O título de Patrimônio Cultural e Natural Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), concedido, nessa sexta-feira (5/7), à cidade de Paraty e à Ilha Grande, localizada no município de Angra dos Reis, no sul do Estado do Rio de Janeiro, foi recebido com perspectivas de novos investimentos e incremento de projetos culturais pelos dois municípios.
O prefeito em exercício de Paraty, Valceni Teixeira, disse que receber o título de Patrimônio da Humanidade da Unesco é a demonstração de que o município construiu algo importante em relação à conservação da história e da biodiversidade locais. “Buscamos este título há muitos anos e apenas agora foi possível. Este é um momento único e especialmente importante para todos os moradores de Paraty”,disse.
Para a secretária de Cultura, Cristina Masela, a inscrição como Patrimônio Mundial, além de preservar a cultura e o meio ambiente da região, é uma maneira de conseguir novas oportunidades de projetos e investimentos, inclusive na solução de algumas dificuldades de infraestrutura do município, como o tratamento de água e esgoto, que é um problema na cidade, assim como em outros lugares do país, e acesso às rodovias.
“Acho que tem uma série de questões importantes que precisam também de investimentos de outras esferas de governo para poder superar. Isso também trará muitos benefícios na área de turismo onde pode aumentar o número de visitantes na cidade, sempre com o norte do turismo sustentável”, afirmou.
Na visão da secretária, a cidade que é famosa também pela realização da Feira Literária Internacional de Paraty (Flip), vai atrair outros eventos. “O mais interessante desse título não é atrair para um evento específico. Todas as belezas culturais e ambientais estão no município durante 365 dias ao ano, então o visitante vai poder desfrutar de tudo isso em qualquer dia. Isso é muito importante porque desvincula o fluxo de turismo em datas específicas de eventos. É muito bom porque é mais uma ação contra a sazonalidade do turismo”, observou.
O sítio agraciado inclui o centro histórico de Paraty e as reservas de Mata Atlântica da região da Ilha Grande, em Angra dos Reis. O prefeito da cidade disse que o título é algo histórico, que vai divulgar Angra internacionalmente. “Notícias boas que Angra está precisando, que Paraty está precisando, Isso vai transformar Angra em desenvolvimento econômico, com mais recursos, mais turistas. Angra vai ser divulgada no mundo inteiro. Hoje, aqui, já começou isso. Fomos aplaudidos de pé na eleição”, afirmou logo após o resultado.
Sítio misto
O Ministério do Turismo destacou que, com o reconhecimento internacional, a região se tornou o primeiro sítio misto do Brasil e, agora, o Brasil possui 22 bens “na lista de sítios de excepcional valor universal”. De acordo com o ministério, o título abrange áreas de seis municípios dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, sendo que a maior parte está em Paraty (RJ) e Angra dos Reis (RJ). A região preservada inclui, ainda, Ubatuba (SP), Cunha (SP), São José do Barreiro (SP) e Areais (SP).
Conforme o ministério, com cerca de 85% da cobertura vegetal nativa bem conservada, a área forma o segundo maior remanescente florestal do bioma Mata Atlântica e é cercada por quatro áreas de conservação ambiental, além de ser palco de um dos principais centros históricos e culturais do país.
O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que se tinha reunido no dia 19 de junho com diretores da Unesco, em Paris, para reforçar e apoiar a candidatura de Paraty e Ilha Grande, além de outras regiões turísticas brasileiras a títulos mundiais, disse que o reconhecimento é um importante aliado para o desenvolvimento turístico do Brasil.
“Essas localidades vão potencializar o turismo nacional e, certamente, aumentarão o número de turistas no país e na região. É o Ministério do Turismo trabalhando para que o setor possa realmente ser uma importante vertente da nossa economia, sobretudo com geração de emprego, renda e inclusão social para a nossa população”, comentou.
A presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, também comemorou o título. “Em Paraty e Ilha Grande, vemos de maneira excepcional e única uma conjunção de beleza natural, biodiversidade ímpar, manifestações culturais, um conjunto histórico preservado, e testemunhos arqueológicos importantes para a compreensão da evolução da humanidade no planeta Terra”, ressaltou a presidente.
Preservação
Para o Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (Inea), a proposta reconheceu a paisagem exuberante da região, espalhada desde o nível do mar até as vegetações de altitude, com mais de 2 mil metros, passando ainda pela biodiversidade da região, preservada no Parque Estadual da Ilha Grande, na Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul e na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual do Aventureiro, além da Reserva Ecológica Estadual da Juatinga.
A secretária de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Ana Lúcia Santoro, considera que o título da Unesco é resultado do trabalho que vem sendo feito na região pela secretaria, por meio do Inea.“Esse reconhecimento só foi possível graças ao trabalho da Seas, por meio do Inea, na administração das unidades de conservação, que abrigam as riquezas da biodiversidade da Mata Atlântica do nosso Estado. As belezas naturais destas unidades devem ser conhecidas mundialmente como um patrimônio de todos, que deve ser preservado”, pontuou.
A candidatura envolveu o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), em conjunto com o Ministério da Cultura, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), como também as prefeituras de Angra dos Reis e de Paraty.
(Fonte: Agência Brasil)