”, destaca.

A chefe de gabinete parlamentar Patrícia Paraguassu, 37 anos, mãe de uma menina de 7 anos, viu, na prática, que liberar demais só deixou as coisas mais complicadas. “Ela antes gostava mais das aulas, tinha mais paciência. Agora, está desinteressada. Eu liberei de assistir a algumas aulas, achei que poderia ficar cansativo e, acabei liberando. Daí, agora, ela corre pra TV e, se deixar, não sai mais. Percebi que não adianta ceder tanto. Às vezes, eu acho que a rotina tem que ser mantida de alguma maneira”, conta.

Brincar

Segundo a psicóloga, é preciso preservar tanto a brincadeiras e jogos estruturados e direcionados, como momentos de livre brincar. Na casa da médica Roberta Catarfina, 37 anos, a brincadeira aumentou. “Tempo de tela aumentou, e nós compramos um ‘videogame’, compramos uma segunda cachorra, começou aula de guitarra, anda de ‘skate’ todos os dias, assiste a aula apenas duas ou três vezes na semana e faz 50% das tarefas ou menos”, conta.

Na casa de Magali Dantas, 51, a servidora pública também investiu nas brincadeiras. “Além da sobremesa todos os dias e noites, teve chuteiras, patinete, ‘bike’. Já teve três natais aqui”, diz.

“As crianças precisam se movimentar e por causa da diminuição considerável das atividades físicas, não podemos negligenciar o corpo nesse momento tão atípico. Se possível, faça jogos e circuitos para que as crianças pulem, dancem, corram etc. Investir em atividades artísticas como pintura, desenho, contação de histórias é fundamental para as crianças darem vazão ao que estão sentindo também”, destaca a psicopedagoga.

Veja dicas do Laboratório Inteligência de Vida para manter o equilíbrio das crianças no isolamento:

Descanso:
Crie hiatos entre as atividades, para não fazer nada por um breve instante. Lidar com o tédio é um aprendizado importante no autoconhecimento, gestão das emoções e o desenvolvimento do potencial criativo.

Autonomia:
Estimule atividades e, depois, deixe a criança brincar sozinha. Identifique, com ela, quais são as ações que são possíveis serem realizadas sem a ajuda de um adulto (se vestir, escovar os dentes).

Tarefas domésticas:
Inclua as crianças na realização das atividades. Além de ajudar a desenvolver a autonomia, isso aumentará o senso de responsabilidade e favorece a manutenção dos vínculos familiares.

Uso de telas:
Nesse momento, flexibilizar o uso das telas é algo necessário, mas é preciso estar atento ao tempo adequado de acordo com a idade da criança e evitar uso sobretudo nas horas que antecedem o sono.

Sono:
Assegurando sonecas ao longo do dia (se forem bebês ou crianças pequenas), estabeleça rituais de sono – pouca luminosidade, aparelhos eletrônicos fora do ambiente ou desligados.

Rede social:
Estimule que a criança mantenha algum tipo de contato com as crianças e adultos que faziam parte da sua vida antes da pandemia.

Humanize-se:
Mostrar que você também fica preocupado em alguns momentos, que sente saudade das pessoas que não pode ver e que experiencia tristeza e alegria, assim como ela, fará com que ela não se sinta só e entenda que as oscilações são naturais nesse momento.

(Fonte: Agência Brasil)

Os acentos gráficos continuam nos dando dor de cabeça.

Dicas gramaticais

Afinal, COCO tem ou não acento circunflexo?

1. CÔCO ou COCO?
O certo é COCO.

REGRA:
Só acentuamos as palavras paroxítonas (= sílaba tônica na penúltima sílaba) terminadas em:

I(S): táxi, júri, cáqui, lápis, tênis...
EI(S): jóquei, vôlei, ágeis, fósseis, usaríeis...
US: vírus, ânus, bônus, Vênus...
Ã(S): ímã, órfã, órfãs...
ÃO(S): órfão, sótão, órgãos, bênçãos...
R: caráter, repórter, éter, mártir...
X: tórax, clímax, ônix, látex...
N: hífen, pólen, próton, nêutron...
L: túnel, têxtil, ágil, difícil...
UM(UNS): álbum, álbuns...
ONS: prótons, elétrons, íons...
PS: bíceps, tríceps, fórceps...

OBSERVAÇÃO 1:
Não se acentuam as paroxítonas terminadas em:
A(S): fora, seca, sala, balas...
E(S): este, esses, ele, eles...
O(s): COCO, bolos, palito...
EM(ENS): item, itens, ordem, nuvens, hifens, polens, abdomens...

OBSERVAÇÃO 2:
Não se acentuam os prefixos terminados em “i” ou “r”: hiper, inter, super, semi, mini, maxi...

OBSERVAÇÃO 3:
Há registro de XÉROX ou XEROX.

2. PÔDE ou PODE?
PÔDE é a 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo: “Ontem, ele
não pôde resolver o problema”.
PODE é a 3ª pessoa do singular do presente do indicativo: “Agora, ele não pode sair”.

Acrescentando...
Nova ortografia: “Pôr” e “pôde” preservam acento
Já se disse que quase todos os acentos diferenciais foram suprimidos pelo Novo Acordo Ortográfico. É bom esclarecer, então, quais foram os que permaneceram – apenas dois, o do verbo “pôr” e o da forma “pôde” (terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do modo indicativo).

O acento de “pôr” faz que a forma verbal se distinga da preposição “por”. Na letra da canção “Leve”, de Chico Buarque, temos a preposição “por”: “Não me leve a mal / Me leve apenas para andar por aí / Na lagoa, no cemitério / Na areia, no mormaço”. Do mesmo Chico, agora na letra de “Bye-bye, Brasil”, está o verbo “pôr”: “Eu vou dar um pulo em Manaus / Aqui tá quarenta e dois graus / O sol nunca mais vai se pôr / Eu tenho saudades da nossa canção / Saudades de roça e sertão / Bom mesmo é ter um caminhão”.

É importante lembrar que o substantivo composto “pôr do sol” continua grafado com acento, dado que o verbo “pôr” é um de seus elementos constitutivos. O mesmo ocorrerá com a forma “soto-pôr”, único derivado do verbo “pôr” em que o prefixo fica separado por hífen, motivo pelo qual o acento deve ser empregado. Nos demais, não ocorre acento gráfico: repor, propor, depor, compor, sobrepor etc.

Já a forma “pôde” mantém-se como único caso de acento diferencial de timbre (observe que, no presente do indicativo, dizemos “pode”, com /o/ aberto e, no pretérito perfeito do indicativo, pronunciamos “pôde”, com /o/ fechado). O motivo da manutenção do acento gráfico de “pôde”, entretanto, não é a preservação da sua pronúncia fechada. Essa grafia serve para marcar o tempo passado.

A utilidade desse acento fez que não fosse suprimido na reforma ortográfica de 1971 e que sobrevivesse também a de 2008. Assim: “Ele não pode fazer isso” (presente) é diferente de “Ele não pôde fazer isso” (passado).

Teste da semana
Assinale a opção que completa, corretamente, as lacunas da frase abaixo:
"Deficiências de verbas não __________ para desencorajar novas atividades __________”.
(a) são o suficiente / técnico-científicas;
(b) são suficiente / técnicas-científicas;
(c) é o suficiente / técnico-científicas;
(d) são suficientes / técnicas-científicas;
(e) é suficientes / técnicos-científicos.

Resposta do teste: Letra (a).
O sujeito (= deficiências de verbas) está no plural. Por isso, o verbo deve concordar no plural (= são). Quanto ao predicativo, há duas possibilidades: “são suficientes” ou “são o suficiente”. Quando o adjetivo é composto (técnico-científico), somente o segundo elemento se flexiona: “atividades técnico-científicas”.

Todos cometemos nossas loucuras. Quantos de nós conhecemos nossos loucos?

*

Um grupo de WhatsApp que reúne a chamada “Velha Guarda” caxiense tornou-se uma verdadeira “Arca de Noé” de nomes de pessoas, de fatos a elas relacionados, de coisas e loisas da vida de cada um ou da vida de cada um e seus conhecidos e da vida de cada um, de seus conhecidos e suas interações com a vida da cidade, da nossa Caxias.

Para mim, então, com olhar de caxiense apaixonado e de jornalista e pesquisador que tanto já descobriu e escreveu sobre pessoas, causas e “coisas” caxienses, aquele grupo (e outros também) é uma mina!...

No dia 15/4/2019, um dos membros da Velha Guarda, o Arnaldo, inicia um assunto que eu já havia debatido na página “Caxienses Mundo Afora”, no Facebook, em 15 de dezembro do ano passado: os loucos de nossa cidade.

Talvez dizer “louco” ou “doido” ou “maluco” já seja, a esta altura dos tempos, “politicamente incorreto”... Até porque, como alguns caxienses se apressaram em desfazer, diversas das figuras que foram citadas não seriam propriamente “loucas”; no máximo, apenas inveterados bebedores de cachaça. Ou "perturbados". Não teriam um parafuso a menos; no máximo, uma porca estaria desatarraxada – ou uma rosca desenroscada, uma junta desjuntada, um pino empenado, um rebite arrebitado...

A Ludce Machado, da direção da Associação da Velha Guarda Caxiense, ao ver tantos nomes de pessoas “incomuns”, gravou, com bom humor, áudio dizendo que ela teria nascido em Caxias, e não no Meduna.

Para quem não se lembra, o Sanatório Meduna foi um dos primeiros hospitais psiquiátricos particulares do Brasil. Funcionava em Teresina (PI), acolhia até 200 pacientes e fechou em maio de 2010, após quase 60 anos de existência – sua construção iniciou-se em 1943, mas a inauguração só ocorreu em 1954. (O nome “Meduna” é o sobrenome do psiquiatra Ladislau Meduna, nascido na Hungria e refugiado nos Estados Unidos, onde, na época da 1ª Guerra Mundial, se naturalizou).

Os registros escritos e em áudio do grupo da Velha Guarda Caxiense no WhatsApp sugerem mais de 40 pessoas “incomuns”, quatro dezenas de “loucos”. Antes de nominá-los, expliquemos o título deste texto (“Panteão dos Incomuns”):

– como se vê em definição no monumental “Dicionário Houaiss”, “panteão”, além de templo dos deuses, significa também o conjunto de figuras públicas, célebres em determinado lugar e que perduram na memória individual ou coletiva (e todos nós temos ou tivemos nossos “doidos” na infância e/ou adolescência, que ainda residem em nossas lembranças);

– “incomuns” são as pessoas que, por qualquer razão ou motivação, causa ou etiologia (psicológica, social etc.) desenvolvem ou adotam comportamentos que não são comuns em relação ao usual das demais pessoas ou conjuntos de pessoas de uma dada sociedade.

De qualquer modo, temos de lembrar que ser diferente é da natureza de todos e de cada um de nós.

Dos 41 nomes listados na conversa do dia 15/4/2019, pelo menos cerca de 15% receberam ressalvas de que não seriam propriamente “loucos”, entre eles: Carlos Bombeiro, Juca Pau de Lata, Maria Poquinho, Miguel Fala Fina (Miguel Arcanjo Rocha), Paulo Bigode no Cu (Paulo Augusto Queiroz Baima Pereira; estudamos juntos o ensino médio no Colégio São José e sempre o vi igual a todos os demais colegas de turma).

Da minha infância e adolescência, lembro-me de que conheci, razoavelmente, o Feijão, o Frota, a Maria Poquinho, o Miguel Fala Fina, o Pedro e o Zé Merda e tenho algumas recordações da Boi Te Come, do Juca Pau de Lata e do Sertão.

Não sou candidato a santo, mas a nenhum desses eu “entiquei”, provoquei, aborreci. Não os detratava e saía correndo. Ao contrário: por exemplo, com o Feijão (cujo nome era Antônio) eu e o Walburg Ribeiro Gonçalves Filho conversávamos, perguntávamos como estava a situação, arriscávamo-nos a dar alguma orientação e, às vezes, dávamos algum dinheiro. Quando a conversa incluía o Walburg (subgerente do Banco do Brasil, meados da década de 1970), ela se dava ali no Senadinho, “point” localizado ali na pracinha onde está o icônico prédio do BB em Caxias.

Eis, em ordem alfabética, do “A” da Arroz Não Deu ao “Z” do Zé Arigó / Zé Dadá / Zé Merda, a lista com o nome pelo qual era conhecido cada um desses personagens incomuns de Caxias:

– Arroz Não Deu, Bianô, Boi Te Come, Bola Sete (B7), Caburé, Cagão, Carlos Barbeiro, Catumbi/Catimbó, Django, Feijão (Antônio Feijão), Freguim, Frota, Gavião, Goiaba, Gobilão, Gogó da Ema, Jabota, João Doido, João Golinha, Juca Pau de Lata, Manga Rosa, Maria Fulô, Maria Poquinho, Maxixe, Mel Com Água, Miguel Fala Fina, Pachola, Paulo Bigode no Cu, Pedro, Porco-Espinho, Raimunda Grude, Rosa Doida, Sertão, Tá Na Hora, Tenente, Tomé, Velha Debaixo da Cama, Volnei Cabeça de FNM, Zé Arigó, Zé Dadá, Zé Merda.

*

Precisamos recuperar e (re)escrever a história dessas pessoas excepcionais (sem trocadilho). Fizeram/fazem parte da realidade e da história de Caxias e, como se lê, ainda hoje fazem parte do imaginário de nós caxienses.

De minha parte, lembro-me do Frota, com seus bregueços.

Conversava com o Antônio Feijão; sendo bem tratado, ele não machucava ninguém, mas, se o chamassem de “Ladrão da Romcy”, podia sair da frente e correr – era banda de tijolo e pedrada para todo lado. (A Romcy era a maior rede de lojas do Ceará. Começou a vender carnês de um tal "Plano Romcy da Sorte"... e aceitaram o Antônio Feijão como vendedor... O Feijão talvez gastasse o dinheiro e aí deve ter sido dispensado e passaram a apelidá-lo de “Ladrão da Romcy”. Era tiro e queda; ele passava da calma à fúria em milésimos de segundo).

Como morador, inicialmente, da Palmeirinha e da Galiana, conheci o Pedro, que desenhava bem, ali pelas bandas da Estação Ferroviária (hoje o Instituto Histórico e Geográfico de Caxias, de que sou membro e diretor). Pedro era calado, quieto, e quando ganhava um dinheirinho pelos desenhos que fazia no chão, ia ao mercado comprar comida. Com sua voz mansa, pedia: “Concita, cem de pegado com osso!”). Lembro-me de que, eu criança, pedia ao Pedro para desenhar o mapa do Continente Americano impresso nas antigas embalagens (“carteira”) dos cigarros “Continental”.

Conheci bem a Maria Poquinho (ou Poquinha ou Poquim). Minha mãe – uma dessas “almas boas” que Deus colocou na terra – cuidou do filho dela, o Antônio Poquim, que teria morrido de hanseníase. Na foto do velório dele, em 21 de dezembro de 1967, que aqui se vê, está presente minha mãe, Dona Carlinda (primeira à esquerda, mãozinha no queixo, pensativa). Também, a menininha Fátima, sua irmã Santa (com a mãe, Maria Poquinho, recostada ao ombro) e a menina Mariman – três filhas e a mãe, todas olhando o filho e irmão. Ainda na foto, meu tio Raimundo João Gama Soares (o J. Gama) e o amigo Cacá, morador daPalmeirinha, ambos no final da foto, à direita.

Quem tiver ressalvas, consertos, alterações, sugestões ou mais depoimentos e documentos sobre nossos “loucos”, aceitaria que me enviassem. Pretendo elaborar uma matéria jornalística sobre esses personagens transcendentais que, de algum modo, deixaram marcas eternas em nossas lembranças.

Uma cidade é também seus loucos e nossas loucuras...

Todas as guerras genocidas e os mais monstruosos crimes e os mais nazistas dos preconceitos foram ou são cometidos por “não loucos”, os humanos classificados como “normais”...

Quem disse que somos mais sãos que nossos “loucos”?

* EDMILSON SANCHES