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A vida é mais lírica em um cais
porque ele é feito
de saudade e esperas.

Estou só no tombadilho
de meu barco,
que rasga as franjas das águas
em rumo do puro longe.

Nada há em meu redor,
a não ser um rondó
de expectativas...

O puro longe, para onde vou,
não é apenas
um poema marítimo,
mas uma ode silenciosa.

Oh! Peso imenso!

Ó mar sem fundo nem margens,
onde nada acho de mim,
senão nada em tudo!

* Fernando Braga, in “O Puro Longe”, Caldas Novas, 2012.

Neste domingo, Dia de São Cosme e Damião, continuamos falando sobre...

Palavras homônimas e parônimas

...

26. CONJECTURA ou CONJUNTURA
Conjectura = hipótese, suposição:
Não me venha com essas conjecturas.

Conjuntura = situação, circunstância:
A conjuntura brasileira não permite abusos.

27. COSER ou COZER
Coser = costurar:
É necessário coser esta calça.

Cozer = cozinhar:
Gosto muito de um cozido à portuguesa.

28. COXO ou COCHO
Coxo = manco:
Mancava porque era coxo.

Cocho = carro puxado por animal:
Até o início do século passado, andava-se de cocho.

29. CUSTEAR ou COSTEAR
Custear = pagar as despesas:
O acontecimento foi custeado pelo Banco do Brasil.

Costear = navegar junto à costa:
O navio costeava o Brasil de norte a sul.

30. DECENTE ou DOCENTE / DESCENTE ou DISCENTE
Decente = honesto:
Esta diretoria é formada por pessoas decentes.

Docente = quem ensina:
O corpo docente desta escola é de alto nível.

Descente = que desce:
Foi encontrado na descente do rio.

Discente = quem aprende:
Os discentes estão informados das provas.

31. DEFERIR ou DIFERIR
Deferir = despachar, atender:
Ele deve deferir o nosso requerimento.

Diferir = fazer diferença:
É necessário diferir uma coisa da outra.

32. DEGRADAR ou DEGREDAR
Degradar = rebaixar, tomar vil:
Há muita degradação moral.

Degredar = expulsar do país:
Os traidores da pátria foram degredados.

33. DELATAR ou DILATAR
Delatar = denunciar:
O companheiro delatou o criminoso.

Dilatar = aumentar:
Solicitou-nos que dilatasse o prazo.

34. DESCRIÇÃO ou DISCRIÇÃO
Descrição = ato de descrever:
Fez a descrição do acidente.

Discrição = qualidade de quem é discreto:
Comportou-se com discrição.

35. DESCRIMINAR ou DISCRIMINAR
Descriminar = descriminalizar, inocentar, deixar de ser crime:
O objetivo da sua proposta é descriminar o aborto.

Discriminar = segregar, separar, enumerar:
Sou contra qualquer discriminação.

Teste da semana
Que opção completa, corretamente, a frase abaixo?
“Cumpre que __________ concessões quando __________ de assuntos políticos”.
(a) faça-se / se trata;
(b) se façam / se trata;
(c) se faça / trata-se;
(d) se faça / se tratam;
(e) se façam / se tratam.

Resposta do teste: letra (b).
Em “que se façam concessões”, o verbo deve concordar no plural com o sujeito “concessões”. A partícula “se” é apassivadora. É um caso de voz passiva sintética (= que concessões sejam feitas). Em “quando se trata de assuntos políticos”, como o verbo “tratar” é transitivo indireto (= tratar de), não há voz passiva. Em razão disso, o verbo deve ficar no singular.

Integrante da nova geração da comunidade surda, Maurício Massouh nasceu em 1994, é digitalizador terceirizado no TJDFT e é universitário em Brasília. Tinha apenas 6 anos quando a Lei nº 10.436, que oficializou a Língua Brasileira de Sinais, foi sancionada. Em 2008, já na adolescência, pôde presenciar a sanção da lei que estabelece o Dia Nacional do Surdo.

Mas a memória do Dia do Surdo é bem mais antiga. Vem do século XIX. Em 26 de setembro de 1857, o imperador Dom Pedro II fundou o Instituto Imperial de Surdos-Mudos por sugestão do professor francês Édouard Huet,. Mais tarde, passaria a se chamar Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines).

Para Maurício, as conquistas legislativas, históricas e tecnológicas são importantes. E ele quer mesmo é se divertir e estar incluído como os jovens da idade dele. Maurício tem surdez profunda bilateral por causa de rubéola durante a gravidez da mãe dele. Mas isso não o impede de curtir músicas, dançar e escutar: “Uso aparelho auditivo, amo escutar músicas e, claro, dançar também [Risos]. Escutar é delícia [Risos]. Escuto falas e músicas com legendas sempre”. Na lista de músicas preferidas, estão Pabllo Vitar e alguns artistas do pop nacional e internacional. “O surdo poder fazer tudo! Pode dirigir, pode cantar, pode atuar em novelas”.

Ele faz questão de reforçar que, mesmo em 2020, ainda tem gente que chama surdo de surdo-mudo. “Isso é incorreto e ofensivo, né? Surdo pode falar e cantar sim. Ser surdo é apenas uma coisa que te impede de escutar sem aparelho auditivo ou implante coclear, mas ele tem voz, sim”, enfatiza.

Mãos e outros sentidos

Quando estuda, Maurício e outros estudantes surdos contam com os tradutores-intérpretes. Parece que são apenas as mãos que se movem, em movimentos ora ligeiros, ora contemplativos. A energia dos dedos, em uma velocidade da luz dos olhares que acompanham, sai combinada com expressões que vão além dos dicionários. Os sons não estão apenas substituídos por palavras, mas por novos sentidos. Quem vê apenas mãos nessa interpretação-tradução nem imagina o que passa no esforço profissional-cidadão da pessoa nesse exercício de um código tão especial. Para a goiana Brenda Rodrigues, de 27 anos, intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras), foi o encanto pela possibilidade de incluir outras pessoas que a fez mover dedos e coração ao mesmo tempo.

Há 10 anos, ela resolveu aprender com um amigo da igreja que frequentava. “Eu fui ficando encantada pelo o que eu aprendia. Minha tia também me ensinava”. Foi uma surpresa para o professor de Brenda quando ele perguntou na sala qual era o sonho profissional de cada um, e ela disse que queria mesmo ser tradutora de libras. O professor ficou feliz e sugeriu vários cursos. O estímulo estava dado. Brenda, hoje, trabalha na Empresa Brasil de Comunicação e em um centro universitário em Brasília.

Outro grande momento dela foi quando, pela primeira vez, conseguiu traduzir uma informação para uma pessoa surda. Faltam até palavras em português para definir o que foi aquele momento. Os olhos emocionados descrevem, “Foi uma sensação de satisfação poder transmitir para pessoa algo. Eu não acho que tenha palavras para descrever isso”. Justo ela, tradutora, que sabe de uma responsabilidade que é mais do que um substantivo. “Saber que uma pessoa compreendeu é, de fato, um sentimento de dever cumprido. Ser intérprete é como fazer um juramento máximo de passar a informação a alguém”.

Para ela, a língua de sinais é um aprendizado constante. Inclusive, durante a reportagem, Brenda participou de uma conversa com o pesquisador e professor surdo Messias Ramos Costa, doutorando em linguística. “Foi uma grande emoção porque ele foi meu primeiro professor de libras há 11 anos”. Um idioma novo, uma cultura nova em que não se pode parar de pesquisar.

Nem pesquisar nem de sentir. Brenda tem as palavras preferidas em libras. “O sinal de compaixão é muito forte porque é como se você tivesse os seus sentimentos trocados com a da outra pessoa. É como se você tivesse pegando o sentimento dela e colocando em você. O sinal de obrigada é uma mão aqui na testa e outra aqui no peito. Eu acho lindo”.

Traduzir é um trabalho puxado. Com os universitários, aprendeu, durante a pandemia aulas de diferentes disciplinas para gravar a interpretação das aulas a distância e enviar. Ela não para. Ao vivo, não é possível porque, quando o professor faz a apresentação, não sobra janela para que ela fique em destaque para alunos surdos. Por isso, a aula vira uma tarefa de casa.

Na EBC, é uma das tradutoras das entrevistas coletivas, evento e pronunciamentos de integrantes do governo federal. Para isso, fica à disposição porque a urgência pode chegar a qualquer momento. “MInhas colegas me ajudam muito a melhorar. Vamos para o estúdio, assistimos e interpretamos ao mesmo tempo. Na primeira vez, foi frio na barriga e uma tremedeira nas pernas. Ainda bem que a câmera não mostra”, sorri.

Sempre ao término de um evento, costuma assistir aos vídeos para se autocriticar. Os telespectadores também já a reconheceram depois de eventos. “ O importante é que a informação está chegando em quem precisa ser incluído. É muito gratificante ter o retorno, como de assuntos importantes para toda a Nação. Bom saber, por exemplo, que uma pessoa conquistou um direito e eu pude também participar da informação”.

Antenada

Maranhense, Karen Elysee é a primeira surda em sua família e concorda com Brenda sobre a necessidade de todos estarem conectados a uma frequência cultural. De acordo com a jovem de 22 anos, não basta ao intérprete saber os sinais, é preciso que ele esteja inserido no contexto do idioma. “Quando o intérprete tem o domínio da língua, o surdo consegue entender melhor em lugares como a escola, por exemplo”. Aliás, foi a escola que em Brasília “mudou a vida” dela. “Eu consegui evoluir. Tive mais interações, mais informação”.

Para se comunicar com os parentes mais próximos e amigos ouvintes, utiliza aplicativos de celular que trazem intérpretes voluntários. O primeiro contato, contudo, costuma ser pela escrita. “O ouvinte pensa que é normal a escrita, mas se ele quer aprender algum sinal, eu sempre busco ensinar um pouco.

Assim que se formar, planeja criar uma empresa de jornalismo e publicidade voltada para o público surdo, nos moldes da TV Ines, que considera uma inspiração. Mas também sonha em estudar fora do país, na única universidade com um programa educacional voltado especificamente para pessoas surdas, a Universidade Gallaudet, localizada em Washington, nos Estados Unidos.

“Quando tem ouvinte e surdo em grupos de WhatsApp, o ouvinte tem mania de mandar áudio. E a gente fica sem saber o que está acontecendo. Então, o ouvinte tem que estudar como funciona a comunidade surda”. Estão todos juntos, em busca de novos sentidos e sonhos, palavras universais que cabem bem nos dois idiomas.

Inclusão

Os veículos da Empresa Brasil de Comunicação procuram garantir a inclusão tanto nos conteúdos jornalísticos, nas pautas, como os de entretenimento, nos temas tratados. O programa “Repórter Visual”, por exemplo, exibido em Libras, se transformou no primeiro programa do gênero diário criado para levar informação à comunidade de surdos no país. Outra atração de referência é o Programa Especial, totalmente voltado à pessoa com deficiência.

(Fonte: Agência Brasil)

Começa oficialmente, neste domingo (27), a exposição de arte urbana “Rua Walls”, que reúne 18 artistas cujas obras foram pintadas nos muros do Porto do Rio de Janeiro, entre os armazéns 10 e 18 da Avenida Rodrigues Alves, na região central da capital fluminense. Os artistas transformaram 1,5 quilômetro dos muros dos armazéns do Porto do Rio em obras de arte.

O projeto urbanístico de arte pública “Rua Walls” pode ser apreciado por qualquer um livremente. Os murais foram pintados durante um mês, de madrugada. Os artistas que participaram do projeto são Agrade Camís, Amorinha, Bruno Lyfe, Célio, Chica Capeto, Diego Zelota, Doloroes Esos, Flora, Yumi, Igor SRC, Leandro Assis, Luna Bastos, Mariê Balbinot, Marlon Muk, Miguel Afa, Paula Cruz, Thiago Haule, Vinicius Mesquita e Ziza. O projeto de urbanismo tático foi criado pela produtora Visionartz, que, há mais de dez anos, promove ações de revitalização urbana, sempre associadas ao desenvolvimento social por meio da arte.

Segundo a assessoria de comunicação da Companhia Docas, o investimento foi custeado, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura (Lei do ISS), pelas empresas arrendatárias dos terminais portuários: ICTSI Rio, Multiterminais, Terminal de Trigo do Rio de Janeiro (TTRJ) e Triunfo Logística.

Inclusão social

O projeto “Rua Walls” é considerado uma ferramenta de inclusão social, porque 90% da equipe são formados por moradores das comunidades próximas do Morro do Pinto e do Morro da Providência, que foram capacitados em diversas frentes de trabalho. Foi realizada, também, a pintura artística nos muros da Escola Municipal General Mitre, situada no Morro do Pinto.

O “Rua Walls” contribuiu ainda para a ampliação da biblioteca para jovens, idealizado pelos moradores da comunidade da Providência, bem como para a criação da primeira horta orgânica no Morro do Pinto, que será administrada pelos próprios moradores e é um projeto sustentável em toda a sua cadeia.

(Fonte: Agência Brasil)

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Dia 23 de setembro de 1972 o Projeto Rondon instalava, oficialmente, seu Campus Avançado de Imperatriz.

Na solenidade, estiveram presentes Costa Cavalcanti, ministro de Interior, o reitor da Universidade Federal do Paraná, o coordenador-geral do Projeto Rondon, além do prefeito de Imperatriz, Renato Moreira.

Hoje, as instalações do antigo Projeto Rondon são o “campus” central da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

O Projeto Rondon nasceu com a saudável ideia de levar a juventude universitária a diversos pontos do Brasil, a fim de conhecer a realidade do país e contribuir para o processo de desenvolvimento nacional. A ideia vinha de 1966, em uma reunião realizada no Rio de Janeiro (RJ), com a participação de universidades do então Estado da Guanabara, do Ministério da Educação e Cultura e de especialistas em educação. Um ano depois, em 11 de julho de 1967, o Projeto Rondon foi oficialmente criado.

Para efeitos de documentação histórica, um dos bons legados que o Projeto deixou em Imperatriz para pesquisadores e historiadores, estudantes e professores e outros, foi o pequeno livro “Fontes para a História de Imperatriz no Maranhão”, uma raridade bibliográfica. O livro foi produzido por um “Grupo Tarefa Universitário do Campus Avançado de Imperatriz”, da Universidade Federal do Paraná.

* EDMILSON SANCHES

Imagens:
O livro “Fontes para a História de Imperatriz no Maranhão” (acervo da biblioteca de Edmilson Sanches) e a logomarca do Projeto Rondon.

Uma homenagem à dor de cabeça de um amigo portenho, uma música que precisou de uma viagem para Bahia para ser completada e uma canção que mostra para crianças, de forma lúdica, que ninguém é melhor do que ninguém. Essas são algumas das composições premiadas no Festival de Música Rádio MEC de 2020.

A divulgação das vencedoras do festival foi feita por meio de uma “live” nas redes sociais de veículos da Empresa Brasil de Comunicação na noite dessa sexta-feira (25). Ao todo, 22 composições concorreram a nove prêmios do festival em cinco categorias (Música Clássica, Música Instrumental, Música Infantil, MPB e Voto Popular).

Além da divulgação das premiadas, o evento, apresentado pelo locutor da Rádio MEC Tiago Alves, contou com apresentações musicais da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), do acordeonista Marcelo Caldi, do grupo Farra dos Brinquedos e da cantora Nilze Carvalho.

Música Clássica

Na categoria Música Clássica, o prêmio de melhor composição foi dado à música “Entrecordas”, de Rodrigo Batalha. Em vídeo gravado para a fase final do festival, Batalha explicou que buscou inspirações em ritmos da África Subsariana para compor a música. “A música clássica do século XXI é isso: uma recriação sem fronteiras”, disse. Na mesma categoria, o prêmio de melhor intérprete foi dado ao Quarteto Kalimera, que interpretou a canção “Jardins da Villa”.

Música Instrumental

Na categoria Música Instrumental, o prêmio de melhor composição foi para Ivan Melillo, com a música “La ciba, no te quiero más”. O compositor dedicou a música (que também concorreu ao prêmio na categoria Voto Popular) a um amigo argentino que tinha muita dor de cabeça. “Na 2ª parte da música, coloquei notas longas como se fosse a dor de cabeça e, depois, um tom acima como se tivesse piorando essa dor de cabeça”, conta.

O melhor de melhor intérprete de música instrumental foi para Pedro Franco, com “Inverno no Pelô”. De acordo com Pedro, que também compôs a canção, “Inverno no Pelô” teve uma “ajuda rítmica” de uma temporada que ele passou na Bahia. “Eu passei um tempo tocando essa música de uma forma que eu sentia que ela não estava completa. Após essa vivência baiana, eu consegui realmente a completar e mudei o nome da música de ‘Inverno Azul’ para ‘Inverno no Pelô’”, conta.

Música Infantil

Na categoria Música Infantil, a música “Melecada”, de Tina França e Cleo Boechat, levou o prêmio de melhor composição. O prêmio de melhor intérprete foi para Neca e Dedé, com a música “Pum”. Ângela Brandão, autora da música, diz que a música passa, de forma lúdica, um recado de que “ninguém é melhor do que ninguém”.

Música Popular Brasileira

O prêmio de melhor composição de MPB foi para a música “Enquanto o Fole Respirar”. O compositor da música, Chico Oliveira, morreu em janeiro deste ano. Marcelo Mimoso, intérprete da canção, disse, durante a fase final, que a vitória seria uma homenagem ao amigo. A música também chegou a concorrer na categoria Voto Popular. “Vai ser a minha dedicatória ao Chico, que nos deixou no início deste ano. Vai ser uma homenagem a ele, que ele merece”, contou. O prêmio de melhor intérprete foi para Bianca Gismonti, com a música “Tem Dor”.

Voto Popular

Com mais de 157 mil votos, a música escolhida na categoria Voto Popular foi “Viva Bossa”, do compositor Dalton Freire. A música, que é uma homenagem à Bossa Nova, ficou à frente de “Conto nº 3 a Ricardo Brafman – Christmas With Snow” (com 131 mil votos) e de “Fantasia Sobre Asa Branca” (com 23 mil votos).

Em 2020, o festival “on-line” teve recorde de inscrições e mais de 500 mil votos

A edição de 2020 do Festival de Música Rádio MEC foi a primeira da história com um processo de inscrições e divulgação de resultados totalmente “on-line”. De acordo com Thiago Regotto, gerente da Rádio MEC, a pandemia da covid-19 forçou a organização do evento a se reinventar:

“A primeira pergunta que a gente fez nesse cenário foi ‘como realizar’, porque ‘não realizar’ nunca foi uma questão pra gente. Foi aí que percebemos que a ‘internet’ poderia ser uma grande aliada. Eu acho que os vídeos foram um grande acerto porque humanizaram o processo”.

Na primeira fase do festival, vencedores de edições anteriores ajudaram a divulgar que as inscrições estavam abertas. Na segunda fase, os 100 classificados para as semifinais pediram o voto do público. Na fase final, os concorrentes contaram um pouco da história das composições.

A divulgação resultou em um recorde de músicas concorrentes e votos do público. Ao todo, foram 1.029 músicas inscritas e mais de meio milhão de votos no “site” do festival. “O que poderia ser um problema, a limitação por causa da pandemia, fez a gente enxergar oportunidades e garantiu um bom resultado”, completa Regotto.

(Fonte: Agência Brasil)

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25 de setembro é o “Dia do Rádio” ou “Dia da Radiodifusão”. Nesta data, em 1884, nasceu Edgard Roquette-Pinto, médico, antropólogo e professor, fundador da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, em 21 de abril de 1923.

Portanto, a data de 25 de setembro é a dedicada ao rádio, o meio de comunicação, o veículo, a atividade – não é apenas o aparelho eletrônico, como os das ilustrações deste texto.

Já o profissional, o radialista, seu dia é 21 de setembro, que é a data do decreto de 1943, assinado pelo presidente Getúlio Vargas, que fixou, pela primeira vez, um piso salarial para os profissionais do rádio. Como o 21 de setembro não era data oficial, em 2006, o governo federal estabeleceu em decreto que o Dia do Radialista passaria a ser 7 de novembro, aniversário do músico e radialista Ary Barroso.

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O rádio é um herói da resistência. Assim como seu aparecimento, em 1895, não extinguiu o teatro, o cinema nem o fonógrafo, invenções que lhe antecederam, o rádio não se deixou abater pelos meios de comunicação e lazer que vieram depois dele, como a televisão, o computador e a telefonia celular e seus grupos e redes sociais, digitais. Há espaço, há lugar e momento para todos.

O rádio é insubstituível e tem suas vantagens em relação a outros meios de comunicação: pode-se ouvir rádio e executar outra tarefa (às vezes, até com mais entusiasmo e produtividade); o custo publicitário é menor; o alcance do rádio é maior e chega onde ainda não está chegando a televisão; e, sob qualquer análise, o rádio é mais próximo, mais íntimo do seu público, do seu ouvinte. E, claro, montar uma rádio (após ter a concessão) requer bem menos dinheiro do que uma estação de TV, por exemplo.

Sou jornalista e radialista e passei a desempenhar as duas atividades conjuntamente ali pelos 13 ou 14 anos. Tinha página em jornal e era responsável por três programas na estação radioemissora de minha cidade, Caxias – a Rádio Mearim. Eu já tinha uma rica coleção de discos “long-playing” e compactos (simples e duplos); só utilizava nos meus programas os discos de minha coleção, o que começou a provocar um ou outro desconforto quando ouvintes pediam para outros locutores as músicas exclusivas que eles ouviam em meus próprios programas. Até hoje, mantenho guardados muitos daqueles discos e diversas cartas dos ouvintes com os pedidos musicais ou com repostas às perguntas que eu fazia em um dos programas, para pesquisa, com direito a prêmios.

Em Imperatriz, onde fundei a Associação de Imprensa e o Sindicato de jornalistas, radialistas e outros profissionais de rádio e televisão, fui convidado para ser um dos diretores da Rádio Terra FM, na década de 1980. Dirigia o Jornalismo, redigia as notícias dos jornais e das veiculações horárias e tinha um programa de entrevistas e música de três horas de duração, aos domingos – o “Radioatividade”, cujo “slogan” era: “Seu Melhor Programa de Domingo”.

Não é saudosismo, mas guardo com muito carinho as lembranças de programas que eu ouvia quando criança, em rádio da marca Semp (“jabuti”) e, esporadicamente, um ABC A Voz de Ouro. Semp, pouca gente sabe, é sigla de Sociedade Eletro Mercantil Paulista, a empresa brasileira fundada em São Paulo (SP) em 1942, que sobrevive até hoje e que foi a primeira a fabricar rádios (década de 1940) e TVs (1951) em solo brasileiro, inclusive a TV em cores, em 1972. Mas o xodó mesmo era o rádio Semp PT 76, que ficou conhecido como “capelinha”, mas que eu só ouvia chamarem “casca de jabuti”, pela coloração de seu revestimento.

Ouvia histórias infantis nos fins de semana da Rádio Mearim. Ouvia o “Programa do Jairzinho” e a novela “O Direito de Nascer”, ambos à tarde e entrando pela noite, em uma rádio da Bahia, não sei se a Rádio Clube ou a Rádio Sociedade da Bahia.

Ouvia, na Rádio Pioneira, de Teresina (PI), o programa musical e de recados “Seu Gosto na Berlinda” (“o roteiro musical feito pelo próprio ouvinte”), com a voz inconfundível do locutor-apresentador Roque Moreira e a muito conhecida música de abertura “A Morte da Mula Preta”, executada com guitarra havaiana (por ser uma moda de viola, composta, em 1944, pelo botucatuense Raul Torres (1906-1970), a música é também chamada “A Moda da Mula Preta”). (Ouça a versão instrumental dessa música no “link”: https://www.youtube.com/watch?v=3ziRTKpTfN8&list=RD3ziRTKpTfN8&start_radio=1).

Claro, eu escutava os programas radiofônicos de meus colegas na Rádio Mearim de Caxias – entre eles, o Ivalter Cardoso, o J. Rodrigues, o Luiz Abdoral, o Roberto Nunes (que foi para São Luís e se tornou locutor esportivo).

O rádio contribuiu para minha educação e cultura. Em criança, ali entre 7 e 9 anos de idade, em Caxias, eu tinha um caderno onde anotava o nome das músicas e seus intérpretes, em ordem alfabética. As meninas, moças e mulheres da vizinhança, quando souberam, passaram a pedir – e levar – emprestado o caderno, para escolha e solicitação de músicas, por carta – cartas que geralmente começavam com:

“Prezado Locutor, peço que rode a música (tal) somente para ouvir” ou “para oferecer para alguém de nome (tal) ou de iniciais tal e tal, com muito amor”.

Bons tempos...

* EDMILSON SANCHES

Após quatro meses e com 1.029 músicas inscritas, a 12ª edição do Festival de Música Rádio MEC vai anunciar as vencedoras nesta sexta-feira (25). A cerimônia será transmitida pelas páginas do Facebook, YouTube e Twitter da TV Brasil, pelo “site” das Rádios EBC a partir das 20h.

A cerimônia terá a apresentação do radialista Tiago Alves e “performances” da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), do acordeonista Marcelo Caldi, do grupo Farra dos Brinquedos e da cantora Nilze Carvalho.

Ao todo, 22 composições concorrem aos nove prêmios do festival. Na final, 12 músicas disputam na categoria Voto Popular, três músicas ao prêmio de melhor composição e melhor intérprete na categoria Música Clássica, três concorrem ao prêmio de melhor composição e melhor intérprete na categoria Música Instrumental, três ao prêmio de melhor composição e melhor intérprete na categoria Música Infantil e outras três disputam o prêmio de melhor composição e melhor intérprete na categoria MPB.

Classificado para a final nas categorias Voto Popular e Música Instrumental, o músico Ivan Melillo se diz honrado pelo reconhecimento e destaca a importância do festival. “O festival do MEC sempre teve muita relevância no cenário cultural brasileiro, com ou sem pandemia. Para mim, é um trabalho de anos sendo reconhecido”, diz. Além de Melillo, o único compositor classificado para a final em duas categorias é Chico Oliveira, que morreu no início deste ano.

A compositora Ângela Brandão, que concorre na categoria Música Infantil, diz que está ansiosa pelo resultado. “Eu me senti muito feliz e muito honrada de ver meu nome na final. Uma música nossa com a chancela da Rádio MEC é muito especial. Agora, eu tô aqui na torcida, né? Vamos ver”, afirmou. Ângela também destacou que o Festival de Música Rádio MEC teve uma importância maior neste ano.

“Eu acho que os festivais sempre tiveram um papel muito importante pra música popular brasileira, basta ver na história, né? E agora, durante a pandemia, eles ganham um sentido novo, com uma oportunidade de troca e de conhecer trabalhos que, de outra forma, talvez a gente não viesse a conhecer. Então, é um papel muito importante, é muito bonito”.

Edição de 2020 do festival teve recorde de inscrições e foi o primeiro totalmente “on-line”

A edição de 2020 do Festival de Música Rádio MEC foi a primeira da história com um processo de inscrições e divulgação de resultados totalmente “on-line”. De acordo com Thiago Regotto, gerente da Rádio MEC, a pandemia da covid-19 forçou a organização do evento a se reinventar:

“A primeira pergunta que a gente fez nesse cenário foi ‘como realizar’, porque ‘não realizar’ nunca foi uma questão pra gente. Foi aí que percebemos que a ‘internet’ poderia ser uma grande aliada. Eu acho que os vídeos foram um grande acerto porque humanizaram o processo”.

Na primeira fase do festival, vencedores de edições anteriores ajudaram a divulgar que as inscrições estavam abertas. Na segunda fase, os 100 classificados para as semifinais pediram o voto do público. Na fase final, os concorrentes contaram um pouco da história das composições. Assista aos vídeos.

A divulgação resultou em um recorde de músicas concorrentes e votos do público. Ao todo, foram 1.029 músicas inscritas e mais de meio milhão de votos, até o momento, no “site” do festival. “O que poderia ser um problema, a limitação por causa da pandemia, fez a gente enxergar oportunidades e garantiu um bom resultado”, completa Regotto.

Ouça as 12 músicas finalistas do júri no Festival de Música Rádio MEC.

Vote na sua música preferida na categoria Voto Popular (Votação aberta até as 21h).

(Fonte: Agência Brasil)

VOCÊ SABIA QUE O CAFUNDÓ DO JUDAS FICA NO MARANHÃO?

– (Não é verdade; até nisso um parlamentar errou...)

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Foi há nove anos, no dia 20 de setembro de 2011, que se deu essa grande, “magna” descoberta. Nessa data, um suplente de deputado estadual, no exercício do mandato, usou a tribuna da Assembleia Legislativa maranhense para dizer, em vômito verbal, que o maior município do Estado, após a capital, “fica lá no cafundó do Judas, no quintal do Maranhão”. Isso é coisa de um político maranhense falar acerca de uma parte do Maranhão?

Na época, dia 23/9/2011, o jornal imperatrizense “O Progresso” registrou que “os deputados de Imperatriz, ao que parece, estava, surdos, congelados. Não reagiram às agressões do deputado Magno Bacelar. Assim não dá...” Depois, vieram manifestações de políticos e, seis dias após a vomição linguística, o Magno médico, em autodiagnóstico e considerando a enorme repercussão negativa de sua falação, viu que se excedera e tentou desculpar-se, justificar-se, em um “mea culpa” de 159 palavras, onde juntou futebol, redivisão territorial e coisa e tal.

Na época, escrevi considerações sobre o assunto, que vão abaixo, com uma ou outra atualização.

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“Imperatriz já ganhou até demais. Tudo agora na Saúde é só para Imperatriz, que fica lá no cafundó do Judas, no quintal do Maranhão”. (Magno Augusto Bacelar Nunes, suplente de deputado estadual [PV] no exercício do mandato, vice-líder do governo, em sessão especial na Assembleia Legislativa do Maranhão, em 20/9/2011).

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4°11’0” S 43°28’13”W

Você sabe onde fica Alagadiço Grande? Não?

Se o mapa que ilustra este texto não situar você, tente as coordenadas geográficas acima.

Alagadiço Grande, segundo o IBGE, em 2010, era um povoado com 700 esforçados e honestos habitantes, na zona rural de Chapadinha, município maranhense de mais de 80 mil habitantes, cujo início de história remonta a respeitáveis 237 anos, desde que era um lugar chamado Aldeia, em 1783.

Foi nas terras da hoje Chapadinha, no lugar Alagadiço Grande (que creio não ser um grande alagadiço), que, em 3 de julho de 1957, nasceu bem-nascida uma criança que viria a ser o médico-cirurgião formado no Rio de Janeiro, o prefeito por doze anos (2001-2008 e 2017-2020), o deputado estadual (1999-2000) e o suplente de deputado estadual, no exercício do mandato (2011-2014), Magno Augusto Bacelar Nunes, que recebeu, além do cargo, a vice-liderança do governo maranhense no Poder Legislativo estadual.

Foi esse maranhense de tradicional família maranhense, que herda nome e história de ascendentes maranhenses, que, no dia 20 de setembro deste 2011, foi verbalmente infeliz como maranhense. Já somos, nós maranhenses, detratados demais por outros brasileiros para sermos alvos de petardos orais impróprios acionados por um maranhense dito representante do povo maranhense.

Ao defender mais atenção (e verbas) para outra região do Estado e sustentar seu argumento pela desatenção e redução (de verbas) para Imperatriz, disse, sem excelência nenhuma, Sua Excelência Excelentíssimo Senhor Deputado Estadual suplente no exercício do cargo o Senhor Magno Augusto Bacelar Nunes que:

“Imperatriz já ganhou até demais, secretário. Tudo agora na Saúde é só para Imperatriz, que fica lá no cafundó do Judas, no quintal do Maranhão”.

Para quem conhece palavras, e sabe de sua substância, significado, sentido, não pode dizer que as palavras, “ipsis litteris”, foram humilhantes ou, force-se, criminosas. Elas foram o que são: impróprias, inadequadas, incorretas. Infelizes.

Talvez fosse intenção do deputado chapadinhense “falar mal” de Imperatriz. Talvez ele quisesse “diminuir” nossa cidade (que recebe verbas da saúde menos para si e mais para dezenas de municípios do Maranhão e de outros Estados, já que estamos numa espécie de tríplice fronteira interna e o atendimento, segundo normas do SUS, é obrigatório, “universal” ).

Se for verdade que teve maus bofes para com uma parte importante do próprio território estadual que representa e jurou defender, a coisa é grave, e passa a ser mais problema psicanalítico que político. Pois irritabilidades e irascibilidades assim são matéria para quem é do ramo da leitura – e tratamento – dos distúrbios da psiquê dos indivíduos, da alma dos humanos.

Mesmo sem saber do que estava falando (em termos linguísticos e geográficos), o magno e augusto deputado disse que Imperatriz FICA no cafundó do Judas – não disse que Imperatriz É esse lugar. Reforçou, sinonimicamente, que Imperatriz FICA no quintal do Maranhão – e não que Imperatriz SEJA o quintal de nosso Estado. ESTAR não é SER.

“Cafundó do (ou de) Judas” é uma referência de distância, não de discriminação. A discriminação pode estar na alma de quem fala, não na fala em si.

Quanto a “ficar (localizar-se) no quintal do Maranhão”, precisa-se perguntar: Onde é quintal e onde é casa? Em relação a quê? À capital? Os conterrâneos, concidadãos, coestaduanos de Alto Parnaíba, assim, poderiam referir-se a São Luís como quintal do Estado, mercê até de sua não integração física ao continente, de sua não centralidade geográfica, sobretudo de sua longinquidade territorial, sua “distância” política, seu afastamento assistencial, em termos de obras e serviços?

Por ter nascido em um povoado pequeno (e, para muitos, muitos, insabido), poderíamos dizer que o magno, augusto suplente de deputado nasceu no cafundó do Judas, no quintal de Chapadinha?

O fato de ter esse deputado e prefeito diversos processos, denúncias, condenações, inclusive por atos de improbidade, isso seria lastro para alguém dizer que sua honestidade político-administrativa ficou esquecida lá no cafundó do seguidor considerado traidor de Cristo?

Por sua declaração imprópria, poder-se-ia dizer que, no falar, esse parlamentar é “para lamentar”?

Não. Só mesmo “causa turpis”, raiva política, insatisfação pessoal, rixa individual, desafeição ou malquerença para justificar (!) isso.

Para além da exegese, da taxonomia, da análise linguística, o que surpreende é essa “técnica” de querer defender uma parte do Maranhão... com a “condenação” de outra.

O Maranhão não é uma parte – é um todo. E a saúde é um direito de todos e dever do Estado, cujo acesso é igualitário, seja em relação às ações ou aos serviços, à proteção ou à recuperação – está lá, no Artigo 205 da Constituição maranhense, a “bíblia” de todo deputado estadual (e, por direito ou dever, de todo cidadão).

Diz mais, na lei maranhense maior, que “o Estado orientará sua atuação no sentido da regionalização de suas ações, visando ao desenvolvimento e a redução das desigualdades sociais” (Art. 3º).

Portanto, o Estado deve atuar sem discriminação ou vantagens exclusivas... mas não se pode defender o desenvolvimento equânime do Maranhão quando, para se beneficiar uma parte dele, deseja-se, explícita ou implicitamente, real ou intencionalmente, que outra parte do Estado seja relegada, ainda que essa parte fique no cafundó do Judas, no quintal do Estado, nas brenhas do território, na baixa da égua, na caixa-prego, lá onde o vento faz a curva ou onde aquele moço perdeu as botas.

O Maranhão não será forte com frases tão fracas, pífias, irresponsáveis como essa – e com a qual só se perde tempo e se investe energia física e emocional para que, ao menos, ela não se torne argumento acreditado como respeitável. Não é.

O Maranhão deveria merecer dos políticos preocupações maiores. Como um Estado como o nosso, com inigualáveis condições estratégicas, climáticas, hídricas, edáficas, históricas, culturais chegou aonde chegou – ser o “símbolo” do antidesenvolvimento, do atraso, da pobreza, em nosso país? Como? Por quê? É intencional ou é incompetência mesmo?

Como Estados mais recentes, de menos, muito menos de meio século de existência, Estados com menos recursos e fatores comparativos e competitivos chegaram a índices e indicadores sociais, econômicos e socioeconômicos superiores aos números deste nosso Maranhão rico e quadricentenário? Como?

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Esse episódio “magnífico” iniciado pelo deputado de Chapadinha lembrou-me antiga e imprópria anedota, daquelas de mau gosto, dita, repetida e redita à exaustão, e que ouvi em “causerie” em diversos momentos e lugares na década de 1970, em Caxias.

Contava-se que um maranhense, querendo tirar sarro de um piauiense, perguntou a este, referindo-se a um “slogan” recentemente adotado pelo Piauí: “Você sabe o que significa a frase ‘Ninguém segura o Piauí’?” E sem esperar resposta foi logo sapecando: “Porque ninguém segura em merda”.

O piauiense não se fez de rogado e perguntou ao maranhense: “Você sabe por que São Luís é uma ilha?” E logo deu o troco: “Porque merda não afunda”.

É nisso que dá debates intestinos, escatológicos...

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Durante sua história de 168 anos, Imperatriz foi qualificada e desqualificada de diversas maneiras, com diversas palavras, por diversas gentes e razões. Mas nada parece ser tão desalentador quando, como Brutus contra César, a “facada” vem de gente da própria família – maranhense, no caso. Imperatriz já foi chamada “Sibéria Maranhense”, “Capital da Pistolagem”...

A tudo isso Imperatriz superou, o que leva a refletir no significado de etimologia mais remota de seu nome: “Imperatriz” vem do verbo latino “paratum”, que significa “esforçar-se para obter” – ou, numa palavra, trabalho, muito trabalho.

As excepcionais características do município, sua localização estratégica, seu crescimento apesar de alguns pesares, fizeram e vêm fazendo e trazendo outros designativos e epítetos, que são aquelas palavras ou expressões que se associam a nomes para atribuir-lhes uma qualidade. Assim, Imperatriz é “Cidade-Esperança”, “Cidade Majestade”, “Princesa do Tocantins”, “Portal da Amazônia”, “Capital Norte-Nordeste do Automobilismo”, “Capital Brasileira da Energia”, “Metrópole da Integração Nacional”... Tudo isso com sua razão de ser.

Esse episódio deslanchado a partir da irrefletida fala do magno suplente de parlamentar vai passar. Ficará arquivado nos registros de blogues, “sites” e outros espaços da rede mundial de computadores, em algumas páginas de jornais e recorrentemente poderá ser recuperado. Mas vai passar, deixará de ser matéria do dia a dia. Não tem substância para isso. Não há sentido para isso.

Ainda bem que o que não presta passa também.

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Escritor da Bélgica, Georges Rodenbach nasceu três anos depois – e no mesmo dia em que Imperatriz foi fundada (aliás, no mesmo mês em que nasceu o deputado-cafundó).

Rodenbach viveu pouco mais de 43 anos de idade, de 16 de julho de 1855 a 25 de dezembro de 1898. Escrevia em francês e, nesse respeitado idioma de cultura, cunhou uma de suas frases mais citadas: “Toda cidade é um estado de alma”.

As cidades, sabemos, é que formam um Estado. Temos uma alma pequena, pouco desenvolvida?

Talvez (in)certos conterrâneos devessem parar de falar mal da própria pátria. Não ser estrangeiro despeitado e desrespeitoso cuspindo para o alto, imprecando sobre o solo sob o qual, com sorte, se sepultará. Não há sentido nem utilidade ser estrangeiro em sua própria terra...

Talvez tenhamos, como maranhenses, de ter mais espírito de corpo.

Talvez tenhamos, como maranhenses, de ser menos espírito de porco.

Talvez muitos de nós, sobretudo os políticos, tenhamos de olhar mais fundo em nós mesmos.

Talvez assim possamos resgatar a dívida para com o nosso povo, a partir do resgate da nossa grande alma.

Alma deixada perdida ou esquecida em algum desvão interior, nos cafundós de nós mesmos...

* EDMILSON SANCHES

Imagens:
Placa indicando Cafundó do Judas, no Sul do Brasil; foto de satélite do território de Alagadiço Grande, em Chapadinha (MA); e aspectos urbanos de Imperatriz (MA), com o Rio Tocantins e a Ponte Dom Affonso Felippe Gregory, que une Maranhão e Tocantins.

O Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) lançou, nesta quinta-feira (24), um programa voltado para a capacitação e oferta de estágio para estudantes do ensino médio. Levantamento realizado no banco de cadastro do CIEE, aponta a existência de cerca de 524 mil jovens no ensino médio e técnico elegíveis para o programa. De acordo com a instituição, a expectativa é que sejam realizados 500 contratos mensais no programa, batizado de Jovem Talento CIEE.

“A iniciativa representa a oferta direta de mais oportunidades para os jovens – faixa etária mais afetada pelo desemprego – e também combate a evasão escolar, já que, para participar do programa, será necessário estar matriculado em uma instituição de ensino”, disse o CIEE.

O programa é válido para os Estados da Região Norte, Nordeste (exceto Pernambuco), Centro-Oeste e São Paulo. As empresas interessadas em ofertar vagas, nesta modalidade, podem fazer contato diretamente com um consultor do CIEE nesses locais.

O estágio dos estudantes terá carga horária diária de seis horas, das quais uma será reservada para capacitação à distância (EAD) na própria empresa.

O CIEE informou que os cursos “on-line” serão divididos em Administração, Comércio e Varejo, Contabilidade e Finanças e Tecnologia, que poderão ser personalizadas de acordo com a necessidade das empresas parceiras. Todas contam com carga horária de 480 horas e visam desenvolver habilidades técnicas, comportamentais e valores humanos.

“A evolução de cada estagiário será acompanhada por um gestor da empresa, e um tutor do CIEE estará disponível para auxiliar com dúvidas. Por sua vez, o estagiário também terá a possibilidade de avaliar o conteúdo dos cursos e de sua experiência na empresa”, disse o CIEE.

As empresas podem tirar dúvidas a respeito de vagas e como aderir ao programa por meio do número 3003-2433, ligação local, sem necessidade do DDD.

Segundo o diretor-presidente do CIEE, Humberto Casagrande, a iniciativa auxiliará jovens vulneráveis, grupo que tem sofrido de maneira severa os efeitos da crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus (covid-19).

“Capacitação e oportunidades no mundo do trabalho são fatores que assombram, há muitos anos, os jovens brasileiros. Essa iniciativa é uma maneira de minimizar números de desalentados no nosso país, e, não só isso, será possível também combater a evasão escolar”, disse.

(Fonte: Agência Brasil)